Eu creio que a definição de Agostinho resume bem: "Um sinal visível de uma realidade invísivel". Sob o Antigo Pacto, havia a circuncisão, os sacrifícios, as abluções, etc. etc. Cada um desses rituais eram o sinal visível de uma realidade invisível.
O sacramento do batismo, por exemplo, é um sinal visível da regeneração/conversão que é invisível. A água visível do batismo aponta para o Espírito Santo invisível que é aquele que faz do indivíduo um cristão.
"...Aspergirei água pura sobre vós, e ficareis purificados; de todas as vossas imundícias, e de todos os vossos ídolos, vos purificarei. Também vos darei um coração novo, e porei dentro de vós um Espírito novo; e tirarei da vossa carne o coração de pedra, e vos darei um coração de carne".(Ezequiel 36.25-26)
O sinal externo aponta para a realidade interna e faz uma distinção visível para aquilo que se presume que seja a realidade interna.
O batismo é um sinal externo de que o indivíduo batizado é um cristão (realidade interna), não só no momento do batismo, mas para o reconhecimento eclesiástico como um todo. A privação do batismo, por outro lado, é o não recohecimento da realidade interna.
Por isso, Paulo ao se referir a circuncisão, sacramento do Antigo Pacto, diz:
"Porque a circuncisão é, na verdade, proveitosa, se guardares a lei; mas se tu és transgressor da lei, a tua circuncisão tem-se tornado em incircuncisão". (Romanos 2.25)
A circuncisão externa apontava para a realidade interna, "a circuncisão do coração", isto é, o estado de espírito daquele que é obediente a Deus, tendo nascido de novo e sido regenerado. Se a realidade interna era uma ficção, manifesta pelo fato do sujeito ser um obstinado transgressor da Lei, a circuncisão externa dele também era inútil, pois representava externamente algo que na realidade não existia.
O mesmo princípio já fora colocado por Jeremias:
Eis que vêm dias, diz o Senhor, em que castigarei a todo circuncidado pela sua incircuncisão: ao Egito, a Judá e a Edom, aos filhos de Amom e a Moabe, e a todos os que cortam os cantos da sua cabeleira e habitam no deserto; pois todas as nações são incircuncisas, e toda a casa de Israel é incircuncisa de coração".(Jeremias 9:25-26)
O sacramento da Ceia, é o sacramento do corpo e do sangue do Senhor.
O pano de fundo do sacramento da Ceia eram os sacrifícios de animais que aconteciam sob o Antigo Pacto. Ao sacrificar o animal, o sacerdote comia da refeição sacrificial diante de Deus, como se fosse uma refeição com o Senhor, celebrando sacramentalmente, a união com ele mediante a expiação pelo pecado.
Mas assim como a circuncisão, os sacrifícios eram somente o sinal visível da realidade invisível. Por isso Isaías disse:
"De que me serve a mim a multidão de vossos sacrifícios? diz o Senhor. Estou farto dos holocaustos de carneiros, e da gordura de animais cevados; e não me agrado do sangue de novilhos, nem de cordeiros, nem de bodes. Quando vindes para comparecerdes perante mim, quem requereu de vós isto, que viésseis pisar os meus átrios? Não continueis a trazer ofertas vãs; o incenso é para mim abominação. As luas novas, os sábados, e a convocação de assembléias ... não posso suportar a iniqüidade e o ajuntamento solene! As vossas luas novas, e as vossas festas fixas, a minha alma as aborrece; já me são pesadas; estou cansado de as sofrer. Quando estenderdes as vossas mãos, esconderei de vós os meus olhos; e ainda que multipliqueis as vossas orações, não as ouvirei; porque as vossas mãos estão cheias de sangue. Lavai-vos, purificai-vos; tirai de diante dos meus olhos a maldade dos vossos atos; cessai de fazer o mal; aprendei a fazer o bem; buscai a justiça, acabai com a opressão, fazei justiça ao órfão, defendei a causa da viúva".(Isaías 1.11-17)
Os sacrifícios não efetuavam, em si mesmos a expiação e a união com o Senhor. Eles eram somente um sinal visível disso. Eles apontavam para a expiação e a união com o Senhor. Mas se a realidade não existia de fato, o sinal não fazia qualquer sentido e é sobre isso que Isaías fala.
O que de fato efetua a expiação não eram os sacrifícios de animais, mas o sacrifício de Jesus Cristo para os quais tais sacrifícios apontavam:
"Porque a Lei, tendo a sombra dos bens futuros, e não a imagem exata das coisas, não pode nunca, pelos mesmos sacrifícios que continuamente se oferecem de ano em ano, aperfeiçoar os que se chegam a Deus. Doutra maneira, não teriam deixado de ser oferecidos? pois tendo sido uma vez purificados os que prestavam o culto, nunca mais teriam consciência de pecado. Mas nesses sacrifícios cada ano se faz recordação dos pecados, porque é impossível que o sangue de touros e de bodes tire pecados... Ora, todo sacerdote se apresenta dia após dia, ministrando e oferecendo muitas vezes os mesmos sacrifícios, que nunca podem tirar pecados; mas este, havendo oferecido um único sacrifício pelos pecados, assentou-se para sempre à direita de Deus, daí por diante esperando, até que os seus inimigos sejam postos por escabelo de seus pés. Pois com uma só oferta tem aperfeiçoado para sempre os que estão sendo santificados". (Hebreus 10.1-4,11-14)
O pão e o vinho no qual celebramos a Ceia, aponta para o corpo do Senhor. Tanto para o seu corpo físico e literal que foi sacrificado, quanto para o seu corpo místico que é a Igreja. A comunhão do pão e do vinho é a comunhão não só do sacrifício de Jesus Cristo na cruz, mas também a comunhão daqueles que recebem os frutos desse sacríficio, sua Igreja.
Mas como todo sacramento, participar externamente da Ceia só faz sentido para aqueles que participam verdadeiramente da realidade invísivel da Ceia: a comunhão com da morte do Senhor e a comunhão de seu corpo místico, a Igreja.
Aqui está uma relação que não podemos deixar de notar entre o corpo literal e o corpo místico do Senhor. "Isto é o meu corpo, que é dado por vós". O corpo de Jesus foi entregue por amor. A Igreja, o corpo de Cristo, então, deve ter o seu estilo de vida com base nisso: "Carreguem os fardos uns dos outros, e assim vocês estarão cumprindo a lei de Cristo". (Gálatas 6.2) E também: "Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus, que, embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se; mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens. E, sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo e foi obediente até à morte, e morte de cruz!" (Filipenses 2.5-8)
A atitude de Jesus ao entregar o seu corpo para morrer em obediência ao Pai e por amor a Igreja, é o padrão para o comportamento dos membros de seu corpo místico, a Igreja. Um amor cujas implicações significa carregar os fardos uns dos outros assim como Cristo carregou o nosso. É por isso que Paulo diz aos coríntios:
"Entretanto, nisto que lhes vou dizer não os elogio, pois as reuniões de vocês mais fazem mal do que bem. Em primeiro lugar, ouço que, quando vocês se reúnem como igreja, há dissensões entre vocês, e até certo ponto eu o creio... De sorte que, quando vos ajuntais num lugar, não é para comer a ceia do Senhor". (1 Coríntios 11.17-18)
Será que na igreja eles estavam literalmente deixando de celebrar a Ceia?
Na verdade, Paulo não se refere a inexistência da Ceia literalmente falando, mas a inexistência de uma Ceia que refletisse o seu real significado.
O pão e o vinho no qual celebramos a Ceia, aponta para o corpo do Senhor. Tanto para o seu corpo físico e literal que foi sacrificado, quanto para o seu corpo místico que é a Igreja. A atitude de Jesus ao entregar o seu corpo para morrer em obediência ao Pai e por amor a Igreja, é o padrão para o comportamento dos membros de seu corpo místico, a Igreja. Um amor cujas implicações significa carregar os fardos uns dos outros assim como Cristo carregou o nosso.
Esse é o significado do sacramento da Ceia era esse. Se tal significado não fosse a realidade para o qual a Ceia estava apontando, podemos parafrasear o que Paulo falou sobre o antigo sacramento da circuncisão: "A vossa Ceia do Senhor se tornou em banquete de pagãos".
Isso não era um desprezo ao ritual da circuncisão em si mesmo sob o Antigo Pacto, pois o tal foi estabelecido sob o Antigo Pacto pelo próprio Deus, assim como todos os rituais e sacrifícios.
Na verdade, trata-se de uma valorização dos sacramentos, ao restaurá-los ao seu real significado em vez de mantê-los profanados em meio aqueles que não honram o que os tais significam.
No Novo Testamento isso é mais evidente nas palavras de Paulo:
"Porque a circuncisão é, na verdade, proveitosa, se guardares a lei; mas se tu és transgressor da lei, a tua circuncisão tem-se tornado em incircuncisão". (Romanos 2.25)
O argumento de Paulo se baseia na premissa de que a circuncisão externa aponta para uma realidade espiritual que se for inexistente, torna a circuncisão externa nula, como se nem sequer tivesse feita.
No Antigo Testamento, quando a circuncisão era vigente para o povo de Deus, essa é a pressuposição que rege toda a teologia da circuncisão. A pressuposição era que a circuncisão não era uma marca física, mas era uma marca física com significado espiritual para aquele que carrega.
Veja, por exemplo, o que Davi diz sobre Golias:
"Quem é esse incircunciso filisteu, para afrontar os exércitos do Deus vivo?" (I Samuel 17.25-26)
A referência a incircuncisão do filisteu não é somente um comentrário sobre a ausência de uma marca física nele. É um comentário sobre o estado espiritual dele representado pela ausência da marca física, em oposição ao estado daqueles que são o exército do Deus vivo.
Jeremias escreveu:
"Eis que vêm dias, diz o Senhor, em que castigarei a todo circuncidado pela sua incircuncisão: ao Egito, a Judá e a Edom, aos filhos de Amom e a Moabe, e a todos os que cortam os cantos da sua cabeleira e habitam no deserto; pois todas as nações são incircuncisas, e toda a casa de Israel é incircuncisa de coração". (Jeremias 9.25-26)
O texto diz que o Senhor castigaria todo circuncidado pela sua incircuncisão. Mas isso não é uma contradição? Como poderia o Senhor castigar todo circuncidado pela sua incircuncisão se eles eram circuncidados?
Porque a circuncisão externa aponta para uma realidade espiritual que se for inexistente, torna a circuncisão externa nula.
Em Deuteronômio, lemos:
"Também o Senhor teu Deus circuncidará o teu coração, e o coração de tua descendência, a fim de que ames ao Senhor teu Deus de todo o teu coração e de toda a tua alma, para que vivas". (Deuteronômio 30.6)
Esse é o fundo espiritual da circuncisão...
Se o ritual externo da circuncisão apontava para tal realidade espiritual do judeu, por qual motivo então o infante também era circuncidado se o infante não manifestava externamente o seu estado espiritual de forma que fosse possível avaliar se ele era apto para receber tal sinal em concordância com o seu verdadeiro estado espiritual?
Como eu já mostrei aqui, a circuncisão apontava para o estado espiritual daquele que era um regenerado, nascido de novo.
Mas isso não é tudo para o qual a circuncisão apontava. A circuncisão apontava para o estado espiritual da regeneração, do novo nascimento do povo de Israel especificamente, em distinção aos povos pagãos. A circuncisão não dizia algo a respeito somente daquele que era circuncidado. Dizia também a respeito daqueles que não eram, os gentios.
O sinal apontava para isso. A retirada da carne significava a retirada do pecado (santificação). A carne era retirada do orgão reprodutor porque era a santificação da descendência de Abraão, Israel em contraste com os gentios, não santificados e impuros. Esse é o significado da circuncisão por todo o Antigo Pacto. O significado é que o judeu é santo e o gentio não é. O judeu é um regenerado e o gentio não é. Israel é o povo eleito e os gentios são povos não eleitos. Esse é o significado pleno da circuncisão.
"Ele revela a sua palavra a Jacó, os seus estatutos e as suas ordenanças a Israel. Não fez assim a nenhuma das outras nações; e, quanto às suas ordenanças, elas não as conhecem. Louvai ao Senhor!" (Salmo 147.19-20)
"Agora, pois, se atentamente ouvirdes a minha voz e guardardes o meu pacto, então sereis a minha possessão peculiar dentre todos os povos, porque minha é toda a terra; e vós sereis para mim reino sacerdotal e nação santa. São estas as palavras que falarás aos filhos de Israel". (Êxodo 19.5-6)
"Os ídolos das nações são prata e ouro, obra das mãos dos homens; têm boca, mas não falam; têm olhos, mas não vêem; têm ouvidos, mas não ouvem; nem há sopro algum na sua boca. Semelhantemente a eles se tornarão os que os fazem, e todos os que neles confiam. Ó casa de Israel, bendizei ao Senhor; ó casa de Arão, bendizei ao Senhor; ó casa de Levi, bendizei ao Senhor; vós, os que temeis ao Senhor, bendizei ao Senhor. Desde Sião seja bendito o Senhor, que habita em Jerusalém. Louvai ao Senhor".(Salmo 135.15-21)
"Pois todos os povos andam, cada um em nome do seu deus; mas nós andaremos para todo o sempre em o nome do Senhor nosso Deus". (Miquéias 4.5)
Esse é o significado da circuncisão.
Então com a vinda do Messias, o que acontece é o seguinte...
"Por esta razão eu, Paulo, o prisioneiro de Cristo Jesus por amor de vós gentios... Se é que tendes ouvido a dispensação da graça de Deus, que para convosco me foi dada; como pela revelação me foi manifestado o mistério, conforme acima em poucas palavras vos escrevi, pelo que, quando ledes, podeis perceber a minha compreensão do mistério de Cristo, o qual em outras gerações não foi manifestado aos filhos dos homens, como se revelou agora no Espírito aos seus santos apóstolos e profetas, a saber, que os gentios são co-herdeiros e membros do mesmo corpo e co-participantes da promessa em Cristo Jesus por meio do evangelho; do qual fui feito ministro, segundo o dom da graça de Deus, que me foi dada conforme a operação do seu poder". (Efésios 3.1-7)
O mistério de Cristo foi manifesto em outras gerações aos filhos dos homens. Só não foi como é agora. E que mistério era esse?
Que os gentios são co-herdeiros e membros do mesmo corpo e co-participantes da promessa em Cristo Jesus por meio do evangelho!
Isaías havia dito sobre o Messias, "Eu o Senhor te chamei em justiça; tomei-te pela mão, e te guardei; e te dei por pacto ao povo, e para luz das nações". (Isaías 42.6)
O Novo Testamento inteiro argumenta fortemente sob a importância de não manter a circuncisão como um requerimento para a Igreja.
Veja todavia que toda a argumentação se basea, não no que fora dito, explicitamente, mas no que era uma inferência lógica necessária com base no que foi dito sobre:
1) O significado da circuncisão.
2) A vocação dos gentios que tinha começado.
Se a gente entender isso bem, a gente deixa de ser literalista e passa a realmente se aprofundar no que as Escrituras estão dizendo.
A verdade das coisas não estão somente no que é dito explicitamente, mas também do que é uma consequencia lógica e necessária do que é dito explicitamente.
Quando os caras discutiam se circuncisão estava de pé ou não, o que eles discutiam na verdade era se os gentios estavam sendo chamados por Deus param serem povos santos assim como Israel tinha sido. Os dois lados compreendiam bem o significado da circuncisão nessa discussão toda.
Por isso que eu disse aqui que os dispensacionalistas implicitamente o princípio da circuncisão de pé. Eles podem não circuncidar literalmente. Mas quando eles estabelecem distinção entre o judeu e o gentio, seja em nossa era seja em uma era futura, o que eles estão fazendo é isso. Eles estão reestabelecendo o significado da circuncisão.
O problema é que eles são literalistas. Eles não compreendem que não é somente o que é dito explicitamente, mas é tudo o que está logicamente ligado aquilo. Se você estabelece a superioridade do judeu sobre o gentio, seja de que forma for, você está estabelecendo a circuncisão.
E o que nós precisamos aprender disso tudo é o seguinte. Quando queremos saber se algo é bíblico ou não, não temos que nos perguntar: Onde esse ato ou essa questão está sendo explicitamente tratada lá? O que temos que perguntar é, Qual princípio geral existente lá se aplica a questão que queremos tratar.
Se a gente exige que a Bíblia trate de tudo explicitamente, a gente tá fazendo da Bíblia um livro insignificante. Pois tudo o que a Bíblia diz, diz em contextos específicos para povos do passado. Ela não tem como tratar de tudo diretamente explicitamente. Mas nós que temos o Espípirito sabemos que isso não anula o lugar dela de única regra de fé e prática. Pois mesmo que não fale de coisas direta e explicitamente, ela fala de tudo pelo menos implicitamente quando coloca princípios gerais pelo qual os casos particulares e específicos devem ser analisados.
RETIRADO DOS TOPICOS DA COMUNIDDE DO ORKUT A SEGUIR
http://www.orkut.com/Main#CommMsgs?cmm=77102065&tid=5547090643795696717&na=3&nst=206&nid=77102065-5547090643795696717-5548016179186635381 POR FRANK BRITO
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Concordam? Comentem...