Pesquisar este blog

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Jesus e a linhagem de Jeconias

Início
Um dos maiores problemas a serem resolvidos pelos cristãos é a diferença entre as genealogias de Jesus encontradas em Mateus e Lucas. Tais genealogias tem a intenção de mostrar que Jesus era descendente de Davi e Salomão(?), cumprindo assim a profecia messiânica de 1ª Crônicas 17:11-14, que fala sobre o reinado de Salomão durar para sempre. Esta profecia é clara em afirmar que o trono seria ocupado pelo Messias eternamente.

O problema principal baseia-se no pai de José, Marido de Maria..

Mateus diz que Jacó “gerou” José.

Vejamos o texto:

Mateus 1: ...e Jacó gerou José, marido de Maria, da qual nasceu Jesus, que é chamado Cristo.

Ou seja, a genealogia é clara em afirmar que Jacó foi pai biológico de José.

Vejamos agora a Genealogia em Lucas:

Lucas 3: 23 - Jesus tinha cerca de trinta anos de idade quando começou seu ministério. Ele era, como se pensava, filho de José, filho de Eli...

Em Lucas, temos que o pai de José foi Eli. Eli, de acordo com a genealogia, não era descendente de Salomão. Como resolver o problema? José era filho de quem afinal?

Primeiro, temos que observar alguns costumes judaicos da época relacionados a genealogias e a parentescos.

O antigo testamento está repleto de passagens onde avós ou bisavós são tidos como “Pai”, e também netos e bisnetos tidos como “filhos”. Este costume era comum ao se relatar que tal pessoa era descendente de outra. Assim, os judeus usavam os termos “pai ou filho”.

Outro costume muito comum, e que é encontrado até hoje, é o genro ser considerado como filho do sogro e/ou o sogro como pai do genro. Isso ocorria no momento em que um homem assumia uma mulher. Neste ato, o homem passava a ser também considerado como “filho” do Sogro.

Na língua inglesa, a palavra Sogro é traduzida por “Father in Law” (Pai na Lei) e Genro “Son in Law” (filho na Lei). De forma muito semelhante do que ocorria no primeiro século.

Um terceiro costume judaico da época era excluir mulheres de qualquer tipo de contagem. Isto se estendia também às genealogias. Quando uma mulher aparecia na genealogia, era apenas como ilustração ou informação adicional relacionada a um homem desta genealogia, porém não eram peças importantes nestas. Vemos em diversas passagens que a contagem era sempre feita aos homens. (mil e tantos homens e seus filhos, mulheres e animais). Ou seja, se fossem, por exemplo, contados 500 mil homens, o total geral de pessoas podia ultrapassar os 2 milhões, contando mulheres e filhos.
Agora vamos analisar a genealogia de Lucas, a mais controversa.

Muitos teólogos e cristãos (e nós também) consideram a genealogia de Lucas como sendo referida a Maria. Ou seja, na realidade, esta Genealogia é de Maria e não de José. Assim, Eli é pai de Maria e não de José, como aparece na genealogia.
Analisando os textos

Sete pontos a serem observados sobre esta afirmação:

1º - As diferenças entre as duas são muito grandes, evidenciando que se tratam de pessoas diferentes (José e Maria)

Se Lucas tivesse a má intenção de forjar uma genealogia, ele teria feito uma semelhante a de Mateus, porém ela é totalmente diferente depois que passa por Davi. Isso evidencia que ele estava descrevendo a família de outra pessoa, no caso possível, a de Maria.

2º - Lucas nos quer mostrar que José não faz parte daquela genealogia, pois ele coloca uma informação complementar a ela. ...Jesus, COMO SE PENSAVA ser o filho de José, Filho de Eli...

Lucas enfatiza José como parte da informação do que as pessoas pensavam sobre ele ser o pai, e não como José sendo parte desta genealogia.

3º - Lucas dá bastante ênfase aos acontecimentos com Maria no início do livro e continua dando bastante importância às mulheres (Maria, Madalena, as outras mulheres, etc.) durante todo o livro.

Essa é mais uma evidência de que a genealogia se refere à Maria. Os três primeiros capítulos dão total ênfase ao nascimento de João Batista e Jesus e aos acontecimentos que envolveram Maria. Todo o desenrolar da história termina na genealogia. Pela lógica, se Lucas relata todos os acontecimentos iniciais que envolvem Maria, terminando na genealogia, esta deve ser de Maria.

4º - Lucas, no capítulo 1 versículos 30-32 nos mostra que Maria também era descendente de Davi.30 Mas o anjo lhe disse: “Não tenha medo, Maria; você foi agraciada por Deus! 31 Você ficará grávida e dará à luz um filho, e lhe porá o nome de Jesus.32 Ele será grande e será chamado Filho do Altíssimo. O Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi,

O Anjo é enfático em dizer que Maria era filha de Davi, ou seja, biologicamente, Jesus também era filho de Davi.

5º - Uma possibilidade é que, quando Lucas colocou “filho de Eli”, ele estava se referindo à Jesus. Vejam:

Jesus, como se pensava ser o filho de José, filho de Eli. Jesus = filho de Eli (Neto). Porque existe esta possibilidade? Porque José está ali apenas para a ilustração e complementação da Genealogia no que se refere a pensarem que ele era o pai, e não que José seja filho de Eli. Como Jesus não tinha pai biológico, substitui o título pelo do avô. Também não engloba mulheres. Então não se coloca Maria como sendo a filha.

6º - Que Lucas tenha colocado o sogro Eli como pai de José, de acordo com o que explicamos mais acima sobre casamento.

De acordo com o costume, o genro era tido como filho. Se a genealogia não comporta mulheres, seria viável que o genro fosse colocado como filho. Neste caso, não há contradição.

7º - O texto original pode ser traduzido de outras duas formas:

A palavra usada para “pensava” também significa, em termos mais gerais, “legalizado” ou “na lei”.

και αυτος ην ιησους αρχομενος ωσει ετων τριακοντα ων υιος ως ενομιζετο ιωσηφ του ηλι

Lk 3:23 And He, Jesus, when beginning, was about thirty years old, being a son (as to the law) of Joseph, of Eli, of Matthat, of Levi,

ενομιζετο – nomizo - fazer através de direito legal (uso), acostumar (passivamente, seja habitual); através de prorrogação, julgar ou considerar:--suponha, coisa, talvez seja.

Em um dicionário, o significado mais amplo de uma certa palavra sempre é colocado por primeiro, e, significados mais específicos ou de menos uso são colocados depois. Vejam que no dicionário grego, a palavra ενομιζετο é traduzida primariamente por “uso através de direito legal”.

8° - Em algumas traduções do NT, encontramos “como se pensava” e em outras “filho pela lei”

Ou seja, a mesma palavra pode significar que ele era filho de José “pela Lei” ou “como se pensava”

Mas o grego permite uma outra tradução alternativa, que soluciona completamente o problema:

Jesus tinha cerca de trinta anos de idade quando começou seu ministério. Ele era filho, como se pensava de José, de Eli... Para melhor ilustrar, coloque parênteses na frase:

Jesus tinha cerca de trinta anos de idade quando começou seu ministério. Ele era filho, (como se pensava de José), de Eli...

A mesma coisa acontece abaixo:

Jesus tinha cerca de trinta anos de idade quando começou seu ministério. Ele era filho, pela lei de José, de Eli...
Jesus tinha cerca de trinta anos de idade quando começou seu ministério. Ele era filho, (pela lei de José), de Eli...

Traduzindo desta forma, vemos que o texto diz que Jesus é filho de Eli, e não que José é o filho de Eli. Sendo assim, Lucas utilizou o termo “filho” no lugar de “neto”, como várias vezes encontramos no AT. Lucas era judeu, e tinha costumes judeus.

Pré-Conclusão

Jesus foi filho de Davi por parte de mãe. Com a genealogia de Lucas, analisada em detalhes e em paralelo com o grego, podemos afirmar que esta se refere à família davídica de Maria. José é citado como filho de Eli por diversas possibilidades que descrevemos acima, mas em hipótese alguma podemos concluir que há uma contradição entre Mateus e Lucas, pois não é isso que o texto está nos mostrando. Ele não mostra que José é filho de Eli. Após esta análise, quem continuar crendo que há uma contradição, é por livre escolha.







Jeremias 22:30 – 30 Assim diz o Senhor: “Registrem esse homem como homem sem filhos. Ele não prosperará em toda a sua vida; nenhum dos seus descendentes prosperará nem se assentará no trono de Davi nem governará em Judá.

Isto tem sido muito questionado, mas ao contrário do que muitos pensam, este incrível cumprimento qualifica ainda mais Jesus como o Messias, e torna sua genealogia mais impressionante ainda!

Caso o Messias viesse por outro descendente de Salomão, que não fosse Jeconias, ele poderia ser filho biológico, mas caso fosse descendente de Jeconias, o Messias não podia ser descendente da linhagem direta (ou biológica) de Jeconias. O Messias não poderia herdar de seu sangue - uma condição quase impossível de se cumprir, - mas foi através desta condição quase impossível e inesperada que o Messias veio, e herdou o trono de Davi, porque Jesus CONTORNOU A MALDIÇÃO DE SANGUE, o que nenhum outro homem que não fosse o messias poderia fazer.

A profecia de Jeremias não se trata de uma maldição hereditária, mas sim de uma rejeição da linhagem natural e biológica de Jeconias.

(...) nenhum dos seus descendentes prosperará nem se assentará no trono de Davi nem governará em Judá.
No tempo do Profeta Jeremias, Deus se encheu e pronunciou uma maldição de sangue sobre a linhagem de Davi, dizendo que nenhum filho do Rei Jeoaquim reinaria mais sobre Israel (Jeremias 22.30). A linhagem Davídica, iniciada com Salomão, estava aparentemente terminada e a promessa de Deus à Davi quebrada. O Messias tinha que vir da linhagem real, no entanto agora havia uma "maldição de sangue" sobre aquela mesma linhagem!

O Ramo

Entretanto, antes de a nação ser levada para Babilônia, enquanto um Rei davídico ainda se assentava no trono, Deus fez Ezequiel anunciar que a linhagem estava sendo suspensa e que não seria restaurada até que "venha aquele a quem pertence de direito" (Ezequiel 21.27), trazendo à mente a profecia de Jacó. Uma desgraça! Uma desgraça! Eu farei dela (coroa) uma desgraça! Não será restaurada, enquanto não vier aquele a quem ela pertence por direito; a ele eu a darei.

Em 519 AC, depois de os Judeus retornarem do cativeiro Babilônico, Deus disse que um homem que Ele chamou de “O Ramo” seria o rei, e que Ele teria o sacerdócio também, combinando os dois (Zacarias 6.12). Diga-lhe que assim diz o SENHOR dos Exércitos: Aqui está o homem cujo nome é Renovo (o Ramo), e ele sairá do seu lugar e construirá o templo do SENHOR.

Existem quatro referências ao Ramo no Antigo Testamento, e todas apontam para o Messias.

A qualificação

A fim de se qualificar legalmente para se assentar no trono de Davi, o Rei Messias teria que ser da casa e da linhagem de Davi. Ser da casa de Davi significa ser um descendente biológico de Davi. Ser da linhagem de Davi significa pertencer à Linhagem Real. Como isso pode ser?

Quando lemos as genealogias do Senhor em Mateus 1 e Lucas 3, podemos ver diferenças começando no tempo de Davi. a genealogia de Mateus corre através de Salomão, a Linhagem Real amaldiçoada. Mas a de Lucas corre através do irmão de Salomão, Natã. A linhagem de Natã não foi amaldiçoada, mas eles também não eram reis. Maria era da família de Natã. Assim, José e Maria eram descendentes de Davi, e em adição José era um dos muitos que eram herdeiros do trono de Davi, mas incapazes de o reclamar devido à maldição sobre sua linhagem.

Então, através de Sua mãe Maria, Jesus era um descendente biológico de Davi.

QUANDO MARIA E JOSÉ SE TORNARAM MARIDO E MULHER, ELE TAMBÉM SE TORNOU O FILHO LEGAL DE JOSÉ E HERDEIRO DO TRONO DE DAVI, MAS, NÃO SENDO BIOLOGICAMENTE RELACIONADO A JOSÉ, NÃO TINHA A MALDIÇÃO DE SANGUE.

Até o presente Ele é o único homem nascido em Israel desde 600 AC com direito legítimo ao trono de Davi. O anjo Gabriel confirmou isso a Maria quando anunciou sua gravidez iminente, dizendo que Ele o ocuparia para sempre (Lucas 1.32-33). Isto mostra que Jesus é absolutamente o único capaz de ser o Messias.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

A trindade sob ataque

"A Trindade sob Ataque"


Dr. Paulo Romeiro

Introdução

A controvérsia sobre a Trindade, uma das doutrinas centrais da fé cristã, é muito antiga. A Trindade um termo que expressa que dentro da natureza do único Deus verdadeiro há pessoas distintas (e não separadas): O Pai, o Filho e o Espírito Santo. Ao longo dos séculos, vários Pais da Igreja se debruçaram sobre o tema e trabalharam no seu desenvolvimento.

Depois de muitas discussões e decisões realizadas nos principais Concílios do cristianismo, a doutrina da Trindade continua gerando controvérsia e provocando inquietação entre inúmeras pessoas. O cristão deve estar preparado para responder, à luz da Bíblia Sagrada, a tais desafios. O foco é a Trindade e não a divindade de Jesus Cristo.

I - Definição
Por "Trindade" não queremos dizer que acreditamos em três deuses, pois para nós há somente um Deus (Isaías 43.0). Ao invés disso, queremos dizer que na Divindade há três pessoas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Pode parecer um paradoxo, mas Deus é três e um simultaneamente.

Precisamos fazer distinção entre o termo "pessoa" e "natureza". As pessoas em Deus são três, mas uma só é a natureza, que consiste na onipotência, onisciência, onipresença etc. Assim, o Pai, o Filho e o Espírito Santo são ao mesmo tempo três pessoas distintas e um só Deus. O termo "triunidade" resume melhor essa concepção bíblica de Deus.

II - Objeções

1. O termo “Trindade” não se encontra na Bíblia.

Só porque o termo não se encontra na não significa que o conceito não seja bíblico. O termo “milênio” não se encontra na Bíblia, mas seu conceito sim. Veja Ap 20.6, 7. Há outros exemplos tais como “decálogo” (Ex 20) e “monoteísmo” (Dt 6.4).

2. O conceito de Trindade não é lógico.

Este argumento não se sustenta, pois, a ciência não é perfeita e nunca será. A ciência é desenvolvida por seres imperfeitos e falíveis. Por isso, a ciência está sempre revendo os seus conceitos e, muitas vezes, mudando de posição. Só porque eu não entendo algo não quer dizer que tal coisa não tem lógica. A mente humana é finita e incapaz de compreender, totalmente, o infinito. Por exemplo: qual é o último número da matemática.
3. A Trindade surgiu de conceitos pagãos.
Não existe Trindade nas religiões pagãs. O que existe é tríades, o conceito de três deuses. As religiões pagãs são politeístas, isto é, crêem na existência de muitos deuses. A Bíblia não é o único livro que fala de um dilúvio. A literatura pagã também o faz. Isso não significa que o dilúvio é um conceito pagão. A Trindade deve ser considerada da mesma forma.

4. A Trindade é a matemática.

Não de trata de 1+1+1= 3, mas, de 1x1x1= 1.

III - A Trindade na História

Justo González afirma que “o desenvolvimento da doutrina trinitária é simplesmente de esclarecimento e definição do que já estava implícito nas Escrituras” Um dos primeiros desafios doutrinários da Igreja foi o arianismo, tema tratado, debatido e condenado no Concílio de Nicéia (325), e depois pelo de Constantinopla.

Ário, bispo de Alexandria, insistia em que Cristo, embora divino, não era eterno e foi a primeira criação de Deus. O Concílio de Nicéia estabeleceu o Credo que declarou que o Filho “É Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado e não criado, da mesma substância (hommousion) que o Pai”, em oposição a substância semelhante (hommoiusion).

Alderi de Matos informa que “a vitória da causa nicena somente foi assegurada graças aos esforços de quatro grandes teólogos orientais: Atanásio de Alexandria, Basílio deCesaréia, Gregório de Nissa e Gregório de Nazianzo, estes últimos conhecidos com os ‘três capadócios’.

Os capadócios tomaram para si a tarefa definir mais claramente a unidade e a diversidade existentes no Ser Divino, inclusive a terminologia adequada para isto, ou seja, de quem em Deus há três hipóstases (subsistências individuais ou pessoas) e apenas uma ‘ousia’ ou essência divina”.
A controvérsia ariana abriu o caminho para os debates posteriores sobre a Trindade. O termo “Trindade” foi cunhado por Tertuliano de Cartago, nascido em torno do ano 160 d.C. Seus escritos cobrem o período aproximado de 196-212 e 31 obras suas em latim sobreviveram. Houve uma época em sua vida em que se envolveu com o movimento de Montano.
Sua maior contribuição foi para o estabelecimento da doutrina da Trindade. Segundo Tertuliano, “a substância é aquilo que une os três aspectos da economia da salvação; a pessoa é aquilo que as distingue. As três pessoas da Trindade são distintas, porém indivisíveis; diferentes, porém não separadas ou independentes uma das outras.

A complexidade da experiência humana de redenção é resultante, portanto, das três pessoas do Ser Divino atuando de maneiras distintas, porém coordenadas na história humana, sem se perder, em qualquer sentido, a unidade total do ser divino”.

Para alguns historiadores, a doutrina da Trindade foi definida nos Concílios de Nicéia e Constantinopla e a doutrina da pessoa divino-humana de Cristo no Concílio de Calcedônia. Agostinho de Hipona (354-430), com a sua obra A Trindade, contribuiu e muito para a formação da doutrina trinitariana.

IV - O Conjunto Voz da Verdade
A Igreja Voz da Verdade foi fundada em 05 de janeiro de 1984 em Santo André, SP. Tornou-se conhecida através do seu conjunto musical, de mesmo nome. Trata-se de um grupo unicista, que batiza somente no nome de Jesus e afirma que o batismo efetuado pelas igrejas trinitarianas são sem valor bíblico e “forjado pelo homem”.
Entretanto, uma coisa o Conjunto Voz da Verdade não despreza. O grande número de crentes das igrejas evangélicas que compram os seus produtos e cantam suas músicas.
No segundo semestre de 1997, a revista da Escola Bíblica Dominical da CPAD (Casa Publicadora das Assembléias de Deus) publicou um alerta sobre a Igreja Voz da Verdade sob o tópico Seitas Modalistas.
Em resposta, o grupo distribuiu um CD de 58 minutos intitulado O mistério de Deus Cristo, com os seguintes tópicos: O que Deus diz de si mesmo; Quem é Jesus? E o Batismo nas águas. Com a foto do Pr. Carlos Alberto Moysés, o CD contem três músicas: Imagem de Deus; Tu me amas? e Deus conosco. Nele, o Pr. Carlos Moysés faz constantes ataques à doutrina da Trindade.
A maioria dos versículos citados é lida pela sua esposa Liliane. Depois de citar Isaías 40.13, comenta: “Deus não tem sócio. Onde estaria a palavra Trindade aí? Não existe na Bíblia Sagrada”.

Observe outras declarações contidas no CD:
“O Filho como homem não era Deus. Era Filho de Deus, como a parte humana”.
“Para Jesus ser Deus ele tem que ser o próprio Pai”
“A Bíblia diz que Deus se fez carne. Não o Filho se fez carne. Veja que Deus não tem filho”.
“Agora, eu vou provar uma coisa sensacional aqui. Você já viu que Jesus é o Pai. Que Jesus é o Filho. Eu quero dizer que Jesus é o Espírito Santo. E falar mais para vocês. Será que o Espírito Santo tem sangue? Muitos dirão: não. Mas, Atos 20.28 diz que o Espírito Santo tem sangue. Quem sabe português,aí está dizendo que o Espírito Santo nos resgatou com seu próprio sangue”.
“Quero dizer para você que não há Trindade na Bíblia. Não há três deuses, não há três pessoas em uma só. Há um só Deus, que se revelou como Pai quando criou todas as coisas.
Porque quem cria é pai de alguma coisa. Santo Dumont é o pai da aviação. Deus foi chamado de Pai quando criou. Deus foi chamado de Filho quando se encarnou. Deus é chamado Espírito Santo hoje. Ele está aí. Ele é Jesus”.
“Eu fui numa biblioteca metodista e encontrei alguns argumentos. Até o ano 300 quase se cria que Jesus era o único Deus e só se batizava em nome de Jesus. Vieram os filósofos. Veio Ário e começaram a filosofar em cima de Jesus.
Não, ele é muito pra ele ser Deus. Aí, fizeram um Concílio de Nicéia, em 325, o primeiro concílio e acharam que o Pai é uma pessoa e o Filho outra. Eram dois. Mas, não se conformando, no ano 381, fizeram o II Concílio de Nicéia, aumentando mais uma pessoa para a divindade. Porque três já confirma alguma coisa. Como se o Espírito Santo fosse outra personalidade, outro Deus.
Mas, não é não. Só um. Eu não quero ir atrás dos historiadores e filósofos. Eu quero estar dentro da Bíblia Sagrada”.
Sobre Jesus,Carlos Moysés afirma: “Como homem, orava. Como Deus, respondia”.

Outro argumento de Carlos Moysés é de que nem Billy Graham compreende a doutrina da Trindade. Esse é um argumento muito pobre. Ora,o fato de alguém não compreender uma doutrina bíblica, como por exemplo, a escatologia, não a invalida.

V - A Trindade no Antigo Testamento

Gênesis 1:26, 27 — Chegando o momento de criar o homem, Deus disse: "Façamos o homem à nossa imagem, conforme nossa semelhança". O verbo "fazer", nesse caso, aponta para um ato criativo, e somente Deus pode criar.
Assim, ao ser criado, o homem não poderia ter a imagem de um anjo ou de qualquer outra criatura, mas a imagem de Deus, a imagem de seu Criador. No versículo 27, lemos: "Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou".
O interessante, porém, é que a Bíblia diz que Jesus Cristo também criou todas as coisas, as visíveis e invisíveis (João 1.1, 3; Colossenses 1.16, 17; Hebreus 1.10), o que inclui necessariamente o homem.

Desse modo, concluímos, à luz da Bíblia, que o homem tem a Jesus como seu Criador; logo, o homem carrega Sua imagem, pois Jesus é Deus, uma vez que "à imagem de Deus" o homem foi criado.

Já em Jó 33.4, Eliú declara: "O Espírito de Deus me fez". Afinal de contas, quem fez o homem? A Bíblia diz: "Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou". E quem é esse Deus? Resposta: Pai, Filho e Espírito Santo.
É digno de nota que há outros textos em que Deus fala no plural: Gênesis 3.22; 11.7-9; Isaías 6.8. Alguns dizem tratar-se de plural de majestade, ou seja, é uma forma de expressão onde o indivíduo fala do plural que não revela necessariamente uma pluralidade participativa.

Todavia, isso não funciona em Gênesis 1.26, 27, pois outros textos bíblicos deixam claro que o Pai, o Filho e o Espírito Santo criaram o homem; logo, não está em jogo nenhum plural de majestade, mas um ato criativo de Deus: Pai, Filho e Espírito Santo. Os demais textos, portanto, devem ser interpretados seguindo-se essa mesma linha de raciocínio.

VI - A Trindade no Novo Testamento
Os textos bíblicos abaixo alistados (respeitando-se os devidos contextos) mostram sempre juntos o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Levando-se em conta que Deus é único (Isaías 43.10) e que ele não partilha sua glória com ninguém (Isaías 42.8; 48.11), é interessante notar como o Pai, o Filho e o Espírito Santo são postos em pé de igualdade, coisa que nenhuma criatura, por melhor que fosse, poderia atingir, nem muito menos uma "força ativa" (agente passivo).

A. Mateus 28.19 — A ordem de Jesus é para batizar em "nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo". Ora, se Jesus fosse uma criatura e o Espírito Santo uma "força ativa", seria estranho que as pessoas fossem batizadas em nome do Criador (que não divide sua glória com ninguém), em nome de um anjo, e de uma "força ativa"; aliás, que necessidade há em batizar alguém em nome de uma "força"? Tudo isso só faz sentido se Jesus e o Espírito Santo forem Deus, assim como o Pai.

B. Lucas 3.21, 22 — No batismo do Filho, lá estão o Espírito Santo e o Pai; como sempre, inseparáveis. Essa é uma das razões pelas quais o batismo cristão deve ser ministrado em nome das três pessoas.

C. João 14.26 — Jesus fala do Espírito Santo, que será enviado pelo Pai, em seu próprio nome, isto é, de Cristo.

D. 2Coríntios 13.13 — Outra fórmula trinitária, onde aparece o Filho, em primeiro lugar, com sua graça ou benignidade imerecida; depois, o Pai, com seu amor; e finalmente, o Espírito Santo, com a comunhão ou participação que dele procede.

E. 1Pedro 1.1, 2 — Pedro fala aos escolhidos, que foram eleitos segundo a presciência do Pai, santificados pelo Espírito e aspergidos com o sangue de Jesus Cristo.

F. Outros versículos — João 8.16; Romanos 8.14-17; 15.16, 30; 1Coríntios 2.10-16; 6.1-20; 12.4-6; 2Coríntios 1.21, 22; Efésios 1.3-14; 4.4-6; 2Tessalonicenses 2.13, 14; Tito 3.4-6; Judas 20, 21; Apocalipse 1.4, 5 (compare com 4.5) etc.
G. A Trindade nos textos de Isaías 6.1-10, João 12.36-41 e Atos 28.24-27.

VII - A fórmula batismal
No CD mencionado acima, Carlos Moysés afirma que o batismo não pode ser efetuado em nome do Pai, Filho e Espírito Santo, mas, somente no nome de Jesus.

Argumentos mal aplicados para se batizar somente em nome de Jesus.

Em Mateus 28.19, Jesus mandou que os discípulos batizassem em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Em Atos 2.38 encontramos os apóstolos batizando em nome de Jesus, porque Jesus é o Pai, o Filho e o Espírito Santo.

Refutação:
Esse argumento não tem base bíblica, pois as Escrituras estabelecem a distinção entre as pessoas da Trindade, por exemplo: João 10.30. Assim, é absurda a suposição de que os apóstolos entenderam que Jesus quis dizer que batizassem em seu próprio nome, porque ele era o Pai, o Filho e o Espírito Santo, uma vez que 1João 4.14 diz claramente: "E nós (os apóstolos) temos visto e testemunhamos que o Pai enviou o seu Filho como Salvador do mundo".

B. Afirma-se que "Pai", "Filho" e "Espírito Santo" são apenas "títulos", não "nomes próprios", mas que Jesus é "um nome próprio".
Refutação:
Se fizéssemos distinção entre "nome" e "título" na Bíblia, não poderíamos entender os nomes bíblicos, porque seus nomes eram seus títulos. Em Gênesis 29.32, por exemplo, "Rubem" (nome próprio) literalmente quer dizer "um filho", mas "filho" é um título segundo o Unicistas. Jesus (nome próprio) significa "Salvador" (Mateus 1.21), o qual também é um título.

C. Ensina-se que em Mateus 28.19 se usa a palavra "nome" (singular) e não "nomes" (plural).
Refutação:
A Bíblia muitas vezes usa a palavra "nome" (singular) para referir-se a mais de uma pessoa. Veja Gênesis 5.2: "Homem e mulher os criou, e os abençoou, e lhes chamou pelo nome de Adão, no dia em que foram criados". Veja também Gênesis 11.4 e 48.6, 16.

D. Alega-se que os apóstolos nunca batizaram "em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo", mas somente "em nome de Jesus".
Refutação
I) É verdade que na Bíblia não encontramos os apóstolos batizando a pessoas "em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo"; tampouco, porém, encontramos na Bíblia os apóstolos recitando a frase "eu te batizo em nome de Jesus Cristo".
II) Eles afirmam que os apóstolos recitaram tal frase, quando lêem na Bíblia que algumas pessoas foram batizadas "em nome de Jesus Cristo". A verdade é que não há nenhuma evidência na Bíblia de que os apóstolos tenham recitado tal frase ao batizar.

III) Há somente uma pessoa na Bíblia que vemos como foi batizada. Esta pessoa foi o eunuco etíope, que foi batizado por Filipe (At 8.36). Ali, não observamos Filipe dizendo: "Eu te batizo em nome de Jesus". A única coisa que encontramos é que o eunuco dizendo: "Creio que Jesus Cristo é o Filho de Deus".
IV) As evidências mais remotas que temos sobre a maneira em que os cristãos eram batizados na igreja primitiva se encontram num livro intitulado Didache (ou: Ensinamentos dos Apóstolos). Este livro, que foi escrito por volta do ano 110 d.C., diz: "Quanto ao batismo, procedam assim: Depois de ditas todas essas coisas, batizem em água corrente, em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo." (Grifo acrescentado).

VI) Fazer algo "em nome de" alguém significa fazê-lo em sua autoridade, em obediência ao seu mandato, da parte de ou como seu representante, como por exemplo: "E, pondo-os perante eles, os argüíram: Com que poder, ou em nome (= na autoridade ou da parte) de quem fizestes isto?" (Atos 4.7). Veja também João 16.23-26; 1Coríntios 1.13-15 e Colossenses 3.17.
Assim, a frase "em nome de" não tem nada que ver com uma fórmula mágica que alguém diz durante cada ação. Quando a Bíblia diz que alguns foram batizados "em nome do Senhor Jesus Cristo" (Atos 2.38; 8.16; 19.5), não quer dizer que os apóstolos literalmente recitaram a frase: "Eu te batizo em nome do Senhor Jesus Cristo”, antes, porém, que as pessoas foram batizadas em obediência à ordem de Jesus, isto é, de acordo com o ensino de Jesus.
VIII - Glossário
Filioque- Em latim, “o e Filho”. Palavra inserida no Credo Niceno-Constantinopolitano (381) pelo Concílio de Toledo (589) para indicar que o Espírito Santo procede tanto do Pai como do Filho (“dupla processão”). A inserção foi rejeitada pela igreja oriental e provocou o cisma católico-ortodoxo de 1054.

Hipóstase- Conceito que indica que algo existe por si mesmo, como sujeito independente, ou seja. É uma pessoa ou indivíduo.Em Cristo há uma hipóstase e duas naturezas.
Modalismo- Heresia trinitária que considera as três pessoas da Trindade como “modos” diferentes do ser divino. Um ensino modalista considera Deus ativo como Pai na criação, como Filho na redenção e como Espírito na santificação.
Perichoresis- Encontrado com freqüência em sua forma latina (circumincesio – interpenetração mútua), o termo indica que as três pessoas da Trindade compartilham mutuamente da vida uma das outras, de modo que nenhuma é isolada ou desligada das ações das outras.
Sabelianismo- Ensino deSabélio, no século III, conhecido também como modalismo. Afirma que Deus é uma só pessoa com três nomes ou manifestações históricas: Pai, Filho e Espírito Santo.

IX - Considerações finais
“Nossa geração está exposta a mais idéias religiosas do que qualquer povo na história. Os programas de rádio e de televisão, bem como jornais e revistas, bombardeiam as pessoas com todos os tipos de doutrinas divergentes que alegam ser a verdade.
As pessoas que não possuem discernimento são incapazes de determinar o que é a verdade, e muitas sentem-se desanimadas pela diversidade” (John MacArthur).

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

O papa mudou o sabado para o domingo como alegam os adventistas?

"No primeiro dia da semana, estando nós reunidos para partir o pão, Paulo, que havia de viajar no dia seguinte, conversava com os discípulos e prolongou a palestra até a meia-noite" (At 20,7).


Os adventistas que se pautam nos escritos da Sra. Ellen White, dizem que foi o Papa que alterou a observância do Dia do Senhor do Sábado para o Domingo. Neste trabalho confrontaremos os argumentos adventistas, com a história da Igreja e a Sagrada Escritura mostrando se realmente tais acusações procedem.


As afirmações de Ellen White sobre o Domingo


Relatando uma de suas “visões” assim Ellen White se expressa:


"Eu vi que Deus não mudou o Sábado, pois Ele nunca muda. Mas o Papa o mudou, do sétimo para o primeiro dia da semana, pois ele mudaria os tempos e as leis" (1).


"Numa visão dada em Junho 27, 1850, O anjo que me acompanhava disse, ‘O tempo está quase no fim. [...] O papa mudou o dia de descanso do sétimo para o primeiro dia da semana” (2).


Diz ela que quem adorar a Deus no Domingo receberá a Marca da Besta:
“Eu vi que todos os que ‘não receberam a marca da Besta, e sua imagem, nas suas testas ou em suas mãos’ não poderiam comprar nem vender nada.[ Ap. 13: 15--17.] Eu vi que o número (666) da Besta tinha se completado; [Ap. 13: 18.] e que foi a Besta que mudou o Sábado, e que os que tinham a imagem da besta a seguiram, e obedeceram o sábado do Papa, e não o de Deus. E tudo o que nos foi requerido é que deixássemos o Sábado de Deus, para guardar o do Papa, e, então, NÒS teríamos a marca da Besta e de sua imagem” (3).
Que Papa mudou o Sábado para o Domingo? É claro que a Sra. Ellen White não disse, pois aí seria muito fácil desmascarar a sua mentira.


Quem foi o Papa que “alterou” a Lei de Deus?
Como a pseudoprofetisa do Adventismo não revelou que Papa foi esse (e por razões óbvias), deixou aos seus seguidores o encargo de descobrir... Claro! O diabo gosta de brincar com as almas de boa fé, distraindo-as enquanto as encaminha para o inferno.


Em 1977, Robert L. Odom declara numa importante revista adventista (4) que foi o Papa Silvestre quem efetuou a mudança do Sábado para o Domingo. Para isto se baseia em trechos da obra de Rubano Mauro (776-856), antigo abade de Fulda, depois Bispo de Mainz (Alemanha), onde lemos:


“O Papa Silvestre instruiu os clérigos a guardar as feriae [feriados]. E, de fato, baseando-se numa antiga tradição, ele chamou o primeiro dia (da semana) de "Dia do Senhor!", no qual a luz foi feita no princípio e no qual se celebra a Ressurreuição de Cristo”.


"Mas ele [Papa Silvestre] os ordenou a chamar o Sábado de acordo com o antigo nome da Lei, e a chamar o primeiro feriae de Dia do Senhor, pois nele o Senhor ressurgiu dos mortos, Além disto, o mesmo papa decretou que o descanso do Sábado deveria ser transferido para o Dia do Senhor, para que, neste dia, nós descansemos dos trabalhos da semana para o lovor ao Senhor”.


Algumas considerações valem serem feitas aqui. Infelizmente muitas das informações que se tem sobre o pontificado do Papa Silvestre são lendárias. Tais lendas foram introduzidas com o "Vita beati Sylvestri" (Vida do beato Silvestre) documento surgido no leste europeu e que foi preservado em grego, siriáco. Em latim, no "Constitutum Sylvestri", narrativa lendária acerda de um Concílio Romano nunca realizado que pertence às farsas symachiannas e aparecerem entre 501 e 508. A mesma lenda consta no "Donatio Constantini" (Doação de Constantino), narrando a perseguição do Papa Silvestre, a cura e o batismo do Imperador Constantino e sua doação ao Papa, e dos direitos dados a este, num Concílio em Roma, tudo não passando de lendas (5). Logo, as informações de Rubano Mauro, sobre as ações do Papa, vem de fonte não confiável.


Depois o próprio Rubano Mauro diz que o Papa baseando-se em antiga tradição manda chamar o primeiro dia da semana de “Dia do Senhor” e o sétimo de Sábado, bem como observar este em detrimento daquele. Ora, isso mostra que não foi o Papa que inventou isso.


Com efeito, antes do tempo do Papa Silvestre, o Concílio Regional de Elvira realizado no ano 300 de nossa era já confirmava a observância cristã do Domingo como Dia do Senhor. Alguns adventistas dizem que foi aí que realmente se deu a mudança. Deveriam saber que um Concílio Regional não tem força de obrigar toda a Igreja, logo a tese deles vai por água abaixo. oncílio Regional de Elvira, Tertuliano  deu testemunho de que no século II os cristãos já observavam o Domingo:


"Outros, de novo, certamente com mais informação e maior veracidade, acreditam que o sol é nosso deus. Somos confundidos com os persas, talvez, embora não adoremos o astro do dia pintado numa peça de linho, tendo-o sempre em sua própria órbita. A idéia, não há dúvidas, originou-se de nosso conhecido costume de nos virarmos para o nascente em nossas preces. Mas, vós, muitos de vós, no propósito às vezes de adorar os corpos celestes moveis vossos lábios em direção ao oriente. Da mesma maneira, se dedicamos o dia do sol para nossas celebrações, é por uma razão muito diferente da dos adoradores do sol. Temos alguma semelhança convosco que dedicais o dia de Saturno (Sábado) para repouso e prazer, embora também estejais muito distantes dos costumes judeus, os quais certamente ignorais" (Tertuliano 197 d.C. Apologia part.IV cap. 16) (grifos meus).


Antes mesmo de Tertuliano, S. Justino de Roma já dava testemunho do culto a Deus aos domingos:


"67. Depois dessa primeira iniciação, recordamos constantemente entre nós essas coisas e aqueles de nós que possuem alguma coisa socorrem todos os necessitados e sempre nos ajudamos mutuamente. Por tudo o que comemos, bendizemos sempre ao Criador de todas as coisas, por meio de seu Filho Jesus Cristo e do Espírito Santo. No dia que se chama do sol, celebra-se uma reunião de todos os que moram nas cidades ou nos campos, e aí se lêem, enquanto o tempo o permite, as Memórias dos apóstolos ou os escritos dos profetas. Quando o leitor termina, o presidente faz uma exortação e convite para imitarmos esses belos exemplos. Em seguida, levantamo-nos todos juntos e elevamos nossas preces. Depois de terminadas, como já dissemos, oferece-se pão, vinho e água, e o presidente, conforme suas forças, faz igualmente subir a Deus suas preces e ações de graças e todo o povo exclama, dizendo: ‘Amém’. Vem depois a distribuição e participação feita a cada um dos alimentos consagrados pela ação de graças e seu envio aos ausentes pelos diáconos. Os que possuem alguma coisa e queiram, cada um conforme sua livre vontade, dá o que bem lhe parece, e o que foi recolhido se entrega ao presidente. Ele o distribui a órfãos e viúvas, aos que por necessidade ou outra causa estão necessitados, aos que estão nas prisões, aos forasteiros de passagem, numa palavra, ele se torna o provedor de todos os que se encontram em necessidade. Celebramos essa reunião geral no dia do sol, porque foi o primeiro dia em que Deus, transformando as trevas e a matéria, fez o mundo, e também o dia em que Jesus Cristo, nosso Salvador, ressuscitou dos mortos. Com efeito, sabe-se que o crucificaram um dia antes do dia de Saturno e no dia seguinte ao de Saturno, que é o dia do Sol, ele apareceu a seus apóstolos e discípulos, e nos ensinou essas mesmas doutrinas que estamos expondo para vosso exame" (Justino de Roma 155 d.C, I Apologia cap 67) (grifos meus).


Antes mesmo de S. Justino, S. Inácio de Antioquia também confirmava o antigo costume entre os cristãos:
"9. Aqueles que viviam na antiga ordem de coisas chegaram à nova esperança, e não observam mais o sábado, mas o dia do Senhor, em que a nossa vida se levantou por meio dele e da sua morte. Alguns negam isso, mas é por meio desse mistério que recebemos a fé e no qual perseveramos para ser discípulos de Jesus Cristo, nosso único Mestre. Como podemos viver sem aquele que até os profetas, seus discípulos no espírito, esperavam como Mestre? Foi precisamente aquele que justamente esperavam, que ao chegar, os ressuscitou dos mortos. 10. Portanto, não sejamos insensíveis à sua bondade. Se ele nos imitasse na maneira como agimos, já não existiríamos. Contudo, tornando-nos seus discípulos, abraçamos a vida segundo o cristianismo. Quem é chamado com o nome diferente desse, não é de Deus. Jogai fora o mau fermento, velho e ácido, e transformai-vos no fermento novo, que é Jesus Cristo. Deixai-vos salgar por ele, a fim de que nenhum de vós se corrompa, pois é pelo odor que sereis julgados. É absurdo falar de Jesus Cristo e, ao mesmo tempo judaizar. Não foi o cristianismo que acreditou no judaísmo, e sim o judaísmo no cristianismo, pois nele se reuniu toda língua que acredita em Deus " (Santo Inácio de Antioquia, aos Magnésios. 101 d.C.) (grifos meus).


Antes mesmo de S. Inácio, o primeiro documento Cristão testifica a antiga guarda do domingo:


"Reúnam-se no dia do Senhor [= dominica dies = domingo] para partir o pão e agradecer, depois de ter confessado os pecados, para que o sacrifício de vocês seja puro" (Didaqué 14,1. 96 dC) (grifos meus).


Logo provamos que a guarda do Domingo é doutrina perene na Igreja primitiva.
Conclusão


A acusação da Sra. Ellen White contra a adoraçao no domingo é duplamente falsa. Primeiro porque segundo ela os cristãos que observam o domingo o fazem por ordem de um Papa, sendo que mesmo no NT já encontramos indícios de tal observância e os testemunhos primitivos o confirmam. Segundo porque nenhum Papa efetuou esta mudança. Até hoje os seguidores de Ellen White tentam em vão descobrir o Papa que supostamente a tenha feito.
Ainda que um Papa a tivesse feito, isso seria prova do Primado de Pedro, doutrina negada pelos adventistas. Com isto, se apóiam em artigos de fé que eles mesmos negam. Quanta incoerência!


Atos 15


 Então alguns que tinham descido da Judéia ensinavam assim os irmãos: Se não vos circuncidardes conforme o uso de Moisés, não podeis salvar-vos.Tendo tido Paulo e Barnabé não pequena discussão e contenda contra eles, resolveu-se que Paulo e Barnabé, e alguns dentre eles, subissem a Jerusalém, aos apóstolos e aos anciãos, sobre aquela questão.(...)Alguns, porém, da seita dos fariseus, que tinham crido, se levantaram, dizendo que era mister circuncidá-los e mandar-lhes que guardassem a lei de Moisés. Congregaram-se, pois, os apóstolos e os anciãos para considerar este assunto.E, havendo grande contenda, levantou-se Pedro e disse-lhes: Homens irmãos, bem sabeis que já há muito tempo Deus me elegeu dentre nós, para que os gentios ouvissem da minha boca a palavra do evangelho, e cressem.E Deus, que conhece os corações, lhes deu testemunho, dando-lhes o Espírito Santo, assim como também a nós;E não fez diferença alguma entre eles e nós, purificando os seus corações pela fé.
Agora, pois, por que tentais a Deus, pondo sobre a cerviz dos discípulos um jugo que nem nossos pais nem nós pudemos suportar?Mas cremos que seremos salvos pela graça do Senhor Jesus Cristo, como eles também. (...)Por isso julgo que não se deve perturbar aqueles, dentre os gentios, que se convertem a Deus. Mas escrever-lhes que se abstenham das contaminações dos ídolos, da prostituição, do que é sufocado e do sangue. (...).Porquanto ouvimos que alguns que saíram dentre nós vos perturbaram com palavras, e transtornaram as vossas almas, dizendo que deveis circuncidar-vos e guardar a lei, não lhes tendo nós dado mandamento, Pareceu-nos bem, reunidos concordemente, eleger alguns homens e enviá-los com os nossos amados Barnabé e Paulo, Homens que já expuseram as suas vidas pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo. Enviamos, portanto, Judas e Silas, os quais por palavra vos anunciarão também as mesmas coisas. Na verdade pareceu bem ao Espírito Santo e a nós, não vos impor mais encargo algum, senão estas coisas necessárias: Que vos abstenhais das coisas sacrificadas aos ídolos, e do sangue, e da carne sufocada, e da prostituição, das quais coisas bem fazeis se vos guardardes. Bem vos vá. Tendo eles então se despedido, partiram para Antioquia e, ajuntando a multidão, entregaram a carta. E, quando a leram, alegraram-se pela exortação.

2 Coríntios 3:13-17)
E não somos como Moisés, que punha um véu sobre a sua face, para que os filhos de Israel não olhassem firmemente para o fim daquilo que era transitório.
Mas os seus sentidos foram endurecidos; porque até hoje o mesmo véu está por levantar na lição do velho testamento, o qual foi por Cristo abolido;
E até hoje, quando é lido Moisés, o véu está posto sobre o coração deles.
Mas, quando se converterem ao Senhor, então o véu se tirará.
Ora, o Senhor é Espírito; e onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade.

Porque o fim da lei é Cristo para justiça de todo aquele que crê.  (Romanos 10:4)


De maneira que a lei nos serviu de aio, para nos conduzir a Cristo, para que pela fé fôssemos justificados. Gálatas 3:24


Sabendo que o homem não é justificado pelas obras da lei, mas pela fé em Jesus Cristo, temos também crido em Jesus Cristo, para sermos justificados pela fé em Cristo, e não pelas obras da lei; porquanto pelas obras da lei nenhuma carne será justificada. Gálatas 2:16


Notas

(1) WHITE, Ellen. A Visão de 7 de Abril de 1847, parágrafo 3. Word to the Little Flock, P. 18. Trecho traduzido por Alexandre Semedo.
(2) WHITE, Ellen. Marca da Besta. Early Writings, p. 65. Trecho traduzido por Alexandre Semedo.

(3) WHITE, Ellen. A Word to the Little Flock, page 19, paragraph 1 .April 7, 1847. Trecho traduzido por Alexandre Semedo.
(4) ODOM, Robert L. Sabbath and Sunday in Early Christianity, .The Review and Herald Publishing Association (An Adventist publishing house), 1977. Pgs. 247-248.
(5) From the Catholic Encyclopedia article on Pope Sylvester. Disponível em http://www.newadvent.org/cathen/14370a.htm.