Por Hermes Fernandes
Infelizmente, só nos importamos com a vida pós-morte, quando perdemos alguém a quem muito amamos. Quando perdi meu pai há quase 9 anos, refleti muito sobre o tema. Queria entender o que se passa conosco depois que partimos. Li vários livros, mas nenhum me satisfez. Então, resolvi pesquisar os textos bíblicos em busca de respostas. Com a perda de minha querida sogra, resolvi republicar minhas reflexões acerca disso. Não deixe de ler a continuação. Creio que vai trazer muito conforto àqueles que perderam alguém a quem amavam, como também àqueles que temem à morte.
O escritor de Hebreus afirma taxativamente que “aos homens está ordenado morrer uma só vez, vindo depois disso o juízo” (Hb.9:27). Este versículo tem sido fartamente usado para contestar a doutrina da reencarnação. A primeira parte dele é clara. Se só se morre uma vez, logo inferimos que só se vive uma vez. Não há migração de espírito de um corpo para outro. Entretanto, faz-se vista grossa à segunda cláusula do verso, onde se diz que a morte é sucedida imediatamente pelo juízo. Não há hiato entre os dois eventos.
Ao deixarmos essa vida, somos transportados ao Tribunal de Cristo, e à Sua presença imediata. Deixamos o tempo, e entramos em uma esfera atemporal, chamada também de eternidade.
Não há estado intermediário entre a morte e a ressurreição, ou entre a morte e o juízo. Foi a doutrina do estado intermediário que proveu um terreno fértil para o surgimento de doutrinas como a do purgatório, e da intercessão dos santos, que não possuem qualquer respaldo bíblico consistente.
Não devemos esperar que ao morrermos sejamos levados ao Seio de Abraão, para ali esperarmos o momento da ressurreição. Muita confusão tem havido nesse campo. Por isso, devemos buscar respostas inequívocas na Palavra de Deus.
Até a morte de Cristo, todos os que morriam na fé nas promessas de Deus, eram conduzidos a um lugar chamado Seio de Abraão. Não se trata do paraíso, nem de uma sala de espera no céu. A palavra grega traduzida por “seio” é hades, que é a mesma traduzida por inferno em outras passagens. Hades era o nome que se dava à região dos mortos, chamada pelos judeus de Sheol. Todos, independentes de sua fé, eram conduzidos a essa região. Ela, porém, dividia-se em duas partes: Havia um lugar de tormento, e um lugar de descanso. A esse, a Escritura denomina Hades de Abraão. Ambos, porém, compunham os dois lados de um mesmo cenário. Basta uma conferida na parábola de Lázaro, e veremos ali que o rico que fora para o inferno,“estando em tormento, ergueu os olhos e viu ao longe a Abraão e Lázaro no seu seio”(Lc.16:23). E não só o viu, como também se comunicou com ele, embora houvesse um grande abismo entre eles. Era essa a condição de quem morria antes que Cristo viesse ao mundo e nos escancarasse a porta do paraíso. O escritor dos Hebreus dá testemunho disso, ao declarar: “E todos estes (os que viveram antes da Nova Aliança), embora tendo recebido bom testemunho pela fé, contudo não alcançaram a promessa (de gozar da presença imediata de Deus). Deus havia provido coisa superior a nosso respeito (os que vivem na Nova Aliança inaugurada na Cruz)" (Hb.11:39-40a).
Ao morrer na Cruz, Jesus inaugurou o paraíso para os homens. Por isso, Ele pode garantir ao ladrão penitente: “Hoje estarás comigo no paraíso” (Lc.23:43b). A partir de então, todos os que morrem na fé, são imediatamente levados à presença do Senhor. Para esses, a volta do Senhor se dá no exato momento em que deixam esta vida. Por isso Paulo confessa ter “o desejo de partir e estar com Cristo, o que é muito melhor”(Fp.1:23b). Não era por menos, pois nas palavras do apóstolo, é preferível “deixar este corpo e habitar com o Senhor” (2 Co.5:8). Não diz que deixamos esse corpo para habitar com Abraão, ou para descansarmos em algum tipo de sala de espera do céu. Ao deixarmos este corpo, somos conduzidos à presença do Senhor, para habitarmos com Ele para sempre.
Alguns crêem que ao deixarmos nossos corpos, experimentaremos um estágio intermediário, em que seremos tão-somente espíritos desencarnados. Isso é um absurdo. Nosso espírito não deseja viver, senão em um corpo através do qual possa glorificar a Deus. Daí a importância da ressurreição corporal. Paulo chega a afirmar que nós “gememos, desejando ser revestidos da nossa habitação, que é do céu, porque estando vestidos, não seremos achados nus. Pois também nós, os que estamos neste tabernáculo (o corpo físico atual), gememos angustiados, não porque queremos ser despidos, mas revestidos, para que o mortal seja absorvido pela vida”(2 Co.5:2-4).
O crente em Jesus jamais deve desejar ser despido, isto é, viver sem um corpo, através do qual possa servir e louvar ao Seu Deus. Há uma espécie de angústia em cada um de nós, que nos faz suspirar pelo momento em que Jesus Cristo“transformará o nosso corpo de humilhação, para ser conforme o seu corpo glorioso, segundo o seu eficaz poder de sujeitar também a si todas as coisas” (Fp.3:21; ver também Rm. 8:23).
Não haverá um tempo em que viveremos fora do corpo. O homem é um serpsicobioespiritual. A idéia de que o homem é apenas um espírito residindo em um corpo não é bíblica. Ainda que o corpo seja apresentado como habitação do espírito, sem ele, o ser está incompleto. Se pudéssemos viver sem um corpo, não haveria necessidade de que a redenção o incluísse (Rm.8:23).Veja o que Paulo escreve aos Tessalonicenses acerca da unidade corpo-alma-espírito:
“O mesmo Deus de paz vos santifique completamente. E todo o vosso espírito, alma e corpo sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo”.
1 TESSALONICENSES 5:23
Mas o que dizer do momento entre a nossa morte e a vinda do Senhor? Quando morremos, nosso espírito é conduzido imediatamente ao último dia, também conhecido como o Dia da Eternidade. Ali será o entroncamento entre o kronos e okairós. Num “piscar de olhos” ouvimos o veredicto divino, e somos imediatamente revestidos de nosso novo corpo. Tão logo deixemos esse ‘tabernáculo’, recebemos um ‘edifício’ incorruptível, no qual habitaremos para sempre com o Senhor. Foi isso que Paulo disse: “Sabemos que, se a nossa casa terrestre deste tabernáculo se desfizer, temos da parte de Deus um edifício, uma casa não feita por mãos, eterna, nos céus” (2 Co.5:1).
Quando falamos de eternidade, estamos falando de uma esfera de existência que não tem começo nem fim. É nessa esfera que Deus habita (Is.57:15a). Ao entrarmos na eternidade, nos depararemos com o Grande Trono Branco, visto por João em Apocalipse.
“Então vi um grande trono branco, e o que estava assentado sobre ele. Da presença dele fugiram a terra e o céu, e não se achou lugar para eles.” APOCALIPSE 20:11
Onde se dará o juízo final? Onde se assentará o Tribunal de Cristo? João vê ainda“os mortos, grandes e pequenos, que estavam diante do trono (...) O mar entregou os mortos que nele havia, e a morte e o além deram os mortos que neles havia, e foram julgados cada um segundo as suas obras” (Ap.20:12a,13). Dá pra imaginar uma cena dessas? Quantas pessoas já passaram por este mundo desde a sua criação? Só nos dias de hoje mais de 6 bilhões de pessoas povoam a Terra. Imagine reunir todos que aqui já viveram, em todos os tempos, em um só lugar. Será que a superfície terrestre possui uma planície tão extensa que possa comportar tal número de pessoas? Acredito que não. Então onde se dará o Juízo? A pista está no verso 11. Ali lemos que a terra e o céu fugiram da presença d’Aquele que estava assentado no grande Trono Branco. O juízo de Deus, portanto, se dará em uma instância fora do tempo e do espaço. Se não há lugar para a terra e o céu, logo não há “espaço”, e se não há espaço, não há tempo. O tempo e o espaço são aspectos de uma mesma realidade.
Podemos dizer que o Juízo de Deus se dará na Eternidade. Então todos terão que morrer para passar pelo juízo? Absolutamente, não. O mundo caminha em direção à eternidade. Num dado momento, quando Cristo vier, o kronos (tempo) será invadido pelo Kairós (‘tempo’ divino/eternidade), e todos nos veremos “perante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem, ou mal” (2 Co.5:10).
A história da criação caminha para esse ponto, que podemos chamar de Ômega, o capítulo final da História. Será o desfecho da História de todo o cosmo, bem como a conclusão da história de cada ser humano que por aqui houver passado. Todos, sem exceção, terão de dar conta de si mesmo a Deus (Rm.14:12). Esse será o Dia do Senhor, “em que Deus há de julgar os segredos dos homens, por meio de Jesus Cristo” (Rm.2:16).
De repente, ao soar da trombeta de Deus, todos estaremos ali: Justos e ímpios, grandes e pequenos, ricos e pobres. Desse dia ninguém escapará.
Para quem está vivo no mundo hoje, pode parecer que esse dia esteja num futuro remoto Mas para quem deixa o mundo hoje, é como se esse dia chegasse imediatamente. Não há intervalo. É como se entrássemos numa máquina do tempo, e fôssemos arremessados em um futuro distante. Lá chegando, não apenas nos encontraremos com o Senhor nos ares, vindo em direção a Terra para julgar os vivos e os mortos, como também encontraremos todos os eleitos de Deus, de todas as eras. Dentre os que morrerem em Cristo, ninguém vai chegar primeiro. Imagine um crente em Cristo, em seu leito de morte, despedindo-se dos seus, quando de repente, é levado à eternidade, e lá encontra as mesmas pessoas de quem acabou de se despedir! A dor da separação é para quem fica, não para quem vai. Por isso Jesus disse que os amigos que granjearmos aqui na terra, serão os mesmos que nos receberão “nos tabernáculos eternos” (Lc.16:9). Na verdade, recepcionaremos uns aos outros, pois chegaremos todos juntos.
Há ordem de partida, mas não há ordem de chegada. Por vivermos confinados ao tempo e ao espaço, assistimos à partida de cada pessoa que deixa essa vida. Mas na eternidade não haverá ordem de chegada. Todos compareceremos diante do Trono de Deus concomitantemente.
O Juízo se dará na eternidade, em uma instância atemporal, onde não há tempo nem espaço. O único momento em que ficaremos sem o corpo será perante o Tribunal de Cristo, onde teremos que dar contas do que fizemos através do corpo. Será num abrir e fechar de olhos. Essa instância pode ser chamada de “terceiro céu”, ou “céu dos céus”. Todos, indistintamente, quer estejam vivos ou mortos no momento em que Cristo vier, terão que comparecer diante de Deus, para ouvir Seu veredicto, e receber sua sentença. Ali será o entroncamento entre o céu e a terra, ao mesmo tempo em será a bifurcação entre o céu e o inferno.
Quase que instantaneamente, tão logo ouçamos do Senhor que fomos justificados, nos veremos nas nuvens do céu, atraídos pela Sua majestade divina. Em ‘milésimos de segundo’ veremos toda a nossa vida projetada no telão de nossa consciência. O que ali ouviremos ficará imprimido indelevelmente em nossa consciência para todo o sempre.
Com Ele desceremos a Terra, e aqui viveremos por eras infindáveis na companhia do Senhor e de todos os Seus eleitos.
Céu e Terra são agora reunidos em Cristo, sendo dois lados de uma mesma realidade. Não há mais separação,“o mar já não existe”, declara João, em sua descrição do novo céu e da nova terra (Ap.21:1).
O que temos defendido aqui é que não há intervalo entre a morte e a vinda de Cristo. Não cremos na doutrina do estado intermediário, em que os espíritos dos salvos estariam conscientes numa espécie de sala de espera, aguardando a volta de Cristo, enquanto os espíritos dos não-salvos estariam no anti-sala do inferno, já experimentando previamente o castigo que lhes será impingido por toda a eternidade. Deus não é injusto. Não se pode aplicar uma sentença sem que antes se emita um veredicto. Não se pode emitir um veredicto, sem que antes se faça juízo.
Também não cremos na doutrina do sono da alma, que diz que as almas dos crentes e dos não-crentes ficam estado de repouso, acordando apenas no dia do Juízo Final.
Uma passagem que tem sido usada para defender a teoria do estado intermediário é a de Apocalipse 6:9-11, que diz:
“Quando ele abriu o quinto selo, vi debaixo do altar as almas dos que foram mortos por causa da palavra de Deus e por causa do testemunho que deram. E clamavam com grande voz, dizendo: Até quando, ó verdadeiro e santo Soberano, não julgas e vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra? E foram dadas a cada um deles compridas vestes brancas, e foi-lhe dito que repousassem ainda por pouco tempo, até que se completasse o número de seus conservos e seus irmãos, que haviam de ser mortos, como também eles foram.”
Aquelas almas pareciam estar bem conscientes. Elas aparecem clamando por justiça. Querem que seu sangue seja vindicado. Que sua causa seja julgada. E agora, como sustentar nossa doutrina diante dessa passagem?
Há duas maneiras de entendermos essa passagem, de forma que ela não contradiga o que expusemos aqui até agora.
A primeira é que pode tratar-se apenas de uma parábola. Assim como lemos em Hebreus 11:4 que o sangue de Abel ainda clama até hoje. Ora, não podemos entender isso literalmente. Tanto Hebreus 11:4, quanto Apocalipse 6 falam da mesma coisa: Deus não Se esqueceu de julgar a causa de Seus servos, ainda que os faça esperar. E o paralelismo entre as duas passagens não pára por aqui.
A segunda maneira de se entender essa passagem admite a sua literalidade. Optamos por esse posicionamento.
Aquelas almas que foram vistas sob o altar, clamando por justiça, são as mesmas que “experimentaram escárnios e açoites, e até algemas e prisões. Foram apedrejados; foram tentados; foram serrados pelo meio; foram mortos ao fio da espada. Andaram vestidos de peles de ovelhas e de cabras, necessitados, aflitos e maltratados (dos quais o mundo não era digno), errantes pelos desertos e montes, e pelas covas e cavernas da terra. E todos estes, embora tendo recebido bom testemunho pela fé, contudo não alcançaram a promessa. Deus havia provido coisa superior a nosso respeito, para que eles, sem nós, não fossem aperfeiçoados”(Hb.11:36-40). Os mesmos heróis de Hebreus 11, são apresentados no capítulo 12 compondo uma platéia, que tendo encerrado sua corrida, aguarda das arquibancadas a chegada dos últimos atletas. Na interpretação do escritor sagrado, aqueles heróis agora formavam uma “grande nuvem de testemunhas”, esperando e torcendo para que os últimos mártires (testemunhas) daquela era deixassem “todo embaraço”, correndo“com perseverança a carreira” que lhes estava proposta. O podium só viria depois que o último atleta atravessasse a linha, e a corrida se desse por terminada.
Repare que em Apocalipse 6, o Senhor diz que aquelas almas deveriam repousar um pouco mais, “até que se completasse o número de seus conservos e seus irmãos, que haviam de ser mortos, como também eles foram”. E agora em Hebreus 11 lemos que “eles, sem nós” não poderiam ser aperfeiçoados (lit. completados).
Quando Cristo expirou, o véu do templo de rasgou. O caminho do santo dos santos foi aberto, de maneira que a presença de Deus tornou-se acessível a todos os homens. Entretanto, os mortos que aparecem sob o altar (sob a Velha Aliança), teriam que aguardar um pouco mais, até que se completasse o número dos mártires, que serviriam de testemunhas contra a grande meretriz, a Jerusalém terrena. A Babilônia de Apocalipse é Jerusalém. Compare Mt.23:37 com Ap.16:5-6, 18:20 e 19:2. O Santo dos Santos, embora houvesse sido aberto, não estava ainda descoberto. Hebreus 9:8 diz: “O Espírito Santo estava dando a entender com isto que o caminho do Santo dos Santos ainda não está descoberto, enquanto continua em pé o primeiro tabernáculo (o templo de Jerusalém)”.
Jesus havia previsto que ainda naquela geração o Templo de Jerusalém cairia juntamente com a cidade apóstata. No ano 70 d.C., Jerusalém foi invadida pelos romanos, sob o comando de Tito, filho do Imperador, que a reduziu a escombros, não poupando nem mesmo o suntuoso templo.
Com a queda do ‘primeiro tabernáculo’ o Santo dos Santos foi finalmente descoberto, e os espíritos que estavam sob o altar foram finalmente conduzidos à presença imediata de Deus.
Por que “eles, sem nós” não poderia ser aperfeiçoados? Porque foi a Igreja primitiva que forneceu os mártires que faltavam, para que a medida dos pecados de Jerusalém fosse alcançada, e o juízo de Deus fosse derramado sobre ela.
Muitos dos mártires primitivos entraram na conta de Jerusalém, enquanto que outros foram creditados na conta de Roma, que mais tarde também sofreu o juízo implacável de Deus.
Demonstramos aqui que com a morte de Cristo, o caminho do Santo dos Santos nos foi aberto, e que com a queda do Templo em Jerusalém, foi inteiramente descoberto. De maneira que João pôde escrever:
“Graças te damos, Senhor Deus Todo-poderoso, que és, e que eras, porque tomaste o teu grande poder, e reinaste. Iraram-se as nações; então veio a tua ira, e o tempo de serem julgados os mortos, e o tempo de dares recompensa aos profetas, teus servos, e aos santos, e aos que temem o teu nome, a pequenos e a grandes, e o tempo de destruíres os que destroem a terra. Abriu-se no céu o templo, e arca da sua aliança foi vista no seu santuário.” APOCALIPSE 17-19a.
Aleluia! O véu não apenas se rasgou, mas foi inteiramente removido, de maneira que a arca da aliança pôde ser vista. É por isso que João não hesitou em registrar a voz que se ouviu do céu: “Bem-aventurados os mortos que desde agora morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito, descansarão dos seus trabalhos, pois as suas obras os acompanharão” (Ap.14:13).
Se o Santo dos Santos está inteiramente descoberto, logo, temos acesso amplo à presença do Senhor. Não temos que aguardar em um “lugar santo”, também conhecido como “primeiro tabernáculo”. Não temos que fazer um estágio do Seio de Abraão. Nosso vôo à glória não tem escalas, é non-stop.
O templo de Jerusalém representava esse primeiro tabernáculo, um estágio entre o provisório e o permanente.
O provisório tinha que ceder espaço ao permanente. Os santos que viveram naquele período de transição entre a Velha e a Nova Aliança anelavam pela “remoção das coisas abaláveis, como coisas criadas, para que as inabaláveis permaneçam”(Hb.12:27). Eles traziam consigo a certeza de que já haviam atravessado o véu, chegando finalmente “ao monte Sião, à cidade do Deus vivo, à Jerusalém celestial (...) a Jesus, o Mediador de uma nova aliança, e ao sangue da aspersão, que fala melhor do que o de Abel”, e de todos os mártires (Hb.12:22,24).
Os santos do período interalianças, já haviam sido avisados de que sobre aquela geração recairia “todo o sangue justo derramado sobre a terra, desde o sangue do justo Abel” (Mt.23:35a). O próprio templo havia sido profanado com assassinato de Zacarias, filho de Baraquias, cujo sangue fora derramado “entre o santuário e o altar”(v.35b). Por isso, daquele templo, não restaria “pedra sobre pedra” (24:2). O sangue dos justos recairia sobre o primeiro tabernáculo, e este, desmoronando, daria lugar ao santuário espiritual, do qual aquele era apenas uma pálida figura.
A queda do Templo foi a vinda de Cristo em juízo sobre Israel e a cidade apóstata. Agora, as almas que estavam sob o altar poderiam finalmente ser reunidas aos santos da Nova Aliança em congraçamento eterno na presença de Deus. Essas almas migraram do tempo (do qual era refém) a eternidade, para reunir-se nas nuvens com os santos de todas as eras.
Libertaram-se, finalmente, do processo histórico, do qual estavam cativos até que sua causa fosse julgada, e seus algozes castigados.
O Templo judeu deu lugar ao Templo Vivo de Deus, que é a Sua Igreja, reunião de todos os santos, de Abel até o último a nascer neste mundo. Em Cristo deu-se a reunião, de maneira que o escritor sagrado pôde declarar, que além de termos chegado à Jerusalém Celestial, reunimo-nos “aos muitos milhares de anjos, à universal assembléia e igreja dos primogênitos inscritos nos céus (...) a Deus, o juiz de todos, e aos espíritos dos justos aperfeiçoados” (Hb.12:22b-23).
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