"Ora, se teu irmão pecar contra ti, vai e repreende-o entre ti e ele só; se te ouvir, ganhaste a teu irmão. Mas, se não te ouvir, leva ainda contigo um ou dois, para que, pela boca de duas ou três testemunhas, toda palavra seja confirmada. E, se não as escutar, dize-o à igreja; e, se também não escutar a igreja, considera-o como um gentio e publicano. Em verdade vos digo que tudo o que ligardes na terra será ligado no céu, e tudo o que desligardes na terra será desligado no céu". (Mateus 18.15-18)
A primeira coisa que precisamos notar é que entre o erro do sujeito e o "considera-o como um gentio e publicano" existe um caminho. O objetivo maior deve ser a restauração do sujeito. O objetivo maior deve ser que ele levante e não que ele permaneça caído.
Mas veja qual é a decisão final: "considera-o como um gentio e publicano". Ele é publicamente reconhecido como um não-cristão. Esse é o significado da excomunhão. O reconhecimento público de que o sujeito não é cristão.
Por que tal ato é chamado de excomunhão?
A palavra significa literalmente colocar alguém fora da comunhão. Sacramentalmente, isso é feito privando o sujeito de ter acesso a mesa do Senhor.
Como já vimos, o pão e o vinho no qual celebramos a Ceia, aponta para o corpo do Senhor. Tanto para o seu corpo físico e literal que foi sacrificado, quanto para o seu corpo místico que é a Igreja. A comunhão do pão e do vinho é a comunhão não só do sacrifício de Jesus Cristo na cruz, mas também a comunhão daqueles que recebem os frutos desse sacríficio, sua Igreja.
Mas como todo sacramento, participar externamente da Ceia só faz sentido para aqueles que participam verdadeiramente da realidade invísivel da Ceia: a comunhão com da morte do Senhor e a comunhão de seu corpo místico, a Igreja.
O ato de publicamente privar o indivíduo do sacramento é equivalente a declará-lo publicamente como não sendo cristão. Isso é excomunhão.
Com base nisso, temos que entender aqui a grande gravidade do que significa ser excomungado e do que significa excomungar alguém.
A questão da excomunhão não é questão desse ou daquele pecado cometido. Excomunhão deve ocorrer por um motivo e um motivo somente: "o indivíduo obstinadamente se declarou como indisposto a voltar atrás de sua atitude não cristã. Com isso ele está declarando não ser cristão e a Igreja estará o reconhecendo como tal por meio da excomunhão".
O fato do indivíduo pecar, seja qual pecado for (com exceção de blasfêmia contra o Espírito Santo, mas isso é outro assunto), não é motivo de excomunhão automatica. Para que a excomunhão é preciso que o indivíduo explicitamente se manifeste contrário ao arrependimento e contrário a mudança de sua atitude depois de ser repreendido pela igreja.
A declaração da excomunhão é: "Você se mostrou não ser cristão, pois obstinadamente se recusou a ser repreendido em seu pecado". A declaração da excomunhão não é simplesmente: "Você pecou". Pecar, todo cristão peca. O que nenhum cristão faz é ativamente recusar arrependimento depois de ser ativamente repreendido.
A chave que diferencia uma coisa da outra é: "Disposição em relação ao pecado ou em relação a santidade, apesar do pecado".
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