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quarta-feira, 27 de julho de 2011

Reinado dos homens x Reinado de Deus

Por Frank Brito

Todos os poderes políticos , tem como objetivo a centralização do poder nos homens. No caso do que eu defendo, é a  visão política: libertário. Eu sou radicalmente contra a centralização do poder nos homens ou em qualquer domínio humano pois eu creio que o poder tem que estar centralizado exclusivamente em Jesus Cristo: o Rei dos reis, o Senhor dos senhores.

A centralização do poder nos homens é fruto da rebelião contra Deus. É fruto da tentação da serpente, "sereis como deuses". A História da Humanidade desde o princípio é a história da tentativa de tomar o lugar de Deus. A torre de babel é um exemplo clássico

A origem da monarquia em Israel pode mostrar bem o que eu quero dizer.

Até 1020 AC, Israel não tinha qualquer governo centralizado. Israel era governado por uma democracia tribal. O governo era centralizado na Lei de Moisés e a Lei era aplicada pelos juízes. Em tempos de injustiças e apostasia, Deus intervinha diretamente por meio de profetas.

Mas Israel influenciada por nações pagãs queriam um poder centralizado, queria um rei, um monarca...

"Então todos os anciãos de Israel se congregaram, e vieram ter com Samuel, a Ramá, e lhe disseram: Eis que já estás velho, e teus filhos não andam nos teus caminhos. Constitui-nos, pois, agora um rei para nos julgar, como o têm todas as nações. Mas pareceu mal aos olhos de Samuel, quando disseram: Dá-nos um rei para nos julgar. Então Samuel orou ao Senhor. Disse o Senhor a Samuel: Ouve a voz do povo em tudo quanto te dizem, pois não é a ti que têm rejeitado, porém a mim, para que eu não reine sobre eles".(I Samuel 8.4-7)

Veja que o desejo de ter um rei, o domínio centralizado no homem é uma forma de rejeitar a Soberania de Deus.

Veja o que Deus questiona depois pelo profeta Oséias:

"Onde está agora o teu rei, para que te salve em todas as tuas cidades? e os teus juízes, dos quais disseste: Dá-me rei e príncipes? Dei-te um rei na minha ira, e tirei-o no meu furor".(Oséias 13.10-11)

A vinda de Jesus como Rei na linhagem dos reis de Israel, foi o meio de restabelecer o Reinado de Deus somente.

E é por isso que Jesus ensinou: "Então Jesus chamou-os para junto de si e lhes disse: Sabeis que os que são reconhecidos como governadores dos gentios, deles se assenhoreiam, e que sobre eles os seus grandes exercem autoridade. Mas entre vós não será assim; antes, qualquer que entre vós quiser tornar-se grande, será esse o que vos sirva; e qualquer que entre vós quiser ser o primeiro, será servo de todos". (Marcos 10.42-44)

E é por isso que está escrito: "...segundo a operação da força do seu poder, que [Deus] operou em Cristo, ressuscitando-o dentre os mortos e fazendo-o sentar-se à sua direita nos céus, muito acima de todo principado, e autoridade, e poder, e domínio, e de todo nome que se nomeia, não só neste século, mas também no vindouro; e sujeitou todas as coisas debaixo dos seus pés..."(Efésios 1.20-22)

E com qual objetivo Deus ressuscitou Cristo dos mortos, fazendo-o sentar-se à sua direita, muito acima de todo principado, autoridade, poder e domínio (o que incluí Nero, Alexandre o Grande, Hitler, Mussolini, Lula e Obama)?

"virá o fim quando ele entregar o reino a Deus o Pai, quando houver destruído todo domínio, e toda autoridade e todo poder. Pois é necessário que ele reine até que haja posto todos os inimigos debaixo de seus pés".(I Coríntios 15.24-25)

É para que todo poder, daqueles "que são reconhecidos como governadores dos gentios"(Marcos 10.42) sejam reduzidos a nada e que único Reino que permaneça sejam os do que servem, os do que em fez de se fazer de maior, se façam de menores, isto é, o Reino onde Deus é reconhecido como o único Rei em Cristo!

Portanto eu não vejo qualquer semelhança entre o que eu estou propondo e o desejo dos egipcios do tempo de Moisés, dos Babilônios e Persas do tempo do cativeiro, do audacioso desejo de Alexandre O Grande, De Xerxes, do império romano, do arianismo de Hitler e da visão atual de globalização da ONU...

Eu estou propondo exatamente o contrário disso tudo... Eu estou avisando simplesmente que Cristo foi ressuscitado e Reina a direita do Pai e está nesse momento reduzindo todos estes reinos ao nada...

E o que está se erguendo no lugar destes reinos não é uma versão cristã deles, mas é como Cristo ensinou em Marcos 10.42 que deveria ser...

E é por esse motivo que eu sou radicalmente contra qualquer sistema político, economico ou de governo eclesiástico que mantenha qualquer centralização de poder nos homens... Infelizmente nem todos os cristãos entendem isso e há muitas denominações que ainda mantem hierarquia de pastores, bispos, etc. No lado político/econômico você vê isso nos cristãos com tendências comunistas/autoritárias...

Uma visão de igualdade em toda humanidade e a necessidade de preservar da natureza são coisas ensinadas pela Bíblia antes de qualquer outra instituição.

Sobre o primeiro ponto, todos os homens vem de Adão e por esse motivo racismo não faz qualquer sentido, pois todos tem o mesmo sangue:

"de um só fez todas as raças dos homens, para habitarem sobre toda a face da terra, determinando-lhes os tempos já dantes ordenados e os limites da sua habitação".(Atos 17.26)

É pecado também poluir a natureza e levar animais a extinção, pois o Homem foi estabelecido por Deus para ser cabeça sobre a natureza dela, incluíndo os os animais.

"E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; domine ele sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu, sobre os animais domésticos, e sobre toda a terra, e sobre todo réptil que se arrasta sobre a terra. Criou, pois, Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. Então Deus os abençoou e lhes disse: Frutificai e multiplicai-vos; enchei a terra e sujeitai-adominai sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre todos os animais que se arrastam sobre a terra".(Gênesis 1.26-28)

Isso não foi anulado pela queda de Adão. Esse dever está incluído no Ide de Jesus que mandou que nós ensinássemos as nações aobedecer a Deus. A destruição da terra e dos animais é uma dessas coisas que as nações precisam aprender.

"O justo olha pela vida dos animais; porém as entranhas dos ímpios são crueis". (Proverbios 12.10)

eu tenho percebido que muitos cristãos hoje em dia se preocupam muito em decifrar todas as conspirações que existem, divulgá-la, gravar DVDs, distribuir, avisar que não temos jeito de vencê-las se não fugindo escondido pelas portas do fundo (arrebatamento secreto) deixando todo mundo pensando que a gente foi raptado por ETs versão chinês ao contrário...

Há dois textos na Bíblia muito importante sobre toda essa onda de "conspiração"...

"Reúnam, ó povos, e sereis quebrantados; dai ouvidos, todos os que sois de terras longínquas; cingi-vos e sereis feitos em pedaços, Tomai juntamente conselho, e ele será frustrado; dizei uma palavra, e ela não subsistirá; porque Deus é conosco. Pois assim o Senhor me falou, com sua forte mão deitada em mim, e me admoestou a que não andasse pelo caminho deste povo. Ele disse: Não chameis conspiração a tudo quanto este povo chama conspiração; e não temais aquilo que ele teme, nem por isso vos assombreis. Ao Senhor dos exércitos, a ele santificai; e seja ele o vosso temor e seja ele o vosso assombro".(Isaías 8.9-13)

E no Salmo

"Os reis da terra se levantam, e os príncipes juntos conspiram contra o Senhor e contra o seu Messias, dizendo: Rompamos as suas ataduras, e sacudamos de nós as suas cordas. Aquele que está sentado nos céus se rirá; o Senhor zombará deles".(Salmo 2.2-4)

Com base nisso eu posso concluir que Deus ri das conspirações da ONU e da Nova Ordem Mundial. Enquanto eles conspiram para que Deus não seja mais soberano, para que "rompam as ataduras" pelas quais Cristo domina sobre eles, o Messias zomba deles.

Porque os magistrados não são terror para as boas obras, mas para as más. Queres tu, pois, não temer a potestade? Faze o bem, e terás louvor dela.
Porque ela é ministro de Deus para teu bem. Mas, se fizeres o mal, teme, pois não traz debalde a espada; porque é ministro de Deus, e vingador para castigar o que faz o mal.

Romanos 13 não fala de uma autoridade específica nem de um sistema político específico. Romanos 13 fala das autoridades de forma geral. Quando Romanos 13 foi escrito, quem estava no poder em Roma era o assassino do autor da carta. O Imperador Romano era Nero. Eu creio que não preciso comentar o tipo de homem que Nero foi. Romanos 13 fala de pré-ordenação de todos os governos e não de aprovação moral de todos os governos.

No contexto dos romanos que receberam a carta, eu creio que Paulo está aí indiretamente atacando o tipo de poder que existia em Roma.

Em primeiro lugar, ele ataca Roma quando ele diz: "não há autoridade que não venha de Deus; e as que existem foram ordenadas por Deus". Os imperadores romanos diziam que eram deuses, que eram soberanos sobre a terra, etc. Mas Paulo chega dizendo o mesmo que Jesus respondeu pra Pôncio Pilatos:

"Disse-lhe, então, Pilatos: Não me respondes? não sabes que tenho autoridade para te soltar, e autoridade para te crucificar? Respondeu-lhe Jesus: Nenhuma autoridade terias sobre mim, se de cima não te fora dado".(João 19.10-11)

Pilatos acreditava que ele era poderoso. Que ele era soberano sobre Jesus. Mas Jesus rebaixa o seu orgulho ao lhe mostrar que"não há autoridade que não venha de Deus; e as que existem foram ordenadas por Deus".(Romanos 13.1)

Então eu creio que o objetivo de Romanos 13 não é legitimar esse ou aquele governo, mas é declarar a soberania de Deus sobre todos eles e principalmente sobre aqueles que tem como objetivo tomar o lugar de Deus.


sábado, 23 de julho de 2011

As Escrituras sao confiáveis?


Por Frank Brito


validação da Escritura não vinha do magistério judaico. Se viesse, eles não seriam passíveis de tantas apostasias, incluindo o assassinato do Senhor. Mesmo sendo o magistério judaico que havia transmitido a Escritura (Mateus 23).

A validadeção da Escritura vinha da autoridade inerente da Palavra de Deus que fora transmitida pelos profetas do Senhor.

O Apóstolo Paulo escreveu:

"Assim, pois, não sois mais estrangeiros, nem forasteiros, antes sois concidadãos dos santos e membros da família de Deus,edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, sendo o próprio Cristo Jesus a principal pedra da esquina; no qual todo o edifício bem ajustado cresce para templo santo no Senhor, no qual também vós juntamente sois edificados para morada de Deus no Espírito". (Efésios 2.19-22)

E depois:

"E ele deu uns como apóstolos, e outros como profetas, e outros como evangelistas, e outros como pastores e mestres, tendo em vista o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo; até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, ao estado de homem feito, à medida da estatura da plenitude de Cristo; para que não mais sejamos meninos, inconstantes, levados ao redor por todo vento de doutrina, pela fraudulência dos homens, pela astúcia tendente à maquinação do erro"(Efésios 4.11-14)



Aqui Paulo fala de diversos dons que Deus concedeu a Igreja. Ele explica que o objetivo desses dons é que"todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus...". É importante comparar isso com o que ele acabara de dizer: "Há um só corpo e um só Espírito, como também fostes chamados em uma só esperança da vossa vocação; um só Senhor, uma só fé..." (Efésios 4.4-5) Todavia, como vemos a seguir, a plena unidade não era tido por ele como uma realidade já consumada, mas como uma esperança escatológica em processo de cumprimento.


Isso, por si só, deve nos fazer entender que divergências que existem na Igreja do Senhor não deve servir como base para que percamos a confiança em sua unidade fundamental. A Igreja é una. Mas como Paulo demonstram, a plena realização desta unidade de fé é uma esperança escatológica e não um fato já consumado.

O fato de que não era uma realidade já plenamente consumada é evidente quando lemos as próprias cartas de Paulo. Vemos claramente que em igrejas que ele próprio tinha fundado havia uma grande diversidade de pessoas, desde pessoas que ele elogia pelo alto grau de santidade e conhecimento teologico até pessoas que ele declara como estando separadas de Cristo. Havia os de fraco entendimento teologico e havia os de entendimento teologico desenvolvido.

Para que a esperança se torne realidade, diz o texto, que Deus "deu uns como apóstolos, e outros como profetas, e outros como evangelistas, e outros como pastores e mestres". Aqui precisamos notar algo muito importante. No capítulo 2, quando ele havia falado do edifício da Igreja, ele havia mencionado somente os apóstolos e profetas e omitido evangelistas, pastores e mestres



A causa dessa omissão pode ser compreendida, se entendemos a função de cada um. Aos corintios, ele escreveu:

"Pois, que é Apolo, e que é Paulo, senão ministros pelos quais crestes, e isso conforme o que o Senhor concedeu a cada um? Eu plantei; Apolo regou; mas Deus deu o crescimento. De modo que, nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus, que dá o crescimento. Ora, uma só coisa é o que planta e o que rega; e cada um receberá o seu galardão segundo o seu trabalho. Porque nós somos cooperadores de Deus; vós sois lavoura de Deus e edifício de Deus. Segundo a graça de Deus que me foi dada, lancei eu como sábio construtor, o fundamento, e outro edifica sobre ele; mas veja cada um como edifica sobre ele. Porque ninguém pode lançar outro fundamento, além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo". (I Coríntios 3.5-11)

Aqui é importante notar que ele não coloca Apolo como plantando ou lançando o fundamento. Ele coloca Apolo como o que rega aquilo que já foi plantado. Apolo edifica sobre o fundamento colocado por ele. A distinção aqui deve-se a distinção de funções. A distinção é que ele, Paulo, era um apóstolo e Apolo não era. Quem lança o fundamento é o Apóstolo. Esse é o motivo pelo qual no capítulo 2, quando ele havia falado do edifício da Igreja, ele havia mencionado somente os apóstolos e profetas e omitidoevangelistas, pastores e mestres.

Para compreender melhor essa relação, precisamos refletir sobre o significado do ofício apostólico. Aos Gálatas, ele escreveu:

"Paulo, apóstolo (não da parte dos homens, nem por intermédio de homem algum, mas sim por Jesus Cristo, e por Deus Pai, que o ressuscitou dentre os mortos..." (Gálatas 1.1)

Paulo, como de costume, começa declarando o seu apostolado. Em seguida ele faz três declarações importantes sobre sua função apostólica:

1) Não era da parte de homens.

2) Não era por intermédio de homem algum.

3) Era por Jesus Cristo e Deus Pai.



Ele continua a enfatizar isso no decorrer de todo o primeiro capítulo:

"Mas faço-vos saber, irmãos, que o evangelho que por mim foi anunciado não é segundo os homens; porque não o recebi de homem algum, nem me foi ensinado; mas o recebi por revelação de Jesus Cristo". (Gálatas 1.11-12)

Aqui ele dá três características do Evangelho por ele anunciado:

1) Não era segundo homens.

2) Não veio ao Evangelho por meio da evangelização de homem algum.

3) Foi-lhe ensinado diretamente por Jesus Cristo.

O que foi dito ai por Paulo poderia ser dito por qualquer apóstolo. Mas não pode ser dito por qualquer cristão. É verdade que aqueles que seguem o Evangelho, não seguem um Evangelho que é segundo homens. Seguem o Evangelho de Jesus Cristo. Mas ao mesmo tempo, não podem dizer que não vieram a este Evangelho sem intermédio de homens. Os cristãos comuns se tornaram cristãos pela pregação de outros ou pela leitura das Escrituras escritas por outros homens. Mas esse não foi o caso de Paulo e dos outros apóstolos. Eles foram instruídos diretamente pelo Senhor. E foram instruídos diretamente pelo Senhor com objetivo de lançar o fundamento da Igreja.

Apolo não lança o fundamento da Igreja. Apolo edifica sobre o fundamento já lançado. Pastores, bispos, presbíteros, mestres, etc. não lançam o fundamento. Eles edificam sobre o fundamento já lançado. O fundamento é apostólico.

Mas alguns edificam melhor do que outros: "Segundo a graça de Deus que me foi dada, lancei eu como sábio construtor, o fundamento, e outro edifica sobre ele; mas veja cada um como edifica sobre ele". (I Coríntios 3.10)



É sobre essa função apostólica que Paulo fala aos Romanos:

"porque não ousarei falar de coisa alguma senão daquilo que Cristo por meu intermédio tem feito, para obediência da parte dos gentios, por palavra e por obras, pelo poder de sinais e prodígios, no poder do Espírito Santo; de modo que desde Jerusalém e arredores, até a Ilíria, tenho divulgado o evangelho de Cristo; deste modo esforçando-me por anunciar o evangelho, não onde Cristo houvera sido nomeado, para não edificar sobre fundamento alheio; antes, como está escrito: Aqueles a quem não foi anunciado, o verão; e os que não ouviram, entenderão". (Romanos 15.18-21)

Aqui Paulo fala de seu esforço pra conduzir os gentios a obediência a Deus. Ele cita Isaías pra demonstrar o que estava acontecendo por meio de seu ministério:

"Eis que o meu servo procederá com prudência; será exaltado, e elevado, e mui sublime. Como pasmaram muitos à vista dele, pois o seu parecer estava tão desfigurado, mais do que o de outro qualquer, e a sua figura mais do que a dos outros filhos dos homens. Assim borrifará muitas nações, e os reis fecharão as suas bocas por causa dele; porque aquilo que não lhes foi anunciado verão, e aquilo que eles não ouviram entenderão". (Isaías 52.13-15)

Ele menciona também que ele se esforçou para não anunciar o Evangelho "onde Cristo houvera sido nomeado", isto é, em Israel. Por qual motivo? Para "não edificar sobre fundamento alheio".

Se voltarmos a Gálatas, compreenderemos melhor o significado disto:

"(Porque aquele que operou eficazmente em Pedro para o apostolado da circuncisão, esse operou também em mim com eficáciapara com os gentios), E conhecendo Tiago, Cefas e João, que eram considerados como as colunas, a graça que me havia sido dada, deram-nos as destras, em comunhão comigo e com Barnabé, para que nós fôssemos aos gentios, e eles à circuncisão". (Gálatas 2.8-9)



Aqui vemos qual era a ênfase do ministério de cada um. Paulo certamente pregava aos judeus e não somente aos gentios. Da mesma forma que os demais apóstolos certamente pregavam para os gentios. Mas a ênfase do apostolado de Paulo, o seu ministério era os gentios. Enquanto isso, a ênfase do apostolado de Pedro, Tiago e João era os judeus.

É por isso que aos Romanos ele diz que se esforçou para não anunciar o Evangelho "onde Cristo houvera sido nomeado", isto é, em Israel, para "não edificar sobre fundamento alheio". O fundamento alheio era o fundamento daqueles que eram os apóstolos da circuncisão, os apóstolos dos judeus.

Isso por si só é suficiente pra negar a realidade de Pedro como o cabeça da Igreja Universal. O que Paulo procura provar de todas as formas desde o início de Gálatas era que sua autoridade era equivalente a dos demais apóstolos e que não era de qualquer forma subordinado a eles. Ele começa enfatizando isso desde o primeiro verso da carta, faz questão de mencionar que nem sequer conhecia os demais apóstolos direito e então ele chega a mencioná-los de forma a enfatizar sua autoridade igual. Além disso, Paulo explicitamente coloca Pedro, não como cabeça da Igreja Universal, mas como tendo o seu ministério voltado para uma parte da Igreja Universal - os judeus.

A realidade de Pedro como cabeça da Igreja Universal também é negado pelo que já lemos em sua carta aos Efésios. Pois lá diz:

"E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores, Querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo... Antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo..."(Efésios 4.11-12,15)

Aqui Paulo cita os apóstolos, o que incluiria Pedro, mas nada ensina sobre a cabeça apostólica, mas declara Cristo como a sua cabeça.



Que os apóstolos pertecem ao corpo e não a cabeça é ainda mais confirmado pelo que ele diz aos Coríntios:

"Porque, assim como o corpo é um, e tem muitos membros, e todos os membros, sendo muitos, são um só corpo, assim é Cristo também... Porque também o corpo não é um só membro, mas muitos. Se o pé disser: Porque não sou mão, não sou do corpo; não será por isso do corpo? E se a orelha disser: Porque não sou olho não sou do corpo; não será por isso do corpo? Se todo o corpo fosse olho, onde estaria o ouvido? Se todo fosse ouvido, onde estaria o olfato? Mas agora Deus colocou os membros no corpo, cada um deles como quis... Antes, os membros do corpo que parecem ser os mais fracos são necessários; E os que reputamos serem menos honrosos no corpo, a esses honramos muito mais; e aos que em nós são menos decorosos damos muito mais honra. Porqueos que em nós são mais nobres não têm necessidade disso, mas Deus assim formou o corpo, dando muito mais honra ao que tinha falta dela... Ora, vós sois o corpo de Cristo, e seus membros em particular. E a uns pós Deus na igreja, primeiramente apóstolos, em segundo lugar profetas, em terceiro doutores, depois milagres, depois dons de curar, socorros, governos, variedades de línguas. Porventura são todos apóstolos? são todos profetas? são todos doutores? são todos operadores de milagres? Têm todos o dom de curar? falam todos diversas línguas? interpretam todos?" (1Co 12:12,14-18,24,27-30)



Aqui Paulo fala da necessidade de existir unidade no corpo. Aqui está implicito o que eu havia dito anteriormente. Que a plena unidade não era tido por ele como uma realidade já consumada, mas como uma esperança escatológica em processo de cumprimento. Pois ao mesmo tempo em que ele declara que havia um só corpo, ele manda que se comportassem de forma coerente a isso. Isso significa que apesar da unidade existir em princípio, não era uma realidade já plenamente visível, pois se fosse não seria necessário mandar isso a Igreja.


Além disso, aqui vemos explicitamente os apóstolos sendo classificados como os membros do corpo, o que inclui Pedro, apóstolo dos judeus. Isso não significa que eles eram iguais aos demais membros. Paulo fala da distinção entre os membros e inclusive diz que há funções mais honrosos e membros menos honrosos e é exatamente por isso que ele enfatiza a necessidade de não desprezar os menos honrosos. Eu creio que isso era uma preparação para o que ele estava prestes a dizer sobre o dom de línguas. Para que quando ele colocasse ele como tendo pouca importância, o dom não fosse completamente desprezado. A função de cada membro é distinta. Os apóstolos são distintos, como eu já citei logo acima, mas de forma alguma qualquer um deles são cabeça da Igreja, mas são membros do corpo.

Tendo dito isso, podemos começar a compreender onde nós devemos procurar o fundamento de nossa fé. Para compreender a relação dos fundamentos com tudo o que vem depois do fundamento ser lançado, a chamada "tradição" que é a História da Igreja, vejamos o que Paulo ensinou aos líderes da Igreja de Éfeso...



"E de Mileto mandou a Éfeso, a chamar os anciãos da igreja. E, logo que chegaram junto dele, disse-lhes:Vós bem sabeis, desde o primeiro dia em que entrei na Ásia, como em todo esse tempo me portei no meio de vós, servindo ao Senhor com toda a humildade, e com muitas lágrimas e tentações, que pelas ciladas dos judeus me sobrevieram; Como nada, que útil seja, deixei de vos anunciar, e ensinar publicamente e pelas casas, testificando, tanto aos judeus como aos gregos, a conversão a Deus, e a fé em nosso Senhor Jesus Cristo. E agora, eis que, ligado eu pelo espírito, vou para Jerusalém, não sabendo o que lá me há de acontecer, senão o que o Espírito Santo de cidade em cidade me revela, dizendo que me esperam prisões e tribulações. Mas em nada tenho a minha vida por preciosa, contanto que cumpra com alegria a minha carreira, e o ministério que recebi do Senhor Jesus, para dar testemunho do evangelho da graça de Deus. E agora, na verdade, sei que todos vós, por quem passei pregando o reino de Deus, não vereis mais o meu rosto. Portanto, no dia de hoje, vos protesto que estou limpo do sangue de todos. Porque nunca deixei de vos anunciar todo o conselho de Deus. Olhai, pois, por vós, e por todo o rebanho sobre que o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue. Porque eu sei isto que, depois da minha partida, entrarão no meio de vós lobos cruéis, que não pouparão ao rebanho; E que de entre vós mesmos se levantarão homens que falarão coisas perversas, para atraírem os discípulos após si. Portanto, vigiai, lembrando-vos de que durante três anos, não cessei, noite e dia, de admoestar com lágrimas a cada um de vós". (Atos 20.17-31)


Paulo manda chamar os líderes da Igreja de Éfeso. O objetivo era dar ultimas instruções antes de sua partida. A primeira coisa que ele faz é trazer a memória a necessidade de se manter firme no fundamento apóstolico que por ele fora lançado. É o mesmo que ele explica em sua carta aos Efésios.

Em seguida ele dá um aviso importante. Ele fala da necessidade dos líderes da Igreja de proteger o rebanho de lobos cruéis. A capacidade dos líderes de proteger o rebanho é ensinado com clareza a Tito: "Retendo firme a fiel palavra, que é conforme a doutrina,para que seja poderoso, tanto para admoestar com a sã doutrina, como para convencer os contradizentes. Porque há muitos desordenados, faladores, vãos e enganadores, principalmente os da circuncisão, Aos quais convém tapar a boca; homens que transtornam casas inteiras ensinando o que não convém..." (Tito 1.9-11)

Mas logo em seguida, ele diz que esses lobos não estariam somente entre eles, mas que muitos seriam líderes da Igreja. Os lobos não seriam somente uma força externa a Igreja ou mesmo interna entre as ovelhas, mas seriam também muitos bispos/presbíteros.

As implicações disso são de extrema importância e não pode de qualquer forma ser ignorado. Se os bispos/presbíteros eram passíveis de ensinar erro isso confirma que os próprios bispos/presbíteros não podem ser considerados como sendo a base fundamental da Igreja. Aqui que é passível de erro, não pode ser racionalmente considerado como critério de validação dogmático



situação aqui é analoga a situação sob o Antigo Pacto. Os judeus precisavam se manter fiéis a doutrina de Moisés e dos santos profetas. Para isto, os levitas tinham a função de ensinar o povo conforme a doutrina de Moisés e dos profetas. Todavia, não havia garantia incondicional de acerto por parte dos levitas naquilo que eles ensinavam. Havia a possibilidade deles estarem ensinando o erro.

Da mesma forma, os bispos, pastores, presbíteros, etc. agora tem a responsabilidade de ensinar a verdade conforme o fundamento de Moisés, os santos profetas e os santos apóstolos. Ao mesmo tempo, não há garantia incondicional de acerto por parte dos pastores, presbíteros, bispos, etc. naquilo que eles ensinam. Há a possibilidade deles estarem ensinando o erro.

Aqui então, eu faço até um trocadilho pra ficar claro...

A Igreja não pode ser jamais[/n] presbiteriana ou episcopal. Ela deve ser apóstolica...

Apóstolica no fundamento dogmático, é claro... Na forma de governo pode ser presbiteriana ou episcopal... rs



Aqui então surge o centro do problema que está sendo tratado aqui...

Enquanto Moisés estava vivo, ele poderia ser consultado diretamente, oralmente como os hebreus muitas vezes fizeram. Não por qualquer autoridade inerente em Moisés, mas pelo fato dele transmitir os oráculos do Senhor. Oráculo este que não é validado por qualquer autoridade humana, mas pela autoridade inerente da Palavra de Deus e que justamente por esse motivo não poderia ser validado por qualquer outra autoridade acima dela mesmo.

Mas o que acontece quando Moisés morre e não pode mais ser consultado pessoalmente?

"E chamou Moisés a Josué, e lhe disse aos olhos de todo o Israel: Esforça-te e anima-te; porque com este povo entrarás na terra que o SENHOR jurou a teus pais lhes dar; e tu os farás herdá-la. O SENHOR, pois, é aquele que vai adiante de ti; ele será contigo, não te deixará, nem te desamparará; não temas, nem te espantes. E Moisés escreveu esta Lei, e a deu aos sacerdotes, filhos de Levi, que levavam a arca da aliança do SENHOR, e a todos os anciãos de Israel... Ajunta o povo, os homens e as mulheres, os meninos e os estrangeiros que estão dentro das tuas portas, para que ouçam e aprendam e temam ao SENHOR vosso Deus, e tenham cuidado de fazer todas as palavras desta Lei..." (Deuteronômio 31.12)

Aqui vemos que todo o povo incluindo seus descendentes tinha a responsabilidade de ouvir e obedecer a Lei que fora dada por Moisés. Incluindo os judeus no tempo de Jesus. Para que fosse possível o povo soubesse da Lei e assim pudesse obedecer, a Lei foi deixada por escrito nas mãos de quem? Nas mãos dos levitas.

Ah... Dos levitas...



ão dos levitas que Deus vai dizer depois:

"Agora, ó sacerdotes, este mandamento é para vós. Se não ouvirdes e se não propuserdes, no vosso coração, dar honra ao meu nome, diz o SENHOR dos Exércitos, enviarei a maldição contra vós, e amaldiçoarei as vossas bênçãos; e também já as tenho amaldiçoado, porque não aplicais a isso o coração. Eis que reprovarei a vossa semente, e espalharei esterco sobre os vossos rostos, o esterco das vossas festas solenes; e para junto deste sereis levados. Então sabereis que eu vos enviei este mandamento, para que a minha aliança fosse com Levi, diz o SENHOR dos Exércitos. Minha aliança com ele foi de vida e de paz, e eu lhas dei para que temesse; então temeu-me, e assombrou-se por causa do meu nome. A lei da verdade esteve na sua boca, e a iniqüidade não se achou nos seus lábios; andou comigo em paz e em retidão, e da iniqüidade converteu a muitos. Porque ´b]os lábios do sacerdote devem guardar o conhecimento, e da sua boca devem os homens buscar a lei porque ele é o mensageiro do SENHOR dos Exércitos. Mas vós vos desviastes do caminho; a muitos fizestes tropeçar na lei; corrompestes a aliança de Levi, diz o SENHOR dos Exércitos". (Malaquias 2.1-8)

Caso eu seguisse a sua linha de raciocínio ou a linha de raciocínio romana, eu deveria concluir que os levitas formavam algum tipo de "magistério validador" e por isso eram, ao lado de Moisés e os profetas, um fundamento incondicional da fé, já que eles era por meio deles que o povo recebia a Escritura.



É uma linha de raciocínio aparentemente muito "lógica". O problema é que eu não raciocino "logicamente". Eu raciocino biblicamente. É por isso que eu sou um pressupossionista. Se a Bíblia demonstra claramente que um magistério validador insento de críticas e transmissor da Escritura não é necessário pra validar a Escritura, eu concluo que um magistério validador insento de críticas e transmissor não é necessário pra validar a Escritura e passo a considerar essa sugestão como na verdade inaceitável, pois é uma exigência imposta por uma lógica anti-bíblica, pois a Bíblia declara como sendo desnecessária. O motivo pelo qual é desnecessária é porque a validação da Palavra de Deus é feita pelo próprio Deus em sua Divina e Soberana Providência, preservando a sua Palavra anunciada pelos profetas e apóstolos e confirmando a sua verdade, de diferentes formas no coração dos seus. Moral da história: Deus é Soberano.

Então a Lei escrita por Moisés foi a base para os posteriores judeus identificarem quem era realmente profeta e quem não era. Jeremias pregava contra o magistério. Os profetas do magistério pregava contra Jeremias. Ele era coerente com a Palavra de Deus registrada por Moisés. O magistério e seus profetas não eram. Portanto, a Palavra de Deus dita por meio de Moisés validava a Palavra de Deus dita por Jeremias. A Palavra de Deus valida a Palavra de Deus. Com base nessa validação mutua, os judeus fiéis deveriam crer em Jeremias e não no magistério e nos profetas do magistério. Implicito nisso tudo está a necessidade de existir uma capacidade individual de discernir a Palavra de Deus independente da soberania incondicional do magistério. Lutero chamou isso de livre-exame. O papa chama de anarquia. A Palavra de Deus dita pormeio de Jeremias valida Lutero. O magistério judaico valida o papa. Eu fico com Moisés e portanto com Jeremias e portanto com Lutero nessa briga.



O mesmo acontece no tempo de Jesus.

O magistério judaico trasmite a Escritura. Mas trasmite também a "tradição dos anciões". Jesus confirma a Escritura e manda a tradição dos anciões para o Hades:

"Por que transgridem os teus discípulos a tradição dos anciãos? pois não lavam as mãos quando comem pão. Ele, porém, respondendo, disse-lhes: Por que transgredis vós, também, o mandamento de Deus pela vossa tradição?" (Mateus 15.2-3)

Por que os judeus deveriam crer em Jesus, alguém que surge do nada, e não no magistério que o declarava como sendo um "zé ninguém"? Pelo mesmo motivo que deveriam crer em Jeremias. Jesus estava em conformidade com a Palavra de Deus. O magistério não. Mesmo tendo escribas transmissores das Escrituras. Era a Palavra de Deus validando a Palavra de Deus.

"E ele lhes disse: O néscios, e tardos de coração para crer tudo o que os profetas disseram! Porventura não convinha que o Cristo padecesse estas coisas e entrasse na sua glória? E, começando por Moisés, e por todos os profetas, explicava-lhes o que dele se achava em todas as Escrituras". (Lucas 24.25-27)

E isso, sem magistério bater o martelo nem nada. Eles eram néscios porque não tinham contrariado a opinião do magistério que havia lhes dado as Escrituras.



Sobre a Escritura, Paulo escreveu:

"Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça; Para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra.
(II Timóteo 3.16-17)

Esse verso é muito conhecido. Mas seu contexto é pouco lembrado. O capítulo começa dizendo:

"Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos. Porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, Traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus, Tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. Destes afasta-te. Porque deste número são os que se introduzem pelas casas, e levam cativas mulheres néscias carregadas de pecados, levadas de várias concupiscências; Que aprendem sempre, e nunca podem chegar ao conhecimento da verdade". (II Timóteo 3:1-7)

O objetivo de Paulo neste capítulo é avisar a Timóteo sobre a necessidade de evitar e não imitar pessoas com determinados comportamentos. Como ele diz também:

"...os homens maus e enganadores irão de mal para pior, enganando e sendo enganados. Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste, e de que foste inteirado, sabendo de quem o tens aprendido..." (II Timóteo 3.13-14)

O meio pelo qual Timóteo não seria como aqueles que vão de mal a pior era permanecendo naquilo que ele havia aprendido e era inteirado. É ai que Paulo menciona que:

"Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça; Para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra.
(II Timóteo 3.16-17)

Muitos entendem que quando diz aqui "Toda Escritura", ele está se referindo somente ao que conhecemos Antigo Testamento.



Há um motivo forte pra ele pensar assim. No verso anterior, ele havia dito:

"E que desde a tua meninice sabes as sagradas Escrituras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus". (II Timóteo 3.15)

Na meninice de Timóteo, não havia Novo Testamento. Isso não significa que no verso seguinte ele esteja se referindo somente ao Antigo Testamento?

Há inúmeros motivos que demonstram como isso não é o caso.

1) Em I Timóteo, Paulo já havia citado um evangelho como sendo Escritura:

"Porque diz a Escritura: Não ligarás a boca ao boi que debulha. E: Digno é o obreiro do seu salário". (I Timóteo 5.18)

A citação vem de Lucas:

"E ficai na mesma casa, comendo e bebendo do que eles tiverem, pois digno é o obreiro de seu salário. Não andeis de casa em casa". (Lucas 10;7)

Em Mateus, há um texto parecido, mas com uma variação. A palavra "alimento" no lugar de "salário".

"nem de alforje para o caminho, nem de duas túnicas, nem de alparcas, nem de bordão; porque digno é o trabalhador do seu alimento". (Mateus 10.10)

2) Os próprios escritos de Paulo já eram considerados como "Escrituras":

"e tende por salvação a longanimidade de nosso Senhor; como também o nosso amado irmão Paulo vos escreveu, segundo a sabedoria que lhe foi dada; como faz também em todas as suas epístolas, nelas falando acerca destas coisas, mas quais há pontos difíceis de entender, que os indoutos e inconstantes torcem, como o fazem também com as outras Escrituras, para sua própria perdição". (II Pedro 3.15-16)



O motivo pelo qual isso tudo já era considerado "Escritura" é simples. Vinham do circulo apostólico que era equivalente ao circulo profetico do Antigo Testamento. A autoridade apostólica era equivalente a autoridade dos grandes profetas. Por isso Paulo exigia obediência aos seus escritos:

"Mas, se alguém não obedecer à nossa palavra por esta carta, notai-o e não tenhais relações com ele, para que se envergonhe". (II Tessaloniscenses 3.14)

3) De que forma o Antigo Testamento somente poderia suficiente para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruídopara toda a boa obra?

Há muitas coisas importantes necessárias para a perfeita instrução que não estão contidas no Antigo Testamento. A perfeitainstrução do cristão depende dos dois testamento. Se ele tem o Antigo Testamento somente, ele não poderá ser perfeitamenteinstruído, pois haverá coisas lá que ele não deve fazer e haverá coisas que ele deve fazer que não estará lá.

A questão é que "Escrituras" é o nome técnico usado pra se referir ao conjunto específico de livros especialmente inspirados por ele para efetuar a perfeita instrução do povo de Deus.

O Antigo Testamento são Escrituras, certamente. Mas não são toda Escritura. Tudo o que Paulo estava dizendo é que Timóteo havia sido instruído nas Escrituras desde sua meninice. Mas no verso seguinte ele descreve a função de toda Escritura, da Escritura em sua totalidade incluindo aquilo que Timóteo não conhecia quando criança mas que havia sido citado como Escritura pra Timóteo em sua primeira carta a ele.



Este verso ensina a soberania da Escritura como determinadora do bem e do mal. Em resumo, este verso ensina Sola Scriptura.

Pois ele ensina que a Escritura é divinamente inspirada "para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra".

Isso significa que não pode existir qualquer boa obra da qual o homem precisa ser instruído que não esteja lá. Isso significa que não pode existir qualquer conceito do que seja bom e do que seja ruim que não seja ensinado nas Escrituras.

Caso existia, então esse verso não pode ser verdadeiro. Caso existe instrução que o homem precisa receber sobre o que é uma boa obra e o que é uma má obra, que não esteja na Escritura, isso significa que não é verdade que a Escritura tenha sido Divinamente inspirada com o objetivo de instruir o homem perfeitamente, mas seria verdade que ela foi Divinamente inspirada para instruir o homem imperfeitamente, sendo necessário um instrução adicional daquilo que não está lá.



Prestar culto a Maria e fazer procissão com sua imagem, por exemplo, como a Rainha dos Céus, Nossa Senhora e imaculada de todo pecado, portanto não pode ser uma boa obra, mas é uma má obra, pois caso fosse uma boa obra teria que ser instruído pela Escritura que é "divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça; Para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra. (II Timóteo 3.16-17)


Mas como eu já relatei aqui, com base na própria Escritura, podemos chegar a compreensão correta de como chegar a conclusão do que de fato é a Escritura, incluindo o livro de Tiago mencionado aqui.

É somente com a compreensão deixada pela própria Escritura e não por qualquer imposição de "lógicas" na Escritura que contradizem o testemunho interno da Escritura.

Nós já vimos aqui que aquilo que faz parte da Escritura é aquilo que vem do circulo apostólico, cujo fundamento dogmático foi lançadono primeiro século e que depois disso não houve fundamento sendo lançado, mas o que houve é o edificio da Igreja sendo construído, como ainda está sendo construído.

Nós já vimos também que a existência de um magistério validador da Escritura não é necessário para o reconhecimento da Escritura, pois isso contradiziria o testemunho interno da própria Escritura.

Somente quando compreendemos isso, podemos ter uma abordagem sádia da História da Igreja pós-apostólica, que é o que chamam de tradição.

Como eu havia mencionado no princípio, aqui temos que ter em mente a distinção entre determinador de autoridade, validação, etc.reconhecimento. A analise da História é um dos meios pelo qual chegamos ao reconhecimento da Escritura ao mesmo tempo em que nenhum evento da História da Igreja é de qualquer forma um determinador da autoridade da Escritura, pois a Palavra de Deus tem autoridade inerente. A analise da História nos leva aos escritos em suas origens de mesma forma que um judeu do tempo de Jeremias reconheceria a Lei escrita de Moisés como tendo origem nele pela sua origem histórica.

Mas ao mesmo tempo reconhecemos que a Escritura não é outro livro que está para ser julgado como qualquer outro pelo testemunho histórico, mas a sua verdade é garantida, em última instância, pelo testemunho do Espírito Santo em nossos corações que sela a nossa fé nas Escrituras.



É somente quando compreendemos isso, que estamos prontos pra discutir cânon e o conteúdo das Escrituras. Não se trata de uma reflexão sobre a autoridade determinativa a parte das Escrituras da Igreja na História, mas é uma reflexão sobre o reconhecimento da autoridade determinativa da Escritura pela Igreja em sua História.

Tendo isso compreendido, podemos começar a discutir o cânon.

O que eu disse aqui tem implicações não somente para discutir o conteúdo das Escrituras, mas também outras questões como unidade da Igreja, possibilidade de reconhecimento de pontos fundamentais e não-fundamentias dentro da Escritura (que faz parte do conceito de inteligibilidade da Escritura) entre outros assuntos...



Uma última observação histórica importante que eu quase ia me esquecendo...

Não sei quem já leu o livro Codígo da Vinci. Mas neste livro é divulgado uma mentira muito repetida em muitos meios e que é crido até mesmo por muitos cristãos.

Falo aqui do mito da formação do cânon pelo Concílio de Nicéia. O objetivo do mito é tentar associar a formação da Escritura com supostos interesses políticos do Império Romano e assim destruir a possibilidade de confiança na Bíblia.

Mas a verdade é que não existiu no Concílio de Nicéia qualquer discussão asobre o conteúdo do cânon. Não há qualquer evidência que qualquer discussão desse tipo tenha existido lá em lugar nenhum se não em mentes depravadas que procuram militar contra o Cristianismo. Há alguns meses eu conversei com um suposto "judeu messianico" que tentou argumentar com esse mito. Eu ofereci a ele R$ 1.000 reais caso ele conseguisse me provar as histórias que ele contava sobre a seleção do cânon lá. Ele disse que ia obter provas. Eu continuo com o meu dinheiro e ele sumiu desde então.

O que foi discutido no Concílio de Nicéia não foi o conteúdo das Escrituras, mas a sua discussão principal foi a doutrina da Trindade. Eu cito esse fato aqui pelo seguinte motivo...



O que a História nos mostra é que o debate em Nicéia aconteceu tendo como premissa a Escritura. Cada lado da discussão, os arianos e os trinitarianos, citavam a Escritura pra defender a sua causa. Isso aconteceu sem que uma discussão previa sobre o conteúdo das Escrituras. O motivo pelo qual não foi necessário uma discussão previa sobre o conteúdo das Escrituras era porque esse conteúdo já era pressuposto pela pelos participantes do debate que representavam as duas opiniõies existentes na Igreja de então. A conclusão do Concílio de Nicéia foi tomado com base em conclusões da Escritura somente. Isso significa que o Concílio de Nicéia não tem qualquer autoridade inerente, mas que sua autoridade se deriva da correta conclusão a respeito do testemunho da Palavra de Deus.

Devemos ser fiéis as conclusões do Concílio de Nicéia, mas não porque o Concílio de Nicéia tenha autoridade inerente e determinante, mas porque o Concílio de Nicéia foi fiel a Palavra de Deus, esta sim tem autoridade inerente. A validade do Concílio de Nicéia é garantido pela sua fidelidade em reconhecimento da Palavra de Deus.






sábado, 16 de julho de 2011

Jesus e os fariseus






Por Frank Brito


A chamada Torá oral (tradição oral), no farisaísmo tinha a mesma autoridade que a Tora escrita. Isso é testificado tanto pelo Novo Testamento quanto pela História.

Veja, por exemplo:

"Então chegaram a Jesus uns fariseus e escribas vindos de Jerusalém, e lhe perguntaram: Por que transgridem os teus discípulos a tradição dos antigos? pois não lavam as mãos, quando comem. Ele, porém, respondendo, disse-lhes: E vós, por que transgredis o mandamento de Deus por causa da vossa tradição?" 
(Mat 15:1-3)



A "generalização" foi feita por Jesus:

"Pois eu vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos céus". (Mateus 5.20)

A Bíblia sistematicamente "generaliza" os escribas e fariseus como apostatas e inimigos de Deus. É só ler as palavras de Jesus Cristo em Mateus 23.



Até o dia de hoje, para os judeus o Talmud tem autoridade em pé de igualdade com o Antigo Testamento. A única exceção significante é o movimento chamado NETUREI KARTA que são anti-zionistas. O resto tem a Talmud (compilação da tradição otal) em pé de igualdade com o Antigo Testamento.


O que está equivocado é o conceito que a fidelidade dos fariseus era a Lei de Deus registrada nas Escrituras quando Jesus e a História deixa claro que a fidelidade deles era não só a Lei de Deus registrada nas Escrituras, mas também leis que não eram registradas lá, mas que eram inventadas com o passar do tempo.


Dizendo: Na cadeira de Moisés estão assentados os escribas e fariseus.
Todas as coisas, pois, que vos disserem que observeis, observai-as e fazei-as; mas não procedais em conformidade com as suas obras, porque dizem e não fazem; MT 23:1

O problema não era as leis, mas o pregar e não praticar as leis.

O problema não estava nas leis somente a medida que eles ensinavam Moisés e não em relação a tudo o que eles diziam. Eu já citei Mateus 15 aqui que isso claramente. Qualquer defesa de que os escribas e fariseus ensinavam somente a Lei de Deus puramente sem acrescentar suas tradições orais extra-escriturísticas é uma clara contradição as palavras de Jesus em Mateus 15.



Quem era fiel a Lei era Jesus e não os fariseus


"Se assentar na cadeira de Moisés" é uma referência ao fato de que na sinagoga a Escritura era lida diretamente.

Como diz:

"Mas eles, passando de Perge, chegaram a Antioquia da Psídia; e entrando na sinagoga, no dia de sábado, sentaram-se. Depois daleitura da lei e dos profetas, os chefes da sinagoga mandaram dizer-lhes: Irmãos, se tendes alguma palavra de exortação ao povo, falai".(Atos 13.14-15)"Porque Moisés, desde tempos antigos, tem em cada cidade homens que o preguem, e cada sábado é lido nas sinagogas".(Atos 15.21)



A renomada Jewish Encyclopedia (Enciclopedia Judaica) explica a visão judaica sobre a insuficiência da Leiescrita, mas que há necessidade dela ser complementada pela chamada "Lei Oral":

"Term used to denote the laws and statutes which, in addition to the Pentateuch, God gave to Moses. According to the rabbinical interpretation of Ex. xxxiv. 27, the words indicate that besides the written law——God gave orally to Moses other laws and maxims, as well as verbal explanations of the written law..."

Tradução:

"Termo utilizado para designar as leis e estatutos que, além do Pentateuco, Deus deu a Moisés. De acordo com a interpretação rabínica da Ex. xxxiv. 27, as palavras indicam que, além da lei escrita - Deus deu a Moisés por via oral, outras leis e máximas, bem como explicações verbais da lei escrita..."



Essa era a visão do farisaísmo criticada por Jesus Cristo em Mateus 15.

Também foi criticado por Paulo aqui:

"Este testemunho é verdadeiro. Portanto repreende-os severamente, para que sejam são na fé, não dando ouvidos a fábulas judaicas, nem a mandamentos de homens que se desviam da verdade". (Tit 1:13-14)

As "fábulas judaicas" e os "mandamentos de homens" tinham origem na fantasiosa "torah oral".

O erro foi repetido por católicos romanos que também acreditam numa "tradição oral".



"E Jesus lhes disse: Olhai, e acautelai-vos do fermento dos fariseus e dos saduceus. Pelo que eles arrazoavam entre si, dizendo: É porque não trouxemos pão. E Jesus, percebendo isso, disse: Por que arrazoais entre vós por não terdes pão, homens de pouca fé? Não compreendeis ainda, nem vos lembrais dos cinco pães para os cinco mil, e de quantos cestos levantastes? Nem dos sete pães para os quatro mil, e de quantas alcofas levantastes? Como não compreendeis que não nos falei a respeito de pães? Mas guardai-vos do fermento dos fariseus e dos saduceus. Então entenderam que não dissera que se guardassem, do fermento dos pães, mas da doutrina dos fariseus e dos saduceus". (Mateus 16.6-12)



quarta-feira, 13 de julho de 2011

Trindade

Por Frank Brito



Trindade Santíssima.

Aqueles que protestam contra a verdade da Tri-unidade de Deus tem várias abordagens. A pior delas é dizer que a palavra Trindade não está na Bíblia. É pior porque demonstra extrema ignorância em relação a princípios básicos de comunicação.

A criação de novas nomenclauturas não significa necessariamente a criação de novos conceitos. Nomenclaturas servem para identificar conceitos de forma a não ser necessário repetir detalhadamente todo o conceito toda vez que ser quer falar dele. É somente uma maneira facilitar a comunicação. Se existe uma nomenclatura pra identificar uma idéia, crença ou sistema de crenças, isso significa que qualquer um que mantenha tal crença ou idéia, é automaticamente classificado de acordo com o nomenclatura referente a tal idéia, crença ou sistema de crenças.

Um “trinitariano”, por exemplo, é simplesmente um cristão que acredita que há um só Deus formado por três pessoas, o Pai, o Verbo e o Espírito Santo. Pra evitar explicações longas e detalhadas todas as vezes que for preciso se referir a quem crê em Deus dessa maneira, foram criados os termos “trindade” e “trinitariano”. Da mesma forma, que “arminiano” é somente uma forma de identificar crenças específicas sobre determinados âmbitos da teologia. Palavras apontam para conceitos. O que tem que ser discutidos são os conceitos significad pelas palavras, pois a palavra é só uma referência a um conceito.

Dentro disso, podemos até entender porque tradução nem sempre é uma coisa fácil. É importante notar que idiomas diferentes tem palavras diferentes que podem ou não ter equivalentes em outros idiomas. No inglês, por exemplo, há a palavra "cat". A palavra "cat" aponta para um conceito específico: um animal específico com características específicas. Poderiamos dizer que a palavra "cat" no inglês é equivalente a palavra "gato" no português. Mas isso não é exatamente verdade. Porque "gato" no português pode não estar se referindo ao animal, mas a um "homem bonito". Se tiver se referindo a um homem bonito e não ao animal, "cat" não é equivalente a "gato". Nesse caso, "gato" seria equivalente a "hunk" no inglês. Isso é algo que temos que ter em mente antes de pegar muito pesado com tradutores.

O ponto é que é um absurdo sem fim dizer que a palavra "trindade" não está na Bíblia e por isso o conceito não é bíblico. O que tem que ser provado não é se uma palavra está ou não lá. O que tem que ser provado é se o conceito indicado pela palavra está.

Acusações mais bem elaboradas do que isso vindo de unitarianos contra a Trindade costumam ter como ponto de partida, um princípio aparentemente muito lógico. Afinal, se Deus é um só, isso não significa que ele não pode ser o Pai e o Filho ao mesmo tempo? Se é um e é o Pai, como pode ser também o Filho? Se é o Filho também, então como pode ser um?

Apesar de ser aparentemente, essa lógica é na verdade insanidade. A insanidade consiste e acreditar que Deus é que o conceito de unidade em Deus é equivalente ao conceito de unidade projetado pela mente do homem. A insanidade consiste em implicitamente acreditar que Deus seja um homem e por isso o conceito de pessoa em Deus é equivalente ao conceito de pessoa no homem. A raiz da insanidade é fruto da mente depravada do homem, em sua rebelião contra o Criador.

Essa insanidade se manifesta de diversas maneiras. Em alguns, consiste em criar mandamentos alternativos. Exemplo: o direito de fazer pedidos a mortos, matar, roubar, fornicar, adorar sua "mãe", negar seus atributos, etc. Quando a insanidade se alastra, o homem começa a redefinir Deus, como é o caso dos pagãos, ou identificá-lo como sendo uno de forma equivalente ao homem.

Deus é o que ele diz que é e não o que a mente humana quer restringir que ele seja para que caiba dentro de nossa depravação travestida de lógica.

Tanto a unidade em Deus quanto a pluralidade de Hypostasis no Deus único é revelado tanto no Antigo quanto no Novo Testamento desde o livro de Gênesis apesar de todo chororo dos judeus modernos.

Apesar do chororo, eles deixam passar a seguinte confissão no renomado Jewish Encyclopedia:

"In the earlier Biblical writings the term "Malak YHWH" (messenger of the Lord) occurs chiefly in the singular, and signifies a special self-manifestation of God (see Gen. xxxi. 11-13, where the angel of God says, "I am the God of Beth-el"; Ex. iii. 2-6, where the angel of the Lord who appeared to Moses in the flame of fire says, "I am the God of thy father"; compare Gen. xxii. 11; Judges, vi. 11-22). At times the angel clearly distinguishes himself from the Lord who sends him (see Gen. xvi. 11, xxi. 17; Num. xxii. 31; Judges, xiii. 16). Though appearing in human form (see Gen. xviii. 2 et seq., xxxii. 25; compare Hosea, xii. 5), the angel of the Lord has no individuality".

Tradução:

"Nos escritos bíblicos mais antigos, o termo "Malak YHWH" (mensageiro do Senhor), ocorre principalmente no singular, e significa uma auto-manifestação de Deus (ver Gen. xxxi. 11-13, onde o anjo de Deus diz: "eu sou o Deus de Betel ";. Ex iii 2-6, onde o anjo do Senhor que apareceu a Moisés na chama do fogo diz." Eu sou o Deus de teu pai "; comparar Gen. xxii. 11;. juízes, vi 11-22). Às vezes o anjo claramente se distingue do Senhor, que o envia (ver Gn xvi 11, xxi 17;... Num xxii 31;. Juízes, xiii 16.). Apesar de aparecer em forma humana (cf. Gn 2 xviii et seq, xxxii 25;.... Compare Oséias, xii 5), o anjo do Senhor não tem individualidade."

Presta muita nessa "confissão" da Enciclopedia Judaica.

Apesar de reconhecer que há um só Deus, ela está explicitamente afirmando que:

- A expressão "Malak do Senhor" em muitos textos se refere ao próprio Deus.

- Ainda assim, ele é descrito como sendo distinto de Deus.

Mas isso os conduziria a reconhecer pelo menos algum tipo de bindade santíssima. Então pra evitar a bindade, eles se defendem logo em seguida:

"O anjo do Senhor não tem individualidade". Em seguida ainda diz no artigo que é "somente uma manifestação temporária de Deus".

Minha pergunta: Se não há qualquer tipo de individualidade, Por qual motivo "o anjo claramente se distingue do Senhor, que o envia" se não há qualquer distinção de pessoas??

A pergunta feita aos trinitarianos, eu refaço aqui aos unitarianos:

Afinal, se Deus é um só, isso não significa que ele não pode ser Deus e o Mensageiro do mesmo tempo? Se Deus é um e é aquele que envia o mensageiro, como pode ser também o Mensageiro que é enviado? Se é o Mensageiro também, então como pode ser um?

Mas o Antigo Testamento diz que apesar da distinção de pessoas, ainda assim são um só Deus. E isso é confessao até mesmo pelos judeus. É confessao até mesmo pelos judeus que a existência de uma distinção de pessoas não significa que deixa de ser um só Deus.

A questão é simples:

Não existem três deuses, mas somente um.

"Vós sois as minhas testemunhas, diz Javé... para que o saibais e me creiais e entendais que sou eu mesmo, e que antes de mim deus nenhum se formou e depois de mim nenhum haverá. Eu sou Javé e fora de mim não há Salvador". (Isaías 43.10-11)

É por isso que o primeiro mandamento do Décalogo diz:

"Não terás outros deuses diante de mim". (Êxodo 20.3)

Mas em todo Antigo Testamento, existem referências de distinção na pessoas em YHWH, ao mesmo tempo que aprendemos que há um único Deus.

Em Gênesis 16.7, uma figura conhecida por todo Antigo Testamento como "O Anjo do Senhor" conversa com Agar. A palavra "Anjo", no hebraico é "malak" e significa simplesmente "mensageiro". A palavra é usada na maioria das vezes para as criaturas celestiais que conhecemos no português como "anjos", mas o que veremos a seguir que o "O Mensageiro do Senhor", "o Anjo do Senhor" não é a tal criatura celestial que está submetida a Deus, mas é o próprio Deus Soberano, Jeová, na segunda pessoa da Santíssima Trindade, distinta em pessoa, mas não é Divindade.

"E o Anjo (malak) do SENHOR a achou junto a uma fonte de água no deserto, junto à fonte no caminho de Sur. E disse: Agar, serva de Sarai, de onde vens e para onde vais? E ela disse: Venho fugida da face de Sarai, minha senhora. Então, lhe disse o Anjo (malak) do SENHOR: Torna-te para tua senhora e humilha-te debaixo de suas mãos. Disse-lhe mais o Anjo (malak) do SENHOR: Multiplicarei sobremaneira a tua semente, que não será contada, por numerosa que será. Disse-lhe também o Anjo (malak) do SENHOR: Eis que concebeste, e terás um filho, e chamarás o seu nome Ismael, porquanto o SENHOR ouviu a tua aflição. E ele será homem bravo; e a sua mão será contra todos, e a mão de todos, contra ele; e habitará diante da face de todos os seus irmãos. E ela chamou o nome do SENHOR, que com ela falava: Tu és Deus da vista..."(Genesis 16:7-13)

Em Gênesis 20.2, Deus ordena que Abraão sacrifique Isaque: "E aconteceu, depois destas coisas, que provou Deus a Abraão e disse-lhe: Abraão! E ele disse: Eis-me aqui. E disse: Toma agora o teu filho, o teu único filho, Isaque, a quem amas, e vai-te à terra de Moriá; e oferece-o ali em holocausto sobre uma das montanhas, que eu te direi".(Genesis 22.1-2)

No momento do Holocausto, nós lemos:

"Mas o Anjo do SENHOR lhe bradou desde os céus e disse: Abraão, Abraão! E ele disse: Eis-me aqui. Então, disse: Não estendas a tua mão sobre o moço e não lhe faças nada; porquanto agora sei que temes a Deus e não ME negaste o teu filho, o teu único... Então, o Anjo do SENHOR bradou a Abraão pela segunda vez desde os céus e disse: Por mim mesmo, jurei, diz o SENHOR, porquanto fizeste esta ação e não me negaste o teu filho, o teu único, que deveras te abençoarei e grandissimamente multiplicarei a tua semente como as estrelas dos céus e como a areia que está na praia do mar; e a tua semente possuirá a porta dos seus inimigos".(Genesis 22.11-12,15-17)

No Êxodo, nós lemos:

"E apascentava Moisés o rebanho de Jetro, seu sogro, sacerdote em Midiã; e levou o rebanho atrás do deserto e veio ao monte de Deus, a Horebe. E apareceu-lhe o Anjo do SENHOR em uma chama de fogo, no meio de uma sarça; e olhou, e eis que a sarça ardia no fogo, e a sarça não se consumia. E Moisés disse: Agora me virarei para lá e verei esta grande visão, porque a sarça se não queima. E, vendo o SENHOR que se virava para lá a ver, bradou Deus a ele do meio da sarça e disse: Moisés! Moisés! E ele disse: Eis-me aqui. E disse: Não te chegues para cá; tira os teus sapatos de teus pés; porque o lugar em que tu estás é terra santa. Disse mais: Eu sou o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó. E Moisés encobriu o seu rosto, porque temeu olhar para Deus".(Êxodo 3.1-6)

Veja que o Anjo do Senhor afirma ser o Deus de Abraão, Isaque e Jacó.

Veja que ao mesmo tempo em que o Mensageiro/Anjo/Malak do Senhor é reconhecido como sendo o próprio Deus, existe uma distinção de pessoas, pois ele é o Malak DO Senhor dando uma clara idéia de distinção de pessoas ao mesmo tempo que ele é reconhecido como sendo o Deus único. Há muitos textos desse tipo no Antigo Testamento.

Isaías faz uma referência direta a todas as pessoas três da Trindade em uma só sequência:

"As benignidades do SENHOR mencionarei e os muitos louvores do SENHOR, consoante tudo o que o SENHOR nos concedeu, e a grande bondade para com a casa de Israel, que usou com eles segundo as suas misericórdias e segundo a multidão das suas benignidades... Assim ele foi seu Salvador. Em toda a angústia deles foi ele angustiado, e o Anjo da sua presença os salvou; pelo seu amor e pela sua compaixão, ele os remiu, e os tomou, e os conduziu todos os dias da antiguidade. Mas eles foram rebeldes e contristaram o seu Espírito Santo..."(Isaías 63.7-10)

Lembrando que Isaías deixa claro: "Eu, eu sou o SENHOR, e fora de mim não há Salvador. Eu anunciei, e eu salvei, e eu o fiz ouvir, e deus estranho não houve entre vós, pois vós sois as minhas testemunhas, diz o SENHOR; eu sou Deus".(Isaías 43.11-12)

O Anjo do Senhor é chamado de Salvador pelo menos Isaías porque ele e o Senhor são um só Deus e um só Senhor.

No último livro do Antigo Testamento, nós lemos:

"....e, de repente, virá ao seu templo o Senhor, a quem vós buscais, o Anjo do concerto, a quem vós desejais; eis que vem, diz o SENHOR dos Exércitos. Mas quem suportará o dia da sua vinda? E quem subsistirá, quando ele aparecer? Porque ele será como o fogo do ourives e como o sabão dos lavandeiros".(Malaquias 3.1-2)

A referência aí é a vinda Messias chegando no templo de Jerusalém.

Sobre sua Encarnação, Isaías escreveu:

"Porque um menino nos nasceu, um filho nos foi dado, e o governo está sobre os seus ombros. E ele será chamado Maravilhoso Conselheiro, Deus Poderoso, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz".(Isaías 9.6)

Paulo resume bem o mistério da Encarnação:

"...Cristo Jesus, que, embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se; mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens. E, sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo e foi obediente até à morte, e morte de cruz!"(Filipenses 2.5-8)

Veja que ao mesmo tempo em que é atribuido Divindade a Jesus, há ainda uma distinção de pessoas dentro da Divindade da mesma forma que vimos no caso do Malak do Senhor.

É por isso que Tomé não hesitou em dizer ao reconhecer Jesus como o ressurreto:

"Depois, disse a Tomé: Põe aqui o teu dedo e vê as minhas mãos; chega a tua mão e põe-na no meu lado; não sejas incrédulo, mas crente. Tomé respondeu e disse-lhe: Senhor meu, e Deus meu! Disse-lhe Jesus: Porque me viste, Tomé, creste; bem-aventurados os que não viram e creram!"(João 20.27-29)

O primeiro mandamento é claro: "Não terás outros deuses diante de mim". Se Jesus não fosse Deus conforme Tomé o chama, Jesus estaria ensinando a idolatria quando reclama que Tomé não reconheceu isso antes e ainda chama de bem aventurado quem reconhece.

Mas Jesus não é um mestre de idolatria, pois ele é de fato o próprio Deus, manifesto ao mundo tanto no Antigo quanto no Novo Testamento.