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sexta-feira, 8 de julho de 2011

Pena de morte

Pena de morte - Por Frank Brito

     Todo governo civil está edificado, de alguma forma, sobre o direito de aplicar a morte. Se não tivesse, a polícia não poderia apontar a arma na cara do assassino para mandar ele entrar no carro. 

A Bíblia diz: "a autoridade é ministro de Deus para teu bem. Entretanto, se fizeres o mal, teme; porque não é sem motivo que ela traz a espada; pois é ministro de Deus, vingador, para castigar o que pratica o mal". (Romanos 13:4)



No capítulo anterior, Paulo havia proibido a vingança pessoal: "se possível, quanto depender de vós, tende paz com todos os homens; não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira; porque está escrito: A mim me pertence a vingança; eu é que retribuirei, diz o Senhor".(Romanos 12:18-19)

Mas isso não se aplica ao governo civil pois no capítulo seguinte ele diz que o governo civil é o representante legal de Deus para ministrar a vingança sobre os que praticam o mal.Mas como "não há autoridade que não proceda de Deus", os governos não tem o direito de aplicar qualquer coisa que queiram, mas devem se reconhecer como debaixo da Soberania de Deus.O que Paulo ensina em Romanos 12-13 já havia sido ensinado em Levíticos 19-20."Não furtareis, nem mentireis, nem usareis de falsidade cada um com o seu próximo; nem jurareis falso pelo meu nome, pois profanaríeis o nome do vosso Deus. Eu sou o SENHOR. Não oprimirás o teu próximo, nem o roubarás; a paga do jornaleiro não ficará contigo até pela manhã. Não amaldiçoarás o surdo, nem porás tropeço diante do cego; mas temerás o teu Deus. Eu sou o SENHOR. Não farás injustiça no juízo, nem favorecendo o pobre, nem comprazendo ao grande; com justiça julgarás o teu próximo. Não andarás como mexeriqueiro entre o teu povo; não atentarás contra a vida do teu próximo. Eu sou o SENHOR. Não odiarás teu irmão no teu íntimo; mas repreenderás o teu próximo e, por causa dele, não levarás sobre ti pecado. Não te vingarás, nem guardarás ira contra os filhos do teu povo; mas amarás o teu próximo como a ti mesmo. Eu sou o SENHOR". (Levítico 19:11-18)Veja que o mandamento de amar ao próximo como a ti mesmo não foi uma inovação de Jesus, mas é detalhado no capítulo inteiro. Mas veja que ao mesmo tempo isso não anula a necessidade dos magistrados a quem é dito, "não farás injustiça no juízo, nem favorecendo o pobre, nem comprazendo ao grande; com justiça julgarás o teu próximo".



No capítulo seguinte capítulo você lerá sobre uma lista de crimes que eram passíveis de pena de morte.

Por exemplo:"O homem que se deitar com a mulher de seu pai terá descoberto a nudez de seu pai; ambos serão mortos; o seu sangue cairá sobre eles".(Levítico 20:11)Na mente de Jesus Cristo, não havia contradição entre o capítulo 19 que ordena o amor ao próximo e manda os magistrados julgar com justiça e o capítulo 20 que especifica quais crimes eram passíveis de pena de morte, pois ele disse:"Mestre, qual é o grande mandamento na Lei? Respondeu-lhe Jesus: Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. Este é o grande e primeiro mandamento. O segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas". (Mateus 22:36-40)Por esse motivo, não podemos achar que Levítico 20 esteja desvinculado do mandamento de amor de Levítico 19.



É interessante o que diz também em Levítico 19:

"Não farás injustiça no juízo, nem favorecendo o pobre, nem comprazendo ao grande; com justiça julgarás o teu próximo".Esse verso ensina que é pecado ter leis que favoreçam os ricos ou os pobres. É errado fazer acepção de pessoas por qualquer motivo. Por esse motivo, cotas e leis de redistribuição de riqueza com base em coação do governo civil são pecaminosas.A ajuda aos pobres não deve ser movida pelo governo civil, mas por iniciativa voluntária daqueles que amam ao próximo como a si mesmo.



O princípio importante é o seguinte.

Se o governo civil não coage o assassino ou estrupador governo está coagindo o cidadão inocente. Não existe neutralidade nisso. Se alguém está em risco pelo assassino ou estrupador, não coagir o criminoso significa coagir o inocente sob o risco.

O dever do goerno civil não é punir pessoas por serem pecadores, mas punir atos específicos. Roubo ou relacionamento sexual com uma moça solteira, por exemplo, nunca foram passíveis de penas capitais na Bíblia, mas são classificados como sendo pecado. Ser egoísta e usura (colocar juros em cima de um emprestimo ao seu próximo economicamente desfavorecido) também são classificados como pecados, mas não são passíveis de qualquer punição do governo civil.


Algo interessante...

"Não furtarás". - Êxodo 20,15

"E quem raptar um homem, e o vender, ou for achado na sua mão, certamente será morto". - Êxodo 21,16"Se alguém furtar boi ou ovelha, e o degolar ou vender, por um boi pagará cinco bois, e pela ovelha quatro ovelhas". - Êxodo 22
O único roubo punido com pena capital era o "rapto". Era punido tanto quem raptou quanto com quem o indivíduo fosse encontrado mediante a compra. Se esse fosse o padrão, das legislações mais recentes, é possível que o trafico de escravos africanos nunca teria existido. Se o princípio fosse aplicado hoje, nós não teriamos o tráfico de pessoas superando o lucro o tráfico de drogas e do tráfico de armas!!!!! O princípio revela a importância do ser humano aos olhos de Deus. Mas a ausência de pena severa pra proteger essas tristes vítimas é vista como amor por muitos cristãos, pois amor é ter consideração pelo bem estar de criminosos profissionais e deixar pessoas sendo escravizadas.

No caso de roubo de propriedade, o princípio é o da restituição. O sujeito roubado tem a sua propriedade restituida mais um valor extra pelos danos sofrido. No nosso caso, a vítima além de ficar sem sua propriedade (caso não tenha pago seguro com dinheiro de seu próprio bolso), ele ainda tem que sustentar o ladrão na penitenciária onde ele vai aprender a ser um criminoso profissional.


Quanto a passagem da mulher adúltera que Jesus nao a condenou consideramos que:


Quem tinha que tacar a primeira pedra segundo Deuteronômio 17 eram os testemunhas e Jesus não era nenhuma testemunha...
O propósito todo do caso era pegar Jesus em uma contradição...




Ao texto...

"Os escribas e fariseus trouxeram à sua presença uma mulher surpreendida em adultério e, fazendo-a ficar de pé no meio de todos, disseram a Jesus: Mestre, esta mulher foi apanhada em flagrante adultério. E na lei nos mandou Moisés que tais mulheres sejam apedrejadas; tu, pois, que dizes? Isto diziam eles tentando-o, para terem de que o acusar. Mas Jesus, inclinando-se, escrevia na terra com o dedo. Como insistissem na pergunta, Jesus se levantou e lhes disse: Aquele que dentre vós estiver sem pecado seja o primeiro que lhe atire pedra. E, tornando a inclinar-se, continuou a escrever no chão. Mas, ouvindo eles esta resposta e acusados pela própria consciência, foram-se retirando um por um, a começar pelos mais velhos até aos últimos, ficando só Jesus e a mulher no meio onde estava. Erguendo-se Jesus e não vendo a ninguém mais além da mulher, perguntou-lhe: Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou? Respondeu ela: Ninguém, Senhor! Então, lhe disse Jesus: Nem eu tampouco te condeno; vai e não peques mais". (João 8:3-11)


Em primeiro lugar, notemos qual era a intenção dos escribas e fariseus: "Isto diziam eles tentando-o, para terem de que o acusar". O objetivo dos escribas e fariseus aqui é recorrente por todos os evangelhos: Eles queriam provar como a doutrina de Jesus era contrária a Moisés e os profetas. Eles queriam provas como Jesus quebrava a Lei.


Muitos acreditam implicitamente que os escribas e fariseus tinham razão. Muitos acreditam que a étca proposta por Jesus era contrária a Moisés e aos profetas pois e que ele declarar a ética do Antigo Testamento como sendo de certa forma arcaica e ultrapassada. Eu já pensei assim. Muitos também pensam.

Os que pensam assim estão implicitamente se aliando com a opinião dos escribas e fariseus sobre Jesus.

Um dos motivos pelo qual eu pensava assim é porque eu tinha muita pouca exposição ao código moisaico. Eu nunca ouvi um sermão na Igreja explicando como funcionava o código mosaico. Eu sempre presumi que eram coisas arcaicas e ultrapassadas, abolida por Cristo e por isso não tinha muito significado para a Igreja.

Mas o problema é: Se o código mosaico sobre a legislação civil é arcaico e ultrapassado, o que devemos colocar no lugar? O que passou a definir o que é certo e errado para o governo civil? Hitler governou com justiça? Stalin governou com justiça? George Bush governou com justiça? Dilma governa com justiça? Quem é que decide? A razão e mente autônoma do homem? Gilberto Gil? Quem ou o que determina o que é justo para o governo civil? Ou será que estava certo Leo Tolstoy que declarou que todo uso de força é sempre 
pecado ainda que seja pra defender sua família de assassinos e estrupadores?



Mateus 5. É um bom lugar pra se começar a entender essa questão e toda a polêmica em torno daqueles que queriam provar como a doutrina de Jesus era contrária a Moisés e os profetas e como Jesus quebrava a Lei.

"Não penseis que vim destruir a lei ou os profetas; não vim destruir, mas cumprir. Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, de modo nenhum passará da lei um só i ou um só til, até que tudo seja cumprido. Qualquer, pois, que violar um destes mandamentos, por menor que seja, e assim ensinar aos homens, será chamado o menor no reino dos céus; aquele, porém, que os cumprir e ensinar será chamado grande no reino dos céus. Pois eu vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos céus". (Mateus 5:17-20)

"Se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos céus". Para entender isso, notemos um confronto que Jesus teve com eles:

"Então chegaram a Jesus uns fariseus e escribas vindos de Jerusalém, e lhe perguntaram: Por que transgridem os teus discípulos a tradição dos anciãos? pois não lavam as mãos, quando comem. Ele, porém, respondendo, disse-lhes: E vós, por que transgredis o mandamento de Deus por causa da vossa tradição? Pois Deus ordenou: Honra a teu pai e a tua mãe; e, Quem maldisser a seu pai ou a sua mãe, certamente morrerá. Mas vós dizeis: Qualquer que disser a seu pai ou a sua mãe: O que poderias aproveitar de mim é oferta ao Senhor; esse de modo algum terá de honrar a seu pai. E assim por causa da vossa tradição invalidastes a palavra de Deus. Hipócritas! bem profetizou Isaias a vosso respeito, dizendo: Este povo honra-me com os lábios; o seu coração, porém, está longe de mim. Mas em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homem
". (Mateus 15:1-9)



Muitos cristãos inverteram as bolas completamente. Acreditam que os escribas e os fariseus eram os que se preocupavam em cumprir detalhadamente os mandamentos e que era Jesus que não tinha essa preocupação e por isso não devemos ter.

Mas a reclamação de Jesus contra os escribas e fariseus era exatamente que eles tinham trocado os mandamentos de Deus por tradições humanas. A reclamação de Jesus contra os escribas e fariseus era exatamente que eles eram contrários a Moisés e os profetas.

Esse é o motivo pelo qual constantemente os escribas e fariseus estavam constantemente querendo pegar Jesus em algum deslize e provar que Jesus estava errado e quebrando a Lei e assim eles poderiam chamar Jesus de hipócrita também. Esse é o motivo pelo qual Jesus disse:

"Não penseis que vim destruir a lei ou os profetas; não vim destruir, mas cumprir. Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, de modo nenhum passará da lei um só i ou um só til, até que tudo seja cumprido. Qualquer, pois, que violar um destes mandamentos, por menor que seja, e assim ensinar aos homens, será chamado o menor no reino dos céus; aquele, porém, que os cumprir e ensinar será chamado grande no reino dos céus. Pois eu vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos céus
". (Mateus 5:17-20)



A minha principal preocupação nos últimos tempos irmãos é o de não trocar os mandamentos de Deus por tradições humanas e o temor de ter trocado por boa parte de minha vida. Jesus reclamou que os escribas e fariseus estavam trocando o mandamentos de Deus por tradições humanas e ainda cita o seguinte:

"Quem amaldiçoar a seu pai ou a sua mãe, certamente será morto". (Êxodo 21:17)
Eu fui treinado como um humanista por toda a minha vida. O que eu posso dizer se não que eu fui treinado pra ter pena de morte como algo horrendo? Mas quando eu ouço as palavras de Jesus reclamando que a tradições humanas haviam anulado esse mandamento de Deus, eu não tenho outra escolha se não a de rever meus conceitos sobre justiça civil.



O Sermão da Montanha, portanto, precisa ser entendido sob a ótica de que Jesus estava explicando o verdadeiro sentido da Lei e dos Profetas em contraste com as distorções dos escribas e fariseus. O motivo pelo qual Jesus enfatiza que ele estava explicando o verdadeiro sentido é que muitos poderiam acreditar que ele estaria contrariando. E o motivo pelo qual muitos poderia acreditar que ele estaria contrariando era que eles só haviam aprendido a versão errada dos escribas e fariseus. Por isso no final do serão lemos:"Ao concluir Jesus este discurso, as multidões se maravilhavam da sua doutrina; porque as ensinava como tendo autoridade, e não como os escribas".(Mateus 7:28-29)
Como os escribas e fariseus ensinavam? Com distorções baseadas em tradições humanas.



Ouvistes que foi dito: Não adulterarás. Eu, porém, vos digo que todo aquele que olhar para uma mulher para a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com ela.
(Mateus 5:27-28)


Seria isso uma inovação de Jesus ou estaria ele só explicando a plenitude do mandamento contrário as distorções dos escribas e fariseus conforme ensinavam para o povo?

"Não adulterarás". (Êxodo 20:14)

"Não cobiçarás a casa do teu próximo, não cobiçarás mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma do teu próximo".(Êxodo 20:17)

Jesus não estava trazendo nenhuma inovação, mas só estava reafirmando aquilo que era ignorado pelos escribas e fariseus.

E também:

"Também foi dito: Quem repudiar sua mulher, dê-lhe carta de divórcio. Eu, porém, vos digo que todo aquele que repudia sua mulher, a não ser por causa de infidelidade, a faz adúltera; e quem casar com a repudiada, comete adultério". (Mateus 5:31-32)

O que foi dito ai não era o que havia sido dito por Moisés ou isso era o que lhes era dito de forma distorcida para que tivessem justificativa pra divorciar de quem quisessem?

"Se um homem tomar uma mulher e se casar com ela, e se ela não for agradável aos seus olhos, por ter ele achado coisa indecente nela, e se ele lhe lavrar um termo de divórcio, e lho der na mão, e a despedir de casa;
 



O que Jesus ensina ai era o princípio já ensinado por Moisés e os profetas:

Como diz:

"Ainda fazeis isto: cobris o altar do Senhor de lágrimas, de choros e de gemidos, porque ele não olha mais para a oferta, nem a aceitará com prazer da vossa mão. Todavia perguntais: Por que? Porque o Senhor tem sido testemunha entre ti e a mulher da tua mocidade, para com a qual procedeste deslealmente sendo ela a tua companheira e a mulher da tua aliança. E não fez ele somente um, ainda que lhe sobejava espírito? E por que somente um? Não é que buscava descendência piedosa? Portanto guardai-vos em vosso espírito, e que ninguém seja infiel para com a mulher da sua mocidade. Pois eu detesto o divórcio, diz o Senhor Deus de Israel..." (Malaquias 2:13-16)

E também:

"Viste, porventura, o que fez a apóstata Israel, como se foi a todo monte alto, e debaixo de toda árvore frondosa, e ali andou prostituindo-se? E eu disse: Depois que ela tiver feito tudo isso, voltará para mim.... Sim viu que, por causa de tudo isso, por ter cometido adultério a pérfida Israel, a despedi, e lhe dei o seu libelo de divórcio..." (Jeremias 3:6-8)
Isso é o que ensinou Jesus. Eu só compreendi o divórcio na Bíblia e a clausula de exceção de Jesus depois que eu compreendi o contexto real vindo do Antigo Testamento.



No Sermão da Montanha também diz:

"Ouvistes que foi dito: Amarás ao teu próximo, e odiarás ao teu inimigo. Eu, porém, vos digo: Amai aos vossos inimigos, e orai pelos que vos perseguem". (Mateus 5:43-44)

Isso é o que ensinou a Lei e os Profetas?

"Não seguirás a multidão para fazeres o mal; nem numa demanda darás testemunho, acompanhando a maioria, para perverteres a justiça; nem mesmo ao pobre favorecerás na sua demanda. Se encontrares desgarrado o boi do teu inimigo, ou o seu jumento, sem falta lho reconduzirás. Se vires deitado debaixo da sua carga o jumento daquele que te odeia, não passarás adiante; certamente o ajudarás a levantá-lo". (Êxodo 23:2-5)

É sobre bois e jumentos somente que esse texto fala ou é sobre o princípio geral que devemos dar aos nossos inimigos, não de vingança pessoal, mas de amor?

Isso é o mesmo que ensina Levítico:

"Não te vingarás nem guardarás ira contra os filhos do teu povo; mas amarás o teu próximo como a ti mesmo. Eu sou o Senhor". (Levítico 19:18)
Os escribas e fariseus haviam redefinido o sentido da palavra "próximo" e se você lembra bem Jesus corrigiu isso na parábola do bom samaritano.




Enfim...

O que eu estou querendo mostrar aqui é que nós devemos entender João 8 sob a ótica de que tinha gente querendo provar que Jesus contradizia a Lei e por isso estavam o testando pra ver se ele iria contradizer. A resposta de Jesus, portanto, não pode ser entendido como quebrando ou contrariando o que já era algo estabelecido, mas como dando a compreensão correta.
Eu creio que Levítico 19-20 esclarece bem essa questão e é o pano de fundo pra compreender muita das polêmicas do Novo Testamento em torno da Lei.

"Não sigam os estatutos dos povos que eu expulso de diante de vós; porque eles fizeram todas estas coisas, e eu os abominei. Mas a vós vos tenho dito: Herdareis a sua terra, e eu vo-la darei para a possuirdes, terra que mana leite e mel. Eu sou o Senhor vosso Deus, que vos separei dos povosPortanto fareis diferença entre os animais limpos e os imundos, e entre as aves imundas e as limpas; e não fareis abomináveis as vossas almas por causa de animais, ou de aves, ou de qualquer coisa de tudo de que está cheia a terra, as quais coisas apartei de vós como imundas. E sereis para mim santos; porque eu, o Senhor, sou santo, e vos separei dos povos, para serdes meus".(Levítico 20:23-26)

Muitos cristãos acreditam que a motivação por trás das leis dietéticas era questões de saúde. Muitos judeus pensam isso também. Foi isso o que eu sempre aprendi na igreja. Mas eu aprendi errado. Não há qualquer evidência de que carne de coelho ou camelo (imundo), por exemplo, sejam menos saudáveis do que carne de vaca (limpo). O verdadeiro significado da distinção de alimento é a distinção entre judeus e gentios. O verdadeiro significado é a segregação de Israel das demais nações"Eu sou o Senhor vosso Deus, que vos separei dos povos. Portanto fareis diferença entre os animais limpos e os imundos"
.



Vemos isso na visão de Pedro:

No dia seguinte, indo eles seu caminho e estando já perto da cidade, subiu Pedro ao eirado para orar, cerca de hora sexta. E tendo fome, quis comer; mas enquanto lhe preparavam a comida, sobreveio-lhe um êxtase, e via o céu aberto e um objeto descendo, como se fosse um grande lençol, sendo baixado pelas quatro pontas sobre a terra, no qual havia de todos os quadrúpedes e répteis da terra e aves do céu. E uma voz lhe disse: Levanta-te, Pedro, mata e come. Mas Pedro respondeu: De modo nenhum, Senhor, porque nunca comi coisa alguma comum e imunda. Pela segunda vez lhe falou a voz: Não chames tu comum ao que Deus purificou. Sucedeu isto por três vezes; e logo foi o objeto recolhido ao céu".(Atos 10:9-16)

E depois nós o que Pedro diz como conclusão de sua visão:

"Portanto, se Deus lhes deu o mesmo dom que dera também a nós, ao crermos no Senhor Jesus Cristo, quem era eu, para que pudesse resistir a Deus? Ouvindo eles estas coisas, apaziguaram-se e glorificaram a Deus, dizendo: Assim, pois, Deus concedeu também aos gentios o arrependimento para a vida. (Atos 11:17-18)

A distinção de alimentos apontava para a posição espiritual especial de Israel em relação aos gentios. Quando cessa essa posição, cessa também aquilo que significa essa distinção
.



Muitos cristãos não percebem que a controversa em torno da circuncisão, dos alimentos e dos dias santos no Novo Testamento, não era uma mera polêmica sobre os rituais propriamente ditos, mas era uma polêmica sobre o que os rituais significavam. Remover ou deixar o prepúcio no lugar não significa nada em si mesmo. A polêmica era em torno do que a remoção do prepúcio do pênis significava. Significava o mesmo que a distinção dos alimentos. Tais leis criavam uma separação étnica e cultural dos gentios. Tais leis declaravam o estado espiritual do indivíduo judeu em distinção ao estado espiritual do indivíduo gentio.


Agora, é importante enfatizar que Deus nunca foi racista. A distinção não tinha fundamento racial. A distinção tinha baseética/moral.

Como disse Jeremias:

"Eis que vêm dias, diz o Senhor, em que castigarei a todo circuncidado pela sua incircuncisão: ao Egito, a Judá e a Edom, aos filhos de Amom e a Moabe, e a todos os que cortam os cantos da sua cabeleira e habitam no deserto; pois todas as nações são incircuncisas, e toda a casa de Israel é incircuncisa de coração". (Jeremias 9:25-26)

Paulo confirmou as palavras de Jeremias:

"Porque a circuncisão é, na verdade, proveitosa, se guardares a lei; mas se tu és transgressor da lei, a tua circuncisão tem-se tornado em incircuncisão". (Romanos 2:25)

A soberania de Israel estabelecida por Deus não era com base na raça, pois Deus não é racista. A soberana tinha como base a ética/moral 
e por isso coisas como a circuncisão, distinção de alimentos e cabeleira não cortada nos cantos só tinha sentido se a realidade ética/moral/espiritual do indivíduo judeu fosse superior a do gentio.



Em Deuteronômio nós lemos:

"Eis que vos ensinei estatutos e preceitos, como o Senhor meu Deus me ordenou, para que os observeis no meio da terra na qual estais entrando para a possuirdes. Guardai-os e observai-os, porque isso é a vossa sabedoria e o vosso entendimento à vista dos povos, que ouvirão todos estes, estatutos, e dirão: Esta grande nação é deveras povo sábio e entendido. Pois que grande nação há que tenha deuses tão chegados a si como o é a nós o Senhor nosso Deus todas as vezes que o invocamos? E que grande nação há que tenha estatutos e preceitos tão justos como toda esta lei que hoje ponho perante vós?" (Deuteronômio 4:5-8)

O profeta Isaías profetizou sobre o tempo em que os gentios seriam chamados ao entendimento de que tais ordenanças são puras e justas e aplicariam tais ordenanças em suas próprias nações:

"Acontecerá nos últimos dias que se firmará o monte da casa do Senhor, será estabelecido como o mais alto dos montes e se elevará por cima dos outeiros; e concorrerão a ele todas as nações. Irão muitos povos, e dirão: Vinde, e subamos ao monte do Senhor, à casa do Deus de Jacó, para que nos ensine os seus caminhos, e andemos nas suas veredas; porque de Sião sairá a Lei
, e de Jerusalém a palavra do Senhor. E ele julgará entre as nações, e repreenderá a muitos povos; e estes converterão as suas espadas em relhas de arado, e as suas lanças em foices; uma nação não levantará espada contra outra nação, nem aprenderão mais a guerra. Vinde, ó casa de Jacó, e andemos na luz do Senhor". (Isaías 2:2-5)



Vemos então que a transição que ocorreu entre o Antigo e o Novo Pacto não é a anulação das ordenanças de Deus. Pelo contrário, o que ocorre é o estabelecimento eficaz de suas ordenanças:

"Eis que os dias vêm, diz o Senhor, em que farei um pacto novo com a casa de Israel e com a casa de Judá, não conforme o pacto que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egito, esse meu pacto que eles invalidaram, apesar de eu os haver desposado, diz o Senhor. Mas este é o pacto que farei com a casa de Israel depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei a minha Lei no seu interior, e a escreverei no seu coração; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo... lhes perdoarei a sua iniqüidade, e não me lembrarei mais dos seus pecados. (Jeremias 31.31-34)

Esse oráculo de Jeremias ensina o mesmo que Paulo ensina em todas as suas cartas: a justificação gratuita com base na misericórdia de Deus somente e não nas obras da Lei. Mas ao mesmo tempo, a Lei é inscrita em nossos corações. Como diz Paulo:

"Anulamos, pois, a lei pela fé? De modo nenhum; antes estabelecemos a lei".(Romanos 3:31)

"Pois o pecado não terá domínio sobre vós, porquanto não estais debaixo da lei, mas debaixo da graça. Pois quê? Havemos de pecar porque não estamos debaixo da lei, mas debaixo da graça? De modo nenhum. Não sabeis que daquele a quem vos apresentais como servos para lhe obedecer, sois servos desse mesmo a quem obedeceis, seja do pecado para a morte, ou da obediência para a justiça?" (Romanos 6:14-16)

Muitos cristãos acreditam que não estar de baixo da Lei significa não ter obrigação de cumprí-la. Diante disso, Paulo responde: De modo nenhum
. Não estar de baixo da Lei significa não ser passível da condenação dela. A Lei não tem poder pra me condenar. Mas tendo sido salvo da escravidão do pecado, eu obedeço a justiça conforme revelado por ela.



Paulo explicitamente ensina em sua carta que a Lei é a revelação das justas exigências de Deus para nós. Se não fosse, não poderíamos ser condenados por ela e ela não estaria verdadeiramente nos revelando a vontade de Deus.

"De modo que a lei é santa, e o mandamento santo, justo e bom. Logo o bom tornou-se morte para mim? De modo nenhum; mas o pecado, para que se mostrasse pecado, operou em mim a morte por meio do bem; a fim de que pelo mandamento o pecado se manifestasse excessivamente maligno. Porque bem sabemos que a lei é espiritual; mas eu sou carnal, vendido sob o pecado". (Romanos 7:12-14)

Paulo não está ai ensinando algo novo:

"Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores; antes tem seu prazer na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e noite
. Pois será como a árvore plantada junto às correntes de águas, a qual dá o seu fruto na estação própria, e cuja folha não cai; e tudo quanto fizer prosperará. Não são assim os ímpios, mas são semelhantes à moinha que o vento espalha. Pelo que os ímpios não subsistirão no juízo, nem os pecadores na congregação dos justos; porque o Senhor conhece o caminho dos justos, mas o caminho dos ímpios conduz à ruína". (Salmo 1:1-6)



Jesus não andava segundo o conselho dos ímpios. Ele tinha prazer na Lei do Senhor e nela meditava de dia e de noite. O Salmo ensina a conseqüência daquele que faz isso:

"O teu mandamento me faz mais sábio do que meus inimigos, pois está sempre comigo. Tenho mais entendimento do que todos os meus mestres, porque os teus testemunhos são a minha meditação. Sou mais entendido do que os velhos, porque tenho guardado os teus preceitos". (Salmo 119:98-100)

Isso se cumpriu na vida de Jesus:

"E aconteceu que, passados três dias, o acharam no templo, sentado no meio dos doutores, ouvindo-os, e interrogando-os. E todos os que o ouviam se admiravam da sua inteligência e das suas respostas". (Lucas 2:46-47)



Esse padrão é recorrente em toda a vida de Jesus. Constantemente, ele está contrariando os escribas e fariseus com extrema sabedoria não porque ele odiava a Lei e introduziu um novo sistema ético, mas porque ele conhecia e cumpria as ordenanças de seu Pai como ninguém jamais fez. Isso não foi diferente do caso da mulher adúltera:

"Então os escribas e fariseus trouxeram-lhe uma mulher apanhada em adultério; e pondo-a no meio, disseram-lhe: Mestre, estamulher foi apanhada em flagrante adultério. Ora, Moisés nos ordena na lei que as tais sejam apedrejadas. Tu, pois, que dizes? Isto diziam eles, tentando-o, para terem de que o acusar. Jesus, porém, inclinando-se, começou a escrever no chão com o dedo. Mas, como insistissem em perguntar-lhe, ergueu-se e disse- lhes: Aquele dentre vós que está sem pecado seja o primeiro que lhe atire uma pedra. E, tornando a inclinar-se, escrevia na terra. Quando ouviram isto foram saindo um a um, a começar pelos mais velhos, até os últimos; ficou só Jesus, e a mulher ali em pé. Então, erguendo-se Jesus e não vendo a ninguém senão a mulher, perguntou-lhe: Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou? Respondeu ela: Ninguém, Senhor. E disse-lhe Jesus: Nem eu te condeno;vai-te, e não peques mais". (João 8:3-11)

Em primeiro lugar, temos que estar atento para o objetivo dos escribas e fariseus: "Isto diziam eles, tentando-o, para terem de o acusar". Qualquer interpretação que tenhamos da resposta de Jesus que confirme que ele anulou o que fora dito por Deus por meio de Moisés SIGNIFICA FICAR DO LADO DOS ESCRIBAS E FARISEUS NA OPINIÃO DELES SOBRE JESUS. Qualquer interpretação que tenhamos da resposta de Jesus que confirme que ele anulou o que fora dito por Deus por meio de Moisés significa que Jesus era de fato culpado por distorcer as coisas. 



Os escribas e fariseus disseram que a mulher foi apanhada em flagrante.

Em Moisés lemos:

"Pela boca de duas ou de três testemunhas, será morto o que houver de morrer; pela boca duma só testemunha não morrerá. A mão das testemunhas será a primeira contra ele, para matá-lo, e depois a mão de todo o povo; assim exterminarás o mal do meio de ti". (Deuteronômio 17:6-7)

E também:

"O homem que adulterar com a mulher de outro, sim, aquele que adulterar com a mulher do seu próximo, certamente será morto, tanto o adúltero, como a adúltera". (Levítico 20:10)

Quando Jesus diz "seja o primeiro que lhe atire uma pedra" ele estava citando Deuteronômio 17, pois o texto diz que as testemunhas deveria fazer isso e os escribas e fariseus diziam ser testemunhas. Mas Jesus diz que deveria fazer isso, "Aquele dentre vós que está sem pecado".



Pergunta 1
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Se "trouxeram-lhe uma mulher apanhada em adultério", então ONDE ESTAVA O ADÚLTERO? Eles mencionaram Moisés pra Jesus. Mas Moisés diz: "certamente será morto, tanto o adúltero, como a adúltera". (Levítico 20:10)
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ONDE ESTAVA O ADÚLTERO?
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Pergunta 2

Quando Jesus disse "Aquele dentre vós que está sem pecado" ele estava se referindo a:

+ Ausência de pecado em absoluta como é o caso somente de Deus
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ou

+ Pecado específico?

Vamos considerar as duas possibilidades...




Possibilidade 1

Quando Jesus disse "Aquele dentre vós que está sem pecado" ele estava se referindo a ausência de pecado absoluta como é o caso de Deus somente.


Nesse caso, todo governo, instituição política, juiz, policial, solado e qualquer um que esteja em posição de autoridade civil não tem o direito de existir. Pois toda autoridade civil está edificada sobre o direito de em certas circunstâncias atirar a pedra. Se para passar uma sentença em um tribunal, é necessário ser absolutamente puro de todo o pecado, isso significa que todo o cristão tem a obrigação de virar anarquista pacifista pleno.


Nesse caso também, teríamos que argumentar também que a Bíblia é um livro contraditório e que os apóstolos Paulo e Pedro são falsos apóstolos, pois foram culpados culpados de ensinar aquilo que era contrário aos ensinamentos de Jesus. Pois Paulo disse:


"Porquanto ela é ministro de Deus para teu bem. Mas, se fizeres o mal, teme, pois não traz debalde a espada; porque é ministro de Deus, e vingador em ira contra aquele que pratica o mal". (Romanos 13:4)


E também:


"Sujeitai-vos a toda autoridade humana por amor do Senhor, quer ao rei, como soberano, quer aos governadores, como por ele enviados para castigo dos malfeitores, e para louvor dos que fazem o bem". (I Pedro 2:13-14)


Como poderia o magistrado e as autoridades civis ser enviado por Deus para castigo dos malfeitores se Jesus havia dito que isso só poderia ser feito por aquele que é completamente puro e insento de pecado como é o caso de Deus?

Se Jesus havia dito que isso só poderia ser feito por aquele que é completamente puro e insento de pecado como é o caso de Deus, o que temos ai não é um problema somente para o teonomista. O que temos ai é um problema pra qualquer um que defenda que um assassino ou estrupador, por exemplo, deva ser reprimido pelo governo civil (ex: polícia). O que temos aí é um problema para qualquer um que Paulo e Pedro eram inspirados por Deus quando ensinaram que o governo civil deve punir o mal.



Possibilidade 2

É o que eu defendo. Quando Jesus diz disse "Aquele dentre vós que está sem pecado" ele não estava restringindo a possibilidade de governo civil somente aqueles que são completamente imaculados (como a Virgem Maria talvez =P), mas estava se referindo a pecadoespecífico dos indivíduos.


No final do discurso Jesus diz pra mulher"Vai e não peques mais". Eu não creio que Jesus estava dizendo que ela deveria permanecer por toda a sua vida sem cometer qualquer pecado, mas eu creio que está claro que ele estava se referindo especificamente ao pecado de adultério. Ele estava dizendo pra ela deixar de ser adúltera que tinha sido o motivo que levou ela aquela confusão toda.


Lemos a mesma linguagem outra ocasião no mesmo Evangelho:


"Perguntaram-lhe, pois: Quem é o homem que te disse: Toma o teu leito e anda? Mas o que fora curado não sabia quem era; porque Jesus se retirara, por haver muita gente naquele lugar. Depois Jesus o encontrou no templo, e disse-lhe: Olha, já estás curado; não peques mais, para que não te suceda coisa pior". (João 5:12-14)


Eu acho que está claro que ele estava referindo ao pecado específico que tinha levado aquela doença que Jesus havia curado. Jesus estava falando de pecado específico que se ele voltasse pra ele, poderia ocorrer algo pior com ele.

Os escribas e fariseus estavam se comportando de forma ilegal.

Eu já mostrei que a legislação mosaica exigia que o adúltero recebesse a pena capital junto com a adúltera.

Outra coisa importante é que a Lei de Deus exigia um julgamento justo e não uma multidão insana correndo atrás de quem quer que achasse pra punir com as próprias mãos sem qualquer ordem.

"Juízes e oficiais porás em todas as tuas cidades que o Senhor teu Deus te dá, segundo as tuas tribos, para que julguem o povo com justiça. Não torcerás o juízo; não farás acepção de pessoas, nem receberás peitas; porque a peita cega os olhos dos sábios, e perverte a causa dos justos. A justiça, somente a justiça seguirás, para que vivas, e possuas em herança a terra que o Senhor teu Deus te dá". (Deuteronômio 16:18-20)



No caso da mulher adúltera, além desses problemas todos, eu creio que Jesus estava acusando de serem eles mesmos os culpados pelo pecado específico de adultério com a mulher ou do crime de adultério de forma geral. Por isso, como testemunhas de si mesmos, eles iriam deveriam começar a atirar a pedra uns nos outros e morrer todo mundo.

"Mas, ouvindo eles esta resposta e acusados pela própria consciência, foram-se retirando um por um, a começar pelos mais velhos até aos últimos, ficando só Jesus e a mulher no meio onde estava". (João 8:9)



Isaías viu o que eventualmente iria acontecer mediante o reino do Messias:

"Eis que reinará um rei com justiça, e com retidão governarão príncipes. um varão servirá de abrigo contra o vento, e um refúgio contra a tempestade, como ribeiros de águas em lugares secos, e como a sombra duma grande penha em terra sedenta. Os olhos dos que vêem não se ofuscarão, e os ouvidos dos que ouvem escutarão. O coração dos imprudentes entenderá o conhecimento, e a língua dos gagos estará pronta para falar distintamente. Ao tolo nunca mais se chamará nobre, e do avarento nunca mais se dirá que é generoso. Pois o tolo fala tolices, e o seu coração trama iniqüidade, para cometer profanação e proferir mentiras contra o Senhor, para deixar com fome o faminto e fazer faltar a bebida ao sedento". (Isaías 32:1-6)

Por isso Paulo mandou orar pelos governantes:

"Exorto, pois, antes de tudo que se façam súplicas, orações, intercessões, e ações de graças por todos os homens, pelos reis, e por todos os que exercem autoridade, para que tenhamos uma vida tranqüila e sossegada, em toda a piedade e honestidade".
(I Timóteo 2:1-2)

Jesus não aniquilou o governo civil, mas ele progressivamente submete os governantes a ele para que governem com justiça e retidão. Justiça e retidão é definido pela sua lei e não pela mente autônoma do homem.



"Os reis da terra se levantam, e os príncipes juntos conspiram contra o Senhor e contra o seu Messias, dizendo: Rompamos as suas ataduras, e sacudamos de nós as suas cordas. Aquele que está sentado nos céus se rirá; o Senhor zombará deles. Então lhes falará na sua ira, e no seu furor os confundirá, dizendo: Eu tenho estabelecido o meu Rei sobre Sião, meu santo monte. Falarei do decreto do Senhor; ele me disse: Tu és meu Filho, hoje te gerei. Pede-me, e eu te darei as nações por herança, e as extremidades da terra por possessão... Agora, pois, ó reis, sede prudentes; deixai-vos instruir, juízes da terra. Servi ao Senhor com temor, e regozijai-vos com tremor". (Salmo 2:2-11)



Algumas considerações importantes...

"Ora, nós sabemos que tudo o que a lei diz, aos que estão debaixo da lei o diz, para que se cale toda boca e todo o mundo fique sujeito ao juízo de Deus".(Romanos 3:19)


Se as exigências éticas/morais da Lei tivesse jurisdição somente sobre o judeu e não também sobre o gentio, o mundo inteiro não poderia estar sujeito ao juízo de Deus com base no que a Lei diz, mas somente Israel.


Isso é confirmado por Levítico:


"Disse mais o Senhor a Moisés: Também dirás aos filhos de Israel: Qualquer dos filhos de Israel, ou dos estrangeiros peregrinos em Israel, que der de seus filhos a Moloque, certamente será morto; o povo da terra o apedrejará. Eu porei o meu rosto contra esse homem, e o extirparei do meio do seu povo; porquanto eu de seus filhos a Moloque, assim contaminando o meu santuário e profanando o meu santo nome. E, se o povo da terra de alguma maneira esconder os olhos para não ver esse homem, quando der de seus filhos a Moloque, e não matar, eu porei o meu rosto contra esse homem, e contra a sua família, e o extirparei do meio do seu povo, bem como a todos os que forem após ele, prostituindo-se após Moloque". (Levítico 20:1-5)


Não há qualquer contradição entre esse mandamento e o mandamento de amar o nosso próximo e nem há contradição entre esse mandamento e o mandamento de não assassinar. A mera idéia de que exista contradição entre esse mandamento e os mandamentos de amor, demonstra o quão nossas mentes tem sido influênciado por tradições pagãs/iluministas. No capítulo anterior nós lemos:


"Não andarás como mexeriqueiro entre o teu povo; nem conspirarás contra o sangue do teu próximo. Eu sou o Senhor. Não odiarás a teu irmão no teu coração; não deixarás de repreender o teu próximo, e não levarás sobre ti pecado por causa dele.
(Levítico 19:16-17)

A falta de amor ao próximo, na verdade, consiste em permitir que seja legalizado o assassinato de bebês em massa por adoradores de Moloque ou médicos abortitas. A falta de aplicação de pena de morte contra assassinos de bebês em nome de Moloque ou de feministas é que é falta de amor. É a deturpação do juízo. Uma nação que faz isso é julgada e punida por Deus:

"Guardareis, pois, todos os meus estatutos e todos os meus preceitos, e os cumprireis; a fim de que a terra, para a qual eu vos levo, para nela morardes, não vos vomite". (Levítico 20:22)

Não é amor uma nação que deixa os culpados oprimir os inocentes. É amor uma nação cujos magistrados punem o mal e louvam o bem (Romanos 13).

Deus julgou Israel quando Israel não fez isso assim como julgou os gentios. O juízo histórico de Deus não deixou de existir mediante o estabelecimento do Novo Pacto. Deus continua julgando as nações. Quando Jesus subiu aos céus, ele subiu para um trono.



O homem moderno acredita que o estado pode e deve ser laico. O cristão moderno concorda. Isto é, o cristão moderno acredita que o estado deve, como a Roma pagã, reconhecer e reverenciar todos os deuses ou então, como os governos autoritários comunistas agir como se nenhum deus existisse, mas jamais poderá como a Genebra de Calvino reconhecer que Jesus Cristo é a fonte de toda autoridade.

"Disse o Senhor a Samuel: Ouve a voz do povo em tudo quanto te dizem, pois não é a ti que têm rejeitado, porém a mim, para que eu não reine sobre eles". (I Samuel 8:7)

Mas o Apóstolo João escreveu que Jesus Cristo é o “Soberano dos reis da terra”. (Ap 1.5).

Pôncio Pilatos, tomado por completa demência, acreditava ser Soberano sobre Jesus. “Pilatos o advertiu: Não me respondes? Não sabes que tenho autoridade para te soltar e autoridade para te crucificar?” (João 19.10) Pôncio Pilatos acreditava na Soberania de si mesmo e de Roma. Mas Jesus lhe respondeu: “Nenhuma autoridade terias sobre mim, se de cima não te fora dado...” (João 19:11)

Pôncio Pilatos não poderia ser um soberano absoluto, pois a sua jurisdição era limitada e submetido pela Soberania de Deus. Todavia Pôncio Pilatos, confiava na soberania de Roma pare estabelecer e firmar o seu próprio poder. Mas como está escrito: “Assim diz o Senhor: Maldito o varão que confia no homem, e faz da carne o seu braço, e aparta o seu coração do Senhor!” (Jeremias 17:5)



E também: “Ai dos que descem ao Egito a buscar socorro, e se estribam em cavalos, e têm confiança em carros, por serem muitos, e nos cavaleiros, por serem muito fortes; e não atentam para o Santo de Israel, e não buscam ao Senhor. Todavia também ele é sábio, e fará vir o mal, e não retirará as suas palavras; mas levantar-se-á contra a casa dos malfeitores, e contra a ajuda dos que praticam a iniqüidade. Ora os egípcios são homens, e não Deus... quando o Senhor estender a sua mão, tanto tropeçará quem dá auxílio, como cairá quem recebe auxílio, e todos juntamente serão consumidos”. (Isaías 31:1-3) Assim como Pôncio Pilatos confiava na soberania de Roma pare estabelecer e firmar o seu próprio poder, os líderes judaicos no tempo de Isaías confiavam na soberania do Egito. Mas o homem, como parte da Criação, não tem a sua origem em si mesma como se fosse auto-suficiente, mas deriva a sua existência de Deus, sendo inteiramente dependente dele. Por esse motivo erram todas as nações e todos os governos que acreditam derivar o poder de governar do poder do homem. “Todos juntamente serão consumidos”. (Isaías 31:1-3)

Mas Jesus não confiava na soberania do homem, mas confiava naquele que lhe disse: “Pede-me, e eu te darei as nações por herança, e as extremidades da terra por possessão”. (Salmo 2:8) Por esse motivo, Jesus Cristo disse a Pôncio Pilatos: “O meu reino não é deste mundo; se o meu reino fosse deste mundo, pelejariam os meus servos, para que eu não fosse entregue aos judeus; entretanto o meu reino não é daqui. Perguntou-lhe, pois, Pilatos: Logo tu és rei? Respondeu Jesus: Tu dizes que eu sou rei. Eu para isso nasci, e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz”. (João 18:36-37)



Muitos cristãos acreditam que essa passagem prova que o reino de Jesus Cristo não tem significância para os governantes da terra. Muitos cristãos acreditam que essa passagem prova que os governantes da terra têm o dever e obrigação moral de governar conforme o desejo de todos os deuses ou como se nenhum deus existisse, incluindo Jesus Cristo. Essa obrigação moral, é claro, não pode vir de Jesus Cristo, mas da vontade do homem, pois aparentemente Jesus só é o Senhor dos espíritos e no mundo material, somente do coração. A Confissão: “Se com a tua boca confessares que Jesus Cristo não tem jurisdição sobre órgãos públicos e com o teu coração crer que o estado é laico, serás salvo”. 

O que Jesus Cristo ensinou foi exatamente o oposto disso. Ao contrário de Pôncio Pilatos que confiava na soberania de Roma pare estabelecer e firmar o seu próprio poder, Jesus Cristo confiava na Absoluta Soberania de seu Pai. Quando Jesus diz “O meu Reino não é deste mundo” ele está falando da origem e fundamento de seu Reino e não dos limites de sua jurisdição. A origem e o fundamento de seu Reino era Deus e o seu poder. Por isso ele diz “se o meu reino fosse deste mundo, pelejariam os meus servos, para que eu não fosse entregue aos judeus”. O Pai havia determinado que o seu reino seria estabelecido pela sua morte e ressurreição. Por isso, se ele pelejasse pelo reino e resistisse a sua morte ele estaria se rebelando contra o Pai que havia determinado estabelecer o seu Reino dessa forma.



Como o Apóstolo Paulo explicou: Deus “operou em Cristo, ressuscitando-o dentre os mortos e fazendo-o sentar-se à sua direita nos céus, muito acima de todo principado, e autoridade, e poder, e domínio, e de todo nome que se nomeia, não sóneste século, mas também no vindouro; e sujeitou todas as coisas debaixo dos seus pés...” (Efésios 1:17-22) Como disse também João: “Jesus Cristo é a testemunha fiel, o primogênito dentre os mortos e o Soberano dos reis da terra. Ele que nos ama e nos libertou dos nossos pecados por meio do seu sangue”. (Apocalipse 1:5)







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