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domingo, 28 de agosto de 2011

A primeira ressurreição e a segunda ressurreição.

Por Frank Brito


"E vi tronos; e assentaram-se sobre eles aqueles a quem foi dado o poder de julgar. E vi as almas daqueles que foram degolados pelo testemunho de Jesus e pela palavra de Deus, e que não adoraram a besta nem a sua imagem, e não receberam o sinal na testa nem na mão; e viveram e reinaram com Cristo durante mil anos... Bem-aventurado e santo aquele que tem parte na primeira ressurreição; sobre estes não tem poder a segunda morte, mas serão sacerdotes de Deus e de Cristo e reinarão com ele mil anos".(Apocalipse 20.6)

João viu tronos e assentaram-se sobre eles.

Paulo já havia explicado o significado de tais tronos em sua carta aos Efésios...



E vos vivificou, estando vós mortos em ofensas e pecados, em que, noutro tempo, andastes, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que, agora, opera nos filhos da desobediência; entre os quais todos nós também, antes, andávamos nos desejos da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza filhos da ira, como os outros também. Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo ( pela graça sois salvos ), e nos ressuscitou juntamente com ele, e NOS FEZ ASSENTAR NOS LUGARES CELESTIAIS, em Cristo Jesus; para mostrar nos séculos vindouros as abundantes riquezas da sua graça, pela sua benignidade para conosco em Cristo Jesus".(Efésios 2.1-7)

Paulo diz aí que:

1. Deus nos ressuscitou estando nós mortos em nossas ofensas e pecados.

2. Deus nos fez assentar nos lugares CELESTIAIS em Cristo Jesus.

Tudo isso ele diz que já ocorreu.

Lembrando que no capítulo anterior, ele já havia dito que Jesus JÁ ESTÁ REINANDO.

"A suprema grandeza do seu poder para conosco, os que cremos, segundo a operação da força do seu poder, Deus operou em Cristo,ressuscitando-o dentre os mortos e fazendo-o sentar-se à sua direita nos céus, muito acima de todo principado, e autoridade, e poder, e domínio, e de todo nome que se nomeia, não só neste século, mas também no vindouro; e sujeitou todas as coisas debaixo dos seus pés..."(EFésios 1.20-22)



Na carta aos Colossenses, Paulo também fala dessa ressurreição passada:"já ressuscitastes com Cristo".(Colossenses 3.1)

O próprio Jesus havia dito:

"Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida. Em verdade, em verdade vos digo que vem a hora, e agora é, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus, e os que a ouvirem viverão. Porque, como o Pai tem a vida em si mesmo, assim deu também ao Filho ter a vida em si mesmo. E deu-lhe o poder de exercer o juízo, porque é o Filho do Homem. Não vos maravilheis disso, porque vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz. E os que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vida; e os que fizeram o mal, para a ressurreição da condenação".(João 5:24-29)

Jesus aí fala das duas ressurreições. A primeira ressurreição é a ressurreição espiritual. "Quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou... mas passou da morte para a vida". Esses já tem a vida eterna. Portanto não podem mais morrer espiritualmente. Podemos morrer corporalmente, mas não espiritualmente.

Quando morrem corporalmente, seja naturalmente ou seja POR MARTÍRIO (como o caso dos degolados pela besta), eles continuam a viver com Cristo nos céus.

Essa é a ressurreição que Jesus diz "agora é, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus, e os que a ouvirem viverão".

Aí Jesus manda não nos maravilharmos dessa ressurreição espiritual porque haverá uma ressurreição corporal também. Essa é a ressurreição daqueles que estão no sepulcro. É a ressurreição física.



É por isso que Jesus diz:

"Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida".(João 5.24)

Os que passaram da morte para a vida pela fé, não entrarão em condenação, isto é, "sobre estes não tem poder a segunda morte"(Apocalipse 20).

Mas o que não tiverem ressuscitado espiritualmente, mas só no corpo no ultimo dia, este sim entrará em condenação, sairão "para a ressurreição da condenação".

O último dia e o reinado de mil anos

Por Frank Brito


"E vi descer do céu um anjo, que tinha a chave do abismo e uma grande cadeia na sua mão. Ele prendeu o dragão, a antiga serpente, que é o Diabo e Satanás, e o amarrou por mil anos. Lançou-o no abismo, o qual fechou e selou sobre ele, para que não enganasse mais as nações até que os mil anos se completassem. Depois disto é necessário que ele seja solto por um pouco de tempo".(Apocalipse 20.1-3)

A priori, não há motivo nenhum para imaginar que esses mil anos obrigatoriamente tenha que significar 1.000 anos literais. O capítulo inteiro é profundamente símbólico. Se o "dragão", a "serpente", a "chave", e a "cadeia" são símbolos, não há motivo algum pra achar que "1.000 anos" também não possa ser.

O Apóstolo Pedro escreveu que: "um dia para o Senhor é como mil anos, e mil anos como um dia". (II Pedro 3.8) Nos Salmos, lemos: "Porque meu é todo animal da selva, e o gado sobre mil outeiros". (Salmo 50:10) Em Crônicas: "Lembrai-vos perpetuamente do seu pacto, da palavra que prescreveu para mil geraçoes". (I Crônicas 16.15)

De forma geral, mil na Bíblia simplesmente dá a idéia de um número grande sem definição exatada. No português nós falamos de forma parecida. Uma mãe muitas vezes diz para o seu filho: Eu já te falei um milhão de vezes que não quero você dormindo tarde.Isso significa simplesmente um grande número de vezes, mas não um milhão de vezes literalmente.



Sabendo primeiro isto, que nos últimos dias virão escarnecedores com zombaria andando segundo as suas próprias concupiscências, e dizendo: Onde está a promessa da sua vinda? porque desde que os pais dormiram, todas as coisas permanecem como desde o princípio da criação. Pois eles de propósito ignoram isto, que pela palavra de Deus já desde a antiguidade existiram os céus e a terra, que foi tirada da água e no meio da água subsiste; pelas quais coisas pereceu o mundo de então, afogado em água; mas os céus e a terra de agora, pela mesma palavra, têm sido guardados para o fogo, sendo reservados para o dia do juízo e da perdição dos homens ímpios. Mas vós, amados, não ignoreis uma coisa: que um dia para o Senhor é como mil anos, e mil anos como um dia. O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia; porém é longânimo para convosco, não querendo que ninguém se perca, senão que todos venham a arrepender-se. Virá, pois, como ladrão o dia do Senhor, no qual os céus passarão com grande estrondo, e os elementos, ardendo, se dissolverão, e a terra, e as obras que nela há, serão descobertas. Ora, uma vez que todas estas coisas hão de ser assim dissolvidas, que pessoas não deveis ser em santidade e piedade, aguardando, e desejando ardentemente a vinda do dia de Deus, em que os céus, em fogo se dissolverão, e os elementos, ardendo, se fundirão? Nós, porém, segundo a sua promessa, aguardamos novos céus e uma nova terra, nos quais habita a justiça".(II Pedro 3.3-13)


Eles estariam escarnecendo "dizendo: Onde está a promessa da sua vinda". O motivo da zombaria é em relação a demora para a vinda de Jesus. O motivo da zombaria é que Jesus está demorando demais pra voltar e, na cabeça dos escarnecedores, os cristãos são estúpidos e tolos por acreditarem que Jesus ainda irá voltar.

Jesus, no seu sermão profético, já havia dando a entender que o questionamento em relação a demora de sua volta seria muito frequente no decorrer dos séculos.

"Mas, se aquele servo disser em teu coração: O meu senhor tarda; e começar a espancar os criados e as criadas, e a comer, a beber e a embriagar-se, virá o senhor desse servo num dia em que não o espera, e numa hora de que não sabe, e cortá-lo-á pelo meio, e lhe dará a sua parte com os infiéis". (Lucas 12.45-46)

Mas apesar dessa zombaria, Pedro avisa: "os céus e a terra de agora, pela mesma palavra, têm sido guardados para o fogo, sendo reservados para o dia do juízo e da perdição dos homens ímpios". Pedro avisa que, não obstante a zombaria e incredulidade, o Senhor certamente virá e aos incrédulos certamente está reservado a condenação. Repentinamente eles serão surpreendidos em sua obstinação, pois "Minha é a vingança e a recompensa, ao tempo em que resvalar o seu pé; porque o dia da sua ruína está próximo, e as coisas que lhes hão de suceder se apressam a chegar". (Deuteronômio 32.35)

Em seguida Pedro consola os cristãos dizendo, "vós, amados, não ignoreis uma coisa: que um dia para o Senhor é como mil anos, e mil anos como um dia. O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia". Os "mil anos" no texto de Pedro representa o tempo de demora para a vida de Jesus que aos olhos do Senhor não é demorado, mas para os homens parece ser.



Pedro aqui classifica o tempo entre a assunção de Jesus até a sua segunda vinda como mil anos. Mil anos é usado por Pedro aí pra identificar a aparente demora da vinda de Jesus, aos olhos humanos.

Pedro continua...

"Virá, pois, como ladrão o dia do Senhor, no qual os céus passarão com grande estrondo, e os elementos, ardendo, se dissolverão, e a terra, e as obras que nela há, serão descobertas"."Virá como ladrão" significa simplesmente que "em uma hora não conhecida". Da mesma forma que ninguém espera quando um ladrão vem, assim também ninguém poderá saber quando Jesus irá voltar.

utros textos bíblicos usam essa figura de linguagem pra falar da vinda de Jesus:

"Vigiai, pois, porque não sabeis em que dia vem o vosso Senhor; sabei, porém, isto: se o dono da casa soubesse a que vigília da noite havia de vir o ladrão, vigiaria e não deixaria minar a sua casa. Por isso ficai também vós apercebidos; porque numa hora em que não penseis, virá o Filho do homem". (Mateus 24.42-44)

"Mas, irmãos, acerca dos tempos e das épocas não necessitais de que se vos escreva: porque vós mesmos sabeis perfeitamente que o dia do Senhor virá como vem o ladrão de noite; pois quando estiverem dizendo: Paz e segurança! então lhes sobrevirá repentina destruição, como as dores de parto àquela que está grávida; e de modo nenhum escaparão". (I Tessaloniscenses 5.1-3)

"Eis que venho como ladrão. Bem-aventurado aquele que vigia, e guarda as suas vestes, para que não ande nu, e não se veja a sua  
nudez". (Apocalipse 16.15) 



Mas Pedro diz:

í"Virá, pois, como ladrão o dia do Senhor, no qual os céus passarão com grande estrondo, e os elementos, ardendo, se dissolverão, e a terra, e as obras que nela há, serão descobertas. Ora, uma vez que todas estas coisas hão de ser assim dissolvidas, que pessoas não deveis ser em santidade e piedade, aguardando, e desejando ardentemente a vinda do dia de Deus, em que os céus, em fogo se dissolverão, e os elementos, ardendo, se fundirão? Nós, porém, segundo a sua promessa, aguardamos novos céus e uma nova terra, nos quais habita a justiça.
(II Pedro 3.11-13)

Nós vemos aí que na vinda do Senhor já entramos no Novo Céu e Nova Terra. Na vinda de Jesus, os céus passarão com grande estrondo, e os elementos, ardendo, se dissolverão, e a terra, e as obras que nela há, serão descobertas.

Isso nos mostra que não pode haver 1.000 anos de separação entre a vinda de Jesus e o juízo final pelo qual entramos no Novo Céu e Nova Terra. O juízo final acontecerá na vinda de Jesus onde os ímpios serão punidos e os justos recompensados.



Os 1.000 anos são o tempo presente, um número simbólico para se referir a demora para a vinda de Jesus.

Outro texto que mostra que não pode haver 1.000 anos de separação entre a vinda de Jesus e o juízo final pelo qual entramos no Novo Céu e Nova Terra é I Coríntios 15. Esse texto é tão fortemente contra o pré-milenismo que eu me impressiono que ainda existam pré-milenistas depois de ler esse texto.

"Pois como todos em Adão morrem, do mesmo modo todos em Cristo serão vivificados. Cada um, porém, na sua ordem: Cristo a primícia, depois os que são de Cristo, na sua vinda. Então virá o fim quando ele entregar o reino a Deus o Pai, quando houver destruído todo domínio, e toda autoridade e todo poder. Pois é necessário que ele reine até que haja posto todos os inimigos debaixo de seus pés. Ora, o último inimigo a ser destruído é a morte".(I Coríntios 15.22-26)

Paulo aqui fala do reino atual de Cristo e da ressurreição corporal dos justos: "todos em Cristo serão vivificados". No decorrer do capítulo, ele ensina que quando isso acontecer é que será derrotado o seu último inimigo.

"Eis aqui vos digo um mistério: Nem todos dormiremos mas todos seremos transformados, num momento, num abrir e fechar de olhos, ao som da última trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos serão ressuscitados incorruptíveis, e nós seremos transformados. Porque é necessário que isto que é corruptível se revista da incorruptibilidade e que isto que é mortal se revista da imortalidade. Mas, quando isto que é corruptível se revestir da incorruptibilidade, e isto que é mortal se revestir da imortalidade, então se cumprirá a palavra que está escrito: Tragada foi a morte na vitória".(I Coríntios 15.51-54)



Paulo é claro (em um livro que não é nada alegórico).

Ele cita o Salmo 110 pra provar que Jesus está reinando agora. Ele cita o Salmo pra mostrar que o Reino de Cristo a direita do Pai permanece até a ressurreição corporal dos justos que é quando a morte é vencida.

"Disse o SENHOR ao meu Senhor: Assenta-te à minha mão direita, até que ponha os teus inimigos por escabelo dos teus pés".(Salmos 110,1)

"Pois é necessário que ele reine até que haja posto todos os inimigos debaixo de seus pés. Ora, o último inimigo a ser destruído é a morte" (I Coríntios 15.26)

Após a ressurreição corporal dos justos, não haverá mais inimigos de Cristo pra serem derrotados, pois aí é vencido o últimoinimigo. Não pode haver, então, Satanás pra ser vencido nem pode haver uma multidão de ímpios congregados com Satanás lutando contra Jesus 1.000 anos depois de sua vinda, pois em sua vinda todos os inimigos de Jesus já serão vencidos conforme vemos aqui.

Como é que o último inimigo de Cristo pode ser derrotado na ressurreição corporal dos justos quando ainda há Satanás e uma multidão de ímpios depois?



Isso é confirmado por Jesus:

"Propôs-lhes outra parábola, dizendo: O reino dos céus é semelhante ao homem que semeou boa semente no seu campo; mas, enquanto os homens dormiam, veio o inimigo dele, semeou joio no meio do trigo, e retirou-se. Quando, porém, a erva cresceu e começou a espigar, então apareceu também o joio. Chegaram, pois, os servos do proprietário, e disseram-lhe: Senhor, não semeaste no teu campo boa semente? Donde, pois, vem o joio? Respondeu-lhes: Algum inimigo é quem fez isso. E os servos lhe disseram: Queres, pois, que vamos arrancá-lo? Ele, porém, disse: Não; para que, ao colher o joio, não arranqueis com ele também o trigo. Deixai crescer ambos juntos até a ceifa; e, por ocasião da ceifa, direi aos ceifeiros: Ajuntai primeiro o joio, e atai-o em molhos para o queimar; o trigo, porém, recolhei-o no meu celeiro".(Mateus 13.24-30)

Jesus posteriormente explica detalhadamente esta parábola:

"Então Jesus, deixando as multidões, entrou em casa. E chegaram-se a ele os seus discípulos, dizendo: Explica-nos a parábola do joio do campo. E ele, respondendo, disse: O que semeia a boa semente é o Filho do homem; o campo é o mundo; a boa semente são os filhos do reino; o o joio são os filhos do maligno; o inimigo que o semeou é o Diabo; a ceifa é o fim do mundo, e os celeiros são os anjos. Pois assim como o joio é colhido e queimado no fogo, assim será no fim do mundo. Mandará o Filho do homem os seus anjos, e eles ajuntarão do seu reino todos os que servem de tropeço, e os que praticam a iniquidade, e lançá-los-ão na fornalha de fogo; ali haverá choro e ranger de dentes. Então os justos resplandecerão como o sol, no reino de seu Pai. Quem tem ouvidos, ouça".(Mateus 13.36-43)

Esse é o juízo final que ocorrerá na vinda do Filho do Homem no fim do mundo e não 1.000 anos depois da vinda do Filho do Homem. O fim do mundo e a inauguração do Novo Céu e Nova Terra é na vinda de Jesus e não 1.000 anos depois.



I Coríntios 15 abre as portas para a compreensão de Apocalipse 20...

"Pois como todos em Adão morrem, do mesmo modo todos em Cristo serão vivificados. Cada um, porém, na sua ordem: Cristo a primícia, depois os que são de Cristo, na sua vinda. Então virá o fim quando ele entregar o reino a Deus o Pai, quando houver destruído todo domínio, e toda autoridade e todo poder. Pois é necessário que ele reine até que haja posto todos os inimigos debaixo de seus pés. Ora, o último inimigo a ser destruído é a morte". (I Coríntios 15.22-26)

"Pois é necessário que ele reine até que haja posto todos os inimigos debaixo de seus pés". Paulo está aqui citando o Salmo 110: "Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos debaixo de seus pés". (Salmo 110.1)

E quando Jesus Cristo começa a reinar?

NÃO SOMENTE EM SUA SEGUNDA VINDA OU EM UM PERIODO DE MIL ANOS NO FUTURO MAS A PARTIR DE SUA RESSURREIÇÃO EM SUA PRIMEIRA VINDA!.

"E, aproximando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: Foi-me dada toda a autoridade no céu e na terra".(Mat 28:18)
.
"Ora, o Senhor, depois de lhes ter falado, foi recebido no céu, e assentou-se à direita de Deus". (Mar 16:19)
.
"A suprema grandeza do seu poder para conosco, os que cremos, segundo a operação da força do seu poder, Deus operou em Cristo, ressuscitando-o dentre os mortos e fazendo-o sentar-se à sua direita nos céus, muito acima de todo principado, e autoridade, e poder, e domínio, e de todo nome que se nomeia, não só neste século, mas também no vindouro; e sujeitou todas as coisas debaixo dos seus pés..."(EFésios 1.20-22)

"...para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra, e toda língua confesse queJesus Cristo é Senhor..." (Filipenses 2.9-11)



Jesus Cristo JÁ ESTÁ REINANDO...

Alias, confessar que Jesus Cristo é o Senhor é reconhecer justamente isso.

Por esse motivo, quando lemos em Apocalipse 20 que "reinaram com Cristo durante mil anos" não devemos entender que esteja aí se referindo aí um reino futuro de Cristo como se ele não esteja já reinando.

Vamos analisar então o texto de Apocalipse 20 pra ver como esse Reino de Cristo se encaixa no contexto..

"E vi descer do céu um anjo, que tinha a chave do abismo e uma grande cadeia na sua mão. Ele prendeu o dragão, a antiga serpente, que é o Diabo e Satanás, e o amarrou por mil anos. Lançou-o no abismo, o qual fechou e selou sobre ele, para que não enganasse mais as nações até que os mil anos se completassem. Depois disto é necessário que ele seja solto por um pouco de tempo". (Apocalipse 20.1-3)

O capítulo começa falando sobre uma prisão de Satanás. Uma prisão com a duração de mil anos. Muitos nesse momento se perguntam: Mas o Diabo não está solto? Ele não está por aí livre e solto causando confusão e arruinando a vida de muitos do mesmo jeito que sempre esteve?

Como todos sabem, o livro de Apocalipse é profundamente simbólico. Por esse motivo, não podemos ser precipitados em nossas conclusões sobre o significado de algo que é dito ali. Temos que refletir bem. Temos que comparar com outros textos claros e não simbólicos da Bíblia que falam do mesmo assunto de forma a trazer luz aos símbolos.

O texto diz que "ele prendeu o dragão, a antiga serpente, que é o Diabo e Satanás, e o amarrou por mil anos". Mas prendeu pra que? "Para que não enganasse mais as nações".

A primeira coisa que temos que fazer é nos perguntar: Existe algum outro texto na Bíblia mais claro que fale de uma prisão, uma limitação de Satanás? E de que modo esses textos se relacionam com as nações?



Em primeiro lugar, sobre a questão das nações...

A palavra que é traduzida como nações em Apocalipse é a palavra grega ethnos. Essa palavra aparece 152 vezes no Novo Testamento, e na maioria absoluta das vezes em que essa palavra aparece no Novo Testamento, ela é traduzida como gentio.

Por exemplo: "Seja-vos pois notório que esta salvação de Deus é enviada aos gentios, e eles ouvirão". (Atos 28.28) A palavra aqui traduzida como gentios é a mesma palavra que em Apocalipse 20 aparece como nações: ethnos. Portanto Atos 28.28 poderia ser traduzido como "Seja-vos pois notório que esta salvação de Deus é enviada as nações, e elas ouvirão". (Atos 28.28)

A relação entre a nação de Israel (os judeus) e as demais nações (os gentios) é um assunto muito frequente no Novo Testamento. Se nós entendermos isso, começaremos a entender que Apocalipse 20 não é um texto de modo nenhum isolado do resto da Bíblia, mas trata de um assunto muito recorrente.



"Portanto, lembrai-vos que outrora vós, gentios na carne, chamam circuncisão, feita pela mão dos homens, estáveis naquele tempo sem Cristo, separados da comunidade de Israel, e estranhos aos pactos da promessa, não tendo esperança, e sem Deus no mundo. Mas agora, em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, já pelo sangue de Cristo chegastes perto... Por esta razão eu, Paulo, o prisioneiro de Cristo Jesus por amor de vós gentios. Se é que tendes ouvido a dispensação da graça de Deus, que para convosco me foi dada; como pela revelação me foi manifestado o mistério, conforme acima em poucas palavras vos escrevi, pelo que, quando ledes, podeis perceber a minha compreensão do mistério de Cristo, o qual em outras gerações não foi manifestado aos filhos dos homens, como se revelou agora no Espírito aos seus santos apóstolos e profetas, a saber, que os gentios são co-herdeiros e membros do mesmo corpo e co-participantes da promessa em Cristo Jesus por meio do evangelho.(Efésios 2.11-13, 3:1-6)

Paulo fala aqui de uma mudança significativa que ocorreu com a vinda de Cristo. Ele começa mostrando que, antes da vinda de Cristo, os gentios estavam, de forma generalizada, separados de Deus. A situação antes da vinda de Cristo é descrita pelo Salmo:"ele revela a sua palavra a Jacó, os seus estatutos e as suas ordenanças a Israel. Não fez assim a nenhuma das outras nações; e, quanto às suas ordenanças, elas não as conhecem. Louvai ao Senhor!" (Salmo 147.19-20)

De Moisés até Jesus, as nações da terra eram pagães. "Os ídolos das nações são prata e ouro, obra das mãos dos homens". (Salmo 135.15) O conhecimento do Deus verdadeiro existia somente em Israel. Mas enquanto isso, "todos os povos andam, cada um em nome do seu deus".(Miquéias 4.5)



Mas Paulo fala de um mistério. Do mistério de Cristo, o qual em outras gerações não foi manifestado aos filhos dos homens, como se revelou agora no Espírito aos seus santos apóstolos e profetas.

E que mistério era esse?

"que os gentios são co-herdeiros e membros do mesmo corpo e co-participantes da promessa em Cristo Jesus por meio do evangelho"

É por isso que antes de sua assunção Jesus disse:

Foi-me dada toda a autoridade no céu e na terra. Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a observar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos". (Mat 28.18-20)

Com a assunção de Cristo a posição de Soberano Absoluto sobre todo o universo, os gentios são introduzidos, assim como eram os judeus a vida com Deus.

"Ouvindo eles estas coisas, apaziguaram-se e glorificaram a Deus, dizendo: Assim, pois, Deus concedeu também aos gentios o arrependimento para a vida". (Atos 11.18)



Esse é o significado do Apocalipse quando diz, "fechou e selou sobre ele, para que não enganasse mais as nações"podendo ser traduzido como "para que não enganasse mais os gentios".

Sob a autoridade dada a Jesus Cristo Reinando sobre o céu e a terra, o evangelho é propagado em todas as nações. É por isso que João diz sobre Jesus: "E cantavam um cântico novo, dizendo: Digno és de tomar o livro, e de abrir os seus selos; porque foste morto, e com o teu sangue compraste para Deus homens de toda tribo, e língua, e povo e nação" (Apocalipse 5.9)

Não é só no Apocalipse que a vocação dos gentios é narrado como uma prisão de Satanás. No Evangelho de João também.



"Agora, é o juízo deste mundo; agora, será expulso o príncipe deste mundo. E eu, quando for levantado da terra, todos atrairei a mim".(João 12.31-32)

"E eu, quando for levantado da terra, todos atrairei a mim". Jesus está aí citando Isaís 52.

"Eis que o meu servo operará com prudência; será engrandecido, e levantado, e mui sublime. Como pasmaram muitos à vista dele, pois a sua aparência estava tão desfigurada, mais do que o de outro qualquer, e a sua figura, mais do que a dos outros filhos dos homens. Assim, borrifará muitas nações, e os reis fecharão a boca por causa dele, porque aquilo que não lhes foi anunciado verão, e aquilo que eles não ouviram entenderão".(Isaías 52.13-15)

A referência é a vocação dos gentios. O significado da expulsão do Príncipe deste mundo é A EVANGELIZAÇÂO DO MUNDO INTEIRO QUANDO NA VOCAÇÃO DOS GENTIOS O PAGANISMO PROGRESSIVAMENTE DEIXA DE REINAR SOBRE O MUNDO.



Jesus está neste momento reinando e destruindo os seus inimigos por meio da evangelização do mundo. "Depois, virá o fim, quando tiver entregado o Reino a Deus, ao Pai, e quando houver aniquilado todo império e toda potestade e força".

Resumindo até aqui o que foi dito sobre Apocalipse 20:

1. Jesus começou a reinar quando ressuscitou e subiu aos céus.

2. A prisão de Satanás para que não mais enganasse as nações é a vocação dos gentios de forma que todas as nações serão coletivamente convertidas ao Evangelho de Jesus Cristo.










quinta-feira, 4 de agosto de 2011

A grande prostituta e a besta de apocalipse




Por Frank Brito


Então ele me levou em espírito a um deserto; e vi uma mulher montada numa besta cor de escarlata, que estava cheia de nomes de blasfêmia, e que tinha sete cabeças e dez chifres...Aqui está o sentido, que tem sabedoria: as sete cabeças são sete montes...São também sete reis, dos quais caíram cinco, um existe, e o outro ainda não chegou; e, quando chegar, tem de durar pouco".(Apocalipse 17.3,9,10)

O Apóstolo João, exilado na ilha de Patmos, teve a visão de uma grande prostituta que montada numa besta de sete cabeças e dez chifres. Vou dar aqui a minha opinião do significado dessa visão e gostaria de ouvir comentários.

Sobre a besta de sete cabeças e dez chifres, essa não é a primeira vez que ela aparece no Apocalipse.

Já no capítulo 13, lemos a respeito de duas bestas.

A primeira:

"Vi emergir do mar uma besta que tinha dez chifres e sete cabeças e, sobre os chifres, dez coroas e, sobre as cabeças, nomes de blasfêmia". (Apocalipse 13.1)

A segunda:

"E vi subir da terra outra besta, e tinha dois chifres semelhantes aos de um cordeiro; e falava como dragão". (Apocalipse 13.11)

É interessante notar que a descrição das duas besta em Apocalipse 13, vem logo após a descrição da mulher que foge para o deserto...

"E foram dadas à mulher as duas asas da grande águia, para que voasse para o deserto, ao seu lugar, onde é sustentada por um tempo, e tempos, e metade de um tempo, fora da vista da serpente".(Apocalipse 12.14)



Qual a relação entre a mulher indo para o deserto e a descrição de duas bestas surgindo logo em seguida? A relação é que João está fazendo uma analogia com a história de Israel.

No início do Apocalipse, lemos: "entretanto, algumas coisas tenho contra ti; porque tens aí os que seguem a doutrina de Balaão, o qual ensinava Balaque a lançar tropeços diante dos filhos de Israel, introduzindo-os a comerem das coisas sacrificadas a ídolos e a se prostituírem".(Apocalipse 2.14)

Quem foram Balaque e Balaão?

"Depois os filhos de Israel partiram, e acamparam-se nas planícies de Moabe, além do Jordão, na altura de Jericó. Ora, Balaque, filho de Zipor, viu tudo o que Israel fizera aos amorreus. E Moabe tinha grande medo do povo, porque era muito; e Moabe andava angustiado por causa dos filhos de Israel. Por isso disse aos anciãos de Midiã: Agora esta multidão lamberá tudo quanto houver ao redor de nós, como o boi lambe a erva do campo. Nesse tempo Balaque, filho de Zipor, era rei de Moabe. Ele enviou mensageiros a Balaão, filho de Beor, a Petor, que está junto ao rio, à terra dos filhos do seu povo, a fim de chamá-lo, dizendo: Eis que saiu do Egito um povo, que cobre a face da terra e estaciona defronte de mim. Vem pois agora, rogo-te, amaldiçoar-me este povo, pois mais poderoso é do que eu; porventura prevalecerei, de modo que o possa ferir e expulsar da terra; porque eu sei que será abençoado aquele a quem tu abençoares, e amaldiçoado aquele a quem tu amaldiçoares".(Números 22.1-6)

Balaque era um rei. Balaão era um falso profeta.

Isso nos leva de volta a Apocalipse 13. A primeira besta é descrita como um poder político. A segunda é descrita como um poder religioso. A segunda besta, alias, é chamada de falso profeta no decorrer de todo livro.



Com isso podemos entender porque a narrativa das duas bestas ocorre logo após a narrativa da mulher indo para o deserto. João está fazendo uma analogia com Balaque e Balaão que atacaram Israel no deserto.

Assim como Israel atravessou o deserto rumo a terra prometida, a Igreja também marcha rumo a terra prometida. E assim como Israel teve que enfrentar Balaque e Balaão, a Igreja também teve que enfrentar.

Mas João tem outra visão do deserto em Apocalipse 17. E ao ver o deserto mais uma vez, ele vê que não era só a mulher que dera luz ao Filho de Deus que estava lá. Havia outra mulher lá.

A diferença é que essa outra mulher, diferente da outra, era uma grande prostituta...

"Então ele me levou em espírito a um deserto; e vi uma mulher montada numa besta cor de escarlata, que estava cheia de nomes de blasfêmia, e que tinha sete cabeças e dez chifres. A mulher estava vestida de púrpura e de escarlata, e adornada de ouro, pedras preciosas e pérolas; e tinha na mão um cálice de ouro, cheio das abominações, e da imundícia da prostituição; e na sua fronte estava escrito um nome simbólico: A grande Babilônia, a mãe das prostituições e das abominações da terra".
(Apocalipse 17.3-5)

Nesse momento muitos se perguntam: Qual é exatamente a identidade da besta de sete cabeças e dez chifres e qual é exatamente a identidade da grande prostituta que vinha cavalgando sobre a besta?



Eu acredito que o verso que eu citei aqui no começo tem a chave para a resposta:

Aqui está o sentido, que tem sabedoria: as sete cabeças são sete montes...São também sete reis, dos quais caíram cinco, um existe, e o outro ainda não chegou; e, quando chegar, tem de durar pouco

João aí deixa claro que a besta era contemporânea a ele. Ele diz que as cabeças da bestas representava sete reis dos quais, em relação a quando ele estava escrevendo cinco deles já não eram mais reis.

Por esse motivo, não devemos procurar identificar a besta de sete cabeças e dez chifres como algo futuro a nós. João deixa claro que a besta de sete cabeças e dez chifres era algo de seu próprio tempo.

Tendo isso em mente, devemos nos perguntar: Quais reis do tempo de João se encaixam na descrição que ele dá?

É aí que entra a segunda confirmação de que João, de fato, estava falando de algo contemporâneo a ele. Ele diz que as sete cabeças, além de serem sete reis, eram também sete montes. Creio que eu não preciso provar aqui pois todos provavelmente sabem que Roma era e ainda é conhecida como A Cidade das Sete Colinas.

As sete colinas são: Palatino, Aventino, Campidoglio, Quirinale, Viminale, Esquilino, e Celio.



Se besta como um todo representa a Roma Imperial, quem seriam então os sete reis?

São...

1. Julio César (49-44 AC)
2. Augusto (31 AC- 14 AD)
3. Tibério(14-37 AD)
4. Calígula (37-41 AD )
5. Cláudio (41-54 AD)
6. Nero (54-68)
7. Galba (68)

Até Júlio César, o que havia era a República Romana. Foi ele quem desempenhou um papel crítico na transformação da República Romana no Império Romano.

"um que agora existe" então foi Nero. E depois de Nero, "o outro ainda não é vindo; e quando vier, deve permanecer pouco tempo". De fato, Nero depois de se matar foi sucedido por Galba, que governou por apenas três meses até ser assassinado.



Antes de falar do resto de Apocalipse 17, que comentar mais sobre a descrição da besta em Apocalipse 13 para que Apocalipse 17 seja melhor compreendido.

"Aqui há sabedoria. Aquele que tem entendimento, calcule o número da besta; porque é o número de um homem, e o seu número éseiscentos e sessenta e seis".(Apocalipse 13.18)

João estava aqui se referindo ao Imperador Nero César.

Na Antiguidade, em todas as línguas, as letras do alfabeto não serviam somente para escrever. Serviam também para contar. Cada letra tinha um valor número. No português, nós ainda temos isso no que chamamos de "numeração romana".

Em grego o nome de Nero César é Nerōn Kaisar. Em hebraico, נרון קסר (Nrwn Qsr).

Quando somamos as letras do seu nome em hebraico, o resultado é seiscentos e sessenta e seis.

Mas aqui surgem duas questões importantes...

A primeira é:

Se Nero era a besta já no tempo de João, por que João simplesmente não diz quem é de forma clara? Por que ele fala em linguagem secreta? Não podemos nos esquecer que João estava escrevendo de Patmos, onde foi exilado pelos romanos. A igreja
sofria uma perseguição sistemática pelo estado romano sob Nero. Esse, alias, é o tema do capítulo.

Adoraram o dragão, que tinha dado autoridade à besta, e também adoraram a besta, dizendo: "Quem é como a besta? Quem pode guerrear contra ela?" Ela abriu a boca para blasfemar contra Deus e amaldiçoar o seu nome e o seu tabernáculo, os que habitam no céu. Foi-lhe dado poder para guerrear contra os santos e vencê-los. Foi-lhe dada autoridade sobre toda tribo, povo, língua e nação". (Apocalipse 13.4,6-7)

João identifica o imperador romano, mas o faz de uma forma que preserve a igreja das represálias no caso da carta ser interceptada pelas autoridades romanas.



Isso explica também a segunda questão...

Quando somamos as letras do nome de Nero César em hebraico, o resultado é seiscentos e sessenta e seis (666). Mas quando somamos o seu nome no grego, o resultado é seiscentos e dezesseis (616). Se o livro foi escrito em grego, não é o nome em grego de Nero que deveria dar 666 e não em hebraico?

Novamente, João estava escrevendo de Patmos, onde foi exilado pelos romanos. A igreja sofria uma perseguição sistemática pelo estado romano sob Nero. O grego era a uma língua franca no Império Romano. Por esse motivo, é provável que seria muito obvio se o cálculo estivesse na língua que qualquer soldado romano poderia compreender.

Mas há algo interessante aqui relacionado a isso. Em alguns poucos manuscritos antigos, existe uma variação neste texto. Em vez de 666, lemos 616. Certamente não se tratou de um erro de leitura de um antigo copista. Deve ter sido intencional. João, um judeu, usou uma pronúncia hebraica para o nome de Nero a fim de chegar à figura 666. Mas quando o Apocalipse começou a circular entre aqueles menos familiarizados com o hebraico, um copista que sabia o significado de 666 pode ter buscado tornar a decifração mais fácil alterando o número para 616 para que não restasse dúvidas sobre a identidade da besta.

616 se refere ao nome de Nero no grego. A existência dessa variação nos manunscritos confirmam que João está de fato falando em Nero, aquele que "agora existe"...



Mas além das sete cabeças, uma característica da besta são os dez chifres.

Como já vimos, a besta representava o Império como um todo. As cabeças representavam os imperadores.

Mas e os dez chifres, o que seriam?

O Império Romano não era governado pelo imperador sozinho. Basicamente, os poder era dividido entre dois ramos iguais: o imperador e o senado.

O próprio Nero, por exemplo, teve tensões com o senado. Com sua mania de grandeza, o imperador apresentou um projeto ao Senado: derrubar quase metade de Roma para construir palácios e Roma receber um novo nome. Qual seria? Nerópolis. Isso foi pouco tempo depois do grande incêndio que assolou Roma em Julho de 64. Por "coincidência", o fogo consumiu exatamente os bairros que o imperador queria derrubar para construir Nerópolis. Enquanto Roma queimava, Nero tocava lira e cantava no teto de um de seus palácios. Suspeito de incendiar a cidade, Nero botou a culpa nos cristãos pra aumentar a perseguição e até matar os apóstolos Pedro e Paulo. O Senado, que achava bom Nero queimar cristãos vivos para iluminar os jardins de seu palácio (como forma de debochar o fato dos cristãos dizerem que eram "a luz do mundo"), decidiu não aprovar o projeto da construção de Nerópolis.



http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:RomanEmpire_117.svg
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Conforme pode ser visto neste mapa, o Império era dividido em províncias imperiais e províncias senatorias.
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A províncias imperiais eram aquelas regiões do Império que estavam sob o controle direto do Imperador. Cada províncias senatorias, por sua vez, era governados por um procônsul indicado pelo Senado.
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Havia, no total, dez províncias senatoriais:
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1) Aquéia
2) África
3) Ásia
4) Cirenaica e Creta
5) Chipre
6) Gália Narbonense
7) Hispânia Bética
8) Macedônia
9) Ponto
10) Sicília
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As cabeças e os chifres, portanto, representam a totalidade do governo do Império. As cabeças são os imperadores em sucessão e os chifres são o Senado representados pelo procônsul em cada província senatorial.



Então depois de lermos sobre os "sete reis", nós lemos sobre "um oitavo"...

"A besta que era e já não é, é também o oitavo, e é dos sete, e vai-se para a perdição. Os dez chifres que viste são dez reis, os quais ainda não receberam o reino, mas receberão autoridade, como reis, por uma hora, juntamente com a besta. Estes têm um mesmo intento, e entregarão o seu poder e autoridade à besta. Estes combaterão contra o Cordeiro, e o Cordeiro os vencerá, porque é o Senhor dos senhores e o Rei dos reis; vencerão também os que estão com ele, os chamados, e eleitos, e fiéis. Disse-me ainda: As águas que viste, onde se assenta a prostituta, são povos, multidões, nações e línguas. E os dez chifres que viste, e a besta, estes odiarão a prostituta e a tornarão desolada e nua, e comerão as suas carnes, e a queimarão no fogo".(Apocalipse 17.9-16)

Sobre o "oitavo", a primeira coisa que devemos nos perguntar é, por qual motivo fala-se somente em sete cabeças, mas ao mesmo tempo fala no oitavo. Por qual motivo não fala em oito cabeças, então?

A descrição da besta em Apocalipse 13 pode nos ajudar a começar a compreender isso...

"Também vi uma de suas cabeças como se fora ferida de morte, mas a sua ferida mortal foi curada. Toda a terra se maravilhou, seguindo a besta, e adoraram o dragão, porque deu à besta a sua autoridade; e adoraram a besta, dizendo: Quem é semelhante à besta? quem poderá batalhar contra ela?"(Apocalipse 13.3-4)

O texto fala de um ferida mortal sobre a besta.

É provável que a referência seja ao que ocorreu com o Império Romano mediante o suicídio de Nero...



Quando o Nero suicidou-se a linha de Julio-Claudiana dos imperadores, desapareceu da Terra. Após a morte de Nero e a extinção da casa Juliana, o Império Romano foi lançado em uma guerra civil de tal ferocidade e proporções que quase destruiu o império. Isso é um fato bastante conhecido e de extrema importância para a história do primeiro século. A expectativa em todo Império é que a glória de Roma havia chegado ao fim.

Nero se matou no dia 9 de Junho de 68 d.C. Após a morrte de Nero, existiu o período chamado Ano dos quatro imperadores. Roma testemunhou a ascensão e queda de Galba, Otão e Vitélio. Somente no final des período que o Império conseguiu se estabelecer com a ascensão de Vespasiano, que deu início a dinastia flaviana.

"essa ferida mortal foi curada; e toda a terra se maravilhou após a besta...".(Apocalipse 13.3)

O "oitavo", então foi Vespasiano que representou a "ressurreição" do Império Romano. O número oito na Bíblia, alias, aponta para aressurreição. Jesus, por exemplo, ressuscitou no oitavo dia. Além disso, Vespasiano não é classificado diretamente com as "sete cabeças", pois ele não veio imediatamente após Galba, mas só depois de Otão e Vitélio que fizeram parte da crise no qual o Império parecia que iria acabar.



Ele foi reconhecido pelo Senado como Imperador no dia 21 de Dezembro de 69, dando início a Dinastia Flaviana que sucedeu os Julio-Claudianos que havia acabado com Nero.

Por esse motivo, o Apocalipse diz:

"E os dez chifres que viste são dez reis, que ainda não receberam o reino, mas receberão o poder como reis por uma hora, juntamente com a besta. Estes têm um mesmo intento e entregarão o seu poder e autoridade à besta".(Apocalipse 17.12-13)

O número dez, como já vimos, se refere as dez Províncias Senatoriais em contraste com as regiões que era governadas diretamente pelo Imperador. A besta aí é a o Império Romano restaurado na pessoa de Vespesiano que foi reconhecido como Imperador pelo Senado que havia assumido.



Em seguida, nós lemos:

"E os dez chifres que viste na besta são os que aborrecerão a prostituta, e a porão desolada e nua, e comerão a sua carne, e a queimarão no fogo. Porque Deus tem posto em seu coração que cumpram o seu intento, e tenham uma mesma idéia, e que dêem à besta o seu reino, até que se cumpram as palavras de Deus".(Apocalipse 17.16-17)

Para aqueles com noções históricas, neste momento já vai estar claro a identidade da prostituta.

A grande prostituta era Jerusalém. Com a derrota da Grande Revolta Judaica contra o domínio romano , em 70, Jerusalém foi tomada pelas forças do comandante romano, Tito que era filho de Vespasiano sob ordens de seu pai.

A referência a Jerusalém apostata como uma grande prostituta não era nada novo. Já era uma línguagem familiar dos profetas:

Leiam Ezequiel 16. Leiam Oséias 9.



Ainda veio a mim a palavra do Senhor, dizendo: Filho do homem, faze conhecer a Jerusalém seus atos abomináveis... tens sido como a mulher adúltera que, em lugar de seu marido, recebe os estranhos. A todas as meretrizes se dá a sua paga, mas tu dás presentes a todos es teus amantes; e lhes dás peitas, para que venham a ti de todas as partes, pelas tuas prostituições. Assim és diferente de outras mulheres nas tuas prostituições; pois ninguém te procura para prostituição; pelo contrário tu dás a paga, e não a recebes; assim és diferente. Portanto, ó meretriz, ouve a palavra do Senhor. Assim diz o Senhor Deus: Pois que se derramou a tua lascívia, e se descobriu a tua nudez nas tuas prostituições com os teus amantes; por causa também de todos os ídolos das tuas abominações, e do sangue de teus filhos que lhes deste; portanto eis que ajuntarei todos os teus amantes, com os quais te deleitaste, como também todos os que amaste, juntamente com todos os que odiaste, sim, ajuntá-los-ei contra ti em redor, e descobrirei a tua nudez diante deles, para que vejam toda a tua nudez. E julgar-te-ei como são julgadas as adúlteras e as que derramam sangue; e entregar-te-ei ao sangue de furor e de ciúme. Também te entregarei nas mãos dos teus inimigos, e eles derribarão a tua câmara abobadada, e demolirão os teus altos lugares, e te despirão os teus vestidos, e tomarão as tuas belas jóias, e te deixarão nua e descoberta. Então farão subir uma hoste contra ti, e te apedrejarão, e te traspassarão com as suas espadas. E queimarão as tuas casas a fogo, e executarão juízos contra ti, à vista de muitas mulheres; e te farei cessar de ser meretriz, e paga não darás mais. Assim satisfarei em ti o meu furor, e os meus ciúmes se desviarão de ti; também me aquietarei, e não tornarei mais a me indignar.(Eze 16.1-2,32-42)


Muitos se perguntam...

Se a grande prostituta de Apocalipse 17 é Jerusalém então porque é que está escrito:

"A mulher que você viu é a grande cidade que tem um reino sobre os reis da terra".(Apocalipse 17:18)

Roma, dizem eles, era a cidade que tinha um reino sobre os reis da terra e não Jerusalém.

Nesse momento, temos que entender que a ênfase do Apocalipse é teológica e não política. Os acontecimentos políticos são narrados somente a medida que tem relação com questões teológicas.

Pra entender de que forma Jerusalém de fato tinha um reino que era sobre os reis da terra, devemos voltar a o Pacto da Lei no qual a nação de Israel foi fundada...

Em relação a Israel, o Pacto da Lei estabelecia:

"Se vocês obedecerem fielmente ao Senhor, ao seu Deus, e seguirem cuidadosamente todos os seus mandamentos que hoje lhes dou, o Senhor, o seu Deus, os colocará muito acima de todas as nações da terra".(Deuteronômio 28.1)

No preâmbulo da Lei já dizia...

"Agora, se me obedecerem fielmente e guardarem a minha aliança, vocês serão o meu tesouro pessoal dentre todas as nações. Embora toda a terra seja minha, vocês serão para mim um reino de sacerdotes e uma nação santa’. Essas são as palavras que você dirá aos israelitas". (Êxodo 19.5-6)

A posição de soberania de Israel sobre todas as nações era a posição que Israel era colocada mediante o Antigo Patco. Mas como Israel quebrou a Lei, foi estabelecido um novo Pacto no qual todas as nações estão em pé de igualdade.

É sobre isso que Paulo fala, quando fala da queda de Israel.

"Logo, pergunto: Porventura tropeçaram de modo que caíssem? De maneira nenhuma, antes pelo seu tropeço veio a salvação aos gentios, para os incitar à emulação. Ora se o tropeço deles é a riqueza do mundo, e a sua diminuição a riqueza dos gentios, quanto mais a sua plenitude!"(Romanos 11.11-12)



É sobre isso que Jesus falou também:

"Serpentes, raça de víboras! como escapareis da condenação do inferno? Portanto, eis que eu vos envio profetas, sábios e escribas: e a uns deles matareis e crucificareis; e a outros os perseguireis de cidade em cidade; para que sobre vós caia todo o sangue justo, que foi derramado sobre a terra, desde o sangue de Abel, o justo, até o sangue de Zacarias, filho de Baraquias, que mataste entre o santuário e o altar. Em verdade vos digo que todas essas coisas hão de vir sobre esta geração. Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas, apedrejas os que a ti são enviados! quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintos debaixo das asas, e não o quiseste! Eis aí abandonada vos é a vossa casa. Pois eu vos declaro que desde agora de modo nenhum me vereis, até que digais: Bendito aquele que vem em nome do Senhor".(Mateus 23.33-39)

Conforme Jesus avisou, Jereusalém de fato foi destruída naquela geração. Quarenta anos depois deste discurso, a mesma Jerusalém que gritou "Crucifica-o! Não temos rei, senão César!" foi traída pelo amante César que na pessoa de Vespasiano, foi queimada e desolada.




Resumindo...

Besta = Império Romano
Grande Prostituta = A Velha Jerusalém

Ambos já caíram...

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

significado do livro de Apocalipse

Por Frank Brito


Sem dúvidas, o livro de Apocalipse é o livro mais difícil de ser compreendido em toda a Bíblia. O famoso escritor, Ambrose Bierce comentou com uma dose de humor sobre o livro de Apocalipse:[ “Um famoso livro no qual São João escondeu tudo o que ele sabia. Quem faz a revelação são os comentaristas que nada sabem”. 

Durante o seu ministério, Jesus também falava muito por meio de símbolos – no que chamamos de parábolas. Uma explicação muito comum, mas equivocada sobre o uso de parábolas no ministério de Jesus, era que as parábolas supostamente facilitariam o entendimento da população que ouvia Jesus, já que transmitiam os ensinamentos por meio de comparações baseadas na vida comum de seus ouvintes. Tal explicação é incoerente com o ensino do próprio Jesus sobre o tema:

"E chegando-se a ele os discípulos, perguntaram-lhe: Por que lhes falas por parábolas? Respondeu-lhes Jesus: Porque a vós é dado conhecer os mistérios do reino dos céus, mas a eles não lhes é dado; pois ao que tem, dar-se-lhe-á, e terá em abundância; mas ao que não tem, até aquilo que tem lhe será tirado. Por isso lhes falo por parábolas; porque eles, vendo, não vêem; e ouvindo, não ouvem nem entendem.” (Mt 13:10-13)



Jesus não usava parábolas pra facilitar a compreensão das verdades espirituais, mas para dificultar. Para compreender uma parábola, era preciso muita reflexão. Uma pessoa que verdadeiramente buscasse a Deus iria pensar, refletir, buscar e perguntar até que ele consiga encontrar o real sentido do que Cristo ensinava. Tendo encontrado o significado, ele irá refletir sobre o ele até que ele consiga compreender o máximo possível sobre Deus mediante a nova informação adquirida. O que Jesus disse é que ele queria que o sentido da parábola tivesse aberto somente para aqueles que realmente tivessem o desejo de compreendê-las. Isso requer dedicação e esforço.

É devida justamente a sua natureza simbólica que não existe unanimidade na interpretação do Apocalipse, ainda que em meio aos melhores estudiosos. A dificuldade em compreender este livro é que a sua mensagem é quase inteiramente transmitida em símbolos.



Para compreender uma parábola, era preciso muita reflexão. Uma pessoa que verdadeiramente buscasse a Deus iria pensar, refletir, buscar e perguntar até que ele consiga encontrar o sentido da parábola. Tendo encontrado o sentido, ele irá refletir sobre o significado encontrado até que ele consiga compreender o máximo possível sobre Deus mediante a nova informação adquirida. Uma mente carnal não teria disposição suficiente pra se esforçar e buscar em Deus até descobrir o sentido da parábola. O que Jesus disse é que ele queria que o sentido da parábola tivesse fechado para as mentes carnais.

A Confissão de Westminster comenta:

“Na Escritura não são todas as coisas igualmente claras em si, nem do mesmo modo evidentes a todos; contudo, as coisas que precisam ser obedecidas, cridas e observadas para a salvação, em um ou outro passo da Escritura são tão claramente expostas e explicadas, que não só os doutos, mas ainda os indoutos, no devido uso dos meios ordinários, podem alcançar uma suficiente compreensão delas”. (I, 7)

E também:

“A regra infalível de interpretação da Escritura é a mesma Escritura; portanto, quando houver questão sobre o verdadeiro e pleno sentido de qualquer texto da Escritura (sentido que não é múltiplo, mas único), esse texto pode ser estudado e compreendido por outros textos que falem mais claramente”. (I, 9)

A maior dificuldade de compreensão do livro de Apocalipse é que a regra infalível de interpretação da Escritura tem sido substituída pela imaginação fértil. As Escrituras devem interpretar as próprias Escrituras, as coisas que são mais claras devem iluminar o sentido das que são menos claras.



O problema de muitos cristãos na compreensão do livro de Apocalipse não é um problema com o Apocalipse somente, mas é algo muito mais amplo. É a falta de intimidade com a Bíblia em sua totalidade, a falta de intimidade com os principais temas que regem a narrativa bíblica e é principalmente um problema com o Antigo Testamento. Muitos cristãos abordam o Novo Testamento de forma completamente desconexa do Antigo Testamento. A Bíblia é uma unidade coesa. O Novo Testamento deve ser entendido como o cumprimento do Antigo. É claro que há descontinuidades entre os dois testamentos, mas tais descontinuidades devem ser entendidas a luz do que a própria Bíblia diz sobre si mesma. Não devemos assumir uma descontinuidade arbitrariamente sem uma justificativa fundamentada na própria Bíblia. O livro de Apocalipse seria mais fácil de compreender se mais cristãos soubessem que a maioria desses símbolos não é inovação, mas foram tirados do Antigo Testamento em contextos que explicam o sentido de tais símbolos de forma que tenhamos base pra compreender o que o símbolo significa quando aparece Apocalipse. Compreender a unidade temática da Bíblia é fundamental pra compreender qualquer livro da Bíblia individualmente.


Para muitos cristãos, o Apocalipse é um livro sobre o futuro que lembra o enredo de filmes de ficção científica. A verdade é que o livro de Apocalipse não é um livro sobre um futuro, mas, em sua maior parte, é um livro sobre coisas que para nós no século XXI, já ficaram no passado. Como o livro já começa dizendo, “Revelação de Jesus Cristo, que Deus lhe deu para mostrar aos seus servos as coisas que brevemente devem acontecer”. (Ap 1.1) As coisas que deveriam acontecer, eram futuras em relação ao tempo em que o livro foi escrito. Mas aconteceram brevemente e por isso é passado para nós. Somente nos últimos capítulos, é que o Apocalipse fala de coisas que ainda são futuras a nós: o fim da Grande Comissão, o Juízo Final e a Consumação da História nos Novos Céus e Nova Terra.

Mas isso não significa que o Apocalipse não tenha relevância para nós no século XXI. Afinal, a maior parte dos eventos narrados pela Bíblia aconteceu muito tempo atrás. Isso não faz da Bíblia Mas a Escritura é totalmente relevante, não somente para nós, mas para todos os cristãos de todas as épocas. Aquilo que foi escrito sobre o passado é relevante, pois como diz Paulo, “tudo isto lhes acontecia como exemplo, e foi escrito para aviso nosso, para quem já são chegados os fins dos séculos”. (I Coríntios 10.11)



É importante notar que nesse texto Paulo menciona que ele e seus contemporâneos já haviam chegado aos fins dos séculos. Isso não é mencionado só por Paulo, mas é o testemunho do Novo testamento inteiro:

“Pedro, porém, pondo-se em pé com os onze, levantou a voz e disse-lhes: Varões judeus e todos os que habitais em Jerusalém, seja-vos isto notório, e escutai as minhas palavras. Estes homens não estão embriagados, como vós pensais, sendo esta a terceira hora do dia. Mas isto é o que foi dito pelo profeta Joel: E nos últimos dias acontecerá, diz Deus, que do meu Espírito derramarei sobre toda a carne; e os vossos filhos e as vossas filhas profetizarão, os vossos jovens terão visões, e os vossos velhos sonharão sonhos; e também do meu Espírito derramarei sobre os meus servos e minhas servas, naqueles dias, e profetizarão”. (Atos 2.14-18)

Vemos ai que Pedro menciona que a efusão do Espírito que ocorreu no Dia de Pentecostes era o cumprimento da profecia de Joel. Joel profetizou que isso aconteceria nos últimos dias. Pedro então estava dizendo que os últimos dias já haviam chegado.

“... sabendo que não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados da vossa vã maneira de viver, que por tradição recebestes dos vossos pais, mas com precioso sangue, como de um cordeiro sem defeito e sem mancha, o sangue de Cristo, o qual, na verdade, foi conhecido ainda antes da fundação do mundo, mas manifesto no fim dos tempos por amor de vós”. (I Pedro 1.18-20)

Ai Pedro lembra aos leitores que eles foram salvos não por dinheiro, mas pelo sacrifício de Jesus Cristo, o Cordeiro de Deus. E quando isso aconteceu? No fim dos tempos.



É verdade, então, que o Apocalipse deve ser entendido como um livro sobre os últimos tempos. Mas isso não significa que seria um livro sobre os últimos instantes da História. Os últimos tempos começaram com a Encarnação do Senhor e o Apocalipse fala de eventos que se cumpriram não muito tempo depois disso. E como já foi mencionado, isso não torna o livro de Apocalipse irrelevante. A verdade é que o Apocalipse seria irrelevante se ele fosse um livro que falasse somente dos últimos eventos da História. Nesse caso, seria irrelevante para todo o resto da História da Igreja que viesse antes da última geração. Pois ai o livro estaria falando de coisas dos quais a Igreja nunca teria idéia do que se tratava era até a geração final. Para os dispensacionalistas o livro de Apocalipse é irrelevante para toda a Igreja de todos os tempos. Os dispensacionalistas acreditam que as profecias do Apocalipse só vão começar a se cumprir depois de um suposto arrebatamento secreto da Igreja em uma vinda secreta de Jesus. Mas o Apocalipse é claro. Foi escrito “às sete igrejas que estão na Ásia” (Ap 1.4) para “mostrar aos seus servos as coisas quebrevemente devem acontecer” (Ap 1.1) e confirmar a esperança dos seus servos em Jesus que “vem com as nuvens” não secretamente, mas “todo olho o verá” (Ap 1.7)


O livro de Apocalipse seria mais fácil de compreender se mais cristãos soubessem que a maioria desses símbolos não é inovação, mas foram tirados do Antigo Testamento em contextos que explicam o sentido de tais símbolos de forma que tenhamos base pra compreender o que o símbolo significa quando aparece Apocalipse.

Além disso, precisamos notar que ele é um livro de contrastes. Cada um dos principais personagens e símbolos do livro tem um personagem ou símbolo oposto. Os principais personagens e símbolos do Apocalipse são:

Deus – Dragão
Besta – Cordeiro
A Marca de Deus – a Marca da Besta
A Nova Jerusalém – Babilônia
A Noiva do Cordeiro – A Prostituta



No capítulo 17, está o texto chave pra compreender o contexto histórico do cumprimento das profecias. É a visão da “Grande Babilônia, a mãe das prostituições e das abominações da terra”. (Ap 17:5)
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"Ao que o anjo me disse: Por que te admiraste? Eu te direi o mistério da mulher, e da besta que a leva, a qual tem sete cabeças e dez chifres... As sete cabeças são sete montes... são também sete reis: cinco já caíram; um existe; e o outro ainda não é vindo; e quando vier, deve permanecer pouco tempo".
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O anjo explica que as sete cabeças da besta representavam, em primeiro lugar, sete montes. A cidade de Roma era e ainda é mundialmente conhecida como “a cidade dos sete colinas”, pois Roma é cercada por sete montes.
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http://pt.wikipedia.org/wiki/Sete_colinas_de_Roma



Além disso, o anjo o revela que as sete cabeças representavam sete reis dos quais cinco já haviam caído. Isso deixa claro que a besta do Apocalipse deva ser entendida como significando algo que era contemporâneo a João. Pois o anjo diz claramente, “são também sete reis: cinco já caíram; um existe; e o outro ainda não é vindo; e quando vier, deve permanecer pouco tempo”. O símbolo da besta então claramente aponta para o Império Romano. As sete cabeças são os sete primeiros imperadores desde que o Império foi estabelecido por Julio César:

1. Julio
2. Augusto
3. Tibério
4. Gaio
5. Claudio
6. Nero
7. Galba



A comparação do Império Romano com uma besta já havia sido feito pelo livro de Daniel:

“No primeiro ano de Belsazar, rei da Babilônia, teve Daniel um sonho e visões ante seus olhos, quando estava no seu leito; escreveu logo o sonho e relatou a suma de todas as coisas. Falou Daniel e disse: Eu estava olhando, durante a minha visão da noite, e eis que os quatro ventos do céu agitavam o mar Grande. Quatro animais, grandes, diferentes uns dos outros, subiam do mar. O primeiro era como leão e tinha asas de águia; enquanto eu olhava, foram-lhe arrancadas as asas, foi levantado da terra e posto em dois pés, como homem; e lhe foi dada mente de homem. Continuei olhando, e eis aqui o segundo animal, semelhante a um urso, o qual se levantou sobre um dos seus lados; na boca, entre os dentes, trazia três costelas; e lhe diziam: Levanta-te, devora muita carne. Depois disto, continuei olhando, e eis aqui outro, semelhante a um leopardo, e tinha nas costas quatro asas de ave; tinha também este animal quatro cabeças, e foi-lhe dado domínio. Depois disto, eu continuava olhando nas visões da noite, e eis aqui o quarto animal, terrível, espantoso e sobremodo forte, o qual tinha grandes dentes de ferro; ele devorava, e fazia em pedaços, e pisava aos pés o que sobejava; era diferente de todos os animais que apareceram antes dele e tinha dez chifres”. (Daniel 7.1-7)

O termo ai traduzido por “animal” é a palavra cheyva no hebraico e era usada pra se referir a animais ferozes. Também poderia ser traduzida como “besta”. Esse é o caso da Bíblia King James em inglês que traduz a palavra como “beast”. A palavra grega therion que é traduzida como besta no Apocalipse tem o mesmo sentido, animais ferozes. As quatro bestas da visão de Daniel representam quatro Impérios mundiais: Babilônico, Medo-Persa, Grego, e Romano. Os três primeiros são caracterizados como: Leão, Urso, Leopardo. A quarta besta não é associada a nenhum animal específico.



Ela é equivalente a besta que João vê no Apocalipse:

“Vi emergir do mar uma besta que tinha dez chifres e sete cabeças e, sobre os chifres, dez diademas e, sobre as cabeças, nomes de blasfêmia. A besta que vi era semelhante a leopardo, com pés como de urso e boca como de leão. E deu-lhe o dragão o seu poder, o seu trono e grande autoridade”. (Apocalipse 13.1-2)

Aqui também a besta não é associada a nenhum animal único, mas tem todas as características das três primeiras bestas do livro de Daniel. Além disso, João diz que a besta tinha em cada cabeça um nome de blasfêmia. Os césares de Roma eram adorados como deuses. Foram oficialmente designados com os títulos de Sebastos (alguém que deve ser adorado), divus (Divino) e Theos (Deus).



João dá um indicador importante para ajudar na identificação do significado da besta: “Aquele que tem entendimento calcule o número da besta, pois é número de homem. Ora, esse número é seiscentos e sessenta e seis”. (Apocalipse 13.18)Como já vimos, quando João escreveu o Apocalipse, o imperador era Nero, o sexto imperador após o estabelecimento do Império por meio de Julio César. Segundo documentos contemporâneos a João, Nero César, era Nrwn Qsr em hebraico. Lembremos que em todos os idiomas antigos, cada letra era equivalente a um número. Até hoje usamos numerais romanos que são letras associados a números. No caso de Nrwn Qsr, em hebraico, seu nome equivale exatamente a seiscentos e sessenta e seis.

Nero foi o primeiro imperador romano a iniciar uma perseguição oficial e sistemática contra os cristãos. A perseguição começou em Novembro de 64 e continuou até Junho de 68 quando ele se matou com uma espada no pescoço. Foi durante esse período de perseguição que os apóstolos Paulo e Pedro foram assassinados. O próprio João estava exilado na ilha de Patmos: “Eu, João, irmão vosso e companheiro convosco na tribulação, no reino, e na perseverança em Jesus, estava na ilha chamada Patmos por causa da palavra de Deus e do testemunho de Jesus”. (Apocalipse 1.9)

No mundo antigo, Nero era conhecido pelo seu prazer por morte, tortura e perversidade sexual (homossexualidade, pedofilia, sexo com animais). Ele assassinou sua mãe, irmão, esposa e tia. No auge de sua insanidade, Nero castrou um menino chamado Sporus, passou a tratá-lo como uma mulher e até celebrou uma cerimônia de casamento com ele, vestido de noiva. Nero acreditava ser Deus manifesto em carne, o Salvador do Mundo.



Mas em João 17, junto com a besta, há uma prostituta que vem cavalgando a besta... A primeira coisa que precisamos notar nessa visão é o local.

"... ele me levou em espírito a um deserto; e vi uma mulher montada numa besta".(Ap 17)

João já havia falado no deserto. E já havia falado de uma mulher no deserto.

“E a mulher fugiu para o deserto, onde já tinha lugar preparado por Deus, para que ali fosse alimentada durante mil duzentos e sessenta dias”. (Apocalipse 12.6)
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“E foram dadas à mulher as duas asas da grande águia, para que voasse para o deserto, ao seu lugar, onde é sustentada por um tempo, e tempos, e metade de um tempo, fora da vista da serpente”. (Apocalipse 12.14)



Como já mencionamos, a maior parte dos símbolos do Apocalipse foi tirado do Antigo Testamento em contextos que explicam o sentido de tais símbolos de forma que tenhamos base pra compreender o que o símbolo significa quando aparece Apocalipse. Esse é o caso da mulher que fugiu para o deserto, com duas asas da grande água. Isso é uma referência ao livro de Êxodo:

“Então subiu Moisés a Deus, e do monte o Senhor o chamou, dizendo: Assim falarás à casa de Jacó, e anunciarás aos filhos de Israel: Vós tendes visto o que fiz: aos egípcios, como vos levei sobre asas de águias, e vos trouxe a mim”. (Êxodo 19.3-4)

Em Deuteronômio, lemos mais claramente sobre o significado dessa comparação:

“Porque a porção do Senhor é o seu povo; Jacó é a parte da sua herança. Achou-o numa terra deserta, e num erma de solidão e horrendos uivos; cercou-o de proteção; cuidou dele, guardando-o como a menina do seu olho. Como a águia desperta o seu ninho, adeja sobre os seus filhos e, estendendo as suas asas, toma-os, e os leva sobre as suas asas, assim só o Senhor o guiou, e não havia com ele deus estranho”. (Deuteronômio 32.9-12)

Assim como a águia cuida de seus filhos e leva os seus filhos sobre as suas asas, assim também o Senhor cuidou de Israel e o tirou da terra do Egito. Então quando o Apocalipse fala da mulher fugindo para o deserto e sendo levada por duas asas da grande águia, o Apocalipse está identificando tal mulher com Israel e está dizendo que o que ela passaria, seria análogo ao que Israel passou no deserto depois de ser liberto do Egito. A identificação dessa mulher com Israel fica ainda mais evidente na abertura da visão:



“E viu-se um grande sinal no céu: uma mulher vestida do sol, tendo a lua debaixo dos seus pés, e uma coroa de doze estrelas sobre a sua cabeça. E estando grávida, gritava com as dores do parto, sofrendo tormentos para dar à luz. Viu-se também outro sinal no céu: eis um grande dragão vermelho que tinha sete cabeças e dez chifres, e sobre as suas cabeças sete diademas... e o dragão parou diante da mulher que estava para dar à luz, para que, dando ela à luz, lhe devorasse o filho. E deu à luz um filho, um varão que há de reger todas as nações com vara de ferro; e o seu filho foi arrebatado para Deus e para o seu trono”. (Apocalipse 12.1-5)

A referência ao sol, lua e doze estrelas é uma referência a visão que teve José, filho de Jacó:

“Teve José outro sonho, e o contou a seus irmãos, dizendo: Tive ainda outro sonho; e eis que o sol, e a lua, e onze estrelas se inclinavam perante mim”. (Gênesis 37.9)

O sonho de José se cumpriu depois de ter sido vendido como escravo ao Egito e virado governante. Sua família acabou se tornando dependente pra fugir da fome e por isso em seu sonho, o sol, a lua e as estrelas se inclinam perante ele. O sul representava seu pai Jacó, a lua representava sua mãe Rebecas. As onze estrelas representavam seus irmãos que o venderam como escravo ao Egito.

Deus mudou o nome de Jacó pra Israel e os seus doze filhos deram origem às doze tribos de Israel. A mulher da visão de João é claramente Israel. Foi a nação de Israel que deu à luz Jesus.

“Os quais são israelitas, de quem é a adoção, e a glória, e os pactos, e a promulgação da lei, e o culto, e as promessas; de quem são os patriarcas; e de quem descende o Cristo segundo a carne, o qual é sobre todas as coisas, Deus bendito eternamente”. (Romanos 9.4-5)



É importante notar que a visão da besta que sobe do mar e da besta que sobe da terra (chamada de falso profeta no resto do livro) vem logo após a visão da fuga da mulher para o deserto. A visão da mulher que foge para o deserto está no capítulo 12. A visão das da besta que sobe do mar e da besta que sobe da terra (o falso profeta) está no capítulo 13. Já mencionamos que a visão da fuga da mulher para o deserto em Apocalipse 12 é tem como pano de fundo a libertação de Israel da escravidão do Egito. Não é coincidência, então, que logo após, há a visão das duas bestas, subindo do mar e da terra. Quando Israel esteve no deserto após ser liberto do Egito, também teve que enfrentar dois inimigos: Balaque que era rei de Moabe e Balaão que era um falso profeta.


Quando os filhos de Israel chegaram às planícies de Moabe, os moabitas fizeram aliança com os midianitas. Balaque era rei de Moabe e conseguiu que anciões das duas nações fossem comprar os serviços do falso profeta Balaão. O objetivo era que ele, com suas feitiçarias, lançasse maldições sobre os israelitas. As coisas não deram muito certo até que sob o conselho de Balaão, os midianitas enviaram suas mulheres ao acampamento para se prostituir com os israelitas e levá-los ao culto a Baal, o deus dos moabitas e midianitas

O livro de Números nos conta do trágico resultado para muitos israelitas que caíram na armadilha:

“Eis que estas foram as que, por conselho de Balaão, fizeram que os filhos de Israel pecassem contra o Senhor no caso de Peor, pelo que houve a praga entre a congregação do Senhor”. (Números 31.16)

O apóstolo Paulo comentou o caso:

“Pois não quero, irmãos, que ignoreis que nossos pais estiveram todos debaixo da nuvem, e todos passaram pelo mar; e, na nuvem e no mar, todos foram batizados em Moisés, e todos comeram do mesmo alimento espiritual; e beberam todos da mesma bebida espiritual, porque bebiam da pedra espiritual que os acompanhava; e a pedra era Cristo. Mas Deus não se agradou da maior parte deles; pelo que foram prostrados no deserto. Ora, estas coisas nos foram feitas para exemplo, a fim de que não cobicemos as coisas más, como eles cobiçaram. Não vos torneis, pois, idólatras, como alguns deles, conforme está escrito: O povo assentou-se a comer e a beber, e levantou-se para folgar. Nem nos prostituamos, como alguns deles fizeram; e caíram num só dia vinte e três mil”. (I Coríntios 10.1-8)



No começo do Apocalipse, Jesus avisa:

“Sei onde habitas, que é onde está o trono de Satanás; mas reténs o meu nome e não negaste a minha fé, mesmo nos dias de Antipas, minha fiel testemunha, o qual foi morto entre vós, onde Satanás habita. entretanto, algumas coisas tenho contra ti; porque tens aí os que seguem a doutrina de Balaão, o qual ensinava Balaque a lançar tropeços diante dos filhos de Israel, introduzindo-os a comerem das coisas sacrificadas a ídolos e a se prostituírem”. (Apocalipse 2.13-14)

Esse é o pano de fundo para a visão das duas bestas que aparece após a visão da fuga da mulher para o deserto e sobre a mulher que vem cavalgando a besta.

O que a visão mostra é que Israel passaria por algo que seria análogo ao que Israel passou no deserto depois de ser liberto do Egito. Assim como Israel teve que enfrentar Balaque e Balaão no deserto, teriam que enfrentar agora a besta e o falso profeta.

No sétimos capítulo, João já havia tido uma visão significante sobre Israel:

“Depois disto vi quatro anjos em pé nos quatro cantos da terra, retendo os quatro ventos da terra, para que nenhum vento soprasse sobre a terra, nem sobre o mar, nem contra árvore alguma. E vi outro anjo subir do lado do sol nascente, tendo o selo do Deus vivo; e clamou com grande voz aos quatro anjos, quem fora dado que danificassem a terra e o mar, dizendo: Não danifiques a terra, nem o mar, nem as árvores, até que selemos na sua fronte os servos do nosso Deus. E ouvi o número dos que foram assinalados com o selo, cento e quarenta e quatro mil de todas as tribos dos filhos de Israel: da tribo de Judá havia doze mil assinalados; da tribo de Rúben, doze mil; da tribo de Gade, doze mil; da tribo de Aser, doze mil; da tribo de Naftali, doze mil; da tribo de Manassés, doze mil; da tribo de Simeão, doze mil; da tribo de Levi, doze mil; da tribo de Issacar, doze mil; da tribo de Zabulom, doze mil; da tribo de José, doze mil; da tribo de Benjamim, doze mil assinalados”. (Apocalipse 7.1-8)



O texto começa falando sobre quatro anjos. Os quatro anjos recebem ordens de que deveriam procrastinar o juízo até que uma quantidade específica de pessoas fosse selada. Há uma visão parecida no livro de Ezequiel:

“E a glória do Deus de Israel se levantou do querubim sobre o qual estava, e passou para a entrada da casa; e clamou ao homem vestido de linho, que trazia o tinteiro de escrivão à sua cintura. E disse-lhe o Senhor: Passa pelo meio da cidade, pelo meio de Jerusalém, e marca com um sinal as testas dos homens que suspiram e que gemem por causa de todas as abominações que se cometem no meio dela. E aos outros disse ele, ouvindo eu: Passai pela cidade após ele, e feri; não poupe o vosso olho, nem vos compadeçais. Matai velhos, mancebos e virgens, criancinhas e mulheres, até exterminá-los; mas não vos chegueis a qualquer sobre quem estiver o sinal; e começai pelo meu santuário. Então começaram pelos anciãos que estavam diante da casa”. (Ezequiel 9.3-6)

O texto fala da destruição de Jerusalém e do templo que ocorreu mediante a invasão Babilônica. Mas a destruição não veio sobre os judeus completamente. Um remanescente foi poupado. Os remanescentes eram os arrependidos que foram “selados”. Como disse Isaías:

“Se o Senhor dos exércitos não nos deixara alguns sobreviventes, já como Sodoma seríamos, e semelhantes à Gomorra”. (Isaías 1.9)

E também:

“Um resto voltará; sim, o resto de Jacó voltará para o Deus forte. Porque ainda que o teu povo, ó Israel, seja como a areia do mar, só um resto dele voltará. Uma destruição está determinada, trasbordando de justiça”. (Isaías 10.21-22)

Deus não destruiu Israel completamente como fez com Sodoma e Gomorra, mas deixou um remanescente. Paulo explica detalhadamente sobre o significado desse remanescente no plano eterno de Deus em sua carta aos Romanos.



Esse foi o caso de quando Israel esteve no deserto. No deserto, havia dois grupos em Israel:

1. Os que formavam o verdadeiro Israel, o Israel de Deus, a quem as promessas foram feitas, segundo a eleição da graça.

2. Os que eram filhos de Abraão da carne, mas que não eram filhos de Deus e filhos de Abraão em relação as promessa. Entre esses estavam os vinte e três mil que caíram num só dia depois de caírem na cilada de Balaque e Balaão.


Essas são as duas mulheres do Apocalipse.

O primeiro grupo é a mulher que foge e é protegida no deserto.

O segundo grupo é a mulher que cavalga a besta, a grande prostituta.



O Novo Testamento nos mostra que no primeiro século, a Igreja tinha dois perseguidores: Os judeus e o Império Romano. Começando pelos Evangelhos, vemos a forte perseguição que os judeus exerceram sobre Jesus. Havia um remanescente. Mas um remanescente significa minoria.

Quando Pilatos apresentou Jesus aos judeus como Rei, os judeus preferiram a besta:

“Desde então, Pilatos procurava soltá-lo; mas os judeus gritavam, dizendo: Se soltas este, não és amigo do César! Qualquer que se faz rei é contra o César! Ouvindo, pois, Pilatos esse dito, levou Jesus para fora e assentou-se no tribunal, no lugar chamado Litóstrotos, e em hebraico o nome é Gabatá. E era a preparação da Páscoa e quase à hora sexta; e disse aos judeus: Eis aqui o vosso rei. Mas eles bradaram: Tira! Tira! Crucifica-o! Disse-lhes Pilatos: Hei de crucificar o vosso rei? Responderam os principais dos sacerdotes: Não temos rei, senão o César. Então, entregou-lho, para que fosse crucificado. E tomaram a Jesus e o levaram”. (João 19.12-16)

Os príncipes de Israel não queriam Jesus como rei. Alegaram que não tinham rei se não César. E entregaram Jesus pra ser crucificado. A prostituta montou na besta.



Pedro falou em um sermão que deu no templo de Jerusalém: “Varões israelitas... O Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó, o Deus de nossos pais, glorificou a seu Servo Jesus, a quem vós entregastes e perante a face de Pilatos negastes, quando este havia resolvido soltá-lo. Mas vós negastes o Santo e Justo, e pedistes que se vos desse um homicida; e matastes o Autor da vida, a quem Deus ressuscitou dentre os mortos, do que nós somos testemunhas”. (Atos 3.12-16)

Aos Tessaloniscenses, Paulo resumiu a situação dos judeus em relação aos cristãos: Os judeus “mataram o Senhor Jesus e os seus próprios profetas, e nos têm perseguido, e não agradam a Deus, e são contrários a todos os homens. E nos impedem de pregar aos gentios as palavras da salvação, a fim de encherem sempre a medida de seus pecados; mas a ira de Deus caiu sobre eles até ao fim”. (1 Tessaloniscenses 2.14-16) É o que vê no Apocalipse: “E nela se achou o sangue dos profetas, e dos santos”. (Apocalipse 18.24)

Pra resumir, então, o Apocalipse fala dos dois principais inimigos do Evangelho na Igreja primitiva e fala sobre como esses inimigos seriam historicamente derrotados para que a Igreja Primitiva tivesse esperança diante das perseguições e para que a Igreja de todos os séculos tivesse esperança quando surgissem novos inimigos.



Os judeus eram os inimigos "de dentro"... Os romanos eram os inimigos "de fora"...

Em teoria, os judeus se declaravam como sendo parte do "povo de Deus"...

Mas na realidade, eles haviam se vendido para os poderes externo... Os poderes do "mundo"... Haviam se vendido pra Roma... Virou prostituta e montou na besta...

Então eu diria que as bestas modernas se Encarnam nos sistemas de vida impostos políticamente e por qualquer tipo de força opressora e que se colocam pra oprimir privando a Humanidade de sua liberdade em Cristo Jesus... O Islã é um exemplo na Africa e no Oriente Médio... O comportamento "secularizado" (na verdade ateístas) dos reinos aqui no Ocidente são outro exemplo...

E no caso das prostitutas eu diria que são aqueles cristãos que professam fazer parte do povo de Deus, professam ter um mesmo Deus, mas cuja filosofia de vida está edificada sobre os pressupostos das bestas citadas acima... No caso do Ocidente podemos citar aqueles teólogos que duvidam até da ressurreição corporal de Jesus Cristo e de seus milagres pra poder ficar coerente com a filosofia "secularizada" (ateísta) dos chamados intelectuais... Os ativistas homossexuais do movimento "More Light Presbyterians" na Presbyterian Church (USA) são excelente exemplos de "prostitutas"...

E em relação a todas essas versões modernas, a ordem de Cristo continua de pé:

"Mas tenho contra ti que toleras a mulher Jezabel, que se diz profetisa; ela ensina e seduz os meus servos a se prostituírem e a comerem das coisas sacrificdas a ídolos".
(Apocalipse 2.20)

Por isso devemos ser intolerantes com tais prostitutas em nossas igrejas, excomungando cada um deles depois de admoestá-los e ainda assim não se arrependerem e devemos ser intolerantes com as filosofias desse mundo que oprimem aqueles que são fieis aos principios do Evangelho....