Pesquisar este blog

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

O pacto do casamento


Por Frank Brito






Casamento é um pacto. O pacto estabelecido entre o homem e a mulher de ser marido e esposa. O relacionamento sexual é o meio pelo qual o pacto é selado. Mas o relacionamento sexual pode existir sem que o pacto tenha sido estabelecido. Confundir o casamento com o relacionamento sexual é confundir o pacto com o selo. O pacto é selado pela relação sexual, mas a relação sexual não é, em si mesma, o próprio pacto. A relação sexual pode existir sem o pacto do casamento. Neste caso, há imoralidade sexual... Quando há o relacionamento sexual sem o pacto estabelecido...
Paulo diz: "De modo que aquele que dá em casamento a sua filha donzela, faz bem; mas o que não a der, fará melhor". (I Coríntios 7.38) Paulo fala em "dar em casamento". O verbo aqui é "ekgamizo", o mesmo usado por Jesus nos Evangelhos: "O povo vivia comendo, bebendo, casando-se e sendo dado em casamento, até o dia em que Noé entrou na arca. Então veio o dilúvio e os destruiu a todos". (Lucas 17.27) A idéia remete ao que diz a Lei: "Se alguém seduzir alguma virgem, que não for desposada, e se deitar com ela, certamente a dotará e tomará por sua mulher. Se seu pai inteiramente recusar dar-lha, pagará ele em dinheiro conforme ao dote das virgens". (Êxodo 22.16-17) Note que ainda tenha ocorrido a relação sexual, não havia casamento. Isso demonstra o que eu disse acima, que a relação sexual não pressupõe nem significa casamento. Neste caso, a relação sexual é considerado como uma ofensa direta ao pai da moça que perdeu a virgindade. Isso pressupõe a autoridade legal do pai de dar a filha em casamento OU NÃO. Essa pressuposição é a MESMA que encontramos no Novo Testamento em I Coríntios 7 e por isso diz "dá em casamento". Isso faz parte da estrutura familiar em que o PAI é o CABEÇA da família e por isso tem autoridade legal sobre a filha, tendo a honra de sua família ofendida quando a sua filha tem relação sexual sem o pacto do casamento estabelecido.
Paulo diz: "mas, por causa da prostituição, tenha cada homem sua própria mulher e cada mulher seu próprio marido". (I Coríntios 7.2) A palavra aqui traduzida por "prostituição" é a palavra "porneia". Não significa somente aquilo que costumamos chamar de "prostituiçao" - mulheres (e homens tb) que comercializam o sexo. "Porneia" significa qualquer imoralidade sexual. Pra saber o que é imoralidade sexual e o que não é, devemos procurar a definição em outros lugares da Bíblia em que é proibido relações sexuais de diversos tipos. Em I Coríntios 7, está claro que a "prostituição" no caso é qualquer forma de relação sexual sem que exista o pacto do casamento. Pois ele fala do casamento como a única alternativa aceitável para a incapacidade do celibato: "Mas, se não podem conter-se, casem-se... Todavia o que está firme em seu coração, não tendo necessidade, mas com poder sobre a sua própria vontade, se resolveu no seu coração guardar a sua virgem, faz bem". (I Coríntios 7.9,37) Isso significa que "porneia", isto é, prostituição e imoralidade sexual aqui é o relacionamento sexual sem o casamento.


Tendo dito isso, vamos a questão do MEIO pelo qual o pacto é estabelecido. Neste ponto, eu creio que precisamos fazer uma distinção importante: a distinção entre o que ESTABELECE o pacto do casamento como existindo e o RECONHECIMENTO do casamento por alguma instituição. 


Neste ponto, eu não acredito que não é nem a Igreja e NEM o Governo Civil quetem o PODER de ESTABELECER o casamento, mas tem somente o DEVER de RECONHECER e o direito até mesmo de CELEBRAR o casamento como sendo estabelecido. Vejamos melhor a distinção entre uma coisa e outra...


Se o poder de ESTABELECIMENTO do casamento DEPENDER do governo civil, isso tem algumas implicações sérias:


1) O governo civil teria o poder de fazer com que a instituição Divina deixe de existir. No Brasil, o casamento civil foi estabelecido com a aprovação do Decreto n. 181, de 24 de janeiro de 1890 por Manuel Deodoro da Fonseca. O decreto sofreu forte resistência do clero romanista que chamava o casamento civil de "imoral". O objetivo do clero romanista era manter o monopolio da instituição do casamento. Isso significa que um PROTESTANTE até essa data NÃO TINHA COMO SE CASAR POR MEIO DO ESTADO, pois o único casamento reconhecido oficialmente era aquele do catolicismo romano.


Então se o poder de ESTABELECIMENTO do casamento DEPENDER do governo civil, isso significa que a existência do casamento para protestantes (e outros) teve que esperar até 1890 para existir. Isso significaria que se os governantes acordassem amanhã dizendo que o casamento não será uma instituição reconhecida mais pelo Estado (ou como na obra "Admirável Mundo Novo" de Aldous Huxley - proibindo) , TODOS OS NOIVOS SERÃO OBRIGADOS A VIVER EM ETERNA FORNICAÇÃO/PROSTITUIÇÃO.


E tem mais...


Se o poder de ESTABELECIMENTO do casamento DEPENDER do governo civil, isso significa que ele tem o poder de estabelecer como VALIDO o casamento entre homossexuais, mãe e filho, irmãos, com animais (zoofilia), etc. Pois se o poder de estabelecimento está no governo civil, então ele pode estabelecer e deixar de estabelecer o que ele quiser...


Isso, ao meu ver, demonstra que o poder de ESTABELECER o casamento, não DEPENDE do governo civil, mas existe independente dele...


O próximo ponto...


Se o poder de ESTABELECIMENTO do casamento DEPENDER da IGREJA, isso também tem algumas implicações sérias:


- Todos os ímpios que se reconhecem como casados não se de fato casados, mas são fornicadores. Pois se um homem é um budista ou um muçulmano, ele não irá comparecer na igreja de Deus para que o seu casamento seja estabelecido. Mas a Bíblia não estabelece o casamento como algo que existe somente entre os santos, mas também reconhece como válido o casamento entre não-cristãos. Pois se o poder de ESTABELECIMENTO do casamento DEPENDER da IGREJA, isso significa que aqueles que não fazem parte da Igreja não são casados, mas são fornicadores.


 Tendo dito isso, precisamos dirigir nossa reflexão pra três coisas:


- Qual é o papel do governo civil em relação o casamento?


- Qual é o papel da Igreja em relação ao casamento?


- O que de fato ESTABELECE o pacto do casamento?


1) Qual é o papel do governo civil em relação o casamento?


O papel do governo civil não é de ESTABELECER o casamento, mas de RECONHECER aquilo que ESTÁ SENDO ESTABELECIDO. E o objetivo do reconhecimento é a PROTEÇÃO DOS DIREITOS DO CASAL. Alguns exemplos:


a) Se o casal morre e tem filhos, a PROPRIEDADE dos pais deve (normalmente) ser herdada pelos filhos. O papel do governo civil, neste caso é de fato PROTEGER a propriedade como sendo de fato dos filhos e não de ninguém outro.


b) O marido morre e a mulher permanece viva. O papel do governo civil deve ser de proteger a propriedade do marido como sendo de fato da mulher e não de qualquer outra pessoa.


Nos dois casos citados acima, é necessário que o casamento seja OFICIALMENTE reconhecido e registrado pelo governo civil para que ele possa, de forma justa, reconhecer quem é a esposa, quem é o marido, quem são os filhos do casal e proteger aquilo que é de cada um como sendo seu...


É por esse motivo que a união civil entre homossexuais no Brasil e proposta de reconhecimento de casamento entre gays é imoral e blasfema. O governo não pode reconhecer como sendo aquilo que não é. "Casais" homossexuais não tem os mesmos direitos ligados a propriedade que casais genuínos, pois determinados direitos que existem ligados a casais genuínos SÓ existem por causa da ordem estabelecida por DEUS (e não por qualquer homem) na instituição do casamento. O governo civil não pode estabelecer como sendo aquilo que não existe. A viuva tem direito a propriedade de seu marido PORQUE ELA ERA SUA ESPOSA. Se não há casamento, não há direito.


Outra coisa que precisa ser protegida pelo governo civil em relação ao casamento é o seguinte:


- A autoridade da esposa como sendo a única e exclusiva com quem seu marido se relaciona sexualmente.


- A autoridade do marido como sendo o único e exclusivo com quem a sua esposa se relaciona sexualmente.


Neste caso, o reconhecimento do governo civil da existência do casamento é o que estabelece a possibilidade do governo civil trazer sanções contra os adulteros. Neste caso também, o reconhecimento do governo civil da não existência de um casamento é o que estabelece a possibilidade do governo civil trazer sanções contra aqueles que fornicam com uma moça solteira que está sob a autoridade legal de seu pai.


2) Qual é o papel da Igreja em relação ao casamento?


O papel da IGREJA não é de ESTABELECER o casamento, mas de RECONHECER aquilo que ESTÁ SENDO ESTABELECIDO. A Igreja tem o dever Divino de edificar, ajudar e honrar o casamento da mesma forma que tem dever legal sob Deus de excomungar adulteros, fornicadores, zoofilos, sodomitas e incestuosos IMPENITENTES (I Coríntios 5). Mas pra que isso seja possível, é necessário que o casamento seja OFICIALMENTE reconhecido... para que seja possível distinguir a relação que está existindo entre homens e mulheres...


3) O que de fato ESTABELECE o casamento?


O casamento é estabelecido quando há a aceitação de um pacto mutuo (do homem e da mulher) de que são marido e esposa, assumindo mutuamente o compromisso e se apresentando publicamente desta forma e selando o pacto na relação sexual...


Este pacto é estabelecido de diferentes maneiras em diferentes culturas e por diferentes pessoas, mas a essência é a mesma. Se o pacto é estabelecido por ateus diante de um juiz, por cristãos diante de um clérigo, por muçulmanos na mesquita ou por qualquer um dentro de uma tenda como os patriarcas, não faz diferença. A questão é que o pacto de casamento precisa ser de fato estabelecido, independente do costume, para que haja relação sexual valida, de forma que qualquer relação fora do pacto é adulterio e de forma que o pacto só pode ser quebrado por meio da traição de um dos conjugues...


A sofisma reside no seguinte... Você usa a ausência de uma equivalencia dos COSTUMES bíblicos como OS NOSSOS pra anular a necessidade do EXPLICITO estabelecimento do pacto de MARIDO E ESPOSA como crtiério para a existência do relacionamento sexual válido... Com isso você ignora que na Bíblia, apesar dos COSTUMES não ser igual o nosso, ainda assim havia um MOMENTO antes do estabelecimento do pacto em que NÃO HAVIA casamneto e DEPOIS do estabelecimento do pacto em que HAVIA casamento... Isso está explicito pelo fato da Bíblia, de diversas formas diferenciar a relação entre casados (aprovada) e entre não casados (condenada)... O texto que eu citei da Lei é um exemplo em que em caso de relacionamento sexual sem casamento, o pai da moça que tivesse sob a tutela era reconhecido como legalmente ofendido e por isso o homem que se relacionou deveria ser punido... A clara distinção entre o relacionamento sexual entre casados e não casados que faz parte da argumentação de Paulo no Novo Testamento em I Coríntios 7 também pressupõe de forma clara e incondicional a dinstinção de momentos em que se não é casado e depois não é... Por isso não há forma ou maneira que você pode relativizar a mudança de estado civil como se a Bíblia não fosse clara nesta ponto...


A "a união vitalícia, de amor, fidelidade, respeito e sustento mútuos" não é o pacto. O pacto é o acordo estabelecido de ser marido e esposa. O pacto não precisa de amor e nem respeito ou sustento mutuo pra existir. Um marido que não ama sua esposa continua sendo marido dela mesmo que ele não a ame.


Ao colocar o casamento como equivalente a sentimentos e ações subjetivas, você está novamente tentando relativizar o pacto. Se um homem e uma mulher tem sentimentos um pelo outro, isso não significa que exista casamento.


 Sobre o seu entendimento da relação masculina-feminina, é uma pena que voce tenha abaixado a cabeça para o modernismo/pós-modernismo (como um bom neo-ortodoxo que é). A Palavra de Deus, todavia, permanece apesar do que pensa a sociedade brasileira ocidental:


"Vós, mulheres, sujeitai-vos a vossos maridos, como ao Senhor; Porque o marido é a cabeça da mulher, como também Cristo é a cabeça da igreja, sendo ele próprio o salvador do corpo. De sorte que, assim como a igreja está sujeita a Cristo, assim também as mulheres sejam em tudo sujeitas a seus maridos". (Efésios 5.22-24)




‎"Assim como Cristo é ETERNAMENTE o cabeça da Igreja, deveriam as mulheres da Igreja de Éfeso, em seu tempo e lugar, portarem-se como boas esposas (o conceito grego de boa esposa, em se tratando de Éfeso) e submeterem-se à autoridade marital conforme exigiam a lei e os costumes gregos. Questão de bom testemunho".

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Não julgueis.






Por Frank Brito


“Não julgueis, para que não sejais julgados”. (Mateus 7:1)

Certamente este é um dos versos mais conhecidos da Bíblia. É também um dos mais mal compreendidos. O entendimento comum das palavras de Jesus é que não temos o direito de analisar de forma crítica nada nem ninguém, mas que devemos reconhecer o direito de cada um de pensar e agir da maneira que achar melhor sem ser moralmente criticado ou repreendido por isso. O problema dessa interpretação das palavras de Jesus Cristo é que, logo em seguida e no mesmo sermão, ele manda que a gente faça uma avaliação crítica de determinadas pessoas:

“Guardai-vos dos falsos profetas, que vêm a vós disfarçados em ovelhas, mas interiormente são lobos devoradores. Pelos seus frutos os conhecereis...” (Mat 7.15-16)

Aqui Jesus ordena que a gente faça uma análise crítica para descobrir se alguém é um falso profeta ou não. O meio de avaliar isso, segundo Jesus, é “pelos seus frutos”. Se Jesus tivesse ensinado que não temos o direito de analisar nada nem ninguém de forma crítica e que devemos reconhecer o direito de cada um de pensar e agir da maneira que achar melhor sem ser moralmente criticado ou repreendido por isso, então ele teria nos proibido da tentativa de identificar quem sejam os falsos profetas. A ordem de identificar os falsos profetas pressupõe que não só a validade, mas também a necessidade de fazermos análises críticas das pessoas com quem convivemos e temos contato. Portanto, as palavras de Jesus precisam ser entendidas de outra maneira.

As palavras de Jesus em outro contexto nos esclarecer sobre o real sentido do que ele disse no Sermão do Monte:

“Vós julgais segundo a carne; eu a ninguém julgo. E, se na verdade julgo, o meu juízo é verdadeiro, porque não sou eu só, mas eu e o Pai que me enviou”. (João 8.15-16)



Quando Jesus diz “eu a ninguém julgo” e em seguida “o meu juízo é verdadeiro”, ele não está entrando em contradição, mas está enfatizando a origem de seu julgamento. O seu julgamento não era propriamente seu – em sua natureza humana – mas tinha origem no Pai. Neste ponto, é bom ter sempre em mente o que as Escritura ensinam sobre a dupla natureza de Jesus Cristo. Jesus Cristo é verdadeiramente Deus e ao mesmo tempo é verdadeiramente humano. Quando as Escrituras se referem a Jesus Cristo, elas podem estar enfatizando tanto o aspecto humano quanto o Divino de sua pessoa. m Mateus 1.18, por exemplo, está escrito: “O nascimento de Jesus Cristo foi assim…” Por outro lado, em João 8.58, está escrito: “E disse-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que antes que Abraão existisse, EU SOU”. Mas como poderia essas duas afirmações a respeito de Jesus Cristo ser igualmente verdadeiras? Como poderia Jesus Cristo ter nascido como um homem e ao mesmo tempo ter existido antes do próprio Abraão de quem ele era descendente biológico? As duas afirmações são igualmente verdadeiras pelo fato de que na pessoa de Jesus Cristo havia tanto uma natureza humana quanto a natureza Divina. Jesus Cristo existia antes de Abraão, em sua Divindade. Nesse aspecto, ele além de ser anterior a Abraão cronologicamente, era também o Criador do próprio Abraão. “Todas as coisas foram feitas por ele e sem ele nada do que foi feito se fez”. (João 1.3) Mas sob o aspecto humano Jesus Cristo era um descendente de Abraão, passando a existir somente depois dele. É por esse motivo que Tomé não hesitou em clamar prostrado diante de Jesus: “Meu Deus e meu Senhor!” (João 20.28) Não é porque Tomé acreditava que Deus somente passou a existir a partir do momento em que Maria deu luz ao filho primogênito ou porque Tomé deixou de acreditar em um Deus diferente daquele que se revelou aos judeus. É porque Tomé sabia que Jesus, antes de seu nascimento, já pré-existia em sua Divindade.


Sendo assim, em um sentido verdadeiro, poderia ser dito que ele a ninguém julgava. Pois o juízo que ele emitia não era outra coisa se não a declaração da verdade cuja origem estava em Deus e não na natureza humana. Como ele diz logo em seguida: “Porque eu não tenho falado de mim mesmo; mas o Pai, que me enviou, ele me deu mandamento sobre o que hei de dizer e sobre o que hei de falar”. (João 12.49) O erro de seus oponentes era julgar “segundo a carne”, isto é, segundo o padrão humano, como se a verdade tivesse origem neles. Em outra ocasião lemos Jesus falando: “Não julgueis segundo a aparência, mas julgai segundo a reta justiça”. (João 7:24) Julgar conforme a reta justiça significa julgar segundo o padrão estabelecido por Deus. Julgar segundo a reta justiça significa se omitir de um juízo cuja origem está no próprio homem, para ser somente um porta voz do juízo que pertence unicamente a Deus.


Quando refletimos sobre a realidade do Juízo, somos levados a um discernimento da maneira pela qual devemos viver e da forma que precisamos ensinar que outros vivam de forma a evitar tal Juízo. Aqueles que ignoram a realidade do Juízo de Deus vivem como se jamais serão julgados. Mas aqueles que reconhecem que serão julgados, precisar discernir entre o bem e o mal que serve como base do Juízo. O Juízo de Deus é o fundamento da capacidade humana de discernir entre o bem e o mal. O padrão que serve de base para o julgamento do homem é o padrão pelo qual o homem deve discernir entre o bem e o mal. Se “Deus há de julgar os segredos dos homens, por Jesus Cristo” (Romanos 2.16), isso significa que deve existir antes deste Juízo, um meio de adquirir discernimento entre o bem e o mal que serve de base para o Julgamento. A relação entre o Juízo de Deus e a necessidade de discernimento antes do Juízo reflete o que Paulo ensinou sobre o litígio entre os membros da igreja de Corinto:

Ousa algum de vós, tendo uma queixa contra outro, ir a juízo perante os injustos, e não perante os santos? Ou não sabeis vós que os santos hão de julgar o mundo? Ora, se o mundo há de ser julgado por vós, sois porventura indignos de julgar as coisas mínimas? Não sabeis vós que havemos de julgar os anjos? Quanto mais as coisas pertencentes a esta vida? Então, se tiverdes negócios em juízo, pertencentes a esta vida, constituís como juízes deles os que são de menos estima na igreja? Para vos envergonhar o digo. Será que não há entre vós sequer um sábio, que possa julgar entre seus irmãos?” (I Coríntios 6.1-5)



O argumento de Paulo era que se os cristãos irão participar do juízo de Deus sobre o mundo no fim da História, eles então devem ser competentes para discernir corretamente entre o bem e o mal aqui e agora. Os santos deveriam ser capazes de constituir juízes justos, pois tinham acesso a revelação de Deus que define o que é justo e injusto. Moisés já havia escrito sobre a soberania do padrão moral revelado pela Lei de Deus em relação ao padrão moral dos pagãos: “Vedes aqui vos tenho ensinado estatutos e juízos, como me mandou o SENHOR meu Deus; para que assim façais no meio da terra a qual ides a herdar. Guardai-os pois, e cumpri-os, porque isso será a vossa sabedoria e o vosso entendimento perante os olhos dos povos, que ouvirão todos estes estatutos, e dirão: Este grande povo é nação sábia e entendida. Pois, que nação há tão grande, que tenha deuses tão chegados como o SENHOR nosso Deus, todas as vezes que o invocamos? E que nação há tão grande, que tenha estatutos e juízos tão justos como toda esta Lei que hoje ponho perante vós? Tão-somente guarda-te a ti mesmo, e guarda bem a tua alma, que não te esqueças daquelas coisas que os teus olhos têm visto, e não se apartem do teu coração todos os dias da tua vida; e as farás saber a teus filhos, e aos filhos de teus filhos”. (Deuteronômio 4.5-9) A sabedoria da Lei de Deus em contraste com a flagrante estupidez dos estatutos e ordenanças dos pagãos vinha do fato da Lei ter sido revelada por Deus: “Vos tenho ensinado estatutos e juízos, como me mandou o SENHOR”. (v.5) Os cristãos, ao contrário dos pagãos, tinham ciência do padrão que servirá de base para o julgamento do homem no fim da História e por isso deveriam ser os mais competentes, aqui e agora, tanto pra discernir entre o bem e o mal.


A reclamação de Paulo aos coríntios é que eles não estavam vivendo em conformidade a este princípio: “Para vos envergonhar o digo. Será que não há entre vós sequer um sábio, que possa julgar entre seus irmãos?” (I Coríntios 6.5) Apesar de terem acesso a revelação de Deus, que é o fundamento de todo discernimento correto e apurado, eles não utilizavam da revelação recebida e por isso eram incapazes de julgar entre seus irmãos. É a mesma reclamação que é feita na carta aos Hebreus: “Muito temos que dizer, de difícil interpretação; porquanto vos fizestes negligentes para ouvir. Porque, devendo já ser mestres pelo tempo, ainda necessitais de que se vos torne a ensinar quais sejam os primeiros rudimentos das palavras de Deus; e vos haveis feito tais que necessitais de leite, e não de sólido mantimento. Porque qualquer que ainda se alimenta de leite não está experimentado na palavra da justiça, porque é menino. Mas o mantimento sólido é para os maduros, os quais, em razão do costume, têm os sentidos exercitados para discernir tanto o bem como o mal”. (Hebreus 5.11-14) O autor aqui reclama que os leitores ainda não estavam prontos para compreender assuntos mais complexos porque eles eram não conseguiam dominar nem mesmo os assuntos mais fáceis. Apesar de todo o tempo que já eram cristãos, ainda era necessário tratá-los como bebês recém convertidos. O sinal da maturidade, diz ele, era a capacidade desenvolvida de discernir o bem e mal.

Sendo assim, as palavras de Jesus no sermão da montanha não devem ser entendidas como uma proibição da gente emitir juízo tenha origem no próprio homem, na opinião humana. O nosso juízo pra ser válido e verdadeiro, precisa ser propriamente o juízo de Deus.



Aqui então surge uma pergunta importante:

Aqueles que se omitem de falar as palavras de Deus sob o pretexto de "não julgar", não estão na verdade transgredindo a ordem deste verso, tendo em vista que sob o pretexto de "não julgar", estabelecem um padrão que julgam mais brando e com base nesse padrão que não vem de Deus, eles ensinam aquilo que não vem de Deus, mas de suas próprias mentes humanas?



Esse texto aqui também é interessante:

"Não odiarás a teu irmão no teu coração; não deixarás de repreender o teu próximo, e por causa dele não sofrerás pecado". (Levítico 19:17)

Parece que "deixar rolar" está associado a "odiar a teu irmão no teu coração".



Esse é propósito do "julgamento justo" e repreensão, levar o irmão a um exame próprio para que possa se voltar para Deus:


"Conjuro-te, pois, diante de Deus e do Senhor Jesus Cristo, que há de julgar os vivos e os mortos, na sua vinda e no seu Reino, que pregues a palavra, instes a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina." (2Tm 4:1-2).

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Ética Teonomista

Por Frank Brito

Teonomia significa Lei de Deus. A Lei de Deus e não de qualquer outra criatura é o padrão de bem e mal, justo e injusto. Deus e não o homem dá ordens. O homem e não Deus obedece. O homem se assenta no tribunal de Deus. Deus não se assenta no tribunal do homem.

Caso queiramos contrariar isso devemos estar prontos pra receber a mesma advertência de Jó:

"Então, do meio do redemoinho, o Senhor respondeu a Jó: Cinge agora os teus lombos como homem; eu te perguntarei a ti, e tu me responderás. Farás tu vão também o meu juízo, ou me condenarás para te justificares a ti? Ou tens braço como Deus; ou podes trovejar com uma voz como a dele? Orna-te, pois, de excelência e dignidade, e veste-te de glória e de esplendor". (Jó 40.6-10)

Como está escrito também:

"Ai daquele que contende com o seu Criador! o caco entre outros cacos de barro! Porventura dirá o barro ao que o formou: Que fazes? ou dirá a tua obra: Não tens mãos?" (Isaías 45.9)

Deus é absolutamente soberano e absolutamente inescapável. Não há para onde fugir. Não há para onde correr. Ele é o Criador. Nós somos as criaturas. O que ele diz que é, é.



A revelação da vontade moral de Deus foi feita por meio de seus profetas e apóstolos e registrada nas Escrituras para o testemunho de todas as gerações:

"Toda Escritura é divinamente inspirada e proveitosa para ensinar, para repreender, para corrigir, para instruir em justiça; para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente preparado para toda boa obra". (II Timóteo 3.16-17)

A Escritura em sua totalidade e não somente nossa parte preferida é Divinamente inspirada com informação necessária para instruir o homem de Deus perfeitamente naquilo que é justo e não é. O contexto em que Paulo disse isso pra Timóteo precisa ser lembrado também:

"Mas os homens maus e impostores irão de mal a pior, enganando e sendo enganados". (II Timóteo 3.13)

Toda Escritura é o meio de deixar de enaganr e ser enganado. A sabedoria de Deus e não a sabedoria do homem é a fonte da verdade. A revelação da sabedoria de Deus é o único meio de fugir e deixar de ser um homem mau, indo de mal a pior.



Infelizmente, muitos cristãos tem confessado isso com a boca, mas não depositam plenamente sua confiança na Escritura como sendo Divinamente inspirada com informação necessária para instruir o homem de Deus perfeitamente naquilo que é justo e não é. Isso acontece de diferentes formas e em diferentes níveis de intensidade, até entre os melhores santos.

Em meio ao pluralismo de nossos dias, uma forma comum de negar isso é negar a que a Escritura tenha informação necessária para instruir o homem de Deus perfeitamente naquilo que é justo e não é no âmbito do governo civil. Apesar de Deus ser confessado como absolutamente soberano sobre toda realidade e sua Palavra como sendo suficiente pra instruir o homem perfeitamente na justiça, quando o assunto é o governo civil, a prática comum é citar em qualquer capítulo ou verso fora de contexto que dê vasão pra o entendimento que apesar da Bíblia ser suficiente pra instruir o homem perfeitamente na justiça, ela não tem nada a dizer sobre como seria o comportamento justo do governo civil.

Apesar da Bíblia ser suficiente pra instruir o homem perfeitamente na justiça, devemos confessar também que ela não instrui sobre como o que é justo para os governantes legislar e o que não é. Tudo o que os governantes precisam saber é que Moisés não era o que a Bíblia diz que ele era, mas que era um tirano primitivo, que redigiu leis segundo a sabedoria de tribos bárbaras e agora que somos modernos e evoluidos e tolerantes devemos buscar a sabedoria de réprobos odiadores de Deus pra ditar o que é certo e errado no âmbito do governo civil.

Deus - o Criador do Céu e da Terra e determinador do bem e do mal - em nome da capacidade do homem determinar por si mesmo o bem e o mal, foi excluido do governo civil assim como outros fizeram no tempo de Samuel:

"...não é a ti que têm rejeitado, porém a mim, para que eu não reine sobre eles..." (I Samuel 8.7)



O que precisamos fazer é voltar para as Escrituras. Não em sua parcialidade, mas em sua totalidade. A Bíblia Sagrada no Antigo e no Novo Testamento revela o padrão moral exigido por Deus a todos os homens. Precisamos passar a acreditar nisso.


A Igreja Presbiteriana nos Estados Unidos, também sob influência pessoas duvidosas, abaixou a cabeça para a Constituição e logo em seguida alterou o capítulo XXIII da Confissão, "DO MAGISTRADO CIVIL" para que pudesse se conformar ao novo pluralismo. A CFW que temos na IPB, não é a Confissão de Westminster de fato, mas a versão americana que foi mudada pra não refletir o pensamento puritano anterior sob o magistrado civil, muito antes de Rushdoony nascer. Da mesma forma que arminianos acrescentaram o capítulo CAPÍTULO XXXV, tornando a confissão esquizofrenica, do jeito que os liberais queriam pra que, cheia de buracos, pudessem sempre ter uma forma de se esquivar nos tribunais.


Isso aconteceu depois da independência americana. Aconteceu depois que a Constituição Americana oficialmente impediu a continuidade das colônias teocratas que existiram até 1775. Isso aconteceu em 1788, não muito depois do fim da guerra da independência. O autor da postagem cita o capítulo XXII como se fosse o mesmo que fora escrito pela delegação de Westminster. Mas o capítulo XXII que nós temos agora foi escrito por americanos nos Estados Unidos e não pela Assembléia de Westminster.

A versão atual foi completamente reescrita por eles. A versão original dizia:

CAPÍTULO XXIII
DO MAGISTRADO CIVIL

.
I. Deus, o Senhor Supremo e Rei de todo o mundo, para a sua glória e para o bem público, constituiu sobre o povo magistrados civis que lhe são sujeitos, e a este fim, os armou com o poder da espada para defesa e incentivo dos bons e castigo dos malfeitores.

...

III. Os magistrados civis não podem assumir para si a administração da Palavra e dos sacramentos, ou o poder das chaves do reino dos céus, mas têm autoridade e é seu dever... que blasfêmias e heresias sejam suprimidas...


Isso foi alterado depois da independência americana, pois a Constituição Americana no o Artigo VI, cláusula 3 diz:
"Nenhum requisito religioso poderá ser erigido como condição para a nomeação para cargo público".

George Gillespie, um escocês e um dos mais importantes teólogos da assembléia de Westminster escreveu:
.
"Em lugar nenhum de todo o Novo Testamento, lemos a respeito da abolição da lei judicial naquilo que se refere ao castigo por pecados contra a Lei Moral... Se não fosse assim, então o magistrado é livre para escolher castigos conforme o seu próprio arbítrio. Mas isso não é uma coisa arbitrária, pois ele é ministro de Deus Rom. 13.4, o julgamento pertencence ao Senhor Deut. 1.7; 2 Chron. 19.6..."- VVholesome Severity
.
"Portanto as leis judiciais de Moisés... precisam ser diferenciadas, pois são de dois tipos: algumas são de eqüidade particular, outras de eqüidade geral... Estas podem ser resumidas como:

1. Leis de eqüidade particular são leis que eram obrigatórias somente sob as circunstâncias especiais da comunidade Judaica.

2. Leis de eqüidade geral são leis que são obrigatórias pra judeus e gentios. Essas leis são fundamentadas na lei moral e portanto são universalmente obrigatórias..."
A Discourse of Conscience

O questão ai é tratada extensivamente na literatura puritana. É uma distinção feita claramente na Bíblia. A nação de Israel, enquanto a vocação dos gentios não chegava e estava sob o Antigo Pacto, foi marcada por diversos rituais, mandamentos e leis judiciais que eram referentee a situação passageira dela como nação separada. É sobre isso que a confissão está falando: "A esse mesmo povo, considerado como um corpo político, Deus concedeu diversas leis judiciais que deixaram de vigorar quando o país daquele povo também deixou de existir..."

Na parte 4 do capítulo seguinte da Confissão, nós lemos:

"Visto que os poderes que Deus ordenou, e a liberdade que Cristo comprou, não foram por Deus designados para destruir, mas para que mutuamente nos apoiemos e preservemos uns aos outros, resistem à ordenança de Deus os que, sob pretexto de liberdade cristã, se opõem a qualquer poder legítimo, civil ou religioso, ou ao exercício dele. Se publicarem opiniões ou mantiverem práticas contrárias à luz da natureza ou aos reconhecidos princípios do Cristianismo concernentes à fé, ao culto ou ao procedimento; se publicarem opiniões, ou mantiverem práticas contrárias ao poder da piedade ou que, por sua própria natureza ou pelo modo de publicá-las e mantê-las, são destrutivas da paz externa da Igreja e da ordem que Cristo estabeleceu nela, podem, de justiça ser processados e visitados com as censuras eclesiásticas e pelo poder do magistrado civil".

A parte sublinhada não pode ser encontrada na Confissão que temos na IPB. Ela também foi retirada pelos americanos junto com a mudança no capítulo XXIII. Mas isso estava na Confissão original. E o texto prova usado pra essa parte eram Deuteronomio 13:6-12; Esdras 7:23-28; Neemias 13:15, 17, 21, 22, 25, 30; 2 Reis 23:5, 6, 9, 20, 21; 2 Crônicas 34:33; 2 Crônicas 15:12, 13, 16; e Daniel 3:29. Cheque as referências veja claramente como "Essas leis são fundamentadas na lei moral e portanto são universalmente obrigatórias.."



Exigências Morais das Escrituras


Veja um exemplo:

"Os presbíteros que governam bem sejam estimados por dignos de duplicada honra, principalmente os que trabalham na palavra e na doutrina; Porque diz a Escritura: Não ligarás a boca ao boi que debulha. E: Digno é o obreiro do seu salário". - I Timóteo 5.16-18

Esse verso pois ele responde um questionamento muito frequente. Muitos dizem: A Lei de Deus foi dada em tempos diferentes. Nem todas as situações possível são prevista lá. Ela nada fala sobre crime virtual, por exemplo. Esse tipo de questionamento surge por uma incompreensão da natureza da Lei. O propósito da Lei não é falar de todas as situações e casos específicos que podem ocorrer. O propósito da Lei é citar alguns casos que revelam as exigências morais de Deus e com base nisso, devemos chegar a conclusões da aplicação em outros casos cujo princípio é o mesmo. A suficiência da Bíblia para instruir na justiça não significa que ela preveja todas as situações possíveis diretamente, mas que ela revela princípios que se aplicam a todas as sutuações possíveis.



Por isso a Bíblia, especialmente os Salmos, recomendam tanto a meditação na Lei. A meditação é necessária pra compreender as aplicações possíveis dos princípios revelados:

"Oh! quanto amo a tua Lei! É a minha meditação em todo o dia. Tu, pelos teus mandamentos, me fazes mais sábio do que os meus inimigos; pois estão sempre comigo. Tenho mais entendimento do que todos os meus mestres, porque os teus testemunhos são a minha meditação". - Salmo 119.97-99

Conversando com não-teonomistas eu noto que esse é um dos capítulos mais desprezados em toda a Bíblia. Eu já ouvi de pastor (reformado!!!) falando de coisas da Lei que na verdade só existe no Alcorão. É assim que entendem a maioria dos cristãos.



No caso do verso ai, Paulo cita a Lei que diz: "Não ligarás a boca ao boi que debulha".

Mas qual é a relação de bois com remuneração de presbíteros? Porque a necessidade de não ligar a boca ao boi que debulha conforme a Lei significa que devemos remunerar os líderes eclesiástico? Porque as exigências morais de Deus em um casorevelam a aplicação em outros casos cujo princípio é o mesmo.

Bois são animais. Animais tem o direito de não ser malratados e explorados (veja também o quarto mandamento) e portanto tem o direito de receber a recompensa por seu serviço.

Animais são subordinados ao homem (Gênesis 1-2). Se o animal tem a os direitos trabalhistas sendo subordinado ao homem, muito mais o homem que está acima deles tem tais direitos.

Sendo assim, nesse verso Paulo demonstra tanto a continuidade da aplicação moral da Lei quanto a necessidade de refletirmos pra compreendermos a aplicações em âmbitos dos quais a Lei não fala diretamente.



1) A maior parte dos pastores famosos  não entendem o assunto, só superficialmente. Isso não é ensinado na maioria dos seminários. Em nossos tempos o laicismo é um dogma tão universalmente aceito que poucos param pra refletir se é verdadeiro ou mesmo no que significa. Ao lado disso, há muitos textos sem o sentido verdadeiro na cabeça das pessoas mas que as pessoas acham que provam o seu caso sem que ele de fato prove nada. Como o laicismo é um dogma universal, a maioria nem para pra pensar. O motivo pelo qual eu digo que eles não entendem do assunto é que, entre aqueles que pararam pra falar um pouco sobre o assunto, só falaram contra espantalho. Poucos são os teólogos modernos que entendem de fato o funcionamento das leis mosaicas, inclusive entre os melhores pregadores. Por isso muitas vezes atacam um homem de palha.

Eu vou dar dois exemplos aqui...



Aqui John Piper, como um verdadeiro profeta de Deus - na tradição de João Batista - confronta Obama por ser cúmplice de infanticídio de milhões de bebês por meio do aborto:



A partir do 0:47, ele começa a acusar o Obama de ser cúmplice de assassinato.


Ao mesmo tempo, John Piper é a favor da pena de morte:
.
http://www.desiringgod.org/resource-library/ask-pastor-john/do-you-believe-in-capital-punishment
.
Ele é a favor da pena de morte pra assassinos, por exemplo.



Uma pergunta é:

Por qual motivo quando é alguns assuntos, a Bíblia tem que ser o padrão a ser seguido pelo governo e em outros assunto, a Bíblia não tem nada a ver com o governo? Por qual motivo quando é pra falar de aborto, casamento gay e pena capital pra assassinos, John Piper diz que o governo tem que seguir a Bíblia, mas se eu falar em outros assuntos também tratado lá, ele argumenta que são coisas separadas como ele faz aqui:
.
http://www.desiringgod.org/resource-library/articles/dominion-theology-or-reconstructionism
.
E outra pergunta é:
.
Se aborto é assassinato e assassinato deve receber pena de morte, por qual motivo, não há uma defesa completa da aplicação da pena de morte contra abortistas se elas são culpadas de assassinato?
.
Essas perguntas nunca são respondidas. Dependendo do assunto, eles te dirão que a Bíblia tem a ver com o governo ou não. Se for aborto, casamento gay ou legalização de drogas, o governo precisa obecer a Deus. Se for homossexualidade, o governo é independente de Deus.

Fica dificil entender.



Segundo motivo:

2) A maioria confunde teonomia com qualquer forma de teocracia. Existem muitas formas de teocracia e é um erro colocar tudo no mesmo saco. Mas muitos críticos colocam como se fosse tudo a mesma coisa. E com base nisso, usam exemplos de ruins na História pra atacar a teonomia. Isso normalmente causado pelo primeiro motivo que eu citei. Não entendem muito bem o sistema mosaico.



Como disse o velho e sábio Salomão:

"Nos lábios do rei se acha a sentença divinaa sua boca não transgride quando julga... Abominação é aos reis praticarem impiedade, porque com justiça é que se estabelece o trono". - Provérbios 16.10,12















quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Afinal, pra onde vamos ao morrer?



Por Hermes Fernandes


Infelizmente, só nos importamos com a vida pós-morte, quando perdemos alguém a quem muito amamos. Quando perdi meu pai há quase 9 anos, refleti muito sobre o tema. Queria entender o que se passa conosco depois que partimos. Li vários livros, mas nenhum me satisfez. Então, resolvi pesquisar os textos bíblicos em busca de respostas. Com a perda de minha querida sogra, resolvi republicar minhas reflexões acerca disso. Não deixe de ler a continuação. Creio que vai trazer muito conforto àqueles que perderam alguém a quem amavam, como também àqueles que temem à morte.


O escritor de Hebreus afirma taxativamente que “aos homens está ordenado morrer uma só vez, vindo depois disso o juízo” (Hb.9:27). Este versículo tem sido fartamente usado para contestar a doutrina da reencarnação. A primeira parte dele é clara. Se só se morre uma vez, logo inferimos que só se vive uma vez. Não há migração de espírito de um corpo para outro. Entretanto, faz-se vista grossa à segunda cláusula do verso, onde se diz que a morte é sucedida imediatamente pelo juízo. Não há hiato entre os dois eventos.

Ao deixarmos essa vida, somos transportados ao Tribunal de Cristo, e à Sua presença imediata. Deixamos o tempo, e entramos em uma esfera atemporal, chamada também de eternidade.

Não há estado intermediário entre a morte e a ressurreição, ou entre a morte e o juízo. Foi a doutrina do estado intermediário que proveu um terreno fértil para o surgimento de doutrinas como a do purgatório, e da intercessão dos santos, que não possuem qualquer respaldo bíblico consistente.

Não devemos esperar que ao morrermos sejamos levados ao Seio de Abraão, para ali esperarmos o momento da ressurreição. Muita confusão tem havido nesse campo. Por isso, devemos buscar respostas inequívocas na Palavra de Deus.

Até a morte de Cristo, todos os que morriam na fé nas promessas de Deus, eram conduzidos a um lugar chamado Seio de Abraão. Não se trata do paraíso, nem de uma sala de espera no céu. A palavra grega traduzida por “seio” é hades, que é a mesma traduzida por inferno em outras passagens. Hades era o nome que se dava à região dos mortos, chamada pelos judeus de Sheol. Todos, independentes de sua fé, eram conduzidos a essa região. Ela, porém, dividia-se em duas partes: Havia um lugar de tormento, e um lugar de descanso. A esse, a Escritura denomina Hades de Abraão. Ambos, porém, compunham os dois lados de um mesmo cenário. Basta uma conferida na parábola de Lázaro, e veremos ali que o rico que fora para o inferno,“estando em tormento, ergueu os olhos e viu ao longe a Abraão e Lázaro no seu seio”(Lc.16:23). E não só o viu, como também se comunicou com ele, embora houvesse um grande abismo entre eles. Era essa a condição de quem morria antes que Cristo viesse ao mundo e nos escancarasse a porta do paraíso. O escritor dos Hebreus dá testemunho disso, ao declarar: “E todos estes (os que viveram antes da Nova Aliança), embora tendo recebido bom testemunho pela fé, contudo não alcançaram a promessa (de gozar da presença imediata de Deus). Deus havia provido coisa superior a nosso respeito (os que vivem na Nova Aliança inaugurada na Cruz)" (Hb.11:39-40a).

Ao morrer na Cruz, Jesus inaugurou o paraíso para os homens. Por isso, Ele pode garantir ao ladrão penitente: “Hoje estarás comigo no paraíso” (Lc.23:43b). A partir de então, todos os que morrem na fé, são imediatamente levados à presença do Senhor. Para esses, a volta do Senhor se dá no exato momento em que deixam esta vida. Por isso Paulo confessa ter “o desejo de partir e estar com Cristo, o que é muito melhor”(Fp.1:23b). Não era por menos, pois nas palavras do apóstolo, é preferível “deixar este corpo e habitar com o Senhor” (2 Co.5:8). Não diz que deixamos esse corpo para habitar com Abraão, ou para descansarmos em algum tipo de sala de espera do céu. Ao deixarmos este corpo, somos conduzidos à presença do Senhor, para habitarmos com Ele para sempre.

Alguns crêem que ao deixarmos nossos corpos, experimentaremos um estágio intermediário, em que seremos tão-somente espíritos desencarnados. Isso é um absurdo. Nosso espírito não deseja viver, senão em um corpo através do qual possa glorificar a Deus. Daí a importância da ressurreição corporal. Paulo chega a afirmar que nós “gememos, desejando ser revestidos da nossa habitação, que é do céu, porque estando vestidos, não seremos achados nus. Pois também nós, os que estamos neste tabernáculo (o corpo físico atual), gememos angustiados, não porque queremos ser despidos, mas revestidos, para que o mortal seja absorvido pela vida”(2 Co.5:2-4).

O crente em Jesus jamais deve desejar ser despido, isto é, viver sem um corpo, através do qual possa servir e louvar ao Seu Deus. Há uma espécie de angústia em cada um de nós, que nos faz suspirar pelo momento em que Jesus Cristo“transformará o nosso corpo de humilhação, para ser conforme o seu corpo glorioso, segundo o seu eficaz poder de sujeitar também a si todas as coisas” (Fp.3:21; ver também Rm. 8:23).

Não haverá um tempo em que viveremos fora do corpo. O homem é um serpsicobioespiritual. A idéia de que o homem é apenas um espírito residindo em um corpo não é bíblica. Ainda que o corpo seja apresentado como habitação do espírito, sem ele, o ser está incompleto. Se pudéssemos viver sem um corpo, não haveria necessidade de que a redenção o incluísse (Rm.8:23).Veja o que Paulo escreve aos Tessalonicenses acerca da unidade corpo-alma-espírito:


“O mesmo Deus de paz vos santifique completamente. E todo o vosso espírito, alma e corpo sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo”.

1 TESSALONICENSES 5:23

Mas o que dizer do momento entre a nossa morte e a vinda do Senhor? Quando morremos, nosso espírito é conduzido imediatamente ao último dia, também conhecido como o Dia da Eternidade. Ali será o entroncamento entre o kronos e okairós. Num “piscar de olhos” ouvimos o veredicto divino, e somos imediatamente revestidos de nosso novo corpo. Tão logo deixemos esse ‘tabernáculo’, recebemos um ‘edifício’ incorruptível, no qual habitaremos para sempre com o Senhor. Foi isso que Paulo disse: “Sabemos que, se a nossa casa terrestre deste tabernáculo se desfizer, temos da parte de Deus um edifício, uma casa não feita por mãos, eterna, nos céus” (2 Co.5:1).

Quando falamos de eternidade, estamos falando de uma esfera de existência que não tem começo nem fim. É nessa esfera que Deus habita (Is.57:15a). Ao entrarmos na eternidade, nos depararemos com o Grande Trono Branco, visto por João em Apocalipse.

“Então vi um grande trono branco, e o que estava assentado sobre ele. Da presença dele fugiram a terra e o céu, e não se achou lugar para eles.” APOCALIPSE 20:11

Onde se dará o juízo final? Onde se assentará o Tribunal de Cristo? João vê ainda“os mortos, grandes e pequenos, que estavam diante do trono (...) O mar entregou os mortos que nele havia, e a morte e o além deram os mortos que neles havia, e foram julgados cada um segundo as suas obras” (Ap.20:12a,13). Dá pra imaginar uma cena dessas? Quantas pessoas já passaram por este mundo desde a sua criação? Só nos dias de hoje mais de 6 bilhões de pessoas povoam a Terra. Imagine reunir todos que aqui já viveram, em todos os tempos, em um só lugar. Será que a superfície terrestre possui uma planície tão extensa que possa comportar tal número de pessoas? Acredito que não. Então onde se dará o Juízo? A pista está no verso 11. Ali lemos que a terra e o céu fugiram da presença d’Aquele que estava assentado no grande Trono Branco. O juízo de Deus, portanto, se dará em uma instância fora do tempo e do espaço. Se não há lugar para a terra e o céu, logo não há “espaço”, e se não há espaço, não há tempo. O tempo e o espaço são aspectos de uma mesma realidade.
Podemos dizer que o Juízo de Deus se dará na Eternidade. Então todos terão que morrer para passar pelo juízo? Absolutamente, não. O mundo caminha em direção à eternidade. Num dado momento, quando Cristo vier, o kronos (tempo) será invadido pelo Kairós (‘tempo’ divino/eternidade), e todos nos veremos “perante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem, ou mal” (2 Co.5:10).

A história da criação caminha para esse ponto, que podemos chamar de Ômega, o capítulo final da História. Será o desfecho da História de todo o cosmo, bem como a conclusão da história de cada ser humano que por aqui houver passado. Todos, sem exceção, terão de dar conta de si mesmo a Deus (Rm.14:12). Esse será o Dia do Senhor, “em que Deus há de julgar os segredos dos homens, por meio de Jesus Cristo” (Rm.2:16).

De repente, ao soar da trombeta de Deus, todos estaremos ali: Justos e ímpios, grandes e pequenos, ricos e pobres. Desse dia ninguém escapará.

Para quem está vivo no mundo hoje, pode parecer que esse dia esteja num futuro remoto Mas para quem deixa o mundo hoje, é como se esse dia chegasse imediatamente. Não há intervalo. É como se entrássemos numa máquina do tempo, e fôssemos arremessados em um futuro distante. Lá chegando, não apenas nos encontraremos com o Senhor nos ares, vindo em direção a Terra para julgar os vivos e os mortos, como também encontraremos todos os eleitos de Deus, de todas as eras. Dentre os que morrerem em Cristo, ninguém vai chegar primeiro. Imagine um crente em Cristo, em seu leito de morte, despedindo-se dos seus, quando de repente, é levado à eternidade, e lá encontra as mesmas pessoas de quem acabou de se despedir! A dor da separação é para quem fica, não para quem vai. Por isso Jesus disse que os amigos que granjearmos aqui na terra, serão os mesmos que nos receberão “nos tabernáculos eternos” (Lc.16:9). Na verdade, recepcionaremos uns aos outros, pois chegaremos todos juntos.

Há ordem de partida, mas não há ordem de chegada. Por vivermos confinados ao tempo e ao espaço, assistimos à partida de cada pessoa que deixa essa vida. Mas na eternidade não haverá ordem de chegada. Todos compareceremos diante do Trono de Deus concomitantemente.

O Juízo se dará na eternidade, em uma instância atemporal, onde não há tempo nem espaço. O único momento em que ficaremos sem o corpo será perante o Tribunal de Cristo, onde teremos que dar contas do que fizemos através do corpo. Será num abrir e fechar de olhos. Essa instância pode ser chamada de “terceiro céu”, ou “céu dos céus”. Todos, indistintamente, quer estejam vivos ou mortos no momento em que Cristo vier, terão que comparecer diante de Deus, para ouvir Seu veredicto, e receber sua sentença. Ali será o entroncamento entre o céu e a terra, ao mesmo tempo em será a bifurcação entre o céu e o inferno.

Quase que instantaneamente, tão logo ouçamos do Senhor que fomos justificados, nos veremos nas nuvens do céu, atraídos pela Sua majestade divina. Em ‘milésimos de segundo’ veremos toda a nossa vida projetada no telão de nossa consciência. O que ali ouviremos ficará imprimido indelevelmente em nossa consciência para todo o sempre.

Com Ele desceremos a Terra, e aqui viveremos por eras infindáveis na companhia do Senhor e de todos os Seus eleitos.

Céu e Terra são agora reunidos em Cristo, sendo dois lados de uma mesma realidade. Não há mais separação,“o mar já não existe”, declara João, em sua descrição do novo céu e da nova terra (Ap.21:1).

O que temos defendido aqui é que não há intervalo entre a morte e a vinda de Cristo. Não cremos na doutrina do estado intermediário, em que os espíritos dos salvos estariam conscientes numa espécie de sala de espera, aguardando a volta de Cristo, enquanto os espíritos dos não-salvos estariam no anti-sala do inferno, já experimentando previamente o castigo que lhes será impingido por toda a eternidade. Deus não é injusto. Não se pode aplicar uma sentença sem que antes se emita um veredicto. Não se pode emitir um veredicto, sem que antes se faça juízo.

Também não cremos na doutrina do sono da alma, que diz que as almas dos crentes e dos não-crentes ficam estado de repouso, acordando apenas no dia do Juízo Final.

Uma passagem que tem sido usada para defender a teoria do estado intermediário é a de Apocalipse 6:9-11, que diz:

“Quando ele abriu o quinto selo, vi debaixo do altar as almas dos que foram mortos por causa da palavra de Deus e por causa do testemunho que deram. E clamavam com grande voz, dizendo: Até quando, ó verdadeiro e santo Soberano, não julgas e vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra? E foram dadas a cada um deles compridas vestes brancas, e foi-lhe dito que repousassem ainda por pouco tempo, até que se completasse o número de seus conservos e seus irmãos, que haviam de ser mortos, como também eles foram.”

Aquelas almas pareciam estar bem conscientes. Elas aparecem clamando por justiça. Querem que seu sangue seja vindicado. Que sua causa seja julgada. E agora, como sustentar nossa doutrina diante dessa passagem?

Há duas maneiras de entendermos essa passagem, de forma que ela não contradiga o que expusemos aqui até agora.

A primeira é que pode tratar-se apenas de uma parábola. Assim como lemos em Hebreus 11:4 que o sangue de Abel ainda clama até hoje. Ora, não podemos entender isso literalmente. Tanto Hebreus 11:4, quanto Apocalipse 6 falam da mesma coisa: Deus não Se esqueceu de julgar a causa de Seus servos, ainda que os faça esperar. E o paralelismo entre as duas passagens não pára por aqui.

A segunda maneira de se entender essa passagem admite a sua literalidade. Optamos por esse posicionamento.

Aquelas almas que foram vistas sob o altar, clamando por justiça, são as mesmas que “experimentaram escárnios e açoites, e até algemas e prisões. Foram apedrejados; foram tentados; foram serrados pelo meio; foram mortos ao fio da espada. Andaram vestidos de peles de ovelhas e de cabras, necessitados, aflitos e maltratados (dos quais o mundo não era digno), errantes pelos desertos e montes, e pelas covas e cavernas da terra. E todos estes, embora tendo recebido bom testemunho pela fé, contudo não alcançaram a promessa. Deus havia provido coisa superior a nosso respeito, para que eles, sem nós, não fossem aperfeiçoados”(Hb.11:36-40). Os mesmos heróis de Hebreus 11, são apresentados no capítulo 12 compondo uma platéia, que tendo encerrado sua corrida, aguarda das arquibancadas a chegada dos últimos atletas. Na interpretação do escritor sagrado, aqueles heróis agora formavam uma “grande nuvem de testemunhas”, esperando e torcendo para que os últimos mártires (testemunhas) daquela era deixassem “todo embaraço”, correndo“com perseverança a carreira” que lhes estava proposta. O podium só viria depois que o último atleta atravessasse a linha, e a corrida se desse por terminada.

Repare que em Apocalipse 6, o Senhor diz que aquelas almas deveriam repousar um pouco mais, “até que se completasse o número de seus conservos e seus irmãos, que haviam de ser mortos, como também eles foram”. E agora em Hebreus 11 lemos que “eles, sem nós” não poderiam ser aperfeiçoados (lit. completados).

Quando Cristo expirou, o véu do templo de rasgou. O caminho do santo dos santos foi aberto, de maneira que a presença de Deus tornou-se acessível a todos os homens. Entretanto, os mortos que aparecem sob o altar (sob a Velha Aliança), teriam que aguardar um pouco mais, até que se completasse o número dos mártires, que serviriam de testemunhas contra a grande meretriz, a Jerusalém terrena. A Babilônia de Apocalipse é Jerusalém. Compare Mt.23:37 com Ap.16:5-6, 18:20 e 19:2. O Santo dos Santos, embora houvesse sido aberto, não estava ainda descoberto. Hebreus 9:8 diz: “O Espírito Santo estava dando a entender com isto que o caminho do Santo dos Santos ainda não está descoberto, enquanto continua em pé o primeiro tabernáculo (o templo de Jerusalém)”.



Jesus havia previsto que ainda naquela geração o Templo de Jerusalém cairia juntamente com a cidade apóstata. No ano 70 d.C., Jerusalém foi invadida pelos romanos, sob o comando de Tito, filho do Imperador, que a reduziu a escombros, não poupando nem mesmo o suntuoso templo.
Com a queda do ‘primeiro tabernáculo’ o Santo dos Santos foi finalmente descoberto, e os espíritos que estavam sob o altar foram finalmente conduzidos à presença imediata de Deus.

Por que “eles, sem nós” não poderia ser aperfeiçoados? Porque foi a Igreja primitiva que forneceu os mártires que faltavam, para que a medida dos pecados de Jerusalém fosse alcançada, e o juízo de Deus fosse derramado sobre ela.

Muitos dos mártires primitivos entraram na conta de Jerusalém, enquanto que outros foram creditados na conta de Roma, que mais tarde também sofreu o juízo implacável de Deus.

Demonstramos aqui que com a morte de Cristo, o caminho do Santo dos Santos nos foi aberto, e que com a queda do Templo em Jerusalém, foi inteiramente descoberto. De maneira que João pôde escrever:

“Graças te damos, Senhor Deus Todo-poderoso, que és, e que eras, porque tomaste o teu grande poder, e reinaste. Iraram-se as nações; então veio a tua ira, e o tempo de serem julgados os mortos, e o tempo de dares recompensa aos profetas, teus servos, e aos santos, e aos que temem o teu nome, a pequenos e a grandes, e o tempo de destruíres os que destroem a terra. Abriu-se no céu o templo, e arca da sua aliança foi vista no seu santuário.” APOCALIPSE 17-19a.

Aleluia! O véu não apenas se rasgou, mas foi inteiramente removido, de maneira que a arca da aliança pôde ser vista. É por isso que João não hesitou em registrar a voz que se ouviu do céu: “Bem-aventurados os mortos que desde agora morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito, descansarão dos seus trabalhos, pois as suas obras os acompanharão” (Ap.14:13).

Se o Santo dos Santos está inteiramente descoberto, logo, temos acesso amplo à presença do Senhor. Não temos que aguardar em um “lugar santo”, também conhecido como “primeiro tabernáculo”. Não temos que fazer um estágio do Seio de Abraão. Nosso vôo à glória não tem escalas, é non-stop.

O templo de Jerusalém representava esse primeiro tabernáculo, um estágio entre o provisório e o permanente.

O provisório tinha que ceder espaço ao permanente. Os santos que viveram naquele período de transição entre a Velha e a Nova Aliança anelavam pela “remoção das coisas abaláveis, como coisas criadas, para que as inabaláveis permaneçam”(Hb.12:27). Eles traziam consigo a certeza de que já haviam atravessado o véu, chegando finalmente “ao monte Sião, à cidade do Deus vivo, à Jerusalém celestial (...) a Jesus, o Mediador de uma nova aliança, e ao sangue da aspersão, que fala melhor do que o de Abel”, e de todos os mártires (Hb.12:22,24).

Os santos do período interalianças, já haviam sido avisados de que sobre aquela geração recairia “todo o sangue justo derramado sobre a terra, desde o sangue do justo Abel” (Mt.23:35a). O próprio templo havia sido profanado com assassinato de Zacarias, filho de Baraquias, cujo sangue fora derramado “entre o santuário e o altar”(v.35b). Por isso, daquele templo, não restaria “pedra sobre pedra” (24:2). O sangue dos justos recairia sobre o primeiro tabernáculo, e este, desmoronando, daria lugar ao santuário espiritual, do qual aquele era apenas uma pálida figura.

A queda do Templo foi a vinda de Cristo em juízo sobre Israel e a cidade apóstata. Agora, as almas que estavam sob o altar poderiam finalmente ser reunidas aos santos da Nova Aliança em congraçamento eterno na presença de Deus. Essas almas migraram do tempo (do qual era refém) a eternidade, para reunir-se nas nuvens com os santos de todas as eras.

Libertaram-se, finalmente, do processo histórico, do qual estavam cativos até que sua causa fosse julgada, e seus algozes castigados.

O Templo judeu deu lugar ao Templo Vivo de Deus, que é a Sua Igreja, reunião de todos os santos, de Abel até o último a nascer neste mundo. Em Cristo deu-se a reunião, de maneira que o escritor sagrado pôde declarar, que além de termos chegado à Jerusalém Celestial, reunimo-nos “aos muitos milhares de anjos, à universal assembléia e igreja dos primogênitos inscritos nos céus (...) a Deus, o juiz de todos, e aos espíritos dos justos aperfeiçoados” (Hb.12:22b-23).

Retirado do site