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quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Dogma da assunção de Maria - refutada


I. Explicação e HistóriaA Igreja Católica Romana crê e ensina que Maria, a mãe de nosso Senhor, subiu ao céu em corpo e alma. Sob o titulo de Assunção, os católicos romanos celebram três festas em honra a Maria: uma é a do trânsito de sua alma, sem o corpo, ao céu; outra é quando pouco depois se juntou e se reuniu a mesma alma com o corpo, e com inefável glória subiu ao céu; a terceira é de sua coroação como Rainha dos anjos e Senhora do universo. O imperador grego Mauricio (582-602) ordenou que a festa fosse celebrada em 15 de agosto, o que se faz até nossos dias, e por esse mesmo tempo também o Papa Gregório, o Grande, fixou a mesma data para o Oeste, onde anteriormente, por razoes desconhecidas, celebrava-se a festa em 18 de janeiro. A palavra "ASSUNÇÃO", que em um tempo se aplicava geralmente à morte dos santos, especialmente de mártires, e a sua entrada no céu, chegou a aplicar-se agora exclusivamente a Maria, e isso a distingue do termo "ascensão" no sentido de que esta é aplicada unicamente a Jesus Cristo, que ascendeu por seu próprio poder ao céu, enquanto a assunção significa que Maria foi levada por seu Filho ao céu.


Esta crença é uma derivação do dogma da perpétua virgindade e da imaculada conceição de Maria, e marca um passo mais na tendência romanista à exaltação de Maria como objeto de culto religioso. Antes de sua definição oficial, o Papa Pio XII havia consultado todos os bispos católicos do mundo, na Carta Apostólica "Deiparae Virginis", em 1 de maio de 1946, sobre a conveniência e possibilidade de declarar como dogma a crença na Assunção de Maria. A resposta do episcopado foi favorável à idéia da proclamação. E, com efeito, a 1 de novembro de 1950, o Papa Pio XII, na Constituição Apostólica "Munificentissimus Deus", fez o seguinte pronunciamento: "Nós pronunciamos, declaramos e definimos que é um dogma revelado por Deus, no qual a Imaculada Mãe de Deus, a sempre Virgem Maria, foi levada aos céus em corpo e alma quando terminou o curso de sua vida na terra."


II. Defesa do Dogma

Afirma-se que este novo dogma foi revelado por Deus, mas não se dão as razões bíblicas do caso. Os apologistas do dogma, no entanto, citam um ou outro versículo isolado das Escrituras, os quais, segundo eles, aludem indiretamente à conveniência da Assunção e glorificação de Maria. Naturalmente, os mesmos versículos que usam para provar a imaculada Conceição (Gên. 3:15; Luc. 1:28) são empregados também para deduzir deles a necessidade da Assunção. Salmos 16:10; 45:9 e João 12:26, trazidos ao caso, em correta exegese, jamais poderão ser tomados como apoio à Assunção de Maria, já que eles claramente se referem, em sua ordem, à ressurreição de Jesus Cristo, à Igreja como a esposa de Cristo e aos crentes em geral.


1. A Tradição


Mas é na tradição, propriamente, onde se pretende basear esta crença, argumentando-se que por ser dita tradição antiga e unânime na Igreja Primitiva, a mesma deve ter sido originada dos apóstolos. Mas quando se faz uma análise séria de tal posição, se descobre que não foi senão até o século VI que apareceram os primeiros indícios de que se comemorava a morte de Maria e começava a celebrar-se a festa da Assunção.


A lenda da Assunção é mencionada pela primeira vez nos fins do século IV em vários escritos apócrifos, como "La Dormición de Maria y El Trânsito de Maria", os quais foram expressamente condenados como apócrifos e heréticos pelo Papa Gelásio no index expurgatorious em princípios do século VI. Foi Gregório de Tours (594 d. C.) o primeiro escritor ortodoxo que os aceitou como autênticos, e, tempos depois, no século VIII, João Damasceno apresentou a Assunção como uma doutrina de antiga tradição católica. No entanto, Benedito XIV declarou, em 1840, que a tradição era insuficiente como doutrina, pois não tinha classe necessária para ser elevada ao nível de artigo de fé.(l)


2. Relato de como Foi a Assunção


As várias tradições a que se recorre contêm marcadas discrepâncias entre si. "Sabido é que há duas tradições, uma favorável à morte de Maria, a outra favorável à sua imortalidade." (2) "A opinião mais comum ensina que Maria ressuscitou ao terceiro dia, como Jesus Cristo; no entanto, alguns dizem que ressuscitou quinze dias depois de sua morte, e outros, quarenta."(3) Nestes relatos há detalhes fantásticos, episódios inverossímeis e até suposições pueris que não se coadunam com o teor sério e autêntico dos Evangelhos canônicos.


Segundo essas tradições, a mãe de nosso Salvador, sendo já uma anciã e cansada de viver neste mundo, suplicou a seu Filho no céu que a levasse o quanto antes para estar com ele. Jesus então enviou-lhe um anjo para que lhe anunciasse sua morte, nova que Maria recebeu com imenso júbilo, mandando arrumar muitas velas e enfeitar o aposento. Para estar presente no momento da morte de Maria, todos os apóstolos, com excessão de Tomé, marcaram encontro em Belém, onde ela morava. João veio da cidade de Éfeso, cavalgando em uma nuvem, e do mesmo modo viajaram os demais apóstolos desde os diferentes países em que se encontravam pregando.
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(1) Opera, VoI. X, p. 499, ed. 1851.


(2) P. Parente, Dlcclonario de Teologia Dogmática, p. 38.


(3) Consultor dei Clero, p. 441. Fizeram-se também presentes Hieróteo, Timóteo e Dionisio, o Areopagita, levando todos eles muitas velas, ungüentos perfumados e espécies aromáticas.


Ante a ameaça de ser assaltada por adversários judeus a casa onde eles estavam, Maria e os apóstolos são transportados outra vez em uma nuvem a casa dela em Jerusalém. Ali suscitaram-se diálogos, e ela os consola e os abençoa, dizendo: "Ficai com Deus, filhos meus mui amados; não choreis porque os deixo, e, sim, alegrai-vos, porque vou para meu Querido." (1) Logo, apresentando seu testamento, recomendou a João, o Evangelista, que repartisse duas túnicas suas para duas jovens que a haviam servido e acompanhado por muitos anos. Chegando o momento de sua morte, ela se recostou em sua cama, enquanto os apóstolos, de joelhos e em pranto e pesar, a beijavam e se despediam. Anjos do céu começaram a chegar e depois Jesus Cristo mesmo, descendo em outra nuvem e rodeado de seres angelicais, apareceu perante sua mãe e, em meio de uma luz deslumbrante e de doces harmonias celestiais, levou a alma de Maria ao céu (em uma variante, Jesus põe a alma dela nas mãos do anjo Gabriel, para que este a leve). Assim foi a morte de Maria, e seu cadáver não se corrompeu, desprendendo delicadíssimos perfumes.


Depois os apóstolos conduziram o corpo exânime de Maria em maca, e deram-lhe honrosa sepultura no vale de Josafá. Sua morte, acontecida quando tinha setenta e dois anos de idade, viu-se acompanhada de muitos milagres, como cura de enfermos, etc. Ao terceiro dia de sepultada, chega Tomé, montado em uma nuvem, e, por engano, desce no Monte das Oliveiras, mas nesse mesmo instante observa o maravilhoso espetáculo do trânsito de Maria aos céus, em corpo e alma, levada por seu Filho Jesus e circundada das hostes celestiais. Logo Tomé procura os outros apóstolos e lhes dá a nova da Assunção, mas eles se mostram cépticos e argumentaram que eles mesmos haviam enterrado Maria. A instância de Tomé vão ao sepulcro e descobrem que este está vazio, o que os convence da ressurreição e assunção de Maria ao céu.


3. São Afonso Maria de Ligório e a Assunção

A viagem de Maria através das esferas siderais e sua entrada na glória são descritas em altos vôos imaginários e com frases ao extremo pitorescas e lisonjeiras pelos panegiristas da Assunção. Por exemplo, São Afonso Maria de Ligório, consumado assuncionista, expressa-se assim: "Jesus a leva pela mão, e a Mãe, felicíssima, corta os ventos, passa as nuvens, atravessa as altas esferas e chega às portas do céu. Ali os anjos que a acompanham levantam a voz e, à semelhança do que disseram quando o Senhor entrou triunfante de volta do desterro, repetiram agora também aos que lá dentro a aguardavam: Abri, príncipes, essas portas e levantai-vos, portas eternas, para que entre a Rainha da glória. No mesmo instante abriram-se de parem par, e entrou vitoriosa na pátria celestial, e, ao vê-la tão formosa, aqueles espiritos soberanos perguntaram uns aos outros:"Quem é esta que chega do deserto, lugar de espinhos e de abrolhos? Quem é esta que vem tão pura e cheia de virtudes, sustentada em seu Amado e tão honrada dele?' E os anjos que a acompanhavam respondiam: 'É a Mãe de nosso Rei, nossa Rainha, a bendita entre todas as mulheres, a cheia de graça, a Santa dos Santos, a querida de Deus, a Imaculada, a mais formosa de todas as criaturas." (1)


(1) P. Pedro de Ribadeneira, Vida de ia Virgem Maria, p. 97.


Ao referir-se a mesma obra, mais adiante, ao ato da coroação de Maria, diz que, por seu turno, se aproximaram de Maria todos os santos, o apóstolo Tiago, o Maior, os profetas, Zacarias e Isabel, São Joaquim e Santa Ana, José e os santos anjos, e saudaram-na, felicitaram-na e honraram-na, e que depois as três Pessoas da Santíssima Trindade a coroaram, pondo em suas mãos o poder, a sabedoria e o amor e que ". . .colocando seu trono ao lado da Santíssima Humanidade de Jesus Cristo, a declararam Rainha do céu e da terra, mandando aos anjos e a todas as criaturas que como tal a reconhecessem, obedecessem e servissem". (2)


III. Refutação

1. Os Pais e Doutores da Igreja


A Assunção de Maria ao céu, de ser certa, seria um fato histórico, e como tal deve ser examinado. Mas acontece que não há certeza quanto ao lugar de sua morte, se foi em Éfeso ou em Jerusalém; não houve testemunhas de seu trânsito ao céu, as tradições em que se baseia a doutrina se contradizem, estão escritas em uma linguagem extravagante, contém relatos inverossímeis; quanto à antiguidade, não chegam nem sequer ao terceiro século. Os Pais e Doutores da Igreja não fizeram alusão a elas nem falaram na Assunção durante os primeiros cinco séculos, o Papa Gelásio condenou-as e o Papa Benedito XIV qualificou-as de testemunho insuficiente, e, no entanto, é sobre esta obscura e débil tradição, sem comprovação histórica nem apoio bíblico, que se levanta o "dogma revelado" da Assunção.
2. Razões de Conveniência
As chamadas razões teológicas ou de conveniência tampouco podem com propriedade ser invocadas a favor deste dogma, pelo simples fato de que Maria não foi divina nem sem pecado nem é co-redentora. A circunstância de sua morte física, reconhecida pela mesma Igreja Católica Romana, é uma prova incontrovertível de que Maria pertencia em todo sentido ao gênero humano e que, como tal, ela participou do pecado de Adão e sofreu a conseqüência universal do pecado original, que é a morte.
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(1) Las Giorias do Maria, p. 339.
(2) Ibid., p. 403.3. Silêncio do Novo Testamento


Mais eloqüente, porém, é o silêncio absoluto que os escritores do Novo Testamento guardam no tocante ao tema da Assunção. Silêncio que implicitamente desvirtua o fundo histórico desta crença, pois é de todo ponto de vista estranho e inexplicável que um acontecimento de tanta transcendência, como o seria o da Assunção, houvesse passado inadvertido para eles, e mais, tendo em conta o fato de que a ascensão de nosso Senhor ao céu ficou plenamente testemunhada nos documentos escritos do Novo Testamento.


Se a Assunção realmente aconteceu, que razões importantes haveria para que os escritores dos livros do Novo Testamento nem sequer a houvessem mencionado, ainda que fosse de passagem? Paulo, por exemplo, em todas as suas cartas apostólicas, faz só uma menção a Maria, e isto acidental e indiretamente, quando, falando da vinda de Jesus ao mundo, diz que foi ((nascido de mulher" (Gál. 4:4), mas não acrescenta nenhum detalhe que pudesse dar margem a essa suposta crença. Pelo contrário, há uma passagem na qual, se fosse certa a Assunção, Paulo teria feito alusão a ela. Falando da ressurreição futura dos crentes, diz ele: ((Cada um, porém, na sua ordem: Cristo as primícias, depois os que são de Cristo, na sua vinda" (1 Cor. 15:23). Como a tese assuncionista afirma que Maria ressuscitou primeiro e ascendeu ao céu depois, é lógico que Paulo teria feito menção dela neste versículo, dizendo-nos que Maria, à semelhança de seu Filho Jesus, já havia ressuscitado, O que claramente se depreende desta referência bíblica é que Maria, assim como todos os crentes em Jesus Cristo cujos corpos dormem no sepulcro, serão ressuscitados pelo poder de Deus quando soar a trombeta final e o Senhor descer do céu à terra para arrebatar os seus.


4. Silêncio Impressionante de João

De um modo particularíssimo, o silêncio do apóstolo João quanto a este assunto constitui um desfavorável testemunho ,implícito, visto que, por sua mui estreita associação com Maria, teria razão de sobra, e ainda mais que qualquer outro, para haver-se referido, em seus escritos, ao evento da Assunção; e oportunidade teve para havê-lo feito, pois, no livro de Apocalipse, ele descreve suas visões do céu aberto, e, apesar de ter visto a Jesus Cristo como o Rei da Glória e os anjos e as hostes redimidas ao seu redor, não diz nada sobre ter visto Maria como Rainha do céu e sentada em um trono ao lado de seu Filho Jesus. Também no Evangelho que leva seu nome, cap. 3 e v. 13, João registra as palavras que Jesus disse a Nicodemos: "Ora, ninguém subiu ao céu, senão o que desceu do céu, o Filho do homem." Como o evangelista escreveu seu Evangelho em fins do primeiro século, isto é, suficiente número de anos depois da suposta Assunção de Maria ao céu, é de supor que, ao citar ele a afirmação feita pelo Senhor, houvera incluído também uma referência ao caso excepcional de Maria, tal como o faz no último capitulo (21 :20-23) do Evangelho, no qual, ao relatar a resposta que Jesus lhe dera à pergunta de Pedro "e deste que será?", João acrescenta, muitos anos depois do incidente e para proveito de seus leitores, a seguinte declaração: "Jesus, porém, não disse que não morreria, mas: Se eu quiser que ele fique até que eu venha, que tens tu com isso?"
5. A Carta aos Hebreus e a Assunção
Há, porém, algo mais. A doutrina da glorificação e a mediação de Maria aparece na teologia católica intimamente ligada à doutrina de sua Assunção. Acontece que a Carta aos Hebreus, escrita também anos depois do suposto trânsito de Maria ao céu, expõe com claridade meridiana a doutrina do ministério de intercessão de Jesus Cristo no céu em favor de seus filhos na terra, mas não há nem a mais leve alusão a que Maria esteja desempenhando parecidas funções acima na glória. O escritor sagrado expressa-se assim: "Tendo, portanto, um grande sumo sacerdote, Jesus, Filho de Deus, que penetrou os céus, retenhamos firmemente a nossa confissão. Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém, um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado. Cheguemo-nos, pois, confiadamente ao trono da graça, para que recebamos misericórdia e achemos graça, a fim de sermos socorridos no momento oportuno" (Heb. 4:14-16). Sendo que as Escrituras nos foram dadas para nossa instrução e edificação (II Tim. 3:16,17), é moralmente inconcebível que elas nos privassem não só do conhecimento, senão também do consolo da mediação de Maria. A inferência do Novo Testamento sobre o dogma da Assunção de Maria ao céu é uma prova mui forte da falsidade histórica e doutrinal do mencionado dogma.


IV. O Concilio Vaticano II
No Concílio Vaticano II, não se trouxe a debate o dogma da Assunção. Simplesmente foi dado como aceito e confirmado, segundo as seguintes palavras: "Finalmente, preservada livre de toda culpa de pecado original, a Imaculada Virgem foi levada em corpo e alma à glória celestial, ao terminar sua viagem terrenal. Ela foi exaltada pelo Senhor como Rainha de todos, a fim de que pudesse ser mais completamente configurada a seu Filho, o Senhor dos senhores (cf. Apoc. 19:16) e o conquistador do pecado e da morte."(l)






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(1) Walter M. Abbott, S.J., The Docum.nts of Vatlcan Ii (Guiid Press: New York), p. 90











terça-feira, 21 de setembro de 2010

Defendendo o batismo infantil


  Após ser totalmente contra ao batismo infantil...descobri que ele é bíblico, era praticado pelos apóstolos, continuou sendo praticado pelos pais da Igreja , e seguiu sendo praticado pelos reformadores...Agora, que o fato de a igreja primitiva praticar o batismo infantil, inclusive os pais pós apóstolicos tem forte peso para a argumentação, é indiscutível. Antes mesmo de haver "igreja católica", a igreja de Cristo, por exemplo, na era dos pais apostólicos e apologétas, já defendiam e realizava o batismo infantil. São à esses e aos patrísticos que os reformadores recorrem, e não aos romanos. Portanto, dizer que eles mantêm o método dos romanistas quando batizam crianças, é uma inverdade.



Vejamos os pais da Igreja que defendia :

O Batismo Infantil não é uma prática originada da Igreja Romana - Em At 16:15 lemos: "Se haveis julgado que EU SEJA FIEL AO SENHOR, entrai em minha casa, e ficai ai". No caso de ter havido crentes adultos em sua família batizada, seria muito mais natural que ela os tivesse incluído nos têrmos do convite, dizendo: "SE JULGAI QUE NÓS SEJAMOS FIÉIS AO SENHOR...". O emprego que faz da primeira pessoa no singular é uma forte indicação de que somente ela havia professado a fé. A "Phesito Siríaca"(150 d.C), a primeira versão do NT, traduz At 16:15 assim: "E ELA FOI BATIZADA, ELA E TODOS OS FILHOS DE SUA FAMÍLIA". O batismo infantil não é de orígem romanista.
 Ponderem conosco: (1)Justino o Mártir(89-166), em sua "Primeira Apologia"(150 d.C), afirma que no batismo, "muitos homens e mulheres se tornaram discípulos DESDE CRIANÇAS"(15:6); e em seu "Diálogo com Trifo"(160 d.C), diz que o batismo é uma "CIRCUNCISÃO ESPIRITUAL"(43:2). Para quem era a circuncisão, senão para as criancinhas??? (2)Irineu(130-200), defende o batismo(Contra Heresias , 180 d.C, Livro 1, 21:1; Livro III(18O d.C), 17:1), afirmando que o mesmo estava destinado às "CRIANÇAS, MENINOS, ADOLESCENTES, JOVENS E ADULTOS"(Livro II, 22:4). (3)Clemente de Alxandria(155-225), diz que o batismo se destina "A CRIANÇAS PEQUENAS"(0 Pedagogo, 195 d.C, 3:11); (4)Tertuliano(160-230), em sua obra "Da Alma", 213 d.C)afirma que as crianças estavam destinadas "AO BATISMO E EDUCAÇÃO CRISTÃ"(39); (5)Hipólito(169-235), em sua "Tradição Apostólica"(215 d.C), recomenda: "SEJAM BATIZADAS, PRIMEIRAMENTE AS CRIANÇAS"(44); (6)Orígenes(185-251), em seu "Comentário de Romanos 5"(220 d.C), diz: "A IGREJA TINHA OS APÓSTOLOS A TRADIÇÃO DE BATIZAR AS CRIANCINHAS"; (7)Cipriano(200-258), em sua "Epistola 66" diz: "A graça do batismo não deve ser apartada de ninguém E ESPECIALMENTE DAS CRIANÇAS"; (8)O Sínodo de Elvira(306-312 d.C)recomenda: "AS CRIANÇAS DEVEM RECEBER O BANHO DO BATISMO". E o que dizem os escritores pentecostais de Justino, Irineu, Clemente de Alexandria, Tertuliano, Hipólito, Orígenes e Cipriano? (1)A revista "Defesa da Fé"(Ano 7, n.51, Dezembro de 2002), dirigida por muitos pentecostais(entre eles Jamiesson de Oliveira, das AD), afirma que Justino "dedicou sua vida à difusão E AO ENSINO DO CRISTIANISMO"(p.27). (2)N. Lawrence Olson(ministro das AD), diz de Irineu: "ELE EXPÕS QUAL A CRENÇA OU POSIÇÃO DOUTRINÁRIA DA IGREJA APOSTÓLICA"(O Batismo Bíblico e a Trindade, p.91); Claudionor Correa de Andrade(ministro das AD),afirma que Clemente de Alexandria "ERA INTEIRADO DE FORMA MAIS COMPLETA NA DOUTRINA CRISTÃ"(Dicionário Teológico, edição de 2001, p.306); (4)O Dr. W. J. McGlothlin(batista), falando de Tertuliano e seus antecessores, diz: "São eles: Clemente de Alexandria, no Egito; Iriuneu, da Gália, região da França atual, e TERTULIANO, do norte da Africa. TODOS ELES ERAM HOMENS DE GRANDE CAPACIDADE, DE MUITO SABER E INFLUÊNCIA; POR ISSO SEU TESTEMUNHO TÊM GRANDE VALOR"(A Prática do Batismo Infantil, p.52). E até mesmo muitos adversários do batismo infantil, sendo sinceros têm defendido: (1)Sêr o pedobatismo de orígem apostólica; (2)Sêr ele válido; e (3)Têm batizado crianças pequenas! - (1)Meno Simmons(1496-1561), um dos maiores líderes dos anabatistas, em sua obra "O Batismo Cristão"(1539 d.C), afirma que o batismo infantil começou "IMEDIATAMENTE POR OCASIÃO DA MORTE DOS APÓSTOLOS OU TALVEZ ENQUANTO ELES ESTAVAM VIVOS"(The Complete Writings of Meno Simmons, p.279), isto é, o batismo infantil era praticado no primeiro século da era cristã!!! ; (2)John Bunyan(1628-1688)(batista), em sua obra "Diferentes Opiniões Sobre o Batismo, Nenhuma Barreira Para a Comunhão", afirma que um cristão(protestante)que foi batizado na infância, para sêr recebido na comunhão dos sanos, "NÃO PRECISA SE SUBMTER A UM NOVO BATISMO'(The Works of John Bunyan, Volume 2, p.620). Os antipedobatistas que)têm batizado crianças pequenas - O Dr. W. J. McGlothin(batista), afirma que "os batistas administram sem a menor dúvida o batismo, seja A IDADE DO BATIZANDO 8, 12, 20 ou 70 anos"(A Prática do Batismo Infantil, p.21). Já o Dr. Timothy George, ministro da Convenção Batista do Sul(EUA) afirma: "Por exemplo, há diversos anos, a idade média para o batismo na Convenção Batista do Sul ERA OITO, HAVENDO INÚMEROS BATISMOS DE CRIANÇAS QUE TINHAM DE CINCO ANOS PARA BAIXO"(Teologia dos Reformadores, p.315). Os pentecostais das Assembléias de Deus defendem que uma criança com menos de 11 anos pode até sêr batizada(N. Lawrence Olson, O Batismo Bíblico e a Trindade, p.24) .
 
Vejamos os reformadores:
 
John Wesley, disse:

"Em resumo, portanto, é nosso dever não somente legal e inocente, mas justo e estrito, de conformidade com a prática ininterrupta de toda a Igreja de Cristo desde os primeiros tempos, consagrarmos nossos filhos a Deus pelo batismo, como era ordem para que a Igreja dos judeus o fizessem pela circuncisão"(Tratado Sobre o Batismo, 1756).
 
João Calvino disse:
 
Alguns espíritos mal-intencionados se levantam contra o nosso hábito de batizar crianças, como se essa prática não tivesse sido instituída por Deus, mas se tratasse de algo inventado pelos homens recentemente, ou ao menos pouco tempo depois dos apóstolos. Em face disso, achamos que, por dever de ofício, é preciso confirmar e fortalecer, nesse ponto, as consciências fracas e refutar as falsas objeções dos enganosos oponentes, com as quais eles poderiam perverter a verdade de Deus no coração das pessoas simples, não suficientemente preparadas para contestar suas astúcias sutis e hipócritas.”
 
"Portanto, podemos concluir que tudo o que pertence à circuncisão pertence igualmente ao Batismo, exceto a cerimônia externa e visível.
 
Interresante quando voce conhece um Judeu e como ele trata sua familia...acredtam de fato que toda a sua familia estão debaixo do pacto de D'us. Por isso prefiro descrever o batismo como batismo de “família” ou “casa”, e não como batismo “infantil”. Provando pela bíblia:
Já muitos cristão não...
"Assim como os filhos dos judeus eram chamados linhagem santa, porque eram herdeiros da aliança e eram separados dos filhos dos incrédulos e dos idólatras, assim também os filhos dos cristãos são chamados santos, ainda que só o pai ou a mãe seja crente." (Calvino)
 

Escritura fala de batismo de família. Em Atos 16 as casas de Lídia e do carcereiro de Filipo foram batizadas por Paulo (vv. 15, 33). Paulo fala em 1 Coríntios 1:16 de ter batizado a casa de Estéfanas. Lemos em Atos 10:48 do batismo da casa de Cornélio por Pedro. Esse, então, é o padrão do Novo Testamento para o batismo.
 
De fato, em cada infante batizado temos uma figura de como qualquer e cada um de nós foi salvo – não por nossa disposição ou esforço, mas pelo poder onipotente da graça soberana, que nos chegou quando não estávamos pedindo ou procurando. Deus nos dá nova vida e nascimento. O propósito, então, do batismo infantil é mostrar como somos salvos: não provar a salvação do infante que é batizado (o batismo com água nunca pode fazer isso). O batismo mostra o único caminho da salvação e nos lembra que Deus promete salvar os filhos dos crentes pela mesma graça soberana que salvou seus pais. Quão triste o fato de muitos não terem ou verem esse testemunho no batismo de infantes indefesos.( Ronald Hanko, Reformed Free Publishing Association, p. 267-69)

Francis Schaeffer diz:

“...no caso dos primeiros dias da era cristã, todos que criam tinham que ser batizados como adultos, porque, sendo a revelação do novo testamento um ensino novo, ninguém havia sido ainda batizado como cristão na infância. A mesma coisa ainda acontece hoje, quando um novo campo missionário é aberto. Não existe crianças batizadas até que existam adultos e pais cristãos”
“A razão para isso é que ele é não é apenas um símbolo inicial da vida cristã, mas também um Sinal e selo do Pacto da Graça”
 
Atos 2.37,38; 8.37, Calvino:


“Pois quando Pedro é interrogado por aqueles que tinham a disposição de arrepender-se, o que era indispensável fazer-se, pondera que primeiro se arrependam; então, que sejam batizados para remissão dos pecados [At 2.37, 38]. De modo semelhante, Filipe, quando o eunuco solicitou ser batizado, responde ser isso possível, desde que cresse de todo coração [At 8.37]. Se esta razão é válida, se vê pelo primeiro texto evocado que só bastaria o arrependimento, pois não se faz menção alguma da fé;
Exemplo desta natureza ocorre presentemente, pois aqueles a quem são ditas estas coisas por Pedro e Filipe estão em idade idônea para exercer-se o arrependimento e conceber-se a fé. Destes dizemos que não devem ser batizados sem que primeiramente dêem testemunho de sua fé e arrependimento, pelo menos até onde o juízo humano pode averiguar. Mas é perfeitamente claro que as crianças devem ser contadas numa outra classe. Pois quando alguém se unia à comunhão religiosa de Israel, impunha-se não só fosse informado quanto ao pacto do Senhor, mas também fosse instruído na lei, antes de ser marcado com a circuncisão, porquanto em nacionalidade era avllo,fuloj [all(phyl(s], isto é, estrangeiro ao povo de Israel, com quem havia sido firmado o pacto que a circuncisão ratificava...”



 
Atos 2


38. Pedro lhes respondeu: Arrependei-vos e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo.
39. Pois a promessa é para vós, para vossos filhos e para todos os que ouvirem de longe o apelo do Senhor, nosso Deus.
40. Ainda com muitas outras palavras exortava-os, dizendo: Salvai-vos do meio dessa geração perversa!
( A promessa do batismo e para os pais e para seus filhos )

O batismo substitui a circuncisao , sendo assim deve ser batizada as crianças.
"Nele também fostes circuncidados,nao por intermédio de mãos,mas no despojamento do corpo da carne,que é a circuncisão de Cristo;tendo sido sepultados juntamente com ele no batismo, no qual igualmente fostes ressuscitados mediante a fé no poder de Deus que o ressuscitou dentre os mortos"(Cl 2.11,12).
Uma das que ouviam era uma mulher chamada Lidia, vendendora de tecidos de púrpura, da cidade de Tiatira. O Senhor abriu seu coração para atender á mensagem de Paulo. Tendo sido Batizada, bem como os de sua casa. (At 16:14-15a)
 
 O pacto sempre inclui os filhos dos crentes. Cf. Gênesis 9:1,9.13; Gênesis 12:2,3 e 17:7; Êxodo 20:5; Deuteronômio 29:10,11; e Atos 2:38,39... a igreja do Antigo e do Novo Testamento é a mesma igreja se os filhos recebiam o sinal do pacto no tempo de Abraão, longe de requerer autorização explícita para continuar praticando a inclusão deles na Igreja, requerer-se-ia uma autorização explícita no Novo Testamento para negar-lhes o privilégio agora, entende?Essa linha de raciocínio é mais do que completa quando se aponta que, assim como a Ceia do Senhor substituiu a Páscoa, assim também o batismo substituiu a circuncisão. Colossenses 2:11,12, no versículo 11 está falando de uma circuncisão feita sem mãos; ela consiste em se despojar do corpo do pecado; esses pecados são despojados pela circuncisão de Cristo; e o que essa frase significa? Significa ser sepultado com ele no batismo. O versículo pode possivelmente ser mal interpretado em favor da regeneração batismal; mas a conexão entre circuncisão e batismo dificilmente pode ser mal compreendida. Os infantes, portanto, devem ser batizados. O único e eterno pacto de Deus. O fato é que a circuncisão e o batismo não somente têm o mesmo significado, mas são também a mesma coisa até onde diz respeito as suas realidades espirituais, isso é a razão pela qual os sinais exteriores devem ser administrados (sob o único e eterno pacto de Deus) ao povo de Deus, incluindo os infantes, tanto no Antigo como no Novo Testamento.
pelas Escrituras de que a Igreja cristã é a continuação da Igreja do Antigo Testamento. Símbolos e rituais mudaram, mas é a mesma Igreja, o mesmo povo. O Sábado tomou-se em Domingo, a Páscoa, em Ceia, e a circuncisão, em batismo. Os crentes são chamados de "filhos de Abraão" (Gl 3.7,29) e a Igreja de "o Israel de Deus" (Gl 6.16). Não é de se admirar que Paulo chame o batismo de "a circuncisão de Cristo" (Cl 2.11-11).
 
 
“... eles mostram como estão transtornados em seu espírito, pois, com a sua interpretação destroem, não somente uma passagem bíblica, mas toda a Escritura. Porque eles nos apresentam os judeus como um povo carnal e brutal, dizendo que eles só tinham aliança com Deus para a vida temporal, e só tinham Sua promessa para os bens presentes e corruptíveis. Se o que dizem fosse certo, que restaria senão considerar a nação de Israel como uma manada de porcos que o Senhor quis engordar ao máximo para depois deixá-los perecer eternamente? Porque sempre que contestamos os seus argumentos falando da Circuncisão e das promessas que ela representa, eles já têm na ponta da língua a resposta, dizendo que o sinal é literal e que as promessas são carnais. (João Calvino)
 
Devemos aceitar o batismo da ICAR???
 
Se dissermos que só se aceita o batismo de um clérigo protestante, caímos numa enrascada, porque não dá pra saber se o tal clérigo era uma pessoa idônea, salva e remida, ou se era só um lobo com pele de ovelha, como muitos que há por aí. Então, se a validade do batismo dependesse da biblicidade da pessoa que o batizou, milhões de almas por aí estão com um batismo falso! Por isso, é coerente que se aceite o batismo da igreja católica. o batismo é só a porta de entrada para a cristandade, entendendo-se por cristandade todos os ramos do cristianismo, falso ou não, incluindo-se aí a ICAR. Não tem nada a ver com salvação.
 
Muitos poderao argumentar : "criança nao pode crer nem arrepemder-se" , consideremos: Cristo foi batizado não por que fosse pecador, mas por que estava fazendo alusão à sua morte pelos nossos pecados e sua ressureição."
Mas o batismo não é para arrependimento? Não é para lavagem de pecado? E agora? Se partirmos por esse caminho, o final é a contradição...
 
o Senhor instituiu a Circuncisão naquele tempo para confirmar a Sua aliança, e que, abolida a Circuncisão, continuou e continua sempre de pé a razão pela qual se deve confirmar a aliança, visto que ela atende tanto a nós como no passado aos judeus. E, portanto, devemos observar sempre o que temos em comum com eles, considerando também o que é semelhante e o que é diferente. A aliança é comum a nós e a eles, e o motivo para a sua confirmação é semelhante; a diferença consiste apenas nisto: Eles tinham a Circuncisão para confirmá-la, nós hoje temos o Batismo para esse mesmo fim."
Isso, para Igreja, é tão forte, e psicologicamente importante, que os pais Batistas, ao nascerem seus filhos, correm para igreja para apresenta-los (Faltando a pombinha do sacrifício)... pois sentem a necessidade de por alguma forma, abençoarem os filhos...
   Se os infantes podem receber a realidade para a qual o batismo aponta (salvação, por que não podem receber o sinal? Colocando de forma diferente: Se eles podem receber a coisa maior, por que não a menor? Cremos que, visto que podem e recebem a realidade, eles devem também receber o sinal. A salvação é prometida a eles, bem como aos adultos no pacto da graça...ou será que não existe salvação para os infantes?



 

 

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

19 - As Bodas do Cordeiro

Retirado do site do Bispo Hermes fernandes


- As Bodas do Cordeiro

 Os capítulos 18 e 19 de Apocalipse expressão grandes contrastes entre si.






Se Apocalipse 18 é o capítulo dos “ais”, Apocalipse 19 é o capítulo dos “aleluias”. Depois de anunciar a queda da Babilônia, chegara a hora de exultar, pois a prostituta cedera lugar à virgem noiva do Cordeiro, a Nova Jerusalém.


A exemplo do que aconteceu à rainha Vasti, que fora destituída por não atender ao chamado do Rei Assuero, e substituída por Ester, Deus divorciou-se de Israel, para contrair novas núpcias com Seu novo povo, a Igreja.


Tal divórcio já havia sido predito: “Dei carta de divórcio à infiel Israel e a despedi, por causa dos seus adultérios”(Jer.3:8a). Talvez seja este um dos motivos porque Deus odeia o divórcio. Ele passou por um, e sabe o quanto dói.






Mas, uma vez divorciado, Ele estava livre para casar-Se novamente. A Nova Aliança nada mais é do que novas núpcias entre Deus e o Seu povo.






Jerusalém, a esposa infiel de Yahweh, fora finalmente julgada, recebendo a sentença prescrita na Lei.[1]






Agora, o caminho estava plenamente aberto para que Deus acolhesse àquela que seria Seu novo Israel, Sua nova Jerusalém.






Embora o juízo de Deus sobre Jerusalém tenha tardado cerca de 40 anos após a Cruz, seu divórcio se deu no momento em que Cristo expirou. De acordo com a Lei, somente a morte de um dos cônjuges seria capaz de dissolver os laços do matrimônio. Com a morte de Cristo, Jerusalém ficou viúva. Apocalipse 19:7 diz que a Grande Babilônia dizia em seu coração: “Estou assentada como rainha, e não viúva, e de modo algum verei o pranto”. Pobre cidade! Cumpriu-se cabalmente nela o que fora profetizado em forma de lamentação pelo profeta Jeremias:






“Como jaz solitária a cidade, outrora tão populosa! Tornou-se como viúva, a que foi grande entre as nações! A princesa entre as províncias tornou-se escrava!” (Lm.1:1).






Viúva e escrava! Não foi em vão que Paulo chama a Jerusalém de seus dias de “escrava juntamente com seus filhos”(Gl.4:25).






Antes de ser anunciada as bodas do Cordeiro, encontramos a expressão “aleluia”por quatro vezes.






O primeiro “aleluia” parte de uma numerosa multidão, e é porque “a salvação e a glória e a honra e o poder pertencem ao nosso Deus, pois verdadeiros e justos são os seus juízos”.Portanto, trata-se da celebração da justiça de Deus. Enquanto o motivo da celebração é explicado, um segundo aleluia, como que espontâneo, é ouvido. Afinal, a causa dos mártires, profetas e apóstolos, era vindicada. A grande prostituta havia sido julgada. O terceiro “aleluia” vem precedido por um sonoro “amém”, e é proferido pelos lábios de seres celestiais. O que indica uma perfeita harmonia entre o céu e a terra. Como dissera Jesus, o que fosse concordado na terra, teria sido concordado no céu. Esse terceiro “aleluia” vem acompanhado de uma exortação: “Louvai o nosso Deus, vós, todos os seus servos, e vós que o temeis, assim pequenos como grandes”(v.5). Agora, o coral estava a postos, e reunia vozes oriundas de todos os cantos do Universo, grandes e pequenos, visíveis e invisíveis, celestiais e terrenos.






O último “aleluia” parece ser dito em uníssono pelos habitantes da terra e do céu, pois a voz que o pronunciava era “como a de uma grande multidão, como a voz de muitas águas, e como a voz de fortes trovões” (v.6). Tudo isso pra dizer: “Aleluia! Pois já reina o Senhor nosso Deus, o Todo-poderoso. Regozijemo-nos, e exultemos, e demos-lhe a glória! Pois são chegadas as bodas do Cordeiro, e já a sua noiva se aprontou. Foi-lhe dado que se vestisse de linho fino, resplandecente e puro. O linho fino são os atos de justiça dos santos”(vv.6-7).






Para muitos intérpretes, as Bodas do Cordeiro são um evento futuro, que se concretizará quando Cristo vier em glória para encontrar-Se com a Sua Noiva. Temos, porém, fortes razões para acreditarmos que o casamento entre Cristo e a Sua Igreja já ocorreu.






Para entendermos melhor esta questão, precisamos compreender alguns costumes judaicos que remontam o tempo dos patriarcas. Segundo as tradições, o enlace matrimonial se dava em três estágios, conhecidos por Shiduchin, Erusin e Nissuin.






O Shiduchin era o primeiro passo no processo do casamento, sendo os arranjos preliminares legais. Geralmente, cabia ao pai do noivo escolher uma noiva para se filho. O casamento era visto como um ato de ligação de famílias, tendo, às vezes um objetivo político. Às vezes o pai do noivo delegava essa função a um Shadkhan (uma espécie de agente casamenteiro).[2] Tão logo a noiva era encontrada, o próximo passo do Shiduchin era a apresentação da proposta do Ketubah (“escrito” ou “recibo”, ou ainda, “testamento” ou “contrato”). A Ketubah incluía as provisões, promessas e condições propostas para o casamento. Era um tipo de acordo pré-nupcial, ou um contrato de casamento. Nesse momento, o noivo promete sustentar sua futura esposa, e o pai da noiva estipula o valor de seu dote. O processo só prossegue depois que o noivo assume o compromisso de pagar o preço estipulado.






O pagamento do dote, e assinatura do Ketubah inaugurava o segundo estágio, o Erusin (desposar), também chamado de Kidushin (santificar). Antes, porém, da cerimônia do Erusin, realizada sob uma tenda (huppah), era comum a noiva e o noivo participarem de um ritual separado de imersão na água (mikveh/batismo), que representava uma limpeza espiritual. O compromisso era assumido e celebrado em uma refeição memorial com pão e vinho.


O Erusin/Kidushin equivaleria a um tipo de noivado, mas que não podia ser rompido, só mediante um divórcio. A seguir a noiva recebia um presente do noivo que selava o compromisso entre os dois. O noivo então partia para construir uma casa para a noiva, enquanto ela preparava um lindo vestido de casamento como um símbolo de santidade e dedicação ao esposo. Após algum tempo então, quando a casa estivesse pronta, o noivo voltava no meio da noite, ao grito "Eis o noivo!"[3] e também ao toque do shofar (trombeta), e levava a noiva para a câmara nupcial (cheder) onde então o casamento era consumado. No erusin, os nubentes já estavam plenamente comprometidos mutuamente, mas a consumação só se daria tempos depois, no terceiro estágio do casamento, chamado de Nissuin, quando a noiva seria tirada da casa dos pais, para coabitar com o seu marido.[4] A lua de mel no Cheder durava um período de sete dias. Após estes sete dias o casal deixava o Cheder e celebrava as bodas com os convidados, em uma grande festa com banquete, dança e celebração, que durava sete dias.






A celebração do Nissuin tem seu ápice quando os noivos compartilham de uma taça de vinho em um brinde chamado de sheva b’rakhot, que significa “Sete bênçãos”, ou “Plenitude da Bênção”. Essa taça difere da que é tomada no Erusin.






Entre Deus e Israel, o Shiduchin aconteceu quando Deus chamou a Abraão. Ali Ele fez as promessas, comprometendo-Se com a descendência do patriarca. Séculos mais tarde, Yahweh enviou Moisés ao encontro de Sua amada, como um Shadkhan.






O Erusin/Kidushin se deu quando o Cordeiro Pascal foi imolado, e os hebreus foram retirados do Egito, sendo “batizados” na atravessia do Mar Vermelho. Cinqüenta dias depois, aos pés do Monte Sinai, ocorreu o Nissuin, com a outorga da Lei por intermédio de Moisés.






Entre Cristo e a Igreja não foi diferente. Podemos identificar o Shiduchin com o momento em que Cristo desceu às águas batismais. João Batista foi o Shadkhan, o amigo do noivo, aquele que introduziu a noiva ao noivo. E isso ele fez quando exclamou: “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”.






O Erusin/Kidushin se deu na Cruz, quando Cristo pagou o dote por Sua noiva. Paulo diz que “Cristo amou a sua igreja, e a si mesmo se entregou por ela, para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra, a fim de apresentá-la a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível”(Ef.5:25b-27). Lembre-se que “Kidushin” significa “santificar”. Na noite anterior à Cruz, Ele assumiu o compromisso, e tomando o cálice e o pão, firmou os termos do Novo Testamento, a Ketubah. E prometeu aos Seus discípulos, que o próximo cálice que eles tomariam, seria no Reino de Deus. Por isso, Paulo identifica o cálice tomado pelos crentes na Ceia do Senhor como o “cálice da bênção” (1 Co.10:16). Eis mais uma forte evidência de que estamos vivendo no Reino de Deus. Fomos transportados do império das trevas, para o Reino do Filho do Seu Amor. Por isso, o cálice de que hoje bebemos, é o cálice, não do Erusin, mas do Nissuin. É o cálice das “sete bênçãos”, ou simplesmente, da “plenitude da bênção”. Era essa a certeza de Paulo ao avisar que chegaria a Roma “com a plenitude da bênção de Cristo” (Rm.15:29). Fomos abençoados com “toda a sorte de bênçãos”, e não apenas algumas.






Nosso Nissuin se deu em Pentecostes. Ali nosso casamento com Cristo foi consumado.


Se nosso casamento com Cristo ainda não alcançara esse estágio, teremos que concluir que Ele ultrapassou o sinal vermelho, cometendo fornicação com a Sua noiva. Por que afirmo isso? Porque em Pentecostes, o Espírito de Cristo foi profusamente derramado sobre a Sua Esposa. Houve uma junção espiritual entre Cristo e a Igreja, análoga à junção carnal entre marido e mulher, quando usufruem da plenitude dos direitos conjugais.






A partir de Pentecostes, todo aquele que se une ao Senhor é um espírito com ele, assim como marido e mulher se tornam uma só carne ao se unirem conjugalmente (1 Co.6:17).






Portanto, as Bodas do Cordeiro não são um evento futuro, mas já realizado.






Alguém poderá argumentar, dizendo que, se as Bodas já aconteceram, então, já deveríamos ter sido tirados daqui, e levados para o céu. Afinal, Cristo foi preparar lugar para a Sua noiva, porém, não voltou ainda para buscá-la para seu novo lar. Defendemos, porém, que isso também já ocorreu. Ele voltou para nós, quando enviou-nos o Seu Espírito, para que onde Ele estivesse, estivéssemos também. Ao derramar do Seu Espírito, Ele nos fez assentar nas regiões celestiais, e é nessas regiões (céu), que somos abençoados com toda sorte de bênçãos. Por isso, Paulo testifica que agora mesmo, estamos assentados nas regiões celestiais em Cristo Jesus (Ef.2:6).


Lembremo-nos que nosso “novo lar” é a Nova Jerusalém, e de acordo com Hebreus 12:22, já adentramos os seus portões, tendo chegado “a Jesus, o Mediador de uma nova aliança”(v.24).






Ele nos desarraigou desse mundo






Trate-se de algo espiritual, que foge aos sentidos carnais.






Nossa lua-de-mel começou em Pentecostes, e só vai terminar quando Cristo vier em glória, para revelar Sua Esposa ao Mundo. Sairemos de nossa câmara nupcial, para nos revelar ao Mundo. Dar-se-á início ao Banquete das Bodas do Cordeiro.






O que ainda está por vir não é o casamento entre Cristo e Sua Igreja, e sim o Banquete das Bodas do Cordeiro.










[1] Pela lei, uma mulher adúltera deveria ser apedrejada e queimada.


[2] Encontramos um exemplo disso no episódio em que Abraão envia seu servo Eliesér em busca de uma noiva para seu filho Isaque (Gn.24:1-4).


[3] Na cerimônia tradicional judaica, o rabino fica no meio da tenda (huppah), e antes do noivo começar sua marcha, ele diz: “Baruch Habah B’shem Adonai”, que significa “Bendito é aquele que vem em nome do Senhor”.


[4] Foi por causa desse costume, que José não havia tido relações com Maria ainda, mesmo sendo “casados”. Era necessário que José esperasse o tempo certo, para o nissuin.



Apocalipse Desvendado
http://apocalipsedesvendado.blogspot.com/2008_02_01_archive.html

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

O sermao profético de Jesus



Muito daquilo que se tem pregado acerca do fim do mundo, baseia-se no sermão profético de Jesus, registrado por Mateus, Marcos e Lucas. Uma má interpretação destes textos pode conduzir-nos a uma Escatologia pessimista, e, por conseguinte, a uma atuação insípida da igreja no mundo.


Nosso propósito neste estudo é apresentar uma interpretação mais consistente, e que condiga com a esperança que temos de um mundo melhor, transformado pelo poder do Evangelho, e submetido ao senhorio de Jesus Cristo.
De acordo com ambos os textos, Jesus estava saindo do Templo, quando os Seus discípulos, maravilhados com a estrutura daquele prédio, foram surpreendidos com a seguinte declaração:
“Não vedes tudo isto? Em verdade vos digo que não ficará pedra sobre pedra, que não seja derrubada.”


MATEUS 24:2
Jesus não estava se referindo aos prédios, e construções de todo o mundo, mas tão-somente ao Templo e aos edifícios que compunham aquele complexo. Entretanto, muitos encontram nesta passagem uma alusão à todas as construções existentes no dia em que Jesus voltar. Isso realmente é forçar o texto, e torcer o seu sentido original. “Não vedes tudo ISTO?” perguntou o Mestre aos Seus discípulos, apontando para o prédio do Templo construído por Salomão, reconstruído por Zorobabel e reformado por Herodes. Aquela profecia teve seu cumprimento literal no ano 70 d.C., quando Tito, o general romano que posteriormente tornou-se Imperador, invadiu Jerusalém, reduzindo seu templo, e toda a cidade a escombros.
Aquela afirmação profética foi suficiente para instigar a curiosidade dos discípulos. Marcos escreve que “assentando-se ele no monte das Oliveiras, defronte do templo, Pedro, Tiago, João e André lhe perguntaram em particular: Dize-nos quando acontecerão essas coisas, e que sinal haverá quando todas elas estiverem para cumprir-se” (Mc.13:3-4). De acordo com Mateus, eles ainda perguntaram: “Que sinal haverá da tua vinda e do fim dos tempos” (Mt.24:3).
O termo grego usado aqui e traduzido por “vinda” é parousia que significa aparição, manifestação ou revelação. Os discípulos queriam saber quando o Mestre Se revelaria ao mundo como Rei, e quando seria o fim dos tempos, ou em uma outra tradição, a consumação dos séculos, ou a plenitude dos tempos. Não está se falando aqui sobre o fim do mundo, ou a destruição do cosmo.
Muito da confusão que há em torno da exegese que se faz de alguns textos bíblicos deve-se à falta de entendimento acerca de três palavras gregas que figuram nas Escrituras, e que às vezes recebem a mesma tradução. Trata-se dos vocábulos kosmos, Oikumene e Aión. Ambos são traduzidos por mundo, porém, possuem significados distintos.
Na passagem de Mateus, algumas Bíblias trazem a expressão fim do mundo. O fato é que a palavra usada neste texto é aións, que é traduzida por mundo, porém seu significado mais preciso é eras. Os discípulos já sabiam que a manifestação de Cristo como Rei deveria se dar na consumação dos aións. Esta mesma conexão entre manifestação e consumação das eras é feita pelo escritor de Hebreus. Ele escreve aos crentes dos seus dias: “Agora, na CONSUMAÇÃO DOS SÉCULOS, uma vez por todas SE MANIFESTOU, para aniquilar o pecado pelo sacrifício de si mesmo” (Hb.9:26).
Paulo fala da dispensação da plenitude dos tempos. De acordo com os seus escritos, tal dispensação começou com a encarnação de Cristo, passando pelo Seu ministério terreno, e alcançando o seu ápice na Sua crucificação, ressurreição e ascensão (Veja Gl.4:4; Mc.1:15; Ef.1:10). Ele escreve aos Coríntios afirmando com convicção que para eles já havia chegado “os fins dos séculos” (1 Co.10:11). Consumação dos séculos, plenitude dos tempos, e fim dos tempos possuem o mesmo significado. Portanto, à luz disto, fica claro que para os apóstolos, a igreja primitiva estava vivendo o tempo do fim. Não era, portanto, acerca do fim do mundo que Jesus estava falando, mas do fim daquela era, que culminaria com a queda do templo e da cidade de Jerusalém.
A partir daí, Jesus começou a expor-lhes esses sinais. Sabendo que era um assunto extremamente difícil, e ao mesmo tempo fácil de ser torcido, Jesus começa a Sua exposição exortando:
“Acautelai-vos, que ninguém vos engane. Pois muitos virão em meu nome, dizendo: Eu sou o Cristo, e enganarão a muitos (...) Surgirão muitos falsos profetas, e enganarão a muitos (...) Então, se alguém vos disser: Olhai, o Cristo está aqui, ou ali, não lhes deis crédito. Pois surgirão falsos cristos e falsos profetas, e farão tão grandes sinais e prodígios que, se possível fora, enganariam até os escolhidos. PRESTAI ATENÇÃO, eu vo-lo tenho predito. Portanto, se vos disserem: Olhai, ele está no deserto! Não saias; ou: Olhai, ele está no interior da casa ! não acrediteis.” MATEUS 24:4-5, 11, 23-26.
Devido à dominação romana, havia por parte dos judeus uma grande expectativa em torno da aparição de um Messias que os conduzisse à liberdade política, e restabelecesse o trono de Davi. Para eles, o Messias ( ou Cristo ) deveria ser um homem arrogante, forte, carismático, e revolucionário. Pelo fato de Jesus não demonstrar nenhum tipo de arrogância, ou pretensão política, muitos não conseguiam ver nEle o Messias prometido por Deus.
Jesus sabia que naqueles turbulentos anos que precederiam a queda de Jerusalém, muitos oportunistas se fariam passar pelo Cristo esperado por Israel. E de fato, pouco depois de Sua ascensão, muitos “cristos” surgiram no cenário judaico. Bastaria-nos o testemunho de João acerca disso, para comprovarmos tal fato. Verifique o que diz o apóstolo:
“Filhinhos, esta é a última hora; e como ouvistes que vem o anticristo, já muitos anticristos têm surgido, pelo que conhecemos que é a última hora (...) Amados, não creias em todo espírito, mas provai se os espíritos vêm de Deus, porque já muitos falsos profetas têm surgido no mundo (...) todo espírito que não confessa a Jesus não é de Deus. Este é o espírito do anticristo, do qual já ouvistes que há de vir, e AGORA já está no mundo.” I JOÃO 2:18; 4:1,3.
O que João queria dizer com “última hora”? Se ele desejava afirmar que aquela era a última hora que antecedia o fim do mundo, da maneira como é concebido atualmente, teremos que admitir que ele estava redondamente enganado. Quase dois mil anos se passaram, e o mundo ainda não acabou ! Se aquela era a última hora, então, estamos vivendo o último segundo do mundo.
Porém, sabemos que ele estava falando acerca da última hora daquela era, que terminaria com a queda de Jerusalém. Era, de fato, o fim daquele aión. A chamada plenitude dos tempos havia chegado aos seus momentos derradeiros. Mais um pouco, e o velho tabernáculo se sucumbiria, dando lugar ao Tabernáculo de Deus com os homens, a Igreja (Veja Hebreus 9:8-9).
Por que João tinha tanta certeza que aquela era a última hora? Por causa das palavras que Jesus lhes havia dito no sermão profético. Aqueles falsos cristos ( chamados por João de anticristos ) já estavam nas ruas de Jerusalém enganando a muitos. A diferença entre os anticristos e os falsos profetas era que os primeiros tinham pretensões políticas, enquanto que os outros ludibriavam as pessoas através de uma falsa religiosidade.
Só no livro de Atos nós encontramos três falsos cristos: Teudas (5:36), Judas da Galiléia (5:37) e um tal egípcio (21:38). Este último, de acordo com o relato do historiador judeu Flavio Josefo, conduziu ao deserto cerca de trinta mil homens ( dentre os quais quatro mil eram assassinos ), prometendo-lhes liberdade, sinais da parte de Deus e fim do domínio romano. Depois de reunir uma grande multidão de revoltosos, marchou contra Jerusalém, com o fim de expulsar de lá os romanos e de se apoderar da cidade, estabelecendo lá o seu trono. Mas Félix partiu contra ele, com tropas romanas e um grande número de outros judeus, dizimando os que seguiam o falso cristo. Já Teudas persuadiu uma grande multidão a segui-lo até às margens do rio Jordão, afirmando que haveria de dividi-lo como fez Elias. Josefo diz em seus relatos históricos que ao tempo do reinado de Nero foram tão numerosos os falsos profetas e cristos que quase todos os dias pelo menos um deles era morto.
Lucas também nos fala de Simão, o Mago, que persuadiu os habitantes de Samaria de que era “o grande Poder de Deus” (At.8:9-10).
De fato, aquela era a última hora, o fim da dispensação da Lei, e o início da era do Reino dos céus.

 
Predições de Cristo I

Depois das afirmações iniciais, que tinham por objetivo alertar seus discípulos diante da seriedade do assunto, Jesus começou a expor algumas importantes predições que sinalizariam o tempo em que Jerusalém seria alvo do juízo divino.


Guerras e Revoluções


“Quando ouvirdes falar de guerras e revoluções, não vos assusteis. É necessário que isto aconteça primeiro, mas o fim não será logo. Então lhes disse: Levantar-se-á nação contra nação, e reino contra reino” (Lc.21:9-10).
Flavio Josefo registra em seu livro Guerras dos Judeus os inúmeros conflitos e revoluções ocorridos durante o tempo que antecedeu a queda de Jerusalém. Em Cesaréia, por exemplo, foram mortos mais de vinte mil em uma disputa entre judeus e sírios concernente ao governo da cidade. Em Alexandria, mais de cinqüenta mil judeus morreram em um conflito com os gentios. Em Damasco, a população local conspirou contra os judeus e abateram mais de dez mil pessoas desarmadas. Além desses conflitos envolvendo judeus, o império romano viveu dias de convulsão social. Revoltas, conspirações, e guerras envolvendo muitas nações foram o cotidiano da população daquele império. Roma tornou-se uma verdadeira máquina de guerra.
Gary DeMar ressalta: “Jesus adverte em seguida de “guerras e rumores de guerras” e de “reino contra reino”. Como ele predisse, os tumultos se espalharam por toda a região. Os Anais de Tácito, que cobrem a história de 14 d.C. à morte de Nero em 68 d.C., descrevem o tumulto do período com fases intituladas “distúrbios na Alemanha”, “comoções na África”, “comoções na Trácia”, “insurreições na Gália”, “intriga entre os partos”, “guerra na Bretanha”, e “guerra na Armênia”. Guerras foram travadas de uma extremidade do império à outra. Tudo isso aconteceu durante a Pax Romana (paz romana). As guerras não eram sinais, exceto durante o tempo de paz declarada.”[1]


Cataclismos

 
“Haverá grandes terremotos, fomes e pestilências em vários lugares, e coisas espantosas e grandes sinais do céu” (Lc.21:11).

TERREMOTOS - Os trinta anos que precederam a queda de Jerusalém foram marcados por terremotos e catástrofes que acabaram dizimando a população do império. Em 46 d.C. houve um grande terremoto em Creta. Talvez fosse sobre isso que Paulo falava ao afirmar que a ira de Deus havia caído sobre os judeus de Creta (1 Tess.2:16). No dia em que Nero assumiu a toga virillis, em 51 d.C. houve um terremoto em Roma. Houve outro terremoto em Apamea, na Frígia, mencionado por Tácito, historiador romano, que também menciona diversos outros terremotos em Campanha e em Laodicéia. Um terremoto muito forte sacudiu Jerusalém em 67 d.C., pouco antes daquela cidade ser invadida e destruída pelas hostes romanas. Escrevendo acerca de um terremoto que acometeu Jerusalém pouco antes de ser invadida pelos romanos, Josefo diz que “sobreveio uma horrível tempestade: a violência do vento, a impetuosidade da chuva, a quantidade de relâmpagos, o ribombar horrível do trovão, e um tremor de terra, acompanhado de rugidos, perturbou de tal modo a ordem da natureza, que todos o julgaram presságio de grandes desgraças”(Livro Quarto, Cap.17: 316). Não podemos nos esquecer dos abalos sísmicos registrados em Atos, como aquele que provocou a abertura do cárcere para os apóstolos Paulo e Silas (At.16:26; 4:31).
Sempre que ocorre um grande tremor sísmico, pensa-se logo na volta de Cristo. Entretanto, devemos ser cautelosos, pois sempre houve tremores sísmicos no mundo. A diferença é que hoje somos bombardeados por notícias on-line, em tempo real, através das grandes agências de notícias.
Terremotos são medidos por uma escala chamada Richter. Ocorrem milhares deles por ano no mundo. Terremotos de até 1,9 graus na escala Richter, considerados muito fracos, acontecem cerca de 416 mil vezes por ano. De 2 a 2,9 graus, cerca de 52 mil vezes por ano. De 3 a 3,9 graus, 49 mil vezes por ano. De 4 a 4,9 graus, considerados ainda leves, 6.200 vezes por ano. De 5 a 5,9 graus (moderado), 800 vezes por ano. De 6 a 6,9 graus (forte), cerca de 120 vezes por ano. De 7 a 7,9 graus (muito forte), cerca de 18 vezes por ano. E de 8 graus ou mais, considerado devastador, pelo menos uma vez a cada ano. Ao todo, são mais de meio milhão de tremores sísmicos a cada ano.


FOMES E PESTES - As constantes guerras, e os terremotos acabaram abalando a economia de todo império, o que acabou provocando fome, e pestes que dizimaram ainda mais as populações das cidades. Em Atos 11:28 lemos acerca de um profeta cristão chamado Ágabo que “dava a entender, pelo Espírito, que haveria uma grande fome em todo o mundo, a qual aconteceu no tempo de Claudio”. Josefo diz que devido ao cerco das tropas romanas, houve grande carestia em Jerusalém. “Enquanto tudo isso se passava, em redor do templo, a fome e a carestia faziam tal devastação na cidade que o número dos que ela destruía era impossível de se conhecer” (Livro sexto Cap.19:458). Os famintos moradores de Jerusalém comiam até mesmo a sola dos sapatos, o couro dos escudos ou um punhado de feno podre. Josefo ainda relata o caso de uma mãe que comeu o seu próprio filho.
Tácito escreveu sobre o ano de 51 d.C.: “Esse ano testemunhou muitos [e] repetidos terremotos [...] a escassez de cereais, resultando em fome [...] Declarou-se que não havia mais que quinze dias de suprimento de comida na cidade [de Roma]”.[2] Josefo também registrou as condições miseráveis da fome imposta a Jerusalém por Tito: “Então a fome se espalhou e devorou famílias e casas inteiras; os cenáculos das casas estavam repletos de mulheres e crianças morrendo de inanição, e os telhados das casas da cidade estavam lotados de corpos sem vida de adultos; crianças e jovens também vagavam pelos mercados como sombras, impulsionados pela fome, e caíam mortos onde a desgraça os alcançasse”.[3]
Quanto às pestilências, temos como exemplo uma peste que varreu a cidade de Roma em 65 d.C., matando cerca de trinta mil pessoas em um único outono.

Coisas espantosas e Sinais no céu


As primeiras predições mostravam o quanto os homens seriam afetados diretamente pelas guerras, fome e pestes. O segundo grupo de predições aponta para as indicações de Deus, intervindo na ordem natural da criação a fim de alertar acerca do juízo eminente.


De acordo com Josefo em seu livro Guerras dos Judeus, houve inúmeros sinais, tanto na terra como no céu, que prediziam a desgraça que viria sobre Jerusalém. Abaixo, vamos relatar alguns deles com as palavras do próprio Josefo:


* Um cometa, que tinha a forma de uma espada apareceu sobre Jerusalém, durante um ano inteiro.
* Antes de começar a guerra, o povo reunira-se a oito de abril, para a festa da Páscoa, e pelas nove horas da noite, viu-se, durante uma meia hora, em redor do altar e do templo, uma luz tão forte que se teria pensado que era dia.
* Durante essa mesma festa uma vaca que era levada para ser sacrificada, deu à luz, um cordeiro no meio do templo.
* Um pouco depois da festa, a vinte e sete de maio aconteceu uma coisa que eu temeria relatar, de medo que a tomassem por uma fábula, se pessoas que também a viram, ainda não estivessem vivas e se as desgraças que se lhe seguiram não tivessem confirmado a sua veracidade. Antes do nascer do sol viram-se no ar, em toda aquela região, carros cheios de homens armados, atravessar as nuvens e espalharam-se pelas cidades, como para cercá-las.
Josefo fala de outros sinais que preferimos não mencionar aqui, por nos faltar tempo e espaço.


O Princípio das Dores
Mateus termina esta parte do sermão profético com Jesus dizendo: “Mas todas essas coisas são o princípio das dores” (24:8). A palavra “dores” aqui significa literalmente “dores de parto”. O velho aión estava gemendo, proferindo vários “ais!” antes de dar à luz o novo aión.. Todos os cataclismos naturais preditos por Jesus nada mais eram do que os gemidos da criação. No dizer de Paulo, “toda a criação geme como se estivesse com dores de parto até agora” (Rm.8:22). É a partir do velho mundo que Deus cria o Novo Mundo. Espiritualmente falando, o Novo Aión foi concebido na Cruz, nasceu no Pentecostes, e teve seu umbigo aparado no momento em que o Velho Tabernáculo, o Templo judeu caiu. Entretanto, quando falamos do cosmo, da criação, temos que admitir que ela ainda geme, com dores de parto, aguardando tão-somente a parousia dos filhos de Deus (Rm.8:19). Quando todos os filhos de Deus houver se manifestado, e a plenitude dos gentios houver adentrado a Cidade de Deus, então, as dores de parto da criação terão chegado ao fim. O mundo material já estará todo renovado, e a natureza viverá em harmonia sob o domínio dos filhos de Deus. Portanto, essas dores de parto só terminarão quando todos os filhos de Deus houver se manifestado, e isso, por sua vez, só ocorrerá quando Cristo retornar fisicamente a Terra. Por isso, ainda hoje há terremotos, maremotos, vulcões, secas e outros cataclismos.


Predições de Cristo II


Depois de mostrar o quanto a ordem social, e a ordem natural da criação seriam afetadas como prelúdio do juízo que cairia sobre Jerusalém e seus habitantes, Jesus muda Seu foco. Agora, Ele passava a mostrar o quanto a própria Igreja sofreria durante aquilo que Ele chamou de “Princípio das Dores”.


Perseguição


“Mas antes de todas estas coisas, lançarão mão de vós, e vos perseguirão, entregando-vos às sinagogas e às prisões, e conduzindo-vos à presença de reis e governadores, por causa do meu nome. Isto vos acontecerá para testemunho. Mas proponde em vossos corações não premeditar como haveis de responder, porque eu vos darei boca e sabedoria a que não poderão resistir nem contradizer todos os que se vos opuserem. Até pelos pais, irmãos, parentes e amigos sereis entregues, e matarão alguns de vós. De todos sereis odiados por causa do meu nome. Mas não perecerá um único cabelo de vossa cabeça. Na vossa perseverança ganhareis as vossas almas” (Lc.21:12-19). Toda a perseguição predita aqui cumpriu-se nos dias da Igreja Primitiva. Aquela foi, por assim dizer, a grande tribulação. Basta um olhada superficial nos Atos dos Apóstolos para averiguarmos isso. Os apóstolos foram entregues às sinagogas, e delas foram diretamente para as prisões.


Foram as autoridades judaicas as principais opositoras do Evangelho no primeiro século. Foram também elas que conduziram os apóstolos à presença de reis e governadores para depor (ex.: At.23:12-15; 24:1). Aquele período se encaixa bem com o que chamamos de Grande Tribulação. Muitos discípulos foram martirizados, a exemplo do que aconteceu com Estêvão, Tiago, e o próprio Paulo, que foi decapitado, e também Pedro, que foi crucificado de cabeça para baixo, como afirma a tradição. O que os mantinha firmes em sua convicção era a promessa de que na perseverança eles ganhariam as suas almas. Por isso, muitos deles, ao serem conduzidos à arena para serem atirados às feras, iam cantando e glorificando a Deus. Outros eram mortos rogando a Deus que perdoasse os seus algozes. É bem verdade que durante outros períodos a igreja foi combatida, perseguida, e que muitos dos seus seguidores foram torturados até a morte. Ainda hoje, em alguns países islâmicos, os cristãos são presos, e até mortos por amor à sua fé. Entretanto, jamais houve ou haverá qualquer perseguição contra a igreja numa escala parecida com a que houve no primeiro século da era cristã. É de Cristo a declaração que haveria então “grande aflição, como nunca houve até agora, nem jamais haverá. Se aqueles dias não fossem abreviados, nenhuma carne se salvaria, mas por causa dos escolhidos serão abreviados aqueles dias” (Mt.24:21-22).


Apostasia


Em função da dura perseguição suscitada pelos judeus e por Roma, muitos cristãos se deixaram apostatar da fé. Jesus prediz: “Nesse tempo, muitos se escandalizarão, trair-se-ão mutuamente e se odiarão uns aos outros (...) E por se multiplicar a iniqüidade, o amor de quase todos esfriará. Mas aquele que perseverar até o fim será salvo” (Mt.24:10,12-13). Tudo isso se cumpriu na igreja do primeiro século. Em certo sentido, a apostasia era um inimigo maior do que a perseguição empreendida pelos judeus e pelos romanos.
Paulo, ao despedir-se dos efésios, reunindo seus bispos disse: “Sei que depois da minha partida entrarão no meio de vós lobos cruéis que não pouparão o rebanho. E que DENTRE VÓS MESMOS se levantarão homens que falarão coisas perversas para atrair os discípulos após si” (At.20:29-30). Eram esses apóstatas que buscavam fazer comércio do povo de Deus, e introduziam heresias dissimuladoras no seio da igreja. Pedro admoesta os seus leitores: “...entre vós também haverá falsos mestres, os quais introduzirão encobertamente heresias destruidoras, negando até o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina destruição. E muitos seguirão as suas dissoluções, e por causa deles será blasfemado o caminho da verdade. Por ganância farão de vós negócio, com palavras fingidas. Para eles o juízo lavrado há longo tempo não tarda, e a sua destruição não dorme” (2 Pe.2:1-3). Por causa desses falsos mestres, muitos se esfriaram na fé, e abandonaram o primeiro amor. Porém, os que foram perseverantes foram salvos. Mas foram salvos de quê? Não está em foco aqui a salvação eterna dos crentes. Minutos antes de declarar tudo isso, Jesus havia dito: “Em verdade vos digo que TODAS ESTAS COISAS hão de vir sobre esta geração” (Mt.23:36). Por isso, assim que os discípulos receberam o Espírito Santo no Pentecostes, a Escritura diz que Pedro “com muitas outras palavras dava testemunho, e os exortava, dizendo: SALVAI-VOS DESTA GERAÇÃO PERVERSA” (At.2:40).
Aquela geração que viveu nos dias de Jesus seria o receptáculo da ira divina. Aquelas profecias de Jesus não apontavam para um futuro distante, ou para alguma geração futura, mas para aquela geração. Jesus afirmou: “Em verdade vos digo que não passará ESTA GERAÇÃO sem que TODAS ESTAS COISAS ACONTEÇAM” (Mt.24:34). E realmente, menos de quarenta anos depois que Jesus falou estas coisas, Jerusalém caiu, e juntamente com ela o seu soberbo templo, e tudo o que ainda restava da velha aliança. Era, portanto, daquela geração que seriam salvos os que perseverassem até o fim.


A Igreja Triunfante durante a Tribulação
Mesmo diante de toda a apostasia, e toda a perseguição que a Igreja sofreria durante aquele tempo, Jesus garantiu que nada impediria o avanço do Evangelho. Antes que Jerusalém fosse derrubada, as Boas Novas do Reino já teriam sido pregadas em todo o mundo. Certamente, tal promessa fez brilhar os olhos dos discípulos.


O Evangelho pregado em todo Mundo


“E este evangelho do reino será pregado em todo o mundo, em testemunho a todas as nações (etnias). Então virá o fim” (Mt.24:14). Será que esta profecia aponta realmente para um futuro ainda distante? Ou será que ela, de alguma maneira, já teve o seu cumprimento também no primeiro século? Primeiro, precisamos nos inteirar acerca do significado do termo “mundo” aqui. A palavra traduzida do grego é Oikumene que quer dizer mundo habitado. Esta palavra era comumente usada para referir-se à extensão do império romano. Por exemplo, em Lucas 2:1, lemos que César Augusto decretou o “recenseamento de todo o mundo habitado”. É lógico que ele não queria que se fizesse um censo que abrangesse todo o planeta. O que estava em foco era a totalidade de territórios dominados pelo império romano. Quando se referia ao mundo como um todo, geralmente se usava a palavra kosmos, e não Oikumene. Por exemplo, “Deus amou o kosmos que deu seu filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha vida eterna”(Jo.3:16). Escrevendo aos Colossenses, Paulo chega a declarar que no seu tempo o Evangelho “foi pregado a toda criatura que há debaixo do céu” (Col.1:23). Na mesma epístola ele diz: “Em todo o mundo este evangelho vai frutificando” (Col.1:6).

Tal testemunho encontra eco nos escritos de Lucas acerca dos atos apostólicos. A começar pelo dia de Pentecostes. Lucas nos informa que naquele dia, “em Jerusalém estavam habitando judeus, homens religiosos, de todas as nações que estão debaixo do céu” (At.2:5). Todos eles tiveram que ouvir o testemunho dos discípulos acerca do Reino de Deus, e isto, em suas línguas nativas. Quando acabou a festa de Pentecostes, muitos deles retornaram às suas nações de origem, e levaram consigo o testemunho do Evangelho. Lucas também nos informa que em apenas dois anos “todos os que habitavam na Ásia ouviram a palavra do Senhor Jesus” (At.19:10). Não foi em vão que os judeus de tessalônica exclamaram acerca dos discípulos: “Estes que têm alvoroçado o mundo, chegaram também aqui” (At.17:6).
Há testemunhos históricos de que o Evangelho tenha se expandido por todo o continente asiático ainda no primeiro século. Sabemos, por fonte histórica, que os judeus assírios que presenciaram o derramamento do Espírito no Pentecostes, e que abraçaram o Evangelho quando ouviram o sermão pregado por Pedro, ao retornarem à Mesopotâmia, levaram consigo as Boas Novas do Reino de Deus. Mais tarde, o apóstolo Tomé foi enviado àquela região, e discipulou muitos assírios. Ali, ele manteve sua missão até 45 d.C., cerca de doze anos após a ascensão de Cristo. Depois disto, dirigiu-se à Índia, e lá foi o pioneiro na evangelização daquele povo. Coube aos missionários assírios levar a mensagem de Cristo até os lugares mais longínquos da Ásia, incluindo o Tibete, a Mongólia, a China, o Japão, e a Indonésia.


Levando-se em conta que o Evangelho deveria ser pregado à todas etnias, podemos afirmar com certeza que ainda na primeira metade do primeiro século, cada grupo étnico havia sido alcançado. Desde os negros da África, passando pelos europeus, pelos árabes, até os amarelos (de quem descendem os índios), todas as etnias matrizes foram evangelizadas.


Não queremos diminuir a importância que se tem em pregar o evangelho a toda criatura. Cremos piamente que o mandato de Jesus para a Sua Igreja, não importando a era em que ela estiver vivendo, é e sempre será: “Ide por todo mundo e pregai o Evangelho a toda a criatura”(Mc.16:15) e “Ide e fazei discípulos de todos os povos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo” (Mt.28:19). Isto é indiscutível. Porém, uma coisa é discipular as nações, e outra é pregar o evangelho do reino apenas para fins de testemunho. Quando Jesus afirmou que antes do fim daquela era (aión), o Evangelho do Reino teria que ser pregado em todo mundo (Oikumene), Ele não estava falando acerca do mandato de discipular as nações, a fim de que elas se rendessem à Sua soberania, e sim, acerca do testemunho que deveria ser dado a elas, antes que chegasse o fim daquela era. E isso foi cumprido no primeiro século, como já vimos através de algumas passagens bíblicas.
Há ainda uma passagem que não nos permite torcer o seu sentido, e que comprova a veracidade do que temos defendido até aqui. Trata-se de Mateus 10:23. Leia com atenção a afirmação que Jesus faz nesse texto:
“Quando vos perseguirem nesta cidade, fugi para outra. Em verdade vos digo que não acabareis de percorrer as cidades de Israel até que venha o Filho do homem.”
Não vejo alternativa senão crer que, de fato, o Evangelho do Reino foi anunciado à todas etnias da Terra antes da queda de Jerusalém, quando o Filho do homem veio em juízo contra o povo que O rejeitou.
É bom enfatizarmos que a Grande Comissão ainda está por findar-se. Nós ainda não discipulamos as nações. Entretanto, já antes do fim daquela era, representantes de todas as etnias já haviam recebido o testemunho do reino de Deus. Uma coisa é discipular, e outra é testemunhar.
Alguém poderá objetar: - E quanto aos índios que a essa época já viviam no continente americano? Provavelmente os índios não ouviram o testemunho do Evangelho, entretanto, a etnia que lhes deu origem (Possivelmente os Mongóis) ouviu o testemunho de Deus.


A Abominação da Desolação


Em Mateus lemos: “Portanto quando virdes que a abominação da desolação, de que falou o profeta Daniel, está no lugar santo (quem lê entenda), então, os que estiverem na Judéia, fujam para os montes. Quem estiver sobre o telhado não desça a tirar alguma coisa de sua casa. Quem estiver no campo não volte atrás a buscar as suas vestes. Mas ai das que estiverem grávidas e das que amamentarem naqueles dias! Orai para que a vossa fuga não aconteça no inverno nem no sábado” (24:15-20). Primeiro, precisamos entender um pouco sobre esta tal abominação da desolação de que falou Daniel. Para investigarmos isso, é necessário recorrer à visão que teve o profeta.

A Septuagésima Semana
Depois de orar por vinte e um dias consecutivos, Deus enviou o anjo Gabriel para confortar Daniel, e fazê-lo entendido acerca daquilo que haveria de acontecer ao seu povo. Disse o anjo ao profeta:
“Daniel, agora vim para fazer-te entender o sentido. No princípio das tuas súplicas, saiu a ordem, e eu vim, para declará-la a ti, porque és muito amado. Portanto, considera a mensagem, e entende a visão: Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo, e sobre a tua santa cidade, para fazer cessar a transgressão, e dar fim aos pecados, e para expiar a iniqüidade, e trazer a justiça eterna, e selar a visão e a profecia, e para ungir o Santo dos Santos”.
Daniel 9:22-24.
É ponto pacífico entre os teólogos que essas setenta semanas referem-se a semanas de anos. Portanto, significam literalmente 490 anos.
O que é que aconteceria dentro desse prazo? O pecado seria expiado, e a justiça de Deus seria, por conseguinte, satisfeita. Além disso, o Santo dos Santos seria ungido.
Tudo isso aconteceu na primeira vinda de Cristo. Pela Cruz, a iniqüidade do mundo foi expiada, e a justiça divina satisfeita. Com a ressurreição, o Santo dos Santos foi ungido.
O anjo prosseguiu:
“Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém, até o Ungido, o Príncipe, sete semanas, e sessenta e duas semanas. As praças e as tranqueiras se reedificarão, mas em tempos angustiosos.”V.25.Quando Daniel recebeu essa visão, Jerusalém havia sido destruída por Nabucodonosor, rei da Babilônia. Entretanto, Deus estava prometendo que aquela cidade ainda haveria de ser restaurada. Em 457 aC. foi promulgado o decreto do rei Artaxerxes, concedendo a Esdras a autorização de começar a reconstrução de Jerusalém. 69 semanas de anos depois, ou 483 anos, chegamos precisamente à época em que Jesus iniciou o Seu ministério público. Trata-se de uma exatidão extraordinária, que só pode ser explicada levando-se em conta a incontestável inspiração do texto sagrado.
E o texto profético prossegue: “Depois das sessenta e duas semanas será cortado o Ungido, e não será mais...” (v.26a ). À essas 62 semanas devem ser somadas as 7 primeiras semanas, totalizando 69 semanas. Com a morte do Ungido (em grego é Christos), a iniqüidade teria sido expiada, e a justiça divina vindicada. Ora, se o Ungido seria cortado depois das 69 semanas, logo, concluímos que Ele foi morto na 70a Semana. Isso derruba de vez a teoria de que a 70a Semana ainda virá, e que entre a 69a e a 70a haveria uma espécie de intervalo (tal teoria é defendida pelos dispensacionalistas) Diante do fato de que o Ungido foi cortado depois da 69a semana, só podemos concluir que tal teoria não passa de uma falácia.
Se acreditarmos no fato de que a 70a Semana ainda está pra vir, teremos que admitir que o pecado ainda não foi expiado, e que Cristo não era o Ungido que estava pra vir. Isso seria um absurdo!
Uma vez que Jerusalém rejeitara o seu Rei, nada lhe restara senão a destruição. A morte de Cristo na Cruz selou o destino daquela cidade. Por isso, na seqüência da profecia lemos: “e o povo do príncipe, que há de vir, destruirá a cidade e o santuário. O seu fim será como uma inundação: Até o fim haverá guerra, e estão determinadas desolações” (v.26).

A Identidade do Príncipe que destruiria Jerusalém


Muito se tem discutido acerca da identidade do tal príncipe. Quem seria ele, afinal? Certamente não se está falando do Ungido. Trata-se de Tito, general romano que veio a se tornar imperador, e que no ano 70 d.C. invadiu Jerusalém e a destruiu juntamente com o seu soberbo templo. Antes disso, porém, os judeus vivenciaram quatro anos consecutivos de guerra. Sobre isso escreveu exaustivamente o historiador judeu Flávio Josefo.

A destruição de Jerusalém está profundamente ligada à rejeição do Messias por parte dos judeus.
Lucas narra o episódio em que Jesus “vendo a cidade, chorou sobre ela, dizendo: Ah! Se tu conhecesses, ao menos neste teu dia, o que à tua paz pertence! Mas agora isso está encoberto aos teus olhos. Dias virão sobre ti em que os teus inimigos te cercarão de trincheiras, e te sitiarão, e te apertarão de todos os lados. Derrubar-te-ão, a ti e a teus filhos que dentro de ti estiverem. Não deixarão em ti pedra sobre pedra, porque não reconheceste o tempo da tua visitação” (Lc.19:41-44).

Cristo ou o Anticristo?


Logo em seguida, o anjo diz: “Ele confirmará uma aliança com muitos por uma semana, mas na metade da semana fará cessar o sacrifício e a oferta de cereais” (v.27). De quem o anjo estava falando, agora? Alguns entendem que a pessoa em foco aqui é o tal príncipe, ou o império que ele representa. Os que acreditam que a 70a Semana ainda virá, crêem que se trata do Anticristo. Nós, porém, temos razões fortes para crer que esta passagem fale do Ungido, e não do príncipe que destruiria Jerusalém. E que razões seriam estas? Primeiro, no texto em hebraico, o sujeito está oculto. Portanto, ambas as posições parecem plausíveis do ponto de vista lingüístico. Tanto o Ungido, quando o príncipe que virá se encaixam perfeitamente. Porém, do ponto de vista teológico, temos que admitir que é o Ungido o sujeito oculto desta passagem. E por quê?


Primeiro: Em Mateus 26:28 encontramos Jesus na última ceia apresentando o cálice que representava o sangue da Nova Aliança, derramado por muitos. Isso se encaixa perfeitamente na passagem de Daniel. A aliança ali mencionada é a Nova Aliança feita no sangue de Cristo. Essa aliança foi feita na 70a semana de Daniel. Os muitos mencionados nessa passagem são os eleitos de todas as eras. No meio dessa semana ( a 70a, é claro ), Cristo fez cessar o sacrifício. O escritor de Hebreus ressalta que Cristo “havendo oferecido, para sempre, um único sacrifício pelos pecados, assentou-se à destra de Deus”. Portanto, “já não resta mais sacrifício pelos pecados” (Hb.10:12, 26b).
Diante destas afirmações, concluímos que não foi Tito, o general romano, quem fez cessar o sacrifício. Foi Cristo, o Santo dos Santos, que invalidou pelo o Seu sangue todos os demais sacrifícios. Ainda que, depois de Sua morte, os sacrifícios continuassem a ser oferecidos, eles já não possuíam valor algum diante de Deus (Hb.9:9-10).
Se não restava sacrifício pelos pecados, tudo o que os sacerdotes ofereciam a Deus depois que Cristo foi sacrificado não passava de abominação. E sobre a asa das abominações viria o assolador. Por que Deus não reagiu quando as legiões romanas invadiram o templo e o destruíram? Simplesmente porque a glória do Senhor já não estava ali. Quando o sacrifício contínuo perdeu seu valor aos olhos de Deus, tudo o que era oferecido naquele altar era fogo estranho para Deus.
É interessante que Flávio Josefo relata que pouco antes do templo ser invadido e destruído pelas hordas romanas, no dia em que se comemorava a festa de Pentecostes, ao entrarem no templo para ministrarem as ofertas prescritas na Lei, os sacerdotes ouviram um movimento e um ruído, e então, uma voz, como se uma multidão angelical dissesse: Vamos partir daqui! Os sacerdotes ficaram atônitos e aterrorizados diante do que ouviram! De fato, a glória do Senhor já havia se afastado daquele templo para sempre!
Lucas registra as seguintes palavras de Jesus: “Quando virdes Jerusalém cercada de exércitos, sabereis que é chegada a sua desolação” (21:20).
Foi no ano 70 d.C. que Tito, filho do Imperador Vespasiano, cercou Jerusalém, e em seguida a invadiu, destruindo por completo o seu templo, não deixando pedra sobre pedra daquele que era uma das sete maravilhas do mundo antigo.
Muitos historiadores se impressionam com o fato de os cristãos terem escapado daquela destruição. Mas isso se deveu ao alerta que Jesus lhes fez.
“Os que estiverem na Judéia, fujam para os montes, os que estiverem no meio da cidade, saiam, e os que estiverem nos campos, não entrem nela. Pois dias de vingança são estes, para que se cumpram todas as coisas que estão escritas. Mas ai das grávidas, e das que criarem naqueles dias! Haverá grande aperto na terra, e ira sobre este povo (os judeus).”
Lucas 21:21-23.
A preocupação de Jesus com as grávidas se devia ao fato de que, para um soldado romano era um prazer tirar a vida de uma gestante, por acreditar que estaria matando um inimigo em potencial, um futuro soldado inimigo.
Eusébio conta que os cristãos, lembrando-se daquelas advertências do Mestre, diante da aproximação das tropas romanas, fugiram para Pela, entre as montanhas, há mais ou menos 27 quilômetros do sul do mar da Galiléia. Era chegado o dia da vingança de Deus contra aqueles que O haviam trocado pelos ídolos dos gentios, e trocado a Sua Palavra pelas tradições dos anciãos. Assim como Ló foi poupado quando a ira de Deus caiu sobre Sodoma; Cristo desejou poupar a Igreja do cálice que se derramaria sobre a Jerusalém apóstata. A espada de Deus estava nas mãos de Tito, como estivera um dia nas mãos de Nabucodonosor, ( ver Ez.30:25 ) para castigar os filhos de Israel que haviam se apostatado, indo após outros deuses, e dando as costas ao seu Redentor. Ele veio para o que era Seu, mas os Seus o rejeitaram! O próprio Tito, que mais tarde tornou-se o Imperador de Roma, admitiu: “Lutamos com Deus do nosso lado; pois foi Deus que expulsou os judeus de seus baluartes; pois que poderiam ter feito máquinas ou mãos nuas contra muros e torres como essas?” (Josefo, “Guerras”, livro 6 cap.9).
No dia 8 de setembro de 70 d.C. Jerusalém foi reduzida a escombros. Exatamente no mesmo dia em que Nabucodonosor a tinha destruído no ano 1468 de sua fundação.


Sobre a Asa das Abominações


Foi devido à rejeição do Messias por parte dos judeus que a destruição veio sobre Jerusalém e seu templo. Por isso, na seqüência do versículo lemos: “E sobre a asa das abominações virá o assolador, até a destruição determinada, a qual será derramada sobre o assolador” (v.27b).
O assolador nesta passagem corresponde a Roma, que foi a responsável pela destruição total de Jerusalém e seu santuário. Na última parte do versículo, lemos que Deus também determinara a destruição do assolador. No final das contas, tanto a Jerusalém apóstata, quanto o Império Romano haveriam de ser destruídos. Cerca de quatrocentos anos depois de haver destruído Jerusalém (476 d.C.), Roma foi invadida e saqueada pelos bárbaros, caindo assim o Império que dominou o mundo por mil anos.


A Vinda do Filho do Homem

“Pois assim como o relâmpago sai do oriente e se mostra até o ocidente, assim será também a VINDA do Filho do homem. Onde estiver o cadáver, aí se ajuntarão os abutres” (Mt.24:27-28). Ora, se tudo o que Jesus estava predizendo haveria de ocorrer ainda naquela geração, o quê dizer disso, afinal? Jesus não está falando de Sua volta à Terra nesta passagem. Então, de quê vinda está falando? De Sua vinda em juízo contra Jerusalém.
Em Isaías 19:1 lemos: “O Senhor vem cavalgando numa nuvem ligeira, e VIRÁ ao Egito. Os ídolos do Egito tremem perante a sua face, e o coração dos egípcios se derrete dentro deles.” É claro que o profeta está falando acerca do juízo que Deus traria sobre aquela nação, e não sobre uma vinda literal de Deus cavalgando em uma nuvem. E de quê maneira Deus viria sobre o Egito? No verso 4 diz: “Entregarei os egípcios nas mãos de um senhor duro, e um rei rigoroso os dominará”. Esse rei, através do qual Deus viria contra o Egito, foi Nabucodonosor. Ezequiel profetizou sobre isso: “Eu levantarei os braços do rei de Babilônia, mas os braços de Faraó cairão. Então saberão que eu sou o Senhor, quando puser a minha espada na mão do rei da Babilônia, e ele a estender sobre a terra do Egito” (Ez.30:25). Assim também, Cristo viria contra Israel, na pessoa de Tito, em juízo e destruição.
Podemos afirmar que Tito, filho do Imperador de Roma, tipificava Jesus, Filho do Deus Vivo. Era em suas mãos que estava a espada de Deus para executar juízo sobre os seus inimigos.
Tito atacou Jerusalém de forma repentina. Ninguém esperava um ataque tão súbito. Foi semelhante a um relâmpago que sai do oriente e se mostra do ocidente.

E o que dizer da expressão: “Onde estiver o cadáver, aí se ajuntarão os abutres”? Muitos vêem aí uma alusão ao arrebatamento da Igreja. Porém, isto está muito longe do que o Senhor Jesus intentou dizer. Na verdade, trata-se de um provérbio muito popular nos dias de Jesus, cujo significado real é “Onde houver motivos para juízo, aí haverá juízo”. Neste caso, Jerusalém e os judeus seriam os cadáveres que teriam atraído as águias romanas ( Os abutres eram considerados uma espécie de águia ). Isso também é profetizado por Oséias, que diz: “Põe a trombeta à tua boca. Ele vem como a águia contra a casa do Senhor, porque transgrediram a minha aliança, e se rebelaram contra a minha lei” (Os.8:1). Não era por coincidência que a insígnia romana gravada nos escudos e estandartes do seu exército era uma águia.


Colapso Cósmico


“Logo depois da aflição daqueles dias, o sol escurecerá, a lua não dará a sua luz, as estrelas cairão do firmamento e os corpos celestes serão abalados” (Mt.24:29). Este versículo tem sido usado como base para a crença de que o retorno de Cristo se dará em meio a um colapso universal. Entretanto, precisamos entender estas afirmações à luz de outros textos bíblicos. Trata-se, na verdade, de uma linguagem figurativa. Com a queda do templo, o culto judaico chegaria ao fim. A ordem até então mantida, chegaria ao fim. O sol e a lua apontam para a Lei moral e cerimonial ( falamos mais sobre isso em nosso estudo sobre “A Nova Jerusalém”), enquanto que as estrelas correspondem ao povo da antiga aliança, ou seja, os judeus. O Sol e a Lua também tipificam o governo, que por sua vez era exercido através da Lei Mosaica, com os seus mandamentos e rituais. Com a queda do templo, cessaram-se os sacrifícios e o culto judaico.
Quando Deus prometeu que feriria o Egito pela espada de Nabucodonosor, Ele também disse: “Apagando-te eu, cobrirei os céus, e enegrecerei as suas estrelas; encobrirei o sol com uma nuvem, e a lua não deixará resplandecer a sua luz. Todas as brilhantes luzes do céu enegrecerei sobre ti, e trarei trevas sobre a tua terra, diz o Senhor Deus (...) Pois assim diz o Senhor Deus: A espada do rei de Babilônia virá sobre ti” (Ez.32:7-8,11). A destruição do Egito fez com que a ordem estabelecida naquela nação sofresse um colapso. Assim também foi em Jerusalém. A invasão romana provocou uma desordem social sem antecedentes na história daquele povo.
Se o sol realmente vai deixar de dar a sua luz algum dia, como afirmam os literalistas, logo, teremos que admitir que Jesus algum dia vai deixar de ser o Senhor do Universo. E sabe por quê afirmamos isso? Porque está escrito: “Ele permanecerá enquanto durar o sol e a lua, de geração em geração (...) Permaneça o seu nome ETERNAMENTE, que ele continue enquanto o sol durar. Todas as nações serão abençoadas nele, e lhe chamarão bem-aventurado” (Sl.72:5,17 / Última oração feita por Davi).

O Sinal do Filho do Homem
“Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem, e todos os povos da terra se lamentarão e verão o Filho do homem, vindo sobre as nuvens do céu, com poder e grande glória” (Mt.24:30).
De quê céu Jesus está falando? Do céu azul que envolve o nosso planeta? Ou será do espaço sideral? Absolutamente. Jesus está falando do céu de glória. Daniel teve uma visão do que seria este acontecimento. Observe bem o que ele diz:
“Eu estava olhando nas minhas visões da noite, e vi que vinha nas nuvens do céu um como o Filho do homem. Ele se dirigiu ao Ancião de Dias, e o fizeram chegar até ele. Foi-lhe dado o domínio, a honra e o reino; todos os povos, nações e línguas o adoraram. O seu domínio é um domínio eterno, que não passará, e o seu reino o único que não será destruído.”
Daniel 7:13-14.
Há realmente um paralelo impressionante entre a visão de Daniel e o sermão profético de Jesus. Ambas as passagens falam de um mesmo evento: a entronização do Filho do homem, Jesus Cristo. O problema é que muitos intérpretes vêem o Filho do homem vindo nas nuvens do céu em direção a terra; e não é isso que vemos ali. Ele vem sobre as nuvens do céu, e Se dirige ao Ancião de Dias, que é Deus Pai, e Este Lhe dá o domínio sobre todas as nações. Logo, não está em foco o retorno visível de Cristo a terra, e sim a Sua ascensão e entronização no céu.
E o quê dizer acerca das tribos da terra se lamentando e vendo o Filho do homem vindo sobre as nuvens do céu?
Primeiro, na ocasião em que Jerusalém foi tomada, já havia se passado cerca de 37 anos desde que Jesus ascendera ao céu. Portanto, Ele já estava entronizado, e reinando soberanamente como Deus e Homem. Entretanto, a destruição de Jerusalém seria o endosso dado por Deus de que Jesus havia recebido o domínio. Por isso, o sinal no céu seria a confirmação daquilo que Daniel havia visto. Talvez esse sinal tenha sido o cometa em forma de espada que pairou durante um ano inteiro sobre Jerusalém. Aquele poderia ser, sem dúvida, o sinal do Filho do Homem. Quanto às tribos da terra, trata-se de uma referência clara às tribos de Israel. Elas se lamentaram por ver a espada de Deus que vinha contra elas.
Em Apocalipse 14, do verso 14 ao 20 lemos:
“Olhei, e vi uma nuvem branca, e assentado sobre a nuvem um semelhante ao FILHO DO HOMEM, tendo na cabeça uma coroa de ouro, e na mão uma foice afiada ( como a espada que fora vista por um ano inteiro sobre a cidade ). Então outro anjo saiu do templo, clamando com grande voz ao que estava assentado sobre a nuvem: Lança a tua foice e ceifa, porque é chegada a hora de ceifar, pois já a seara da terra está madura. E aquele que estava assentado sobre a nuvem meteu a sua foice à terra, e a terra foi ceifada ( terra aqui refere-se à Jerusalém ). Outro anjo saiu do templo, que está no céu, o qual também tinha uma foice afiada. Ainda outro anjo saiu do altar, o qual tinha poder sobre o fogo, e clamou com grande voz ao que tinha a foice afiada, dizendo: Lança a tua foice afiada, e vindima os cachos da vinha da terra, porque já as suas uvas estão maduras. E o anjo meteu a sua foice à terra e colheu as uvas da vinha da terra, e lançou-as NO GRANDE LAGAR DA IRA DE DEUS. E o lagar foi pisado fora da cidade, e saiu sangue do lagar até aos freios dos cavalos, pelo espaço de mil e seiscentos estádios”.
Quem é que estava sobre a nuvem e que lançava a Sua foice sobre Israel? O Filho do homem. Ele tem o domínio. Foi Ele quem ordenou que se destruísse a cidade que antes era santa, e que agora havia se tornado em uma prostituta. E quanto ao anjo que tinha poder sobre o fogo? Vale lembrar que Jerusalém foi totalmente incendiada. Josefo relata como se iniciou aquele incêndio: “Um soldado, então, sem para isso ter recebido ordem alguma, e sem temer cometer um horrível sacrilégio, mas como levado por INSPIRAÇÃO DIVINA, fêz-se levantar por um companheiro e atirou pela janela de ouro, um pedaço de madeira aceso no lugar, pelo qual se ia aos edifícios, ao redor do templo do lado do norte. O fogo ateou-se imediatamente; em tão grande desgraça, os judeus lançavam gritos espantosos” (Livro VI, cap.26: 466). Outro dado importante que encontra paralelo nesta passagem de Apocalipse é que o sangue derramado nas ruas de Jerusalém era tanto que impedia os cavalos de caminharem. Josefo afirma que a quantidade de sangue competia com o fogo, o que nos faz lembrar da profecia de Joel: “Mostrarei sinais no céu e na terra, sangue e fogo e colunas de fumaça” (Joel 2:30). “O número dos corpos amontoados uns sobre os outros era tão grande que entupia as ruas e o sangue em que nadavam, apagava o fogo em vários lugares” relatou Josefo (Livro VI Cap.42: 494).
De fato, todas as tribos de Israel lamentaram, e isso, por não haverem recebido o Príncipe da Paz.
Ver o Filho do homem vindo sobre as nuvens do céu equivaleria a ser vítima de Sua foice afiada, e da espada indignada do Todo-Poderoso.

Não podemos entender isso de forma literal.
Ao ser apresentado ao Sinédrio para ser sabatinado, o sumo sacerdote lhe perguntou: “Conjuro-te pelo Deus vivo que nos digas se tu és o Cristo, o Filho de Deus. Respondeu-lhe Jesus: Tu o disseste. Porém vos digo que EM BREVE VEREIS O FILHO DO HOMEM ASSENTADO À DIREITA DO TODO-PODEROSO, E VINDO SOBRE AS NUVENS DO CÉU” (Mt.26:63-64). Jesus estava falando com alguns que ainda estariam vivos quando a Sua foice passasse por Jerusalém. Em outra passagem Ele afirma aos Seus discípulos: “Em verdade vos digo, alguns dos que aqui estão não provarão a morte até que vejam o Filho do homem no seu reino” (Mt.16:28).Ao verem a espada de Deus vindo sobre a Jerusalém rebelde, os judeus se lamentaram profundamente. Aquele era o sinal de que o Filho do homem que eles haviam rejeitado estava reinando e derramando sobre eles a cólera divina.


Anjos e Trombetas


“E ele enviará os seus anjos, com grande clangor de trombeta, os quais ajuntarão os seus escolhidos desde os quatro ventos, de uma à outra extremidade dos céus” (Mt.24:31). A palavra traduzida aqui por “anjos” pode ser traduzida por “mensageiros” (angelos). Trata-se da Grande Comissão, que é representada em Apocalipse 14:6 por um “um anjo voando pelo meio do céu, tendo um evangelho eterno para proclamar aos que habitam sobre a terra e a toda nação, e tribo, e língua, e povo”. Nós sabemos que a pregação do evangelho não é e nunca será incumbência de algum ser angelical. Pedro fala sobre isso em sua epístola. Porém, esse anjo representa a Grande Comissão dada por Jesus aos Seus discípulos de todas as eras. Além disso, podemos perceber que na linguagem apocalíptica, cada pastor é chamado de “o anjo da igreja”. Paulo testifica em sua carta aos Gálatas que fora recebido por eles como “um anjo de Deus” (Gl.4:14).
Em 1 Coríntios 14, Paulo, a fim de justificar a sua preferência em falar no seu próprio idioma a falar em línguas espirituais, diz: “Se a trombeta der sonido incerto, quem se preparará para a batalha? Assim também vós. Se com a língua não pronunciardes palavras bem inteligíveis, como se entenderá o que se diz? Estareis como que falando ao ar” (vs.8-9). A pregação do evangelho eterno de Deus corresponde ao clangor de uma trombeta de sonido certo. Quando proclamamos a verdade de Deus, os eleitos se ajuntam. Por isso, ao chegar a Corinto, sentindo-se tímido ante as ameaças dos judeus, Paulo ouviu da boca do Senhor: “Não temas, mas fala, e não te cales. Pois eu sou contigo, e ninguém lançará mão de ti para te fazer mal, porque tenho muito povo nesta cidade” (At.18:9-10).
Onde quer que esta trombeta se faça ouvir, os santos se reunirão, assim como aconteceu com Gideão, que ao tocar a buzina reuniu uma grande multidão para a batalha.

A 2a Vinda de Cristo


“Porém, a respeito DAQUELE DIA e hora ninguém sabe, nem os anjos do céu, nem o Filho, mas unicamente o Pai” (Mt.24:36).
A partir do verso 36 de Mateus 24, Jesus fala acerca de Sua Vinda no último dia, para julgar os vivos e os mortos. Do verso 1 ao verso 35, Jesus trata do juízo de Deus sobre Israel, e isso pode ser comprovado pelo uso da expressão “naqueles dias”, e pela afirmação de que tudo aquilo aconteceria ainda naquela geração. Entretanto, ao chegar ao verso 36, Jesus entra em um novo assunto. Jesus já não estava falando “daqueles dias”, em sim acerca “daquele dia”, quando Ele vier para estabelecer o Juízo Final.


Convém ressaltarmos que Jesus só desconhecia o dia de Sua Vinda pelo simples fato de ter se esvaziado de Sua glória original durante o tempo de Sua encarnação, porém, uma vez tendo sido entronizado, seria ridículo afirmar que Ele continua ignorando o dia de Seu retorno. “Quando o Filho do homem vier em sua glória, e todos os santos anjos com ele, então se assentará no trono da sua glória. Todas as nações se reunirão diante dele, e ele apartará uns dos outros, como o pastor aparta dos bodes as ovelhas” (Mt.25:31-32).Esta passagem encontra seu paralelo em Apocalipse 20:11-15:
“Então vi um grande trono branco, e o que estava assentado sobre ele. Da presença dele fugiram a terra e o céu, e não se achou lugar para eles. E vi os mortos, grandes e pequenos, que estavam diante do trono, e abriram-se livros. Abriu-se outro livro, que é o da vida. Os mortos foram julgados pelas coisas que estavam escritas nos livros, segundo as suas obras. O mar entregou os mortos que nele havia, e a morte e o além deram os mortos que neles havia, e foram julgados cada um segundo as suas obras. Então a morte e o inferno foram lançados no lago de fogo. Esta é a segunda morte. E todo aquele que não foi achado inscrito no livro da vida, foi lançado no lago de fogo.”
O que é que Jesus virá fazer na terra em Sua segunda vinda? Será que Ele virá para estabelecer Seu reino, como afirmam alguns? Absolutamente. Isso Ele já fez em Sua primeira vinda. Agora Ele virá para julgar os vivos e os mortos. Ao discursar em Cesaréia, na casa de Cornélio, Pedro testificou: “Ele nos mandou pregar ao povo, e testificar que ele é o que por Deus foi constituído juiz dos vivos e dos mortos” (At.10:42). Paulo endossa: “Mas Deus, não levando em conta o tempo da ignorância, manda agora que todos os homens em todos os lugares se arrependam. Pois determinou UM DIA que com justiça há de julgar o mundo, por meio do homem que destinou. Ele disso deu certeza a todos, ressuscitando-o dentre os mortos” (At.17:30-31).
Como podemos ver, Ele não vem estabelecer o Seu reino, pois o mesmo já está estabelecido na terra desde que Ele aqui esteve pela primeira vez. Da próxima vez que vier, Seu propósito será o de trazer juízo sobre a terra.


Critérios do Juízo
E quais serão os critérios desse julgamento? Eis um terreno minado! Muitos não conseguem compreender os critérios que Cristo usará no Juízo Final.
Basta uma leitura superficial de Mateus 25, a partir do verso 31 e conclui-se que Deus julgará os homens tendo por base as suas obras. De acordo com o texto, Ele dará boas vindas aos que estiverem à Sua direita, e apresentará as razões pelas quais eles são bem-vindos às benesses do Reino Celestial: “Pois tive fome, e me destes de comer; tive sede e me destes de beber; era forasteiro e me hospedastes; estavas nu, e me vestistes; estive enfermo, e me visitastes; preso e fostes ver-me” (vs.35-36). Ao ser indagado pelos justos acerca de quando tudo isso havia acontecido, Jesus dirá: “Em verdade vos digo que, quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes” (v.40).
Quanto aos ímpios, eles serão acusados de não terem praticado as mesmas obras, e por isso, serão tidos por dignos da condenação eterna. Jesus conclui Seu sermão dizendo: “E irão estes para o castigo eterno, mas os justos para a vida eterna” (v.46).
Há ainda muitas passagens que comprovam que as bases do juízo serão as obras praticadas em vida. Por exemplo, em Mateus 16:27 lemos: “Pois o Filho do homem virá na glória de seu Pai, com os seus anjos, e então recompensará a cada um segundo as suas obras.”
E quanto a Paulo? O que diz o Apóstolo que ensinava a justificação pela fé, à parte das obras?
“Deus recompensará a cada um segundo as suas obras: Dará a vida eterna aos que, com perseverança em fazer o bem, procuram glória, honra e incorrupção. Mas indignação e ira aos que são contenciosos, e desobedientes à verdade, e obedientes à iniqüidade (...) Isto sucederá no dia em que Deus há de julgar os segredos homens, por meio de Jesus Cristo, segundo o meu evangelho.” Romanos 2:6-8,16.
O que houve com Paulo, afinal? Não é nesta mesma epístola que ele diz que ninguém será justificado diante de Deus pelas obras? (veja Rm.3:20)
Terá Paulo cometido um contra-senso? Óbvio que não! É justamente aqui que os escritos de Paulo e de Tiago se reconciliam. Paulo não ensinava uma “graça barata” como é ensinada hoje em alguns púlpitos. Ele defendia acirradamente que o crente é justificado pela fé somente. É mediante essa fé que temos paz com Deus, e somos aceitos em Sua presença. É também por ela que recebemos a justiça de Cristo em nossa conta, e sabemos que os nossos pecados recaíram sobre Ele na cruz. Tudo isso é pela fé! Não é por obras! Neste exato momento, nossa situação com Deus está acertada. Já não nos resta condenação.
Não obstante, temos que verificar nos textos paulinos que a fé que o apóstolo pregava era uma fé operante. Esta fé não apenas nos faz aceitos aos olhos de Deus, como também produz as boas obras que a justiça de Deus requer de nós. Embora estas obras não sejam a causa da nossa salvação, elas serão a base do juízo de Deus.

A fé nos coloca em Cristo, e a natureza divina que recebemos dEle opera em nós as boas obras. É assim que a justiça da lei se cumpre naquele que está em Cristo (Rm.8:4).
Se não somos salvos mediante as obras, por quê o juízo de Deus será segundo elas?
Nossas contas com Deus já foram acertadas. Não resta condenação alguma para os que estão em Cristo Jesus. Ele mesmo afirmou: “Quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna, e não entrará em juízo, mas passou da morte para a vida” (Jo.5:24). Já em outro texto, lemos que “todos devemos comparecer perante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem, ou mal” (2 Co.5:10). Como conciliar as duas afirmações? Ora, se já passamos da morte para a vida, por quê, então, teremos que estar diante do tribunal de Cristo? Por que teremos de prestar contas de nossas obras?


Quero sugerir duas respostas:


1. Para recebermos os galardões provenientes das obras que praticamos. Embora estas obras sejam frutos do Espírito de Deus, ainda sim, mediante a Sua inefável graça, Deus deseja nos recompensar, apesar de sermos meros instrumentos de Sua justiça.


2. Deus deseja trazer todos diante do Seu tribunal, para que os ímpios jamais possam se queixar de não terem tido um tratamento justo. Há uma diferença entre entrar em juízo, e comparecer ao tribunal. Nós não seremos julgados, mas teremos que comparecer ante o Tribunal de Cristo. Ali ouviremos dEle o que o Espírito já tem testificado em nossos corações. Judas nos diz que “o Senhor vem com milhares de seus santos, para fazer juízo contra todos, e para fazer convictos todos os ímpios, acerca de todas as obras ímpias que impiamente praticaram, e de todas as duras palavras que ímpios pecadores contra ele proferiram” (Jd.14-15). Observe que Ele não vem apenas para fazer juízo, mas também para fazer convictos todos os ímpios. Ao assistirem o pronunciamento do justo Juiz àqueles que foram salvos por Sua graça, os ímpios hão de se convencer de que a sentença de Deus para eles será justa, e que a condenação eterna será o destino mais apropriado a eles. Ninguém será condenado sem ter a convicção de que aquela sentença é justa. Não haverá quem possa recorrer da sentença.

Quando se dará o Juízo?

Quando se dará tudo isso? Quando se instaurará o Tribunal de Cristo? Esta pergunta é muito pertinente porque, para alguns, a Igreja será julgada numa instância superior, ao adentrar os portais da glória. Os que defendem tal tese afirmam que a Vinda de Cristo será dividia em duas etapas: O Arrebatamento e o Juízo Final. No Arrebatamento, os crentes em Jesus ressuscitariam e seriam levados ao céu, e lá chegando, seriam submetidos a um Tribunal que visaria apenas recompensá-los. Já no Juízo Final, somente os ímpios e os que se convertessem durante a chamada Grande Tribulação seriam ressuscitados e submetidos a um julgamento que ditaria o seu destino eterno. Esta interpretação carece de uma exegese mais acurada.


A começar pelo fato de não haver na Bíblia distinção entre o dia do Arrebatamento e o do Juízo. Na verdade, trata-se de um mesmo evento que vai acontecer no último dia da história humana. Depois daí, a criação entrará no Estado Eterno.


Em segundo lugar, não há na Bíblia nenhuma base real para se distinguir as ressurreições dos justos e dos ímpios como sendo dois acontecimentos separados por um espaço de tempo. Se for verdade que os justos vão ressuscitar no Arrebatamento, e os ímpios vão ressuscitar sete anos depois, como advogam alguns, então o que dizer da afirmação de Marta: “Eu sei que ressurgirá na ressurreição, no último dia” (Jo.11:24)? Se Lázaro ressuscitaria no último dia, logo, ele não estaria entre aqueles que seriam salvos! Se Marta errou ao afirmar isso, então, por que Jesus não a repreendeu? Porque Ele mesmo ensinara a Marta que todos, justos e ímpios, haveriam de ressuscitar no último dia.


Veja o que o próprio Jesus ensinou:
“Não vos maravilheis disto, pois VEM A HORA em que TODOS os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz e sairão: Os que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vida, e os que praticaram o mal, para a ressurreição da condenação.”
João 5:28-29.


Jesus não deixou dúvida de que tanto a ressurreição dos justos, quanto a dos ímpios ocorrerão simultaneamente. Em nosso estudo sobre o Milênio, abordamos de forma mais esmiuçada este assunto, e tratamos daquilo que João chama de primeira e de segunda ressurreição. A doutrina do Arrebatamento, como é concebida atualmente não possui respaldo bíblico.
O que chamamos de Vinda Secreta de Jesus também não encontra respaldo bíblico. Quando se diz que Ele viria como um ladrão, refere-se ao fator surpresa que envolve a Sua Vinda. Quando Ele vier para julgar os vivos e os mortos, todos os olhos O verão. Definitivamente, não haverá uma vinda secreta, e outra pública como temos ouvido por aí. Quando escrevia aos crentes de Tessalônica, Paulo diz que “o Senhor descerá do céu com grande brado, à voz do arcanjo, ao som da trombeta de Deus, e os que morreram em Cristo ressurgirão primeiro” (1 Tess.4:16). É aqui que muita gente se confunde. Se pararmos aí, teremos a impressão de ter ouvido Paulo afirmar que os justos ressurgirão primeiro que os ímpios. Mas não podemos parar aí. O que Paulo está querendo dizer é que nós “os que ficarmos vivos para a vinda do Senhor, não precederemos os que dormem” (v.15). Isto quer dizer que, antes de sermos levados às alturas, os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. “Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, para o encontro do Senhor nos ares, e assim estaremos para sempre com o Senhor” (v.17).
Muitos encontram neste texto a indicação de que ao sermos arrebatados seremos levados para o céu, e lá passaremos sete anos com o Senhor, enquanto o mundo fica entregue nas mãos do anticristo. Esta passagem não fala nada disto ! Nós vamos ao Seu encontro para recebê-lO nas nuvens.
É provável que Paulo tivesse em mente o que acontecia quando o Imperador Romano voltava de uma batalha vitoriosa. Ao se aproximar dos portais da Cidade, o povo saía ao seu encontro para recebê-lo com honras e glórias.
Assim também, quando Jesus, o grande Imperador do Universo despontar no céu, nós e os santos de todas as eras iremos ao Seu encontro para recepcioná-lO, e então, Ele juntamente com todos os Seus santos e anjos pisará nesta Terra, e aqui, estabelecerá o Seu Juízo.


retirado do site http://escatologiareinista.blogspot.com/2008/05/o-sermo-proftico-de-jesus.html


[1] DeMar, Gary, Jesus virá em breve?, 2007, InvictusPRESS.

[2]The Annals of Imperial Rome, tradução de Michael Grant (London: Penguin Books, 1989), p. 271.

[3]The Wars of the Jews em The Works of Josephus, 5:12.3, p. 723.

Postado por Hermes C. Fernandes