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quinta-feira, 30 de dezembro de 2010
Apocalipse - Capitulo 17, 18 - A Grande Meretriz
"Tomarei, pois, os membros de Cristo, e fá-los-eimembros de meretriz? Não, por certo.”
1 Coríntios 6:15b.
"Como se fez prostituta a cidade fiel!”, exclama o profeta em alusão à Jerusalém (Is.1:21a). Além de ser considerada como Egito, Jerusalém também é apresentada em Apocalipse como a Grande Babilônia. Muitos intérpretes entendem que Roma seria a Babilônia apocalíptica, e que nos últimos tempos se levantaria novamente na terra, para ser outra vez derrubada. Discordamos de tal interpretação. A Babilônia de Apocalipse é Jerusalém. Em Apocalipse 11:8, Jerusalém é chamada de “a grande cidade”, da mesma forma como Babilônia é chamada em Ap.16:19 e 18:16. Há inúmeras passagens nas Escrituras, principalmente entre os profetas, em que Jerusalém é apresentada como uma grande prostituta. Ezequiel, por exemplo, diz que ela prostitui-se com o Egito, com a Assíria, e com a Caldéia (16:26-29); o que parece concordar com Ap.17:2, onde se diz que “com ela se prostituíram os reis da terra, e os que habitam na terra se embebedaram com o vinho da sua prostituição”. Deus chega a chamá-la de “meretriz descarada” (Ez.16:30). Deus ainda a ameaça dizendo: “Eu ajuntarei todos os teus amantes, com os quais te misturaste, como também todos os que amaste, com todos os que aborreceste, ajuntá-los-ei contra ti em redor”(v.37a). Esta ameaça divina encontra um impressionante paralelo em Ap.17:16-17a, onde se diz que “a besta ( Roma Imperial ) e os dez chifres que viste são os que odiarão a prostituta, e tornarão desolada e nua, e comerão as suas carnes, e a queimarão no fogo. Pois Deus lhes pôs no coração o realizarem o intento dele...” Se a Grande Babilônia fosse Roma, então não haveria sentido em Roma ser odiada pelo próprio Império Romano!
Deus prometeu que Jerusalém seria julgada “como são julgadas as adúlteras” (Ez.16:38). E como eram julgadas as adúlteras? Eram apedrejadas e queimadas (vs.40-41). E foi justamente isso que aconteceu com Jerusalém no ano 70 d.C.
· Os Pecados de Jerusalém
Quais foram os pecados que transformaram a Cidade Fiel em uma prostituta obstinada? Podemos apontar dois dos principais pecados cometidos por Israel.
1. Rejeitar o Príncipe da Paz - Certa feita, quando Jesus ia chegando a Jerusalém, “vendo a Cidade, chorou sobre ela, dizendo: Ah! Se tu conhecesses, ao menos neste teu dia, o que à tua paz pertence! Mas agora isso está encoberto aos teus olhos. Dias virão sobre ti em que os teus inimigos te cercarão de trincheiras, e te sitiarão, e te apertarão de todos os lados. Derrubar-te-ão, a ti e a teus filhos que dentro de ti estiverem. Não deixarão em ti pedra sobre pedra, porque não reconheceste o tempo da tua visitação” (Lc.19:41-44). Fora esse o seu principal pecado. Rejeitaram a Paz que vinha do céu na Pessoa Bendita do Filho de Deus. Chegaram ao ponto de reclamar com as autoridades romanas o fato de terem colocado sobre a Sua Cruz o título “Rei dos judeus” (Jo.19:19-21). Diante da enorme pressão do judeus, Pilatos não teve outra alternativa senão ordenar a Sua execução. “Então Pilatos, vendo que nada conseguia, antes o tumulto crescia, tomando água, lavou as mãos diante da multidão, dizendo: Estou inocente do sangue deste homem. A responsabilidade é vossa. Respondeu todo o povo: O seu sangue caia sobre nós e sobre nossos filhos” (Mt.27:24-25). O que eles mesmos pediram, receberam. Foi por saber que tal pedido seria atendido, que Jesus, enquanto percorria a via crucis, vendo as mulheres que choravam e se lamentavam por vê-lO sofrer, disse-lhes: “Filhas de Jerusalém, não choreis por mim, chorai antes por vós mesmas, e por vossos filhos. Pois virão dias em que dirão: Bem-aventuradas as estéreis, os ventres que não geraram e os peitos que não amamentaram! Então dirão aos montes: Caí sobre nós, e aos outeiros: Cobri-nos” (Lc.23:28-30).
2. Promover o martírio dos Profetas e Apóstolos - Em Apocalipse é dito que na Grande Babilônia “se achou o sangue dos profetas, e dos santos, e de todos os que foram mortos na terra”(18:24). Isso parece ecoar a exclamação de Jesus: “Jerusalém! Jerusalém! Que matas os profetas e apedrejas os que te são enviados! Quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintinhos debaixo das asas, e tu não quiseste! Agora a vossa casa vos ficará deserta!” (Mt.23:37). Jeremias, em suas Lamentações, já havia profetizado sobre isso: “Como jaz solitária a cidade outrora tão populosa! Tornou-se como viúva, a que foi grande entre as nações! A princesa das províncias tornou-se escrava! (...) Jerusalém gravemente pecou, por isso se fez imunda (...) Mas isso aconteceu por causa dos pecados dos profetas, e das maldades dos seus sacerdotes, que derramaram o sangue dos justos no meio dela” (Lm.1:1, 8a, 4:13). Primeiro, precisamos entender o modus operandi do juízo de Deus. A Bíblia nos apresenta um princípio que rege as manifestações dos juízos divinos. Trata-se do Princípio da Balança. Quando uma determinada medida é extravasada, o juízo é acionado. Entretanto, para que isso aconteça, alguém precisa recorrer à Justiça de Deus. Em Êxodo 6:5, Deus diz a Moisés que o Seu Juízo sobre o Egito estava sendo acionado pelo clamor dos filhos de Israel. E no verso seguinte Ele promete: “Portanto dize aos filhos de Israel: Eu sou o Senhor, e vos tirarei de debaixo das cargas dos egípcios, livrar-vos-ei da sua servidão e vos resgatarei com braço estendido e com grandes juízos.” Semelhantemente, Deus ouviu o clamor do Seu povo em Jerusalém, que estava sendo dominado por uma casta religiosa que vivia em função de seus próprios interesses. E Jesus não os poupava: “Ai de vós também, doutores da lei! Que carregais os homens com cargas difíceis de transportar, e vós mesmos nem ainda com um dos vossos dedos tocais essas cargas”(Lc.11:46). Os doutores da Lei correspondiam aos algozes egípcios, impondo uma carga impossível de ser carregada. Foi contra esta carga que Pedro se manifestou em seu discurso na assembléia em Jerusalém: “Agora, pois, por que tentais a Deus, pondo sobre o pescoço dos discípulos um jugo que nem nossos pais nem nós pudemos suportar? Mas cremos que somos salvos pela graça do Senhor Jesus Cristo, como eles também” (At.15:10-11). Além do clamor dos que viviam debaixo desses pesados fardos, Deus também ouvira o clamor dos que foram martirizados por aqueles que se recusavam a receber o seu testemunho. As ruas de Jerusalém foram o cenário onde muitos desses martírios aconteceram.
· Sai Dela, povo meu!
Jesus disse que “quando o espírito imundo sai do homem, anda por lugares áridos buscando repouso, mas não o encontra. Então diz: Voltarei para minha casa de onde saí. E, voltando, acha-a desocupada, varrida e adornada. Então vai, leva consigo outros sete espíritos piores do que ele e, entrando, habitam ali. E são os últimos atos desse homem piores do que os primeiros. Assim acontecerá também a esta geração má”(Mt.12:43-45). Embora muitos pregadores, inclusive eu, apliquem esta passagem a casos particulares de possessão demoníaca, e utilizem-se dela para admoestar às pessoas a que permaneçam firmes em Deus, não fora esta, a princípio, a intenção de Jesus. Ele se referia àquela geração, sobre a qual Deus derramaria a Sua justa ira. Jesus passou cerca de três anos expulsando demônios, e por causa disso foi até acusado de ser possuído por Belzebu. O que eles não sabiam era que, ao rejeitarem o Messias, cada um daqueles demônios retornaria àquela sociedade, trazendo consigo pelo menos sete outros demônios, tornando a sua situação insustentável. Em Apocalipse é dito que a Grande Babilônia havia se tornado “morada de demônios, e guarida de todo espírito imundo” (18:2). E o que foi que deu legalidade à atuação de demônios nas terras de Israel? Davi profetiza em um dos seus mais preciosos salmos que os filhos de Israel “se misturaram com as nações, e adotaram os seus costumes. Serviram os seus ídolos, que vieram a ser-lhes um laço. Sacrificaram seus filhos e suas filhas aos demônios. Derramaram sangue inocente, o sangue de seus filhos e de suas filhas, que sacrificaram aos ídolos de Canaã, e a terra foi manchada com sangue. Contaminaram-se com as suas obras; corromperam-se com os seus feitos. Pelo que se acendeu a ira do Senhor contra o seu povo, e abominou a sua herança. Entregou-os nas mãos das nações, e aqueles que os odiavam se apoderaram deles” (Sl.106:35-41). Chegara a hora do juízo de Deus ser derramado sobre a Cidade Infiel.
E quanto àqueles que haviam se convertido a Cristo? O que seria deles? Isaías profetiza: “Ainda que o teu povo, ó Israel, seja como a areia do mar, só um resto dele se converterá. Uma destruição está determinada, trans-bordando de justiça.” (Is 10:22) O que fazer com este “remanescente”? Teria ele que pagar pelo pecado de todo Israel?
Absolutamente, não. Deus não é injusto. Por isso Ele mesmo os alertou, dizendo:
"Sai dela, povo meu, para que não sejas participantes dos seus pecados, para que não incorras nas suas pragas; pois os seus pecados se acumularam até o céu”. Apocalipse 18:4-5a.
Operação “Retirada”. Hora de evacuar a cidade! “Fugi do meio de Babilônia! Livre cada um a sua alma! Não sejais destruídos na sua maldade. É o tempo da vingança do Senhor; ele lhe dará a sua paga” (Jr.51:6). Estas palavras proféticas encontram eco nas advertências de Jesus aos Seus discípulos: “Na vossa perseverança ganhareis as vossas almas. Quando virdes Jerusalém cercada de exércitos, sabereis que é chagada a sua desolação. Então os que estiverem na Judéia, fujam para os montes, os que estiverem no meio da cidade, saiam, e os que estiverem nos campos, não entrem nela. Pois dias de vingança são estes, para que se cumpram todas as coisas que estão escritas”(Lc.21:19-22). Observe ainda a semelhança com a advertência de Paulo: “Pelo que saí do meio deles, apartai-vos, diz o Senhor” (2 Co. 6:17a).
Eusébio, bispo de Cesaréia, relata que “todo o corpo da igreja em Jerusalém, dirigido por uma revelação divina dada a homens de piedade aprovada antes da guerra, saíra da cidade e fora habitar em certa cidade além do Jordão chamada Pela. Eis que, tendo se mudado de Jerusalém os que criam em Cristo, como se os santos tivessem abandonado por completo a própria cidade real e toda a terra de Judéia, a justiça divina por fim os atingiu por seus crimes contra o Cristo e seus apóstolos, destruindo totalmente toda a geração de malfeitores sobre a terra.”[1]
Antes do cerco que culminaria com a destruição da cidade, Jerusalém foi sitiada por tropas romanas sob o comando de Céstio. Inexplicavelmente, quando tudo parecia favorável a um ataque imediato, as tropas romanas se retiraram. Os judeus já estavam dispostos a se render, quando o general romano decidiu retirar seus homens sem que houvesse qualquer razão aparente. Aquele era o sinal esperado pelos cristãos para que batessem em retirada, abandonando de vez a cidade que cairia sob o Juízo Divino.
Eusébio também diz que enquanto os cristãos se retiraram de Jerusalém, mais de trezentos mil judeus oriundos de diversas partes do mundo afluíram para lá por ocasião da Páscoa. Estes ficaram impedidos de sair por causa do sítio romano agora sob o comando de Tito. Flávio Josefo, famoso historiador judeu, calculou que cerca de um milhão e cem mil judeus pereceram durante o cerco romano e a destruição de Jerusalém.
Os cristãos só foram poupados daquela carnificina graças às advertências feitas por Jesus em Seu Sermão Profético. Assim como os hebreus foram poupados das pragas que atingiram os egípcios, os cristãos deveriam ser poupados das pragas que viriam sobre Jerusalém. A diferença entre um e outro episódio, é que, no primeiro, os hebreus foram poupados sem precisar sair do Egito, enquanto que, no caso dos cristãos, eles só seriam poupados se abandonassem Jerusalém.
[1] CESARÉIA, Eusébio de, História Eclesiástica, Livro III, Cap.V.
Marcadores: Babilônia
quarta-feira, 29 de dezembro de 2010
Apocalipse -Capítulo 8 - O sétimo selo: O incensário de ouro
“Não temos a liberdade de clamar a Deus para que siga as sugestões de nossa mente e vontade, mas precisamos busca-lo somente da maneira como ele nos convidou a nos aproximarmos dele.” João Calvino (Reformador de Genebra)
"Quando ele abriu o sétimo selo” narra João, “fez-se silêncio no céu por cerca de meia hora” (8:1). Pode-se imaginar a apreensão de João e de todos quantos assistiam àquela cena. Depois de tanto barulho, de tantos sons, finalmente, um silêncio absoluto. É difícil conceber o céu como um lugar silencioso. Como se não bastasse o canto incessante dos anjos ( santo, santo, santo...), há também as constantes orações que chegam ao Trono da Graça a cada momento. Então, que silêncio seria esse? Havia no ar um misto de expectativa, reverência e apreensão. Todos pareciam apreensivos diante do que se sucederia, inclusive João. De uma coisa todos pareciam ter ciência: algo muito importante estava pra acontecer a qualquer instante.
Esse período de “meia hora” aponta para os dias em que os discípulos estiveram reunidos em Jerusalém à espera do cumprimento da Promessa do Pai. O resultado desta espera é apresentado no verso 5, onde é dito que o “a anjo tomou o incensário, encheu-o do fogo do altar e o lançou sobre a terra”. Ora, a expressão “fogo do altar” é uma figura do próprio Espírito Santo. Quando o Espírito desceu em Pentecostes, todos os que estavam no cenáculo “viram línguas repartidas, como que de fogo, as quais pousaram sobre cada um deles” (At.2:3).
De repente, João vê sete anjos portando uma trombeta cada um. Dentro da cultura judaica, a trombeta era um instrumento usado para chamar a atenção das pessoas a algum anúncio que seria dado. Portanto, a missão daqueles anjos era anunciar os acontecimentos que se sucederiam.
Porém, aqueles anjos pareciam esperar por algum sinal. Eles não poderiam tocar suas trombetas de forma aleatória. Cada trombeta, ao ser tocada, anunciaria uma manifestação do juízo de Deus sobre Jerusalém.
E o que é que eles estavam esperando?
Do verso 3 ao 5 lemos que “outro anjo”, “pôs-se junto ao altar, tendo um incensário de ouro. Foi-lhe dado muito incenso, para oferecê-lo com as orações de todos os santos sobre o altar de ouro, que está diante do trono. E da mão do anjo subiu diante de Deus a fumaça do incenso com as orações dos santos. Então o anjo tomou o incensário, encheu-o do fogo do altar e o lançou sobre a terra; e houve trovões, vozes, relâmpagos e terremotos.”
Os anjos só poderiam tocar suas trombetas quando os juízos de Deus estivessem prontos para ser executados.
Lembre-se que agora os santos receberam o juízo, e que cabe a eles executá-lo sobre a terra. E de quê maneira? Através das suas orações.
É pela oração que nos tornamos cúmplices de Deus na execução dos Seus propósitos.
Foi Deus, em Sua soberania, que estabeleceu este ciclo. Os juízos já estão lavrados, porém, antes que sejam executados, os santos precisam encher seus incensários de oração.
Quando o incensário estava cheio, o anjo ainda o encheu com o fogo proveniente do próprio altar de Deus.
Isso nos faz lembrar de um episódio envolvendo dois personagens vetero-testamentários: Nadabe e Abiú, filhos de Arão. Esses, em vez de oferecer ao Senhor incenso com o fogo que havia no altar, aceso pelo próprio Deus na inauguração do Tabernáculo, preferiram oferecer um fogo estranho, e por isso mesmo, foram fulminados por Deus (Lv.10:1-2). Deus não precisa de fogo novo, mas apenas de lenha para manter aceso o fogo que Ele mesmo acendeu. Nós somos a lenha, e a nossa fé é o combustível que mantém acesa a chama que o Espírito acendeu em nós. Por isso Paulo nos exorta a não extinguirmos o Espírito em nós. Devemos ser como aquela sarça ardente, que queimava mas não se consumia.
Deus não precisa de conselhos, de idéias novas, de orientação, e nem tampouco busca sugestão de quem quer que seja. Ele já sabe, desde o início, o que vai fazer. Seus pensamentos não são os nossos pensamentos, nem Seus caminhos são os nossos caminhos. O que Ele deseja é usar nossos lábios para expressar o que está em Sua mente. Por isso, o Espírito nos acessa à Mente de Cristo (1 Co.2:16), para que nossa oração expresse o que está no coração de Deus.
Enquanto não se sabe a vontade de Deus, é melhor silenciar-se, e esperar que o Espírito Santo no-la revele.
Por que os discípulos passaram dez dias trancados no Cenáculo esperando pela Promessa do Pai? Porque Jesus os havia advertido que seria o Espírito Santo Quem os conduziria a toda verdade (Jo.16:13). Eles não poderiam tomar qualquer iniciativa, sem que antes o Espírito viesse, e os conectasse à Mente de Cristo, revelando-lhes, assim, os propósitos de Deus.
A oração não é iniciativa nossa, mas de Deus. É Ele que, pelo Seu Espírito, nos revela os que está em Seus planos. Nós mesmos não sabemos orar como convém, mas é o Espírito quem nos assiste em nossa fraqueza, revelando-nos o que nossos olhos não viram, nem nossos ouvidos ouviram, e que sequer chegou ao nosso coração, mas que Deus já predeterminou para a Sua glória (Leia Rm.8:26-27; 1 Co.2:9-10). Não existe “caixinha de sugestões” no céu! Tentar instruir a Deus através da oração, é oferecer-Lhe fogo estranho. Ele jamais aceitará tal incenso. Afinal de contas, “quem conheceu a mente do Senhor, para que o possa instruir?”(1 Co.2:16). Em vez disso, temos que nos submeter à vontade soberana de Deus que nos é revelada pelo Seu Espírito e pela Sua Palavra, e desta maneira, nossas orações serão misturadas ao fogo proveniente do Seu Altar, ativando, assim, a execução dos Seus propósitos. Como disse certa vez Hudson Taylor: “Deus está procurando pavios para queimar. O óleo e o fogo são gratuitos.” [4]
Quando as orações dos santos foram misturadas com o fogo do altar, ouviram-se trovões, vozes, relâmpagos e terremotos. Tudo isso era apenas o prenúncio do juízo iminente. “Então” prossegue João, “os sete anjos que tinham as sete trombetas prepararam-se para tocar” (v.6). A partir daí, usando toda uma linguagem figurativa, bem familiar aos judeus, o apóstolo vidente nos apresenta uma série de acontecimentos que deveria sobrevir a Jerusalém antes de sua queda no ano 70 d.C.
Em uma próxima oportunidade estaremos examinando melhor os juízos anunciados pelas sete trombetas. Por enquanto, basta-nos entender que a Igreja de Cristo foi levantada para ser a coadjuvante de Deus na execução dos Seus propósitos na Terra. Precisamos sair da inércia, e reocupar nosso lugar na história. Os céus esperam pelo incenso produzido pelo Espírito em nós, e não há mais tempo a perder. Não podemos permitir que haja silêncio no céu por muito tempo. A maior parte das igrejas não sabe que Deus governa o mundo por meio das orações dos santos. Que nossos ouvidos estejam atentos à voz de Cristo que ainda ecoa nas páginas das Escrituras e no coração dos que crêem:
"Não fará Deus justiça aos seus escolhidos, que clamam a ele de dia e de noite, ainda que os faça esperar? Digo-vos que depressa lhes fará justiça.”
Lucas 18:7-8a.
Afinal, Deus ainda está no trono, nós ainda estamos a seus pés, e entre nós há apenas a distância de um joelho.
Se os cristãos de hoje soubessem do poder que há na oração de um justo, eles não mais perderiam tempo com questionamentos tolos e atividades improdutivas. O timão que dirige o navio da História está nas mãos dos que oram.
Foi um homem de oração que impediu que a Inglaterra sofresse uma revolução igual a que ocorreu na França no século XVIII.[5]
A oração nos coloca em sintonia com as ondas emitidas pelo Trono da Graça de Deus. Quando paramos de orar, ficamos no escuro, no sentido de que desconhecemos as intenções de Deus, e ignorarmos os Seus comandos.
Deveríamos atentar para o que lemos em 1 Timóteo 2:1-2:
"Exorto, pois, antes de tudo, que se façam súplicas, orações, intercessões e ações de graças por todos os homens, pelos reis, e por todos os que exercem autoridade, para que tenhamos uma vida tranqüila e sossegada, em toda piedade e honestidade.”
Parece até que podemos ouvir o apóstolo Paulo alterando o seu tom de voz, para tornar enfática a sua exortação. Se quisermos ter uma vida sossegada, tranqüila, precisamos gastar mais tempo diante do Trono, intercedendo por aquele em quem Deus tem investido autoridade. Não se trata aqui de algo banal, ou de importância secundária. Paulo tratou disso como uma prioridade para o povo de Deus. “Antes de tudo”, troveja Paulo. Quem é que cumpre à risca esse mandamento hoje em dia? Quem é que está preocupado em orar pelos governantes de nossa pátria? Poucos são os que se entregam a tão honrosa atividade. É mais fácil criticar, caluniar, difamar, do que simplesmente orar.
É claro que, no exercício de nossa cidadania, temos o direito de criticar, discordar, e até protestar contra alguma arbitrariedade, ou injustiça praticada por nossos governantes. Porém, precisamos exercer também a nossa cidadania celestial, orando por eles, para que Deus lhes conceda a sabedoria necessária para cumprir a contento o seu mandato.
Convém lembrar que as autoridades constituídas, quer sejam crentes ou não, são ministros de Deus (Rm.13:1-7). É Deus quem as constitui, como também é Ele quem as depõe.
Devemos orar para que homens tementes a Deus sejam elevados à posição de destaque dentro do cenário político brasileiro. Precisamos ter gente comprometida com o Reino de Deus ocupando lugares não apenas no poder executivo, mas também no legislativo e no judiciário.
Que Deus levante homens e mulheres como José, Daniel, Moisés, Ester, Débora, Gideão, e tantos outros, para conduzir nosso país a um tempo de paz, prosperidade e desenvolvimento.
Não podemos deixar de orar também pelas autoridades médicas e científicas; sobretudo, por aqueles que estão envolvidos em pesquisas de novos remédios para o combate ao câncer, a Aids e a outras pestes que assolam a humanidade. Muitas das novas descobertas científicas surgem por insight. Depois de anos de pesquisa, de repente, alguém tem uma idéia genial, e resolve fazer experimentos em laboratório, até concluir que aquele insight era o que faltava. Estou certo de que é o próprio Deus, que pela Sua graça comum, assopra aos ouvidos dos cientistas, para que encontrem as respostas que buscam.
Oremos também pelas autoridades militares que velam pela manutenção da paz , e pela soberania do estado brasileiro.
Oremos por aqueles que tem nas mãos o que hoje é chamado de “o quarto poder”: a mídia. Os donos de canais de televisão, de revistas, jornais, sites, como também os jornalistas, os apresentadores de TV, os radialistas, os escritores seculares, os autores de filmes e novelas, os formadores de opinião em geral, devem figurar na pauta de nossas orações.
E por fim, jamais deixemos de rogar a Deus em favor das autoridades eclesiásticas. Cada pastor, bispo, sacerdote, deve ser alvo de nossas constantes orações. Mesmo que discordemos de alguns deles em sua doutrina, ou na ênfase de seus ministérios, não temos o direito de agirmos com negligência, deixando de orar para que Deus os ilumine o entendimento, e lhes conduza pelas veredas da justiça e da verdade (Col.4:3).
[1] Discordamos daqueles que afirmam que a Grande Prostituta do Apocalipse seria Roma, ou que seria literalmente a Babilônia dos tempos bíblicos que ressurgiria nos últimos tempos. Basta comparar os textos de Ap.16:19, onde a Babilônia é chamada de “a Grande Cidade” e de Ap.11:8, onde se diz claramente que a “a Grande Cidade” é o lugar onde Cristo fora crucificado.
[2] Ibid., p.264.
[3] Oração - O refúgio da alma, p.271
[4] Pérolas para a Vida, p.354.
[5] João Wesley, fundador do Metodismo. Os historiadores concordam com esta afirmação
terça-feira, 28 de dezembro de 2010
Apocalipse - Capítulo 7- Os 144 mil e a Grande Trilulaçao
“No mundo tereis aflições. Mas tende bom ânimo! Eu venci o mundo.”
João 16:33b.
Após a abertura do sexto selo, em que um grandioso colapso de dimensões cósmicas prenuncia os juízos de Deus sobre a terra rebelde (6:12-17), João recebe uma nova visão: Quatro anjos que estavam nos quatro cantos da terra, retinham os ventos, para que não soprassem naquele momento. Enquanto os ventos são contidos, outro anjo emerge do lado do sol nascente, trazendo consigo o selo do Deus vivo. Este anjo ordena aos outros que não danificassem a terra e o mar até que os servos de Deus fossem selados em suas testas. Segundo o relato do vidente João, os que foram selados contavam 144.000 de todas as tribos de Israel. De cada uma das doze tribos, doze mil eram selados. Essa imensa multidão representa a totalidade dos santos do povo da Antiga Aliança. Neste texto, confirma-se o que profetizou Isaías: “Ainda que o número dos filhos de Israel seja como a areia do mar, o remanescente é que será salvo” (Rm.9:27; Is.10:22). E este “Remanescente” é segundo “a eleição da graça” (Rm.11:5). Ninguém é salvo meramente por ser judeu. Somente os que foram eleitos para a salvação serão salvos, a despeito de sua nacionalidade.
“Depois destas coisas” prossegue João, “olhei e vi uma grande multidão, que ninguém podia contar, de TODAS AS NAÇÕES, tribos, povos e línguas, que estavam em pé diante do trono e perante o Cordeiro, trajando compridas vestes brancas, e com palmas nas mãos” (Ap.7:9). Agora o leque se abre, e João consegue vê a totalidade dos santos, tanto os dentre Israel, quanto os dentre os gentios. A estes também são dadas vestes brancas que representam a justificação mediante o sacrifício de Cordeiro de Deus.
Perguntado acerca da identidade e da proveniência daquela gente, João preferiu não arriscar qualquer palpite, e disse ao que lhe perguntava: - Senhor, tu o sabes. Pelo que o ancião lhe respondeu:
"Estes são os que vieram da grande tribulação, e lavaram as suas vestes e as branquearam no sangue do Cordeiro. Por isso estão diante do trono de Deus, e o servem de dia e de noite no seu templo; e aquele que está assentado sobre o trono estenderá o seu tabernáculo sobre eles. Nunca mais terão fome; nunca mais terão sede. Nem sol nem calor algum cairá sobre eles. Pois o Cordeiro que está no meio do trono os apascentará e os conduzirá às fontes das águas da vida. E Deus lhes enxugará dos olhos toda lágrima.”
Apocalipse 7:14-17.
Esta “Grande Tribulação” é a mesma sobre a qual Jesus fala em Seu sermão profético. Ali, Ele diz que haveria então grande aflição, como nunca houve desde o princípio do mundo até aquele momento, nem haverá jamais (Mt.24:21). Eis uma das razões porque não cremos em uma grande tribulação futura. Cremos piamente que a Grande Tribulação se deu nos primórdios da era cristã, e consistiu na implacável perseguição promovida pela Roma Imperial, instigada, inicialmente, pelos judeus incrédulos.
Daniel profetiza acerca desta perseguição, quando diz que o quarto grande império (Roma) “fazia guerra contra os santos, e os vencia, até que veio o Ancião de Dias, e foi dado o juízo aos santos do Altíssimo, e chegou o tempo em que os santos possuíram o reino (...) Proferirá palavras contra o Altíssimo, e destruirá os santos do Altíssimo, e cuidará em mudar os tempos e as leis. Eles serão entregues nas suas mãos por um tempo, e tempos, e metade de um tempo. Mas o tribunal se assentará em juízo, e lhe tirará o seu domínio, para o destruir e para o desfazer até o fim. O reino e o domínio, e a majestade dos reinos debaixo de todo o céu serão dados ao povo dos santos do Altíssimo. O seu reino será um reino eterno, e todos os domínios o servirão e lhe obedecerão” (Dn.7:21-22,25-27).
Por que Deus permitiu que os santos primitivos fossem vencidos pela perseguição do Império Romano, e dos judeus? Porque desta forma, tanto Jerusalém, que é representada no Apocalipse como a Grande Babilônia, quanto Roma seriam julgadas pelos mesmos santos que nelas e por elas haviam sido martirizados. Os cristãos primitivos sabiam disso perfeitamente. Eles se lembravam das célebres palavras de Cristo: “Na vossa perseverança ganhareis as vossas almas” (Lc.21:19).
Foi o próprio Deus quem permitiu que o Império Romano fizesse guerra aos santos, e os vencesse. Por isso, os cristãos se dispunham a sofrer pelo testemunho de Jesus. Afinal, “se alguém deve ir para o cativeiro, para o cativeiro irá. Se alguém deve ser morto à espada, necessário é que à espada seja morto. Nisto repousa a perseverança e a fidelidade dos santos” (Ver Ap.13:7-10).
E o resultado desta perseverança foi o juízo de Deus sobre Jerusalém, a Cidade Infiel. “Caiu, caiu a grande Babilônia (...) A fumaça do seu tormento sobre para todo o sempre (...) Aqui está a perseverança dos santos, daqueles que guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus. Então ouvi uma voz do céu, que dizia: Escreve: Bem-aventurados os mortos que DESDE AGORA MORREM NO SENHOR. Sim, diz o Espírito, descansarão dos seus trabalhos, pois as suas obras os acompanharão” (14:8b,11a,12-13). Por que razão os que morressem a partir da queda de Jerusalém seriam bem-aventurados? Porque agora, tendo caído a Jerusalém terrestre e o seu soberbo templo, os portões da Nova Jerusalém estavam plenamente abertos, e o caminho do Santo dos santos inteiramente descoberto (Ver Hebreus 9:8-9). A partir de então, os santos de todas as eras estariam reunidos diante do trono para todo o sempre, reinando com Cristo, e exercendo com Ele o juízo sobre as nações.
É precisamente sobre esta “reunião” que Paulo fala em sua segunda carta aos Tessalonicenses (2:1). Quando Cristo veio em Juízo sobre Jerusalém, os santos na glória foram reunidos, e o que a Igreja na terra “ligou” já havia sido ligado no céu. Tal reunião (grego: episynagoge) só se daria quando o número dos mártires fosse completado, e a medida do pecado daquele povo fosse alcançada. Por isso, os crentes primitivos se regozijavam na perseguição. Para Paulo, tal gozo nada mais era do que a “prova clara do justo juízo de Deus, e como resultado sereis havidos por dignos do reino de Deus, pelo qual também padeceis. Deus é justo: Ele dará em paga tribulação aos que vos atribulam (os judeus), e a vós que sois atribulados, alívio conosco, quando do céu se manifestar o Senhor Jesus com os anjos do seu poder, em chama de fogo. Ele tomará vingança dos que não conhecem a Deus e dos que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus. Eles por castigo padecerão eterna perdição, banidos da face do Senhor e da glória do seu poder, quando vier para ser glorificado nos seus santos, e ser admirado em todos os que creram, naquele dia ( porque o nosso testemunho foi crido entre vós )" (2 Ts.1:5-10).
Paulo não se refere à Segunda Vinda de Cristo. Ele está falando do Juízo de Deus sobre Jerusalém. Eram os judeus que atribulavam os crentes Tessalonicenses (ver At.17 e 1 Ts.2:14-16). O castigo que eles receberam não foi apenas a queda de Jerusalém, mas também o fato de serem rejeitados como povo de Deus, sendo espalhados mais uma vez por todo o mundo (Amós 8:2; 9:8). Aqueles foram dias de vingança da parte de Deus para com o Israel apóstata (Lc.21:22).
A Coroa que hoje está sobre a cabeça da Igreja, um dia esteve sobre Israel. Cabia àquela nação ser o instrumento da Justiça de Deus sobre os demais povos da Terra. Mas Israel caiu em contradição. Aquilo que condenava nas demais nações, Israel começou a praticar. Por isso, tornou-se a grande prostituta. Paulo aborda isso em Romanos 2: “tu, ó homem, que julgas os que fazem tais coisas, pensas que, fazendo-as tu, escaparás ao juízo de Deus? (...)Mas, segundo a tua dureza e coração impenitente, entesouras ira para ti no dia da ira e da manifestação do juízo de Deus (...)Mas tu que tens por sobrenome Judeu, e repousas na lei, e te glorias em Deus; conheces a sua vontade e aprovas as coisas excelentes, sendo instruído na lei; e confias que és guia de cegos, luz dos que estão em trevas, instruidor dos néscios, mestre das crianças, que tens a forma da ciência e da verdade na lei; tu, pois, que ensinas a outro, e não te ensinas a ti mesmo? Tu, que pregas que não se deve furtar, furtas? Tu, que dizes que não se deve adulterar, adulteras? Tu, que abominas os ídolos, roubas os templos? Tu, que te glorias na lei, desonras a Deus pela transgressão da lei? Como está escrito, o nome de Deus é blasfemado entre os gentios por causa de vós”(Rm.2:3,5,17-24).
Jeremias, antevendo a queda definitiva de Jerusalém, profetizou: “Como jaz solitária a cidade outrora tão populosa! Tornou-se como viúva, a que foi grande entre as nações! A princesa entre as províncias tornou-se escrava(ver Gl.4:25). Amargamente chora de noite, e as suas lágrimas lhe correm pelas faces. Não há ninguém que a console entre todos os seus amantes (...) Jerusalém gravemente pecou, por isso se fez imunda (...) Rejeitou o Senhor o seu altar, e abandonou o seu santuário (...) Mas isso aconteceu por causa dos pecados dos profetas, e das maldades dos seus sacerdotes, que derramaram o sangue dos justos no meio dela (...) Estava chegando o nosso fim, estavam cumpridos os nossos dias, pois era chegado o nosso fim (...) CAIU A COROA DA NOSSA CABEÇA. Ai de nós, pois pecamos” (Lam.1:1-2a,8; 2:7; 4:13,18; 5:16).
Por quê caiu a Coroa da cabeça de Israel? Porque seu povo rejeitou a justiça que vinha do céu (Rm.10:3). Pregavam uma coisa, e viviam outra. Como poderiam as nações viverem à luz de uma nação impenitente? Jerusalém se prostituiu com os reis da terra, e assimilou suas abominações, seus costumes, e seus pecados. Como Jesus havia predito, o Reino foi tirado de Israel, e entregue a um novo povo: a Igreja (Mt.21:43) E cabe a esta nova Nação Santa exercer juízo sobre a terra, e discipular todas as nações.
Agora, afirma a profecia, “os reinos do mundo vieram a ser de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará para sempre. E os vinte e quatro anciãos, que estão assentados em seus trono diante de Deus (simbolizando a totalidade dos santos de todas as eras) prostraram-se sobre seus rostos, e adoraram a Deus, dizendo: Graças te damos, Senhor Deus Todo-Poderoso, que és, e que eras, porque tomaste o teu grande poder, e reinaste. Iraram-se as nações; então veio a tua ira, e o tempo de serem julgados os mortos, e o tempo de dares recompensa aos profetas, teus servos, e aos santos, e aos que temem o teu nome, a pequenos e a grandes, e o tempo de destruíres os que destroem a terra. abriu-se no céu o templo de deus, e a arca de sua aliança foi vista no seu santuário...” (11:15b-19a).
Que recompensa os mártires receberam? A mesma que todos os que temem o nome do Senhor recebem! O caminho do Santo dos santos foi inteiramente descoberto a eles, “abriu-se no céu o templo” , e lhes foram dadas coroas e tronos sobre os quais hão de reinar por todas as eras por meio de Cristo Jesus.
João testifica em sua visão:
"Vi também tronos, e aos que se assentaram sobre eles foi-lhes dado o poder de julgar. E vi as almas daqueles que foram degolados por causa do testemunho de Jesus e pela palavra de Deus, e que não adoraram a besta (o imperador romano), nem a sua imagem, e não receberam o sinal na testa nem nas mãos. Reviveram, e reinaram com Cristo durante mil anos (...) Bem-aventurado e santo aquele que tem parte na primeira ressurreição (a ressurreição espiritual de que participamos em Cristo) . Sobre estes não tem poder a segunda morte, mas serão sacerdotes de Deus e de Cristo, e reinarão com ele durante mil anos.” Apocalipse 20:4,6.
Quando o Cetro de Cristo foi arremessado contra Israel, os santos de todas as eras foram reunidos, e agora, por meio de Cristo, estão reinando para sempre. Os “mil anos” no texto acima, representam um tempo indefinido e longo, e não deve ser entendido literalmente. Tanto nós, que vivemos no início do Terceiro Milênio, quanto aqueles que viveram antes mesmo do primeiro advento de Cristo, formamos uma única assembléia. Afinal, cumpriu-se a predição de Jesus, de que muitos viriam “do Oriente e do Ocidente” e se sentariam à mesa “com Abraão, Isaque e Jacó, no reino dos céus. Mas os filhos do reino (judeus) serão lançados fora”(Mt.8:11-12a). O cumprimento de tal predição parece ecoar na afirmação do escritor de Hebreus de que já temos chegado “`a cidade do Deus vivo, à Jerusalém Celestial, e aos muitos milhares de anjos, à UNIVERSAL ASSEMBLÉIA e igreja dos primogênitos inscritos nos céus (...) aos espíritos dos JUSTOS APERFEIÇOADOS” (Hb.12:22-23). Santos de todas as eras tornaram-se um só espírito com o Senhor, e receberam “o reino e o domínio, e a majestade dos reinos debaixo de todo o céu” (Dn.7:27). Os santos já podem regozijar-se. Os mártires foram vindicados, os sistemas deste mundo foram julgados, e sentenciados. Sua voz ainda ecoa nas regiões celestiais: “Justo és tu, Senhor, que és e que eras, o Santo, porque julgaste estas coisas; porquanto derramaram o sangue de santos e de profetas, também tu lhes deste sangue a beber; são merecedores disto” (Ap.16:5-6).“Exulta sobre ela, ó céu! E vós, santos e apóstolos e profetas! Deus contra ela vindicou a vossa causa” (18:20).
O Efeito Dominó e os Mártires de hoje
A queda de Jerusalém é o prenúncio do desmoronamento dos sistemas deste mundo. Podemos comparar tal fato ao chamado efeito dominó. Uma vez tendo sido desencadeado, não há como impedir que seja concluído, até que caia a última peça.
Jerusalém é o arquétipo dos reinos do mundo. O mesmo Cetro que a derrubou, e que mais tarde fez desmoronar o Império Romano, está em ação hoje. Foi ele quem reduziu a escombros o Muro de Berlim, e com ele, o Comunismo no Leste Europeu. Foi também ele quem derrubou o apartheid na África do Sul, e ainda por cima, fez de Nelson Mandela, de um negro perseguido, o presidente daquele país.
Cada sistema injusto implantado na Terra produz seus próprios mártires. E é ao clamor destes mártires, e daqueles que sofrem sob o peso destes sistemas, que Deus está atento. Às vezes o Juízo parece tardar, mas certamente, ele não será adiado. Sempre que a medida de pecados de uma nação excede, o Juiz de toda a Terra vem em Juízo contra ela.
Foi o clamor dos hebreus escravos no Egito que deflagrou a série de Juízos divinos sobre a Terra de Faraó (Êx.2:23; 3:9). Deus está atento ao clamor daqueles que sofrem injustiças sociais por parte dos que detém o poder econômico e político (Tg.5:4). “Chegar-me-ei a vós para juízo” promete o Senhor, “e serei uma testemunha veloz contra os feiticeiros e contra os adúlteros, e contra os que juram falsamente, e contra os que defraudam o trabalhador, e pervertem o direito da viúva, e do órfão, e do estrangeiro, e não me temem, diz o Senhor dos Exércitos” (Ml.3:5).
Um mártir não é necessariamente alguém que foi morto por uma causa. A palavra “mártir” significa “testemunha”. Olhando por este prisma, podemos afirmar que nossas ruas estão cheias de mártires; adultos e crianças cuja condição dá testemunho diante de Deus acerca das injustiças praticadas em nossa sociedade.
Não há julgamento sem que haja testemunhas! Não basta um Juiz, um advogado de acusação e um de defesa, um júri e um réu. Se não houver testemunhas, o tribunal não será armado. A própria sociedade provê os mártires ( testemunhas) que deporão contra ela no tribunal divino. Em um certo sentido, podemos afirmar que cada mendigo é um mártir, uma testemunha contra nossa sociedade no Tribunal de Deus. Cada desempregado, cada prostituta, cada excluído, cada aborto, depõe contra nossa sociedade diante do Juiz de toda a Terra, ainda que inconscientemente.
Muitas vezes, seu testemunho é silencioso. Porém, às vezes, parece gritar aos nossos ouvidos. Nossa sociedade, cínica que é, parece surda aos gritos dessa gente que vive às suas margens. Somente o Filho de Davi para ter misericórdia dos que estão cegos à margem do caminho. A exemplo do que aconteceu a Bartimeu, cabe à igreja de Cristo conduzir os marginalizados e excluídos à presença do Rei dos reis, em vez de tentar calar o seu clamor.
Compete ainda, a cada geração de cristãos prestar testemunho perante Deus, acerca dos pecados cometidos em sua própria geração. Infelizmente, nunca os cristãos foram tão apáticos e omissos como agora. Cada qual está preocupado com os seus próprios problemas, e ocupado demais em seu mundinho particular. As igrejas se transformaram em verdadeiros guetos, e os seus membros, de tão alienados que estão, não conseguem ouvir o clamor do que estão à sua volta.
A igreja deste novo século precisa redescobrir a oração. Não estou falando daquela oração que tem como pretensão mudar a idéia de Deus (!). Não ! Falo da oração através da qual nos tornamos cúmplices do Trono, tanto dos seus juízos, quanto de sua misericórdia. Orar é depor contra tudo o que não coaduna com a vontade dAquele que Se assenta no trono. Ralph Herring acertou em cheio quando disse que “a oração é uma reunião de cúpula na sala do trono do universo.” Quando oramos, estamos em reunião com o Todo-poderoso, conspirando contra tudo que não se ajusta à sua boa, perfeita e agradável vontade. Por isso mesmo, concordamos a uma só voz com Karl Barth, ao afirmar que “juntar as mãos em oração é o início de um levante contra a desordem do mundo.”
Apocalipse - Capitulo 6- *** Selos rompidos - A execuçao dos Propósitos Divinos
Há um Deus nos céus, o qual revela mistérios.” Daniel 2:28a
Temos visto que o livro selado que é entregue ao Cordeiro contém o propósito de Deus que visa a restauração de todas as coisas. Tal propósito era um mistério que estava oculto desde os tempos eternos, mas que agora nos é revelado por meio do Espírito de Cristo.
Para que o propósito de Deus fosse executado, o Cordeiro teria que romper cada um dos sete selos com que o livro estava lacrado. À medida em que fossem rompidos, o propósito divino se desencadearia, passo a passo.
Ao romper o primeiro selo, João é convidado por um dos quatro seres viventes a ver “um cavalo branco. O seu cavaleiro tinha um arco, e foi-lhe dada uma coroa, e ele saiu vencendo e pra vencer” (Ap.6:2).
Quem seria esse enigmático cavaleiro?
Há muita especulação acerca de sua identidade. Há até quem afirme com certeza que se trata do Anticristo ! Partindo do princípio básico de Hermenêutica de que a Bíblia deve interpretar a Bíblia, isto é, de que textos obscuros devem ser compreendidos à luz de outros textos mais claros, podemos afirmar que esse cavaleiro é o próprio Cristo.
Não precisamos ir muito longe. Ainda em Apocalipse, no capítulo 19, versículo 11, João vê o mesmo personagem, que ali é identificado como o cavaleiro Fiel e Verdadeiro, que julga e peleja com justiça, “e o nome pelo qual se chama é o Verbo de Deus...Rei dos reis, e Senhor dos senhores” (vs.13,16). Quem mais poderia encabeçar a execução do plano de Deus? Ele é, ao mesmo tempo, o Cordeiro que possibilita a execução dos propósitos divinos, e o primeiro Cavaleiro que aparece no cenário apocalíptico para executar tais desígnios.
Mas para não ficarmos somente neste livro, que tal uma breve incursão pelas Escrituras?
Em um dos mais belos salmos da Bíblia, encontramos:
"Cinge a tua espada à coxa, ó valente; cinge-te de glória e majestade. Nessa majestade cavalga VITORIOSAMENTE, pela causa da verdade, da humildade e da retidão; que a tua destra mostre coisas terríveis . As tuas flechas são agudas no coração dos inimigos do rei; por meio delas os povos caem debaixo de ti. O teu trono, ó Deus, é eterno e perpétuo; o cetro do teu reino é um cetro de equidade.”
Salmo 45:3-6.
Eis o retrato fiel d’Aquele que, por ser mais valente do que o valente (Satanás), é o único capaz de amarrá-lo e tomar os seus bens (Mt.12:29; Lc.11:21-22; Is.49:24-25). Nosso rei cavalga vitoriosamente pela causa da verdade, da humildade e da retidão! Como disse João, Ele saiu vencendo e pra vencer!
E que tal a afirmação paulina de que Deus nos conduz em triunfo através de Cristo Jesus (2 Co.2:14)? Paulo tinha em mente os desfiles triunfais promovidos pelos generais romanos após uma vitória sobre algum exército inimigo. Geralmente, o imperador romano vinha à frente dos seus generais, montado em um deslumbrante corcel branco, enquanto seus inimigos eram exibidos publicamente, amarrados, despojados e humilhados. No pensar de Paulo, Cristo é o Imperador dos céus e da terra, que venceu os seus inimigos e que agora, os exibe publicamente em Seu desfile triunfal. Era isso também que ele tinha em mente quando afirmou que Cristo, “tendo despojado os principados e potestades os expôs publicamente ao desprezo, e deles triunfou na cruz” (Col.2:15).
Quando diz que Ele saiu vencendo, está em foco o Seu ministério terreno. Enquanto esteve aqui na terra, Jesus enfrentou o Diabo por diversas vezes, tanto na tentação no deserto, quanto nas vezes em que confrontou-se com demônios que possuíam pessoas, expulsando-os de seus corpos.
Quando diz que Ele saiu pra vencer, o foco recai sobre a Sua grande vitória conquistada na Cruz. Foi ali que ele obteve a vitória decisiva sobre o Inferno e a Morte. Esta vitória, embora já obtida na Cruz, é agora proclamada pela Igreja, que vai tomando o terreno antes pertencente ao inimigo. Portanto, compete a Igreja promover o desfile triunfal de Cristo por todos os quadrantes da terra. A vitória da Igreja é, por assim dizer, a confirmação da vitória de Cristo na Cruz. Na Cruz a serpente foi ferida, porém, é sob os pés da Igreja que ela deve ser esmagada (Rm16:20). “Convém que ele (Cristo) reine até que haja posto a todos os inimigos debaixo dos seus pés” (1 Co.15:25).
Por mais que Seus inimigos se levantem contra Ele, “o Cordeiro os vencerá, porque é o Senhor dos senhores e o Rei dos reis; vencerão também os que estão com ele, chamados eleitos, e fiéis” (Ap.17:14).
O Segundo Selo - O Cavalo Vermelho
O primeiro Cavaleiro vem sobre um cavalo branco, o que parece apontar para o fato de que Ele veio trazer paz. Entretanto, os homens rejeitaram o Príncipe da Paz. O próprio Cristo, quando ia chegando à Jerusalém, com imenso pesar e lágrimas nos olhos disse:
"Ah! Se tu conhecesses, ao menos neste teu dia, o que à tua paz pertence! Mas agora isso está encoberto aos teus olhos. Dias irão sobre ti e que os teus inimigos te cercarão de trincheiras, e te sitiarão e te apertarão de todos os lados. Derrubar-te-ão, a ti e a teus filhos que dentro de ti estiverem. Não deixarão e ti pedra sobre pedra porque não reconheceste o tempo da tua visitação.”
Lucas 19:42-44.
Tendo negligenciado a mensagem do Cavaleiro da Paz, no “tempo da visitação”, os judeus agora experimentariam um dramático período de su-cessivos conflitos e guerras, que culminaria na invasão e destruição de Jerusalém no ano 70 d.C. A própria espada de Deus fora colocada nas mãos de Tito, general romano, para exercer juízo sobre o povo que rejeitara o Príncipe da Paz.
Jesus já havia avisado aos Seus discípulos acerca desse tempo: "Quando ouvirdes falar de guerras e revoluções, não vos assusteis. É necessário que isto aconteça, mas o fim não será logo. Então lhes disse: Levantar-se-á nação contra nação, e reino contra reino (...) Quando virdes Jerusalém cercada de exércitos, sabereis que é chegada a sua desolação”
Lucas 21:9-10, 20.
A rejeição da paz celestial sempre trará como conseqüência o conflito entre os homens. Só haverá paz entre as criaturas, quando estas estiverem em paz com o seu Criador. Deus sempre anuncia primeiro a misericórdia, para então manifestar Seu juízo. Se Sua misericórdia for rejeitada, o Juízo é inevitável. A Escritura diz que “o juízo será sem misericórdia para aquele que não usou de misericórdia. A misericórdia triunfa sobre o juízo!” (Tg.2:13). O maior gesto de misericórdia da parte de Deus se deu ao enviar-nos Seu Amado Filho Jesus. Ele “veio para o que era seu, mas os seus (judeus) não o receberam” (Jo.1:11). Rejeitada a Paz, só lhes restava a guerra. Rejeitada a misericórdia, só lhes restava o Juízo.
O Terceiro Selo - O Cavalo Preto
O próximo a entrar em cena é um cavaleiro que monta um cavalo preto, tendo na mão uma balança. De repente, do meio dos seres viventes, ouve-se uma voz: “Uma medida de trigo por um denário, e três medidas de cevada por um denário, e não danifiques o azeite e o vinho” (Vs.5-6). Fica claro que a missão desse cavaleiro é promover a fome e a miséria, resultados óbvios da atuação do segundo cavaleiro.
Encontramos em registros históricos, principalmente nos deixados por Flávio Josefo, que os habitantes de Jerusalém, depois de sofrerem o cerco romano por muito tempo, antes da destruição em 70 d.C., en-frentaram uma fome sem precedentes. Josefo conta que eles “comiam até mesmo a sola dos sapatos, o couro dos escudos” e até “feno podre”. Os pais chegavam a comer seus próprios filhos. Os soldados romanos ficavam revoltados quando se deparavam com corpinhos de crianças, ainda não inteiramente consumidos, mas guardados para esse propósito.
Sobre isso Jesus também profetizou (Mt.24:7). Ao alimentar uma grande multidão com apenas cinco pães e dois peixinhos, Jesus estava demonstrando que o Pai Celestial também Se preocupa com o sustento material dos Seus filhos. Entretanto, mais importante do que “a comida que perece” é a “comida que permanece para a vida eterna” (Jo.6:27). “Eu sou o pão da vida. Aquele que vem a mim não terá fome, e quem crê em mim jamais terá sede” afiançou Jesus (v.35). Os judeus pareciam não entender que somente buscando o Reino de Deus como absoluta prioridade na vida é que as demais coisas são acrescentadas (Mt.6:33). Por haverem invertido a ordem estabelecida por Deus, priorizando os valores materiais em vez dos espirituais, o Juízo de Deus viria sobre eles, privando-os daquilo que eles mais almejavam. Se eles houvessem se alimentado do Pão da Vida que é Cristo, jamais lhes faltaria o pão de cada dia.
Com o cerco romano, nenhum dos moradores de Jerusalém poderia sair para comprar mantimentos fora da cidade. Depois de algumas semanas, já não havia qualquer suprimento nos armazéns de Jerusalém.
O Quarto Selo - O Cavalo Amarelo
Se tão-somente Israel houvesse recebido o seu Rei! A rejeição da paz trouxe a guerra, a guerra trouxe a fome, e esta, por sua vez, trouxe a morte. O único cavaleiro que recebe nome nesta visão é o que monta o cavalo amarelo. Ele chama-se Morte, e é seguido pelo Inferno (Hades). “Foi-lhes dado poder sobre a quarta parte da terra para matar com a espada, com a fome, com a peste e com as feras da terra” (6:8).
Não podemos perder de vista que o rompimento de cada um dos selos visa executar o juízo de Deus sobre Israel, por haver rejeitado o seu Messias. Tanto a rejeição por parte de Israel, como os juízos decorridos daí, visam o estabelecimento do propósito de Deus que deve abarcar toda a criação. É sobre isso que Paulo fala, ao afirmar que a queda de Israel é “a riqueza do mundo”, e a sua rejeição é “a reconciliação do mundo” (Rm.11:12,15).
Nenhum desses cavaleiros age por conta própria. Eles são agentes do juízo divino sobre a terra (a terra de Israel, lógico!). Até mesmo a Morte e o Inferno não agem com autonomia. Afinal, quem é que Se apresenta logo no início do Livro como tendo as chaves da Morte e do Inferno ( Ver Ap.1:18 )?
Compreendendo os Juízos de Deus
Embora as misericórdias de Deus sejam infinitas, elas se esbarram em um limite estabelecido pelo próprio Deus. É Ele quem decide quando e com quem deve usar de misericórdia. Foi Ele mesmo que afirmou: “Terei misericórdia de quem me aprouver ter misericórdia” (Rm.9:15a). Se Ele simplesmente preferir não agir misericordiosamente, Sua justiça em nada é maculada. Ser justo é dar a cada um o que é merecido. Se alguém merece castigo, castigo deve receber. Porém, Deus, em Sua infinita misericórdia, “não nos tratou segundo os nossos pecados, nem nos retribuiu segundo as nossas iniqüidades (...) Como um pai se compadece de seus filhos, assim o Senhor se compadece daqueles que o temem; pois ele conhece a nossa estrutura, e se lembra de que somos pó” (Sl.103:10,13-14). A quem é destinada a misericórdia do Senhor? Àqueles que O temem. Ao agir com misericórdia, muitas vezes Deus nos poupa de colher aquilo que plantamos. Entretanto, há muitos que acham que podem se aproveitar da misericórdia divina para continuar em uma vida de pecados. Os que assim agem estão zombando de Deus. De acordo com a Escritura, “o que encobre as suas transgressões nunca prosperará, mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia” (Pv.28:13). Um coisa é pecar eventualmente, outra completamente diferente é viver no pecado. Quem vive no pecado está abusando da misericórdia de Deus, e poderá ser alvo de Seu juízo disciplinador. “Não vos enganeis” adverte Paulo, “de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará” (Gl.6:7). Deus disciplina o homem ao permitir que ele colha exatamente o que está plantando. Com habilidade inigualável, o apóstolo Paulo demostra claramente como se dá isso. Aqueles que “tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças”, “Deus os entregou às concupiscências de seus corações, à imundícia, para desonrarem seus corpos entre si”(Rm.1:21,24). Quanto àqueles que “mudaram a verdade de Deus em mentira, e honraram e serviram a criatura em lugar do Criador (...) Deus os abandonou às paixões infames” (vs.25-26). “Semelhantemente, também os homens, deixando o uso natural da mulher, inflamaram-se em sua sensualidade uns para com os outros, homem com homem, cometendo torpeza, e recebendo em si mesmos a penalidade devida do seu erro. E, como eles não se importaram de ter conhecimento de Deus, ele os entregou a um sentimento pervertido, para fazerem coisas inconvenientes. Estão cheios de toda iniqüidade, prostituição, malícia, avareza, maldade, inveja, homicídio, contenda, engano e malignidade. São murmuradores, detratores, aborrecedores de Deus, injuriadores, soberbos, presunçosos, inventores de males, desobedientes aos pais e às mães; são néscios, infiéis nos contratos, sem afeição natural, irreconciliáveis, sem misericórdia. Embora tenham conhecimento da justiça de Deus ( que são dignos de morte os que tais coisas praticam ), não somente as fazem, mas também aprovam os que as praticam” (Rm.1:25a,26-32).
Eram essas as condições dos judeus à época de Jesus e de Paulo. Por isso, o Juízo de Deus os atingiu. Devemos tomar isso como exemplo, e atentar às advertências que o Senhor nos faz em Sua Palavra, para que não incorramos nos mesmos erros daqueles que constituíam o povo da Antiga Aliança.
“Um abismo chama outro abismo” dizia o salmista (Sl.42:7a). Os judeus rejeitaram o Cavaleiro Fiel, o Príncipe da Paz, e por isso, Deus os entregou aos que montavam os cavalos vermelho, preto e amarelo. Ao rejeitar a paz, os judeus colheram os frutos de suas próprias ações. A Guerra trouxe a Fome, e esta trouxe a Morte.
O Quinto Selo: O Clamor dos Mártires
“Não fará Deus justiça aos seus escolhidos, que clamam a ele de dia e de noite, ainda que os faça esperar?”
Lucas 18:7.
O livro que o Cordeiro recebeu das mãos do Ancião de Dias era escrito por dentro e por fora. Isto significa que o propósito de Deus abarca a criação como um todo, tanto a visível, quanto a invisível; tanto a material, e física, quanto a espiritual. Estar escrito por dentro aponta para a realidade invisível aos olhos humanos, portanto, espiritual; enquanto que, estar escrito por fora aponta para a realidade material e visível.
O juízo de Deus sobre Israel visava a implementação do Seu eterno propósito para toda a criação visível, incluindo todas as nações da terra. Agora, porém, a atenção de João se volta deste mundo para o mundo invisível. Ele relata:
"Quando ele abriu o quinto selo, vi debaixo do altar as almas dos que foram mortos por causa da palavra de Deus e por causa do testemunho que deram.”
Apocalipse 6:9.
Temos boas razões para acreditarmos que as almas ali vistas eram dos santos que foram martirizados ainda sob a Antiga Aliança. Uma delas é o fato de elas estarem sob o altar de Deus, e não sobre o altar, como estariam os que fossem martirizados sob a Nova Aliança (Fp.2:17).
Aqueles santos mártires estavam sob a proteção do Altíssimo, mas ainda não haviam sido recompensados. E o que eles estariam fazendo ali? Estariam dormindo, como defendem aqueles que pregam a doutrina do sono da alma? Absolutamente, não! João diz que eles “clamavam com grande voz, dizendo: Até quando, ó verdadeiro e santo Soberano, não julgas e vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra?” (V.10).
Essas orações imprecatórias fazem parte do propósito de Deus. Davi diz em seu salmo que a sua oração seria sempre contra os feitos dos ímpios (Sl.141:5b). Não se trata aqui de orar contra pessoas, mas contra os seus feitos. Orar também é denunciar o que está errado em nossa sociedade; é clamar por justiça (Leia Is.59:4); é conspirar contra as estruturas injustas.
Em resposta aos seus anseios, “foram dadas a cada um deles compridas vestes brancas, e foi-lhes dito que repousassem ainda por pouco tempo, até que se com-pletasse o número de seus conservos e seus irmãos, que haviam de ser mortos, como também eles foram” (v.11).
Que significado teriam essas vestes brancas? É ponto pacífico que tais vestes simbolizem a Justiça de Cristo. Foi a morte de Cristo que possibilitou que os santos da Antiga Aliança fossem aperfeiçoados, e recebidos na Plenitude da Glória Celeste. Até aquele momento, eles estavam sob o altar de Deus, mas agora, eles eram aperfeiçoados (lit.completados). Eles são aqueles de quem o Escritor Sagrado diz que “experimentaram escárnios e açoites, e até algemas e prisões. Foram apedrejados; foram tem-tados; foram serrados pelo meio; foram mortos ao fio da espada. Andaram vestidos de peles de ovelhas e de cabras, necessitados, aflitos e maltratados ( dos quais o mundo não era digno ), errantes pelos desertos e montes, e pelas covas e cavernas da terra. E todos estes, embora tendo recebido bom testemunho pela fé, contudo não alcançaram a promessa. Deus havia provido coisa superior a nosso respeito, para que eles, sem nós, não fossem aperfeiçoados” (Hb.11:36-40).
Embora o clamor daqueles santos chegasse a Deus, eles somente seriam aperfeiçoados a partir do momento em que, na Cruz, Cristo fizesse provisão completa pelos santos de todas as eras. Podemos então compreender o motivo pelo qual, sem nós, eles não seriam aperfeiçoados. Na Cruz, Cristo atraiu para Si os santos de todas as eras, e com uma só oferta os aperfeiçoou para sempre (Hb.10:14). Por meio de Cristo, tanto nós que vivemos sob a Nova Aliança, quanto os que viveram sob a Antiga, alcançamos a plenitude. Fomos aperfeiçoados; atingimos a maturidade espiritual. No dizer de Paulo, o sacrifício de Cristo nos fez idôneos à parte que nos cabe da herança dos santos na luz (Col.1:12). E mais: “Nele estais aperfeiçoados”, garante o apóstolo (2:10). Agora, os santos de todas as eras formam um só grupo: A universal assembléia, formada pelos espíritos dos justos aperfeiçoados (Hb.10:23).
Podemos ainda compreender isso de outro ângulo: os santos que morreram sob a Antiga Aliança só seriam atendidos e vindicados, quando fossem “completados” em seu número. “Aperfeiçoar” também significa completar. A galeria dos heróis da fé não estaria completa enquanto não fosse completada pelos mártires da Nova Aliança. Assim, podemos entender o aperfeiçoamento dos santos da Antiga Aliança como sendo a obra realizada pelo sacrifício da Cruz, e ao mesmo tempo como sendo a totalidade dos que deveriam experimentar martírio semelhante aos que eles experimentaram.
Uma vez completado o número daqueles que deveriam morrer por causa do testemunho de Cristo naqueles dias ( que precederam a queda de Jerusalém ), a medida dos pecados de Israel teria chegado ao seu limite, e a ira de Deus cairia sobre o povo que O rejeitara.
Jesus falou claramente sobre isso:
"Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! Edificais os sepulcros dos profetas, adornais os monumentos dos justos e dizeis: Se estivéssemos vivos no tempo de nossos pais, não teríamos sido cúmplices seus no derramar o sangue dos profetas. Assim, vós mesmos testificais que sois filhos dos que mataram os profetas. ENCHEI VÓS, POIS, A MEDIDA DE VOSSOS PAIS. Serpentes, raça de víboras! Como escapareis da condenação do Inferno? Portanto, eu vos envio profetas, sábios e escribas. A uns matareis e crucificareis; a outros açoitareis nas vossas sinagogas e os perseguireis de cidade em cidade. Assim recairá sobre vós todo o sangue justo derramado sobre a terra, desde o sangue do justo Abel até o sangue de Zacarias, filho de Baraquias, a quem matastes entre o santuário e o altar. Em verdade vos digo que todas estas coisas hão de vir sobre esta geração. Jerusalém, Jerusalém! Que matas os profetas e apedrejas os que te são enviados! Quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintinhos debaixo das asas, e tu não quiseste Agora a vossa casa ficará deserta.”
Mateus 23: 29-38.
Caberia àquela geração completar a medida de iniqüidades praticadas pelas gerações anteriores. Paulo parece corroborar com tal pensamento ao escrever aos crentes Tessalonicenses:
"Padecestes de vossos próprios concidadãos o mesmo que eles padeceram dos judeus, os quais mataram o Senhor Jesus e os seus próprios profetas, e a nós nos perseguiram. Eles não agradam a Deus, e são contrários a todos os homens, e nos impedem de falar aos gentios para que estes sejam salvos. Desta forma sempre enchem a medida de seus pecados. A ira de deus caiu sobre eles afinal.”
I Tessalonicenses 2:14b-16.
Foram os mártires da igreja primitiva que completaram o número daqueles que deveriam sofrer até que a medida dos judeus fosse completada, e o juízo de Deus os atingisse. Paulo se achava uns dos tais, e por isso não hesitava em declarar que cumpria em sua carne “o resto das aflições de Cristo, pelo seu corpo, que é a Igreja” (Col.1:24). Não devemos supor que o sofrimento de Paulo, ou de qualquer outro crente primitivo tivesse algum valor expiatório; cumprir o resto das aflições de Cristo era completar o número daqueles que deveriam morrer por causa do testemunho de Deus, para que assim, o clamor dos antigos mártires fosse respondido, e o juízo de Deus executado.
Por isso, Jesus avisou aos Seus discípulos:
"Mas antes de todas estas coisas, lançarão mão de vós, e vos perseguirão entregando-vos às sinagogas e às prisões, e conduzindo-vos à presença de reis e governadores, por causa do meu nome. Isto vos acontecerá para testemunho (...) Na vossa perseverança ganhareis as vossas almas. Quando virdes Jerusalém cercada de exércitos, sabereis que é chegada a sua desolação (...) Pois dias de vingança são estes, para que se cumpram todas as coisas que estão escritas (...) Haverá grande aperto na terra, e ira sobre este povo. Cairão ao fio da espada, e para todas as nações serão levados cativos. Jerusalém será pisada pelos gentios, até que os tempos deles se completem.”
Lucas 21: 12-24.
Ao se completar o número daqueles que deveriam ser martirizados por amor de Cristo, o número de testemunhas estaria completo, e o Tribunal de Deus seria armado, para que Jerusalém, agora conhecida como a Grande Prostituta, fosse julgada.[1]
O juízo só viria sobre Israel quando todos os tronos fossem ocupados, e o Tribunal estivesse devidamente armado. Jesus havia prometido aos Seus apóstolos:
"Assim como meu Pai me confiou um reino, eu o confio a vós, para que comais e bebais à minha mesa no meu reino, e vos assenteis sobre tronos para julgar as doze tribos da Israel.”
Lucas 22:29-30.
No ano 70 d.C., quando o Juízo de Deus foi executado sobre Israel, todos os apóstolos, inclusive Paulo, já haviam morrido, com exceção de João. Parece-nos possível que tenha sido Paulo aquele que completou o número, para que todos os tronos estivessem ocupados (simbolicamente eram 24 tronos, sendo 12 para os santos da Antiga Aliança e os outros 12 para os da Nova Aliança). O fato de João ter sido o único apóstolo vivo durante a invasão e destruição de Jerusalém já havia sido predito por Jesus (leia João 21:22-23; Mt.16:28 e ainda Mt.10:23).
A Grande Tribulação sofrida pela Igreja primitiva forneceu os mártires que deveriam testemunhar diante do Tribunal de Deus contra a Cidade que se prostituiu com os reis da terra.
Daniel também profetizou sobre isso.
Referindo-se ao Império Romano, que seria o último grande império a levantar-se antes do advento do Reino de Deus, Daniel diz que ele destruiria “os santos do Altíssimo” e que eles seriam “entregues nas suas mãos” por algum tempo. “Mas o tribunal se assentará em juízo, e lhe tirará o seu domínio para o destruir e para o desfazer até o fim. O reino e o domínio, e a majestade dos reinos debaixo de todo o céu serão dados ao povo dos santos do Altíssimo” (Dn.7:25-27).
Através da Igreja, não somente Israel seria julgado, como também o próprio Império Romano, que fora o agente do Juízo de Deus sobre Israel. E assim, cumprir-se-ia o que fora dito por Isaías: “Ai de ti destruidor (...) quando parares de destruir serás destruído” (Is.33:1). Jamais aquele Império poderia imaginar que enquanto perseguia os crentes, e os matava, estava, na verdade, preenchendo cada cadeira do tribunal que o sentenciaria à destruição. Por isso, os cristãos primitivos eram entregues a morte esboçando alegria em suas faces. Eles sabiam que sendo fiéis até a morte, eles receberiam a coroa da vida (Ap.2:10). Cristo lhes havia garantido
que os que vencessem, perseverando até o fim, receberiam autoridade sobre as nações, e com vara de ferro as regeria, quebrando-as como são quebrados os vasos de oleiro (Ap.2:26-27).
Diante de tais promessas, não poderia ser outra a postura de Paulo diante de sua morte. Ele escreveu a Timóteo:
"Quanto a mim, já estou sendo derramado como libação, e o tempo da minha partida está próximo. Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. DESDE AGORA, A COROA DA JUSTIÇA me está guardada, a qual o Senhor, JUSTO JUIZ, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda.”
II Timóteo 4:6-8.
É claro que Paulo não está se referindo à vinda de Jesus para o estabelecimento do Juízo Final. Ele está falando sobre Sua Vinda em Juízo sobre Israel. Naquele “dia”, Paulo e todos os santos receberiam a Coroa da Justiça para julgar Israel, e todas as nações da Terra.
Esta Coroa da Justiça pertence à Igreja como um todo. Nós, a Igreja de Cristo, estamos assentados nos lugares celestiais em Cristo, e nos foi dado o poder de julgar e de exercer autoridade sobre todas as nações (Ap.20:4; Ef.2:6; Rm.5:17). “O Senhor se agrada do seu povo” exclama o salmista, “ele coroa os humildes com a salvação. Exultem os santos de glória, e cantem de alegria nos seus leitos. Estejam na sua garganta os altos louvores de Deus, e espada de dois gumes nas suas mãos, para tomarem vingança das nações e punirem os povos, para prenderem os seus reis com cadeias, e os seus nobres com grilhões de ferro, para executarem contra eles o juízo escrito. esta é a glória de todos os santos” (Sl.149:4-9). Aleluia!
O SEXTO SELO: Colapso nas Estruturas
“Todo o exército dos céus se dissolverá, e os céus se enrolarão como um livro; todo o seu exército cairá, como cai a folha da vide, e como cai o figo da figueira.”
Isaías 34:4.
O clamor dos mártires foi ouvido! Ao romper o sexto selo, catástrofes ocorrem, e a ordem é subvertida. Tudo começa com um grande terremoto. No capítulo 16, lemos acerca deste mesmo abalo sísmico. Sua amplitude foi tamanha que João afirma que nunca antes tinha havido tão poderoso terremoto. Como resultado, “a grande cidade fendeu-se em três partes, e as cidades das nações caíram (...) Todas as ilhas fugiram, e os montes não mais se acharam” (v.19-20). O objetivo de Deus ao provocar tal abalo é fazer com que os homens se sintam inseguros naquilo em que estão firmados. De repente, o que parecia sólido como uma rocha, se torna como areia movediça. Nada pior do que sentir o solo mover-se sob os nossos pés! Imagine o que é uma cidade partir em três! Tudo aquilo em que o homem confiava, desmorona diante dos seus olhos.
Além do terremoto, é dito que “o sol tornou-se negro como saco de cilício, e a lua como sangue” (6:12). O escurecimento do sol aponta para a desordem social, e o descrédito nas instituições governamentais. Aquilo que deveria ser motivo de orgulho para o povo, torna-se em sua maior vergonha. Cilício significa isso: vergonha, opróbrio. Um saco de cilício (cinzas) é o que sobrou de alguma coisa que já se queimou. Assim estava Jerusalém antes de sua queda. Seu povo vivia da saudade dos tempos áureos, quando o sol ainda ardia em todo o seu esplendor. Agora, tudo o que havia restado eram cinzas. Foi-se a glória de Israel.
Quanto à lua, aponta para a ordem religiosa. Ela tornou-se como sangue porque o que deveria unir as pessoas, agora era motivo de guerra entre elas. Desde há muito tempo, as pessoas se matam por causa de suas convicções religiosas. Até mesmo o altar do Templo em Jerusalém foi testemunha de assassinatos covardes em nome da religião.
Sem ordem civil e religiosa, o povo cai! Por isso é dito que as “estrelas do céu caíram sobre a terra, como quando a figueira, sacudida por um vento forte, deixa cair os seus figos verdes” (v.13). Se não houver instituições civis e religiosas confiáveis, o povo perderá sua identidade e sucumbirá. Foi o que aconteceu com o povo de Israel. Seus líderes se prevaricaram, e se venderam aos romanos. Nem a casta sacerdotal era confiável. Jesus a acusou de ter transformado o Templo em um “covil de salteadores”.
Como se não bastasse tudo isso, “o céu recolheu-se como um pergaminho quando se enrola” (v.14). Os judeus rejeitaram a Cristo, e por isso, já não deveriam esperar nada do céu. O que havia vindo do céu para eles já não estava entre eles para os livrar. Um pergaminho só era enrolado quando já não havia nada para ler ou escrever. A história de Israel como o povo da aliança havia sido encerrada ali. Deus já não tinha nenhum propósito específico para aquele povo em especial. Caberia à Igreja dá prosseguimento à saga do verdadeiro Israel. Não aquele segundo a carne, mas aquele que é segundo a fé que teve Abraão (Gl.3:7,28-29; 6:16; Rm.2:28).
Além disso tudo, é dito que “todos os montes e ilhas foram removidos dos seus lugares. Os reis da terra, os grandes, os chefes militares, os ricos, os poderosos e todo escravo e todo livre se esconderam nas cavernas e nos penhascos dos montes, e diziam aos montes e aos rochedos: Caí sobre nós, e escondei-nos do rosto daquele que está assentado sobre o trono, e da ira do Cordeiro.” Quando a desordem é instaurada, o status quo é ameaçado. As ideologias acabam servindo de abrigo e esconderijo para proteger os interesses de algumas classes. Se o Monte do Senhor aponta para a base da Igreja de Deus, que é a revelação de Deus em Cristo, os montes que são removidos dos lugares representam as ideologias sobre as quais as sociedades estão construídas. Todas elas serão abaladas. E as cavernas nesses montes, onde os homens se escondem são a suas posições sociais, que procuram manter a qualquer custo.
Uma passagem que encontra paralelo com esta é a encontrada em Isaías 2. Ali é dito que “nos últimos dias se firmará o monte da casa do Senhor no cume dos montes, e se engrandecerá por cima dos outeiros; concorrerão a ele todas as nações (...)Vai, entra nas rochas, esconde-te no pó, de diante da presença espantosa do Senhor e da glória da sua majestade. Os olhos do homem arrogante serão abatidos, e o orgulho dos homens será humilhado; só o Senhor será exaltado naquele dia. O dia do Senhor dos Exércitos será contra todo soberbo e altivo, e contra todo o que se exalta, para que seja abatido (...) contra todos os montes altos, e contra todos os outeiros elevados (...) Os homens se meterão nas cavernas das rochas, e nas covas da terra, por causa da presença espantosa do Senhor, e por causa do esplendor da sua majestade, quando ele se levantar para sacudir a terra (..._) Parai de confiar no homem, cujo fôlego está no seu nariz. Em que se deve ele estimar?” (Is.2:2,10-12,14,19,22).
Enquanto o Monte do Senhor se firma, os montes sobre os quais a humanidade está estabelecida são abalados e removidos do seu lugar. As ideologias ruem, e os homens não encontram outra alternativa senão buscar refúgio em suas posições sociais. Os montes sobre os quais os homens se alojaram simbolizam toda altivez e sofisma elaborados para proteger o seu status quo.
Um dos principais motivos que levaram os sacerdotes a conspirarem contra Jesus para tirar-Lhe a vida, era que Ele constituía uma ameaça ao seu status quo. João nos descortina a cena em que tramaram a morte do Senhor:
"Então os principais sacerdotes e os fariseus convocaram uma reunião do Sinédrio, e disseram: Que faremos? Este homem realiza muitos sinais miraculosos. Se o deixarmos prosseguir assim, todos crerão nele, e virão os romanos e tomarão o nosso lugar e a própria nação.” João 11:47-48.
Em outras palavras: - Se este tal Jesus continuar como está, daqui a pouco nós vamos perder as mordomias que o império romano nos concede. Por isso, a presença de Jesus incomodava tanto aquela casta. Algo tinha de ser feito.
Eles pensavam que entregando Jesus às autoridades romanas, estariam comprovando sua lealdade a César. Quando Pilatos viu que as acusações contra Cristo eram infundadas, procurou soltá-lO, mas os judeus insistentemente gritavam: “Se soltares a este, não és amigo de César. Qualquer que se faz rei se opõe a César.” Pilatos ainda tentou convence-los: “Hei de crucificar o vosso Rei? Responderam os principais sacerdotes: Não temos rei, senão César” (Jo.19:12,15). Tal atitude não comprovava sua fidelidade a César, mas assegurava sua posição confortável diante do império romano.
Entre Jesus e Barrabás, preferiram conceder liberdade ao segundo, e crucificar o primeiro. E isto, porque Barrabás era somente um ladrão, que ameaçava apenas suas propriedades. Já Jesus constituía uma ameaça muito maior, pois colocava em risco a posição deles. Entre um e outro, era preferível ver Barrabás solto, e Jesus crucificado. Além do mais, para aqueles religiosos soberbos, ter um monstro como Barrabás a solta, fazia com que o povo os olhasse como verdadeiros santos. Ter alguém como ele por perto os fazia sentir-se bem consigo mesmos. A monstruosidade de um fazia sobressair a “justiça” dos outros. Enquanto que, ter Jesus por perto os fazia sentir o quão maus eram aos olhos de Deus.
Enquanto Jesus percorria a via crucis, avistou algumas mulheres que choravam, e lhes disse: “Filhas de Jerusalém, não choreis por mim, chorai antes por vós mesmas, e por vossos filhos. Pois virão dias em que dirão: Bem-aventuradas as estéreis, os ventres que não geraram e os peitos que não amamentaram! Então dirão aos montes: Caí sobre nós, e os outeiros: Cobri-nos” (Lc.23:28-30).
Nesta passagem fica comprovado que o que é profetizado em Apocalipse acerca do selos, e aqui em particular do sexto selo, cumpriu-se ainda naquela geração que foi responsável pela crucificação de Cristo.
É bom deixar claro que, embora creiamos que tais profecias cumpriram-se ainda no primeiro século, elas nos servem de alerta, porque Cristo continua reinando e julgando as nações com o mesmo rigor com que julgou Israel.
Enquanto a nossa civilização não der uma guinada de 180o , voltando-se para o seu Criador, as suas estruturas continuarão a ruir debaixo do peso do Cetro de Cristo.
quarta-feira, 22 de dezembro de 2010
O futuro glorioso da igreja
Por Hermes C. Fernandes
O evangelho de Jesus Cristo é a única mensagem que traz esperança para o mundo. Às vésperas de 2012, a mensagem mais em voga nos púlpitos de todo o globo é “o fim do mundo”. Pregadores bem intencionados exortam o rebanho a que esteja preparado para o arrebatamento da igreja. Segundo eles, os sinais proféticos estão se cumprindo, e a qualquer momento, a besta emergirá do mar, o Anticristo subirá ao trono, e se iniciará a grande tribulação. Acontecimentos recentes como a queda do muro de Berlim, o Mercado Comum Europeu, a quebra das bolsas de valores em todo o mundo, a globalização , o avanço tecnológico sem precedentes, a clonagem de animais, e muitos outros, são elevados à posição de sinais dos tempos, e servem de gancho às admoestações acerca do fim. Isso sem contar os cataclismos naturais, como furacões, terremotos, erupções vulcânicas, o efeito estufa e outros.
Afinal, que esperança podemos ter com respeito a este mundo, se tudo o que o espera é destruição, e nada mais ?
Se o mundo está perto do fim, então, por que muitos cristãos teimam em lutar em favor da justiça social, engajando-se na política, criando organizações não-governamentais e envolvendo-se nos mais diversos projetos sociais? Não será isso um contra-senso? Não creio que valha a pena lutar por algo que está perto do seu fim. Se o fim está próximo, como advogam alguns, comamos e bebamos, porque amanhã morreremos.
Será que a mensagem do evangelho é realmente pessimista quanto ao futuro do mundo ?
E quando Cristo retornar à Terra, que situação Ele encontrará aqui? Será que Ele Se deparará com uma Igreja apóstata, e um mundo perdido, ou com uma Igreja triunfante, e um mundo trans-formado pelo Evangelho?
Para respondermos a estas questões, precisamos recorrer à infalível Palavra de Deus, em vez de recorrermos às tradições religiosas. Infelizmente, muito daquilo que tem sido ensinado em nossos púlpitos não passa de tradição de homens. E o pior, é que o rebanho aceita passivamente qualquer ensinamento sem se dá o trabalho de examiná-lo à luz das Escrituras.
Leia com atenção o relato bíblico acerca da visão que Deus deu a Nabucodonozor, narrada no livro de Daniel acerca do futuro do mundo:
“E stavas vendo isto, quando uma pedra foi cortada, sem auxílio de mãos, a qual feriu a estátua nos pés de ferro e de barro, e os esmiuçou. Então foi juntamente esmiuçado o ferro, o barro, o bronze, a prata e o ouro, os quais se fizeram como a palha das eiras no estio, e o vento os levou, e não se achou lugar algum para eles. MAS A PEDRA QUE FERIU A ESTÁTUA SE FEZ UM GRANDE MONTE , E ENCHEU TODA A TERRA...Mas, nos dias destes reis, o Deus do céu levantará um reino que não será jamais destruído. Este reino não passará a outro povo, mas esmiuçará e consumirá todos estes reinos e será estabelecido para sempre.”
DANIEL 2:34-35, 44.
Após ver uma grande estátua que representava quatro grande impérios mundiais, Nabucodonozor viu uma pedra que era arremessada contra ela, derrubando-a. Esta pedra representa o reino de Deus, como deixam claro os versículos 44 e 45. Ao derrubar a grande estátua, ferindo os seus pés, ela cresce e se torna uma enorme montanha. Aos poucos, esta montanha vai enchendo toda a terra !
Jesus veio trazer esta pedra, sobre a qual a igreja foi edificada. Ele disse a Pedro:
“Bem-aventurado és tu, Simão Bar-jonas, pois não foi carne e sangue quem to REVELOU, mas meu Pai que está nos céus. E também eu te digo que tu és Pedro, e sobre ESTA PEDRA edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela.”
MATEUS 16:17-18.
Não era Pedro a pedra sobre a qual a igreja seria edificada. Era a Revelação que ele acabara de ter que seria o fundamento da Igreja do Senhor Jesus por todas as eras. Pedro havia acabado de declarar que Jesus era o Cristo, o Filho do Deus Vivo. Era esta declaração a pedra que estaria sendo arremessada contra os reinos deste mundo, derrubando-os, e ao mesmo tempo, seria ela o fundamento sobre o qual a Igreja seria edificada.
Essa pedra, ou essa revelação, haveria de tornar-se uma montanha que encheria toda a terra.
A Igreja edificada sobre a pedra da revelação, seria a Cidade edificada sobre o monte, iluminando todas as nações da Terra (Mt.5:14-16 e Ap. 21:24).
É desta Cidade que o salmista diz que “o seu FUNDAMENTO está nos MONTES SANTOS”. Como que num êxtase espiritual, ele exclama: “...Coisas gloriosas se dizem de ti, ó cidade de Deus” (Salmo 87:1,3).
Diante disto, não nos resta alternativa a não ser nutrirmos a esperança de que o mundo há de ser iluminado pela Cidade de Deus, que é a Igreja do Deus Vivo.
Aquela pedra arremessada contra os reinos deste mundo está crescendo a cada dia. Ela é a responsável pela queda do muro de Berlim e do comunismo em todo o mundo. Foi essa mesma pedra que está derrubando o capitalismo selvagem que domina nossa economia. Nenhum sistema deste mundo pode impedir a expansão do reino de Deus. Desta maneira, cumpre-se a promessa de Jesus de que “aquele que cair sobre ESTA PEDRA se despedaçará, mas aquele sobre quem ela cair será reduzido a pó” (Mt.21:44).
A mesma pedra que reduziu a pó os impérios da antigüidade, está despedaçando todas as fortalezas que tentam impedir o avanço do Reino de Deus.
Gradativamente, o que era apenas uma pedra, vai tornando-se em um gigantesco monte, e este vai enchendo toda a terra.
Jesus não veio destruir o “mundo”, e sim despedaçar os sistemas deste mundo. À medida que estes sistemas são reduzidos a pó, o reino de Deus vai tomando o seu espaço.
E isto se dá, através da revelação, do conhecimento de Deus. Isaías profetiza acerca deste avanço do conhecimento:
“Não se fará mal nem dano algum em todo o MONTE da minha santidade, pois A TERRA SE ENCHERÁ DO CONHECIMENTO DO SENHOR, como as águas cobrem o mar.”
ISAÍAS 11:9.
Quando a Cidade de Deus é erigida no Monte, Sua luz é vista por todas as nações. E esta luz diz respeito ao conhecimento, à revelação do evangelho. Quando esta luz é emitida do alto do monte de Deus, as trevas da ignorância são dissipadas, e o conhecimento é multiplicado (Dn.12:4).
Neste início de milênio, a Igreja de Jesus precisa levantar-se, e cumprir o seu papel de alumiar as nações. Temos que deixar o ostracismo, a inércia, a apatia, e levantarmos, a fim de que a luz de Deus seja manifestada nos mais escusos lugares da Terra. Isaías profetiza: “Levanta-te, resplandece, pois já vem a tua luz, e a glória do Senhor vai nascendo sobre ti. As trevas cobrem a terra, e a escuridão os povos; mas sobre ti o Senhor vem surgindo, e a sua glória se vê sobre ti. AS NAÇÕES CAMINHARÃO À TUA LUZ, e os reis ao resplendor que te nasceu.” (Isaías 60:1-3).
Se há trevas sobre a terra, e a escuridão cobre os povos, é porque não estamos cumprindo o nosso papel.
A glória de Deus está sobre nós, o que é que estamos esperando? (ver 2 Co. 4:6 ).
As nações esperam por nós. Elas só poderão caminhar à nossa luz. Elas somente se desenvolverão com justiça e paz se a Igreja refletir a luz da glória de Deus.
Assim que as nações forem iluminadas pela luz emitida por nós, a Cidade de Deus, elas virão e se prostrarão ante à glória do Senhor e ao Seu conhecimento.
Veja o que diz o profeta:
“Nos últimos dias se firmará o MONTE DA CASA DO SENHOR no cume dos montes, e se engrandecerá por cima dos outeiros; concorrerão a ele todas as nações.”
ISAÍAS 2:2.
As nações somente poderão obedecer aos mandamentos de Jesus, quando forem iluminadas pelo resplendor da Igreja.
Se não houver revelação, não haverá obediência. Quando emitimos a luz do Senhor, as vendas caem, e olhos são iluminados. E é o Espírito Quem remove as vendas, dando revelação. Segundo Paulo, o Espírito de Deus “é poderoso para vos confirmar segundo o meu evangelho e a pregação de Jesus Cristo, conforme a REVELAÇÃO do mistério que desde tempos eternos esteve oculto, mas se manifestou agora, e foi dado a conhecer pelas Escrituras dos profetas, segundo o mandamento de Deus, a TODAS AS NAÇÕES PARA OBEDIÊNCIA DA FÉ” ( Rm.16:25-26 ).
Veja que a revelação do mistério de Deus não deveria ser monopolizada pela Igreja. Deus desvendou-nos os olhos para que víssemos a luz, e a refletíssemos a todas as nações para obediência da fé. Não podemos esperar que as nações se convertam ao evangelho, se não estamos cumprindo o nosso papel.
Cabe à Igreja irradiar a luz de Cristo, e ao Espírito Santo conceder revelação. “Pois Deus que disse: Das trevas resplandecerá a luz, é quem brilhou em nossos corações, para ILUMINAÇÃO DO CONHECIMENTO da glória de Deus, na face de Jesus Cristo” ( 2 Co.4:6 ).
Lembre-se que esta revelação começou com uma pequena pedra, a confissão da Divindade de Cristo. Agora, paulatinamente, esta revelação foi se ampliando, até tornar-se num monte.
A Igreja está edificada sobre o Monte da Revelação. Se a Igreja tem revelação, ela está apta a refletir a glória de Deus às nações e povos da terra. À medida que eles são iluminados, eles concorrem ao Monte de Deus e lá, recebem revelação.
Primeiro, as nações devem ser atraídas ao Monte de Deus, através da luz irradiada pela Cidade de Deus. Sua luz é realmente atrativa. Porém, para subir à Cidade de Deus ( que é a Igreja ), os homens precisam subir o Monte de Deus. É lá no Monte do Senhor que a revelação é dada. De acordo com a profecia dos lábios de Isaías, Deus “destruirá neste MONTE a máscara do rosto, com que todos os povos andam cobertos, e O VÉU com que TODAS AS NAÇÕES SE ESCONDEM. Aniquilará a morte para sempre, e assim enxugará o Senhor Deus as lágrimas de todos os rostos; tirará o opróbrio do seu povo de toda a terra. O Senhor o disse” (Is. 25:7-8).
Que véu é este, atrás do qual as nações se escondem? O véu da ignorância espiritual. Porém, “em Cristo ele é abolido” (2 Co.3:14b). “Quando um deles se converte ao Senhor então o véu é-lhe retirado” (v.16).
A partir daí, com o rosto descoberto, o homem já pode compreender os mandamentos de Deus, e praticá-los. Sem que este véu seja removido, o homem não está apto a obedecer à Palavra de Deus.
Quando o véu nos é retirado, não apenas somos iluminados, recebendo revelação, como também passamos a refletir a luz que recebemos. Paulo complementa seu argumento, afirmando que, “todos nós, com o rosto descoberto, REFLETINDO A GLÓRIA DO SENHOR, somos transformados de glória em glória na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor” (II Co. 3:18).
Jamais as nações poderão andar à nossa luz, se teimarmos em ocultar a glória em nós revelada.
Não podemos impedir o acesso ao Monte do Senhor. Não temos o direito de monopolizar o conhecimento de Deus. Ele não é monopólio de quem quer que seja. O cristianismo não é uma religião de mistério, como aquelas que povoam o Oriente. O cristianismo é o veículo da revelação de Deus para o mundo. Qualquer um que desejar conhecer os mistérios de Deus deve ter acessos a eles. Se Ele desejar revelar, Ele o fará. O que nós não podemos é ocultar o que Deus nos tem mostrado.
Tal qual Filipe que se tornou um poderoso instrumento de Deus para levar a luz do Evangelho aos Samaritanos, a Igreja precisa proclamar as Boas-Novas do Reino àqueles povos que ainda não foram alcançados. Segundo o relato bíblico, “houve grande alegria naquela cidade” onde Filipe proclamou a Verdade Eterna (At.8:8). É esta alegria que haverá em cada cidade da Terra, quando o conhecimento de Deus inundar as nações do mundo.
Esse mesmo Filipe, após abalar Samaria, “levantou-se, e foi. No caminho viu um etíope, eunuco e alto funcionário de Candace, rainha dos etíopes, o qual era superintendente de todos os seus tesouros, e tinha ido a Jerusalém para adorar. Regressava, e assentado no seu carro, lia o profeta Isaías. Disse o Espírito a Filipe: Chega-te, e ajunta-te a esse carro. Correndo Filipe, ouviu que lia o profeta Isaías, e perguntou: Entendes tu o que lês? Ele respondeu: COMO PODEREI ENTENDER, SE ALGUÉM NÃO ME ENSINAR?” (At.8:27-31a).
Por que o Espírito não deu revelação ao eunuco acerca do que ele lia? Simplesmente porque o veículo usado por Deus para difundir o conhecimento é a Igreja. O Espírito, a Palavra e a Igreja formam um tripé onde repousa a revelação de Deus. O Espírito não trabalha senão pelo canal escolhido por Deus, a Igreja. É por ela que a multiforme sabedoria de Deus é manifesta. Até o anjos, se desejarem conhecer os mais profundos mistérios de Deus, terão que atentar para a Igreja. No caso de Filipe e o eunuco, o Espírito Santo trabalhou em cumplicidade com o evangelista.
Quantos “eunucos”, altos funcionários de governos estão recebendo a revelação de Deus atualmente?
A Igreja de Jesus precisa promover o evangelismo em massa como Filipe fez em Samaria. Mas também precisa promover o evangelismo pessoal como Filipe fez com o eunuco. Além disso, a Igreja precisa promover um evangelismo de influência. O que é isso? Aquele eunuco era um alto funcionário do seu governo. Era, sem dúvida, alguém muito influente em seu país.
Evangelizando-o, Filipe estaria atingindo um número maior de pessoas do que em suas campanhas em Samaria.
Pense comigo: A reforma protestante atingiu não apenas o “povão”, mas os mais influentes homens da Europa. Foram esses que deram abrigo a Lutero quando o clero o perseguia.
Pensando assim, podemos dizer que quem pregou o Evangelho a Paulo foi o responsável direto pela conversão de milhares de pessoas em todo o mundo. Ainda que Ananias tenha sido um cristão simples, sem fama, quase anônimo, ele foi o instrumento de Deus para levar o Evangelho ao maior apóstolo de todos os tempos.
O mesmo Pedro que numa noite lançou a rede e pescou cento e cinqüenta e três grandes peixes, recebeu de Cristo a ordem que lançasse o anzol, a fim de que pescasse um único peixe, dentro do qual haveria o dinheiro necessário para pagar os impostos dele e de Jesus.
Não podemos desperdiçar nenhuma oportunidade. Cada pessoa que aproximar-se de nós, deve ser conduzida ao Monte do Senhor.
A promessa de Deus é esta:
“Aos estrangeiros que se chegarem ao Senhor para o servirem, e para amarem o nome do Senhor, sendo deste modo servos seus...também os levarei ao meu SANTO MONTE, e os alegrarei na minha casa de oração. Os seus holocaustos e os seus sacrifícios serão aceitos no meu altar, pois a minha casa será chamada CASA DE ORAÇÃO PARA TODOS OS POVOS.”
ISAÍAS 56:6-7.
Não podemos esperar que Deus faça tudo sozinho. Ele deseja trabalhar através de nós. Ele bem que poderia usar os anjos, mas preferiu usar a Igreja para levar às nações o conhecimento do mistério da fé.
Está chegando o dia em que “virá toda a humanidade a adorar na minha presença, diz o Senhor” ( Is.66:23 ).
“Os que forem sábios” disse o anjo do Senhor a Daniel, “RESPLANDECERÃO como o fulgor do firmamento, e os que a muitos ENSINAM A JUSTIÇA refulgirão como as estrelas sempre e eternamente... Muitos correrão de uma parte para outra, e o CONHECIMENTO SE MULTIPLICARÁ” (Dn.12:3, 4b).
Se realmente almejamos esse dia, temos de resplandecer a luz da glória de Cristo, ensinando a justiça aos povos, promovendo a multiplicação do conhecimento.
Foi por isso que o último mandamento de Jesus aos Seus discípulos foi: “Ide e fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ENSINANDO-OS a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado. E certamente estou convosco todos os dias, até à consumação dos séculos” (Mt. 28:18-20).
Os sistemas deste mundo estão feridos de morte; os poderosos deste mundo estão sendo reduzidos a nada. Este é o momento propício para que discipulemos as nações, levando-as à obediência da fé.
A mensagem do Evangelho é de esperança, e não de derrota. Jesus não será recebido por uma Igreja derrotada, incapaz de levar a cabo o Seu Ide.
Muitos advogam a idéia de que estas profecias dizem respeito a um tempo específico chamado Milênio, quando Cristo viria reinar sobre a terra. Porém, não é esta a posição encontrada nas Escrituras. Assim como pela Igreja a sabedoria de Deus é conhecida pelos principados e potestades, será por meio dela que Cristo encherá a Terra do Seu conhecimento.
O pensamento predominante no meio evangélico contemporâneo é que Cristo virá a Terra num tempo em que a apostasia estará dominando a Igreja. Eles se baseiam em algumas passagens mal interpretadas, como aquela em que Jesus pergunta: “Quando, porém, vier o Filho do homem, achará fé na terra?” (Lc.18:8).
A prova da inconsistência desta interpretação é óbvia. Se Cristo não vai encontrar fé na terra, então, quem Ele vem encontrar?
Seria viagem perdida vir à Terra sem que houvesse alguém com quem Ele pudesse encontrar-Se.
Nesta passagem, Jesus não está falando sobre a Sua Vinda, e sim sobre a resposta ao clamor de alguém que deseja ver a justiça de Deus manifesta em sua vida.
Ele havia acabado de contar uma parábola que falava acerca de uma viúva que clamava pela intervenção de um certo juiz iníquo. De tanto insistir, sem esmorecer na fé, aquela mulher acabou sendo atendida. Segundo Jesus, Deus está sempre disposto a fazer justiça aos Seus escolhidos, mesmo que os faça esperar. É neste contexto que pergunta: Quando vier o Filho do homem, achará fé na terra? Isto é, quando Sua justiça se manifestar, a pessoa que a buscou se manterá firme na fé?
Lembre-se que no começo deste capítulo, Lucas deixa bem claro que o assunto que Jesus estava introduzindo através desta parábola era “o dever de orar sempre, sem jamais esmorecer”. Portanto, o que estava em pauta não era o Seu Retorno, e sim a manifestação da Sua justiça, em resposta às súplicas dos Seus escolhidos. O verbo grego traduzido por “vir” neste texto pode ser traduzido por “manifestar”.
Quando retornar à Terra, Jesus vai encontrar uma Igreja Viva e Poderosa, que há de recebê-lO nos ares, como o grande Imperador do Universo, Rei dos reis, Senhor dos senhores.
É por isso que este evento é chamado em grego de parousia. Esta palavra era usada para definir a chegada triunfal de um imperador romano. Quando ele estava à portas, chegando de uma batalha ou de uma viagem, seu povo saía ao seu encontro para recebê-lo com vivas e júbilo. Assim também, quando nosso Senhor vier para assumir pessoalmente os reinos deste mundo, nós O recebermos nas nuvens com júbilo e gozo.
Naquele dia, poderemos cantar o salmo 48, que diz:
“Grande é o Senhor e mui digno de louvor,
na CIDADE DO NOSSO DEUS, NO SEU SANTO MONTE...A ALEGRIA DE TODA A TERRA...”
SALMO 48:1-2.
Sabe por quê houve grande alegria entre o povo de Samaria quando Filipe lhes pregou a Cristo? Porque aquele povo foi conduzido ao Monte Santo de Deus.
Quando Ele vier, a pedra aqui deixada, terá se tornado em um grande monte, e sobre ele estará a Cidade de Deus, e esta trará alegria a toda a Terra.
Ele não vem em busca de uma igreja foragida, covarde e incompetente. Ele vem ao encontro de uma Igreja poderosa, fervorosa e triunfante !
O pequeno grão de mostarda, terá se tornado numa grande árvore, que aninhará todos os pássaros. A pequena quantidade de fermento terá levedado toda a farinha, e o reino de Deus terá se expandido por toda a Terra ( ver Lucas 13:18-21 ).
Todos os inimigos terão sido vencidos. Somente a morte terá sido deixada para o final da batalha. E esta será completamente derrotada pela ressurreição dos mortos ( ver ICo. 15: 24-28, 53-55 ).
Quando Ele vier, todas as nações da Terra terão sido discipuladas, e estarão andando à luz da Cidade de Deus. Esta é a nossa esperança!
À vista destas verdades, o que é que podemos fazer?
É tempo de nos levantarmos e aproveitarmos cada oportunidade que se nos apresenta. Nunca a Igreja foi tão equipada como agora. Os recursos fornecidos pela tecnologia nos oferecem a oportunidade de alcançarmos o mundo inteiro com Evangelho de Cristo em tempo recorde. Se os apóstolos conseguiram evangelizar todo um continente em apenas dois anos, o que não poderíamos com as facilidades das quais dispomos. Temos que fazer uso de cada recurso. A internet, por exemplo, pode ser uma bênção para a Igreja do século XXI. E o que dizer dos meios de comunicação de massa, tais como TV, rádio, imprensa escrita e outros? Deus não nos terá por inocente se não aproveitarmos as chances que nos são dadas hoje.
Creio que Deus permitiu o avanço tecnológico deste século para o uso da Igreja. Não tenho a menor dúvida sobre isso.
Imagine se os apóstolos vivessem hoje, se eles desperdiça-riam as oportunidades que nosso tempo oferece. Se não levarmos isto a sério, sofreremos prejuízos em nossos galardões, e a censura de Cristo diante do Seu tribunal.
Louvado seja Deus pela eletricidade, pela telefonia, pela informática, pelas linhas aéreas, pelas auto-estradas, pelas vias férreas, pelos grandes cruzeiros marítimos, pela internet, por cada satélite que orbita a Terra, possibilitando a comunicação à distância. Graças a Deus pela enorme possibilidade que a Igreja tem hoje de encher a Terra com o conhecimento de Deus.
Pelo jeito, este não é o fim, e sim o começo de um novo tempo. Aproveitemos as possibilidades oferecidas por este novo tempo, e avancemos na conquista das nações para Cristo. Afinal, são as nações a Herança de Deus para o Seu Filho Amado, com o qual somos co-herdeiros. Ele nos tem mostrado o poder das suas obras, dando-nos a herança das nações ! (Sl.111:6).
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