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quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Apocalipse -Capítulo 8 - O sétimo selo: O incensário de ouro

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“Não temos a liberdade de clamar a Deus para que siga as sugestões de nossa mente e vontade, mas precisamos busca-lo somente da maneira como ele nos convidou a nos aproximarmos dele.” João Calvino (Reformador de Genebra)
"Quando ele abriu o sétimo selo” narra João, “fez-se silêncio no céu por cerca de meia hora” (8:1). Pode-se imaginar a apreensão de João e de todos quantos assistiam àquela cena. Depois de tanto barulho, de tantos sons, finalmente, um silêncio absoluto. É difícil conceber o céu como um lugar silencioso. Como se não bastasse o canto incessante dos anjos ( santo, santo, santo...), há também as constantes orações que chegam ao Trono da Graça a cada momento. Então, que silêncio seria esse? Havia no ar um misto de expectativa, reverência e apreensão. Todos pareciam apreensivos diante do que se sucederia, inclusive João. De uma coisa todos pareciam ter ciência: algo muito importante estava pra acontecer a qualquer instante.

Esse período de “meia hora” aponta para os dias em que os discípulos estiveram reunidos em Jerusalém à espera do cumprimento da Promessa do Pai. O resultado desta espera é apresentado no verso 5, onde é dito que o “a anjo tomou o incensário, encheu-o do fogo do altar e o lançou sobre a terra”. Ora, a expressão “fogo do altar” é uma figura do próprio Espírito Santo. Quando o Espírito desceu em Pentecostes, todos os que estavam no cenáculo “viram línguas repartidas, como que de fogo, as quais pousaram sobre cada um deles” (At.2:3).



De repente, João vê sete anjos portando uma trombeta cada um. Dentro da cultura judaica, a trombeta era um instrumento usado para chamar a atenção das pessoas a algum anúncio que seria dado. Portanto, a missão daqueles anjos era anunciar os acontecimentos que se sucederiam.

Porém, aqueles anjos pareciam esperar por algum sinal. Eles não poderiam tocar suas trombetas de forma aleatória. Cada trombeta, ao ser tocada, anunciaria uma manifestação do juízo de Deus sobre Jerusalém.



E o que é que eles estavam esperando?



Do verso 3 ao 5 lemos que “outro anjo”, “pôs-se junto ao altar, tendo um incensário de ouro. Foi-lhe dado muito incenso, para oferecê-lo com as orações de todos os santos sobre o altar de ouro, que está diante do trono. E da mão do anjo subiu diante de Deus a fumaça do incenso com as orações dos santos. Então o anjo tomou o incensário, encheu-o do fogo do altar e o lançou sobre a terra; e houve trovões, vozes, relâmpagos e terremotos.”



Os anjos só poderiam tocar suas trombetas quando os juízos de Deus estivessem prontos para ser executados.



Lembre-se que agora os santos receberam o juízo, e que cabe a eles executá-lo sobre a terra. E de quê maneira? Através das suas orações.



É pela oração que nos tornamos cúmplices de Deus na execução dos Seus propósitos.



Foi Deus, em Sua soberania, que estabeleceu este ciclo. Os juízos já estão lavrados, porém, antes que sejam executados, os santos precisam encher seus incensários de oração.



Quando o incensário estava cheio, o anjo ainda o encheu com o fogo proveniente do próprio altar de Deus.



Isso nos faz lembrar de um episódio envolvendo dois personagens vetero-testamentários: Nadabe e Abiú, filhos de Arão. Esses, em vez de oferecer ao Senhor incenso com o fogo que havia no altar, aceso pelo próprio Deus na inauguração do Tabernáculo, preferiram oferecer um fogo estranho, e por isso mesmo, foram fulminados por Deus (Lv.10:1-2). Deus não precisa de fogo novo, mas apenas de lenha para manter aceso o fogo que Ele mesmo acendeu. Nós somos a lenha, e a nossa fé é o combustível que mantém acesa a chama que o Espírito acendeu em nós. Por isso Paulo nos exorta a não extinguirmos o Espírito em nós. Devemos ser como aquela sarça ardente, que queimava mas não se consumia.



Deus não precisa de conselhos, de idéias novas, de orientação, e nem tampouco busca sugestão de quem quer que seja. Ele já sabe, desde o início, o que vai fazer. Seus pensamentos não são os nossos pensamentos, nem Seus caminhos são os nossos caminhos. O que Ele deseja é usar nossos lábios para expressar o que está em Sua mente. Por isso, o Espírito nos acessa à Mente de Cristo (1 Co.2:16), para que nossa oração expresse o que está no coração de Deus.



Enquanto não se sabe a vontade de Deus, é melhor silenciar-se, e esperar que o Espírito Santo no-la revele.



Por que os discípulos passaram dez dias trancados no Cenáculo esperando pela Promessa do Pai? Porque Jesus os havia advertido que seria o Espírito Santo Quem os conduziria a toda verdade (Jo.16:13). Eles não poderiam tomar qualquer iniciativa, sem que antes o Espírito viesse, e os conectasse à Mente de Cristo, revelando-lhes, assim, os propósitos de Deus.



A oração não é iniciativa nossa, mas de Deus. É Ele que, pelo Seu Espírito, nos revela os que está em Seus planos. Nós mesmos não sabemos orar como convém, mas é o Espírito quem nos assiste em nossa fraqueza, revelando-nos o que nossos olhos não viram, nem nossos ouvidos ouviram, e que sequer chegou ao nosso coração, mas que Deus já predeterminou para a Sua glória (Leia Rm.8:26-27; 1 Co.2:9-10). Não existe “caixinha de sugestões” no céu! Tentar instruir a Deus através da oração, é oferecer-Lhe fogo estranho. Ele jamais aceitará tal incenso. Afinal de contas, “quem conheceu a mente do Senhor, para que o possa instruir?”(1 Co.2:16). Em vez disso, temos que nos submeter à vontade soberana de Deus que nos é revelada pelo Seu Espírito e pela Sua Palavra, e desta maneira, nossas orações serão misturadas ao fogo proveniente do Seu Altar, ativando, assim, a execução dos Seus propósitos. Como disse certa vez Hudson Taylor: “Deus está procurando pavios para queimar. O óleo e o fogo são gratuitos.” [4]



Quando as orações dos santos foram misturadas com o fogo do altar, ouviram-se trovões, vozes, relâmpagos e terremotos. Tudo isso era apenas o prenúncio do juízo iminente. “Então” prossegue João, “os sete anjos que tinham as sete trombetas prepararam-se para tocar” (v.6). A partir daí, usando toda uma linguagem figurativa, bem familiar aos judeus, o apóstolo vidente nos apresenta uma série de acontecimentos que deveria sobrevir a Jerusalém antes de sua queda no ano 70 d.C.



Em uma próxima oportunidade estaremos examinando melhor os juízos anunciados pelas sete trombetas. Por enquanto, basta-nos entender que a Igreja de Cristo foi levantada para ser a coadjuvante de Deus na execução dos Seus propósitos na Terra. Precisamos sair da inércia, e reocupar nosso lugar na história. Os céus esperam pelo incenso produzido pelo Espírito em nós, e não há mais tempo a perder. Não podemos permitir que haja silêncio no céu por muito tempo. A maior parte das igrejas não sabe que Deus governa o mundo por meio das orações dos santos. Que nossos ouvidos estejam atentos à voz de Cristo que ainda ecoa nas páginas das Escrituras e no coração dos que crêem:



"Não fará Deus justiça aos seus escolhidos, que clamam a ele de dia e de noite, ainda que os faça esperar? Digo-vos que depressa lhes fará justiça.”

Lucas 18:7-8a.



Afinal, Deus ainda está no trono, nós ainda estamos a seus pés, e entre nós há apenas a distância de um joelho.



Se os cristãos de hoje soubessem do poder que há na oração de um justo, eles não mais perderiam tempo com questionamentos tolos e atividades improdutivas. O timão que dirige o navio da História está nas mãos dos que oram.



Foi um homem de oração que impediu que a Inglaterra sofresse uma revolução igual a que ocorreu na França no século XVIII.[5]



A oração nos coloca em sintonia com as ondas emitidas pelo Trono da Graça de Deus. Quando paramos de orar, ficamos no escuro, no sentido de que desconhecemos as intenções de Deus, e ignorarmos os Seus comandos.



Deveríamos atentar para o que lemos em 1 Timóteo 2:1-2:



"Exorto, pois, antes de tudo, que se façam súplicas, orações, intercessões e ações de graças por todos os homens, pelos reis, e por todos os que exercem autoridade, para que tenhamos uma vida tranqüila e sossegada, em toda piedade e honestidade.”



Parece até que podemos ouvir o apóstolo Paulo alterando o seu tom de voz, para tornar enfática a sua exortação. Se quisermos ter uma vida sossegada, tranqüila, precisamos gastar mais tempo diante do Trono, intercedendo por aquele em quem Deus tem investido autoridade. Não se trata aqui de algo banal, ou de importância secundária. Paulo tratou disso como uma prioridade para o povo de Deus. “Antes de tudo”, troveja Paulo. Quem é que cumpre à risca esse mandamento hoje em dia? Quem é que está preocupado em orar pelos governantes de nossa pátria? Poucos são os que se entregam a tão honrosa atividade. É mais fácil criticar, caluniar, difamar, do que simplesmente orar.



É claro que, no exercício de nossa cidadania, temos o direito de criticar, discordar, e até protestar contra alguma arbitrariedade, ou injustiça praticada por nossos governantes. Porém, precisamos exercer também a nossa cidadania celestial, orando por eles, para que Deus lhes conceda a sabedoria necessária para cumprir a contento o seu mandato.



Convém lembrar que as autoridades constituídas, quer sejam crentes ou não, são ministros de Deus (Rm.13:1-7). É Deus quem as constitui, como também é Ele quem as depõe.



Devemos orar para que homens tementes a Deus sejam elevados à posição de destaque dentro do cenário político brasileiro. Precisamos ter gente comprometida com o Reino de Deus ocupando lugares não apenas no poder executivo, mas também no legislativo e no judiciário.



Que Deus levante homens e mulheres como José, Daniel, Moisés, Ester, Débora, Gideão, e tantos outros, para conduzir nosso país a um tempo de paz, prosperidade e desenvolvimento.



Não podemos deixar de orar também pelas autoridades médicas e científicas; sobretudo, por aqueles que estão envolvidos em pesquisas de novos remédios para o combate ao câncer, a Aids e a outras pestes que assolam a humanidade. Muitas das novas descobertas científicas surgem por insight. Depois de anos de pesquisa, de repente, alguém tem uma idéia genial, e resolve fazer experimentos em laboratório, até concluir que aquele insight era o que faltava. Estou certo de que é o próprio Deus, que pela Sua graça comum, assopra aos ouvidos dos cientistas, para que encontrem as respostas que buscam.



Oremos também pelas autoridades militares que velam pela manutenção da paz , e pela soberania do estado brasileiro.



Oremos por aqueles que tem nas mãos o que hoje é chamado de “o quarto poder”: a mídia. Os donos de canais de televisão, de revistas, jornais, sites, como também os jornalistas, os apresentadores de TV, os radialistas, os escritores seculares, os autores de filmes e novelas, os formadores de opinião em geral, devem figurar na pauta de nossas orações.



E por fim, jamais deixemos de rogar a Deus em favor das autoridades eclesiásticas. Cada pastor, bispo, sacerdote, deve ser alvo de nossas constantes orações. Mesmo que discordemos de alguns deles em sua doutrina, ou na ênfase de seus ministérios, não temos o direito de agirmos com negligência, deixando de orar para que Deus os ilumine o entendimento, e lhes conduza pelas veredas da justiça e da verdade (Col.4:3).



[1] Discordamos daqueles que afirmam que a Grande Prostituta do Apocalipse seria Roma, ou que seria literalmente a Babilônia dos tempos bíblicos que ressurgiria nos últimos tempos. Basta comparar os textos de Ap.16:19, onde a Babilônia é chamada de “a Grande Cidade” e de Ap.11:8, onde se diz claramente que a “a Grande Cidade” é o lugar onde Cristo fora crucificado.

[2] Ibid., p.264.

[3] Oração - O refúgio da alma, p.271

[4] Pérolas para a Vida, p.354.

[5] João Wesley, fundador do Metodismo. Os historiadores concordam com esta afirmação

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